A bala
perdida
Carlos Benites, 2º colocado em poesia |
Ouve-se o estampido
Um som surdo
Seco
Misturado ao som
crescente da chuva que caía
FORTE
Outro som,
Como um irmão gêmeo
Outro e outro
Tem Fardado
Disparando a todo
lado
Fardado sendo
arrebentado
Fardado, você é
explorado!
E os metais viajam
pelo ar
Três encontram o
Paço
O outro insiste em
voar
E voa, voa
Por entre os pingos
da chuva
Que tentam pará-lo
Deslizam por ele
Lavam seu corpo
Mas não limpam seu
espírito
Assassino
Feroz
Sanguinário
Que insiste em seguir
Persistente
Sobrevoa a cidade
Com fogueiras
juninas
Janelas quebradas
Vidros estilhaçados
Rostos cobertos
Que vandalizam
Os vândalos
de terno e gravata
Moços com cartazes
De sentidos
diversos
Querendo saúde
Dignidade, educação
Respeito
E recebem fumaça
Spray do ardor
Que não é de paixão
Borduna na testa
E também a prima
Do metal voador
De borracha
Fardado, você é
explorado
Fardado, vem pra
nosso lado
Fardado, estamos
desarmados
A moça de rosto
pintado
Bandeira e lenço
Em verde e amarelo
Caminha pela rua
Gritava alegre
Vem pra rua
Vem pra luta
O Rio acordou
E de repente
A moça bonita para
Para de sorrir
E GRITA
O metal voador
De fúria maldita
Encontrou o seu
peito
Manchando a
bandeira
Avermelhando o
asfalto
Ferindo a cidade
E a inocência
perdida
Roubou uma vida
Mas não matou a
esperança.
Rio de Junho
Dezessete
Benites, adorei sua poesia. Profunda, questionadora, aproveitou muito bem a onde de movimentos sociais que tivemos. Se eu tivesse que escolher um fundo musical para ela, seria "Pra não dizer que não falei de flores". Extremamente sensível e política. Parabéns!!!
ResponderExcluirObrigado por suas tenras e lindas palavras, Rita. Realmente eu quis expressar o sentimento daquele momento. Aliás, naquela entrevista que vocês publicaram, de certa forma eu coloquei um pouco disso.
ExcluirCom toda certeza, digna de louvores! Parabéns, Benites! Excelente comentário de Rita também!
ResponderExcluirObrigado, Helo. Agora vamos ver se foi uma inspiração momentânea ou se continuarei a escrever poesias.
ExcluirForte! É como defini sua poesia, Benites. Você conseguiu extrair poesia de um momento nada poético. Um feliz emprego do encontro das palavras com o fato. Parabéns! Muito emocionante.
ResponderExcluirObrigado, querida amiga. Sempre me incentivando. Nossas conversas podem servir para mais um texto além de finalizar aquele interminável conto.
ExcluirBeijo
Forte e real....... Parece um Rap do Racionais Mc's
ResponderExcluirDr. Rocha!
Valeu, Fábio. abraço
ExcluirTambém gostei, representa bem meu pensamento. A ilustração da bandeira manchada de sangue também combinou com o texto. Nota 1000 para tudo e parabêns.
ResponderExcluirObrigado, Rose. Que bom que as palavras representam o que você pensa. Também é o que eu penso.
Excluir"Roubou uma vida
ResponderExcluirMas não matou a esperança."
É isso aí, amigo. Apesar de tudo, é ela que ainda nos salva. Excelente poesia! Descrição poética e maravilhosa de um fato real e cruel.É claro que você há de escrever muitas mais. Iremos cobrar. Suas poesias não podem ficar na gaveta. Parabéns!
Elenir
Elenir, fã é fã... Obrigado pelas palavras e pelo incentivo. Inspiração.
ExcluirBenites
ResponderExcluirVoce me surpreendeu neste poema..a beleza mesclada com a dor,o cotidiano violento solto em palavras.
Gostei muito..Voce mereceu mesmo! Ceci Lohmann
Ceci, depois de reler pela quadragesima nona vez, a cada releitura eu vejo que poderia mudar algo. Não que eu não tenha gostado do que fiz, mas ainda acho que ela poderia ser melhor. Considero normal, afinal, sou praticamente um principiante na poesia. Mas ao menos minha intenção e sentimento ao escrever a poesia foi captado por todos. A dor, o cotidiano de uma cidade violenta, mas ao mesmo tempo bela.
ExcluirNa foto, Benito parece embevecido diante do sucesso de seu grande amigo Benites!
ResponderExcluirEmbevecido não, mas alegre como se quisesse falar ali "eu não te disse?". O Benito foi a primeira pessoa que leu (na verdade, ouviu, pois eu li o poema pelo telefone para ele). Eu já havia enviado o texto para a Eduff, e fui reclamar com ele do "saci" que eu tinha descoberto no envio do conto, e então falei dos outros textos e falei sobre o que era o poema. Por conhecer de sua sua autenticidade e que ele não deixaria de criticar o texto por ser meu amigo, passei a ver que eu poderia mesmo ter escrito um bom poema. Ele ainda pediu para eu reler parte do texto e reafirmou as qualidades. Como dou muito valor ao seu sentido crítico de textos literários, fiquei bastante animado.
ExcluirBoa noite! Sou frequentadora do corujão da poesia e gostaria de saber se o Clube de Leitura Icaraí também lê livros de poesias em suas tertúlias mensais. Parabenizo o poeta Carlos Benites por seu belo poema.
ResponderExcluirAmanda