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19 de agosto de 2018

CANTOS A QUEM ME ESQUECEU -Ilnéa País de Miranda


E o que me importam esses anos tantos
Se o que importa é só viver a vida...
Deixar viver esses meus sonhos quantos
Virar história e dela ser guarida.
O que me importam as lágrimas, os prantos
Dos quais guardei o gosto que intimida
E de escutar soturnos acalantos
de cuja história até Deus duvida.
Sei que embalada pelos meus quebrantos
A minha história por mim concebida
Revela um pouco desse pranto meu.
Mas se pontuada por doces encantos
A vida passa, inteira, comovida,
Cantando cantos a quem me esqueceu.
(I, em algum passado)

18 de agosto de 2018

(Há 3 anos) Os Miseráveis nos leva a Paris.






Olha quem vai estar lá!
Dom Pedro II & Victor Hugo


Um grupo se formou para uma pequena exploração.

Vamos visitar a Casa de Victor Hugo, e  lugares mencionados na obra em Setembro

Encontraremos a atmosfera de Os Miseráveis nessa cidade charmosa que a todos encanta.

Não perca!!! 

Em breve, o CLIc se encontra no Café Victor Hugo, em Paris

Avant, mes amis!



14 de agosto de 2018

Revivendo leituras passadas: "O não-ser e o nada" de Oblómov: Goncharov

“Se correres muito nada encontrarás, e pior, não encontrarás a ti próprio.”


Volta às prateleiras o clássico Oblomov.

Nome do protagonista é sinônimo de "inércia" na Rússia
Antonio Gonçalves Filho 


Gontcharov: deprê à moda russa
Do livro Oblomov, de Ivan Gontcharov (1812-1891), já se disse quase tudo, inclusive que o decadente aristocrata que dá nome ao romance seria uma espécie de Hamlet russo. Há um certo exagero na comparação, até porque o dilema desse personagem é bem diferente daquele que levou o príncipe shakespeariano ao beco do "ser ou não ser". Oblomov não planeja nenhuma vingança. Ao contrário. Sua ausência de vontade, sua indolência e seu tédio aristocrático não são sintomas de um conflito interior movido pela cobrança de fantasmas, mas de uma doença hoje conhecida como depressão. Ainda que não seja um Hamlet, contudo, Oblomov tem a substância das grandes criações literárias. Tanto assim que seu nome deu origem a um termo russo, "oblomovchtina", equivalente, em português, a "inércia". É uma boa notícia tê-lo de volta às livrarias brasileiras, numa edição honesta, ainda que um pouco descuidada na revisão (tradução de Juliana Borges; Germinal; 551 páginas; 49 reais).
Aos 32 anos, o anti-herói de Gontcharov é um traste envelhecido que mofa num quarto eternamente fechado de um apartamento em São Petersburgo. Trata-se, enfim, de um zumbi, quase um morto social, não fossem as raras visitas de amigos fiéis como Stolz, única pessoa capaz de tirar Oblomov da cama. Em seu quarto, misto de escritório, sala de visitas e ante-sala do inferno, o protagonista passa a maior parte do tempo em discussões com o velho criado Zahar, "herdado" com a propriedade dos pais na província. Pressionado pelos prejuízos acumulados em sua propriedade rural, Oblomov planeja uma reforma que jamais irá concretizar. Mordaz, Gontcharov opta pelo tom farsesco quando descreve o ambiente e as roupas de seu aristocrata, mas acaba sucumbindo à compaixão, como nas melhores novelas de Tolstoi. Arrastado a reuniões mundanas pelo amigo Stolz, o sonhador Oblomov conhece Olga, mas nem mesmo a voz schubertiana da mulher amada o consegue livrar da solidão e do isolamento. Oblomov é o antípoda de Aduyev, o alpinista social de Uma História Trivial (1847), a primeira novela de Gontcharov. Aduyev deixa a aldeia natal para fazer fortuna em São Petersburgo. Para Oblomov, tanto esforço não leva a lugar nenhum. Melhor ficar na cama. E agradecer a Deus por o dia ter passado depressa neste mundo infernal de senhores e lacaios.
Logo nas primeiras páginas do romance é possível identificar traços biográficos do autor, criado por um avô aristocrata e liberal. Mas, embora satirize a indolência de Oblomov e dos nobres decadentes, Gontcharov, que foi funcionário público por 32 anos, revela-se um conservador. Ele foi, sim, um dos autores da Idade de Ouro da literatura russa. Avançou na trilha aberta por Turgueniev, tocou nos mesmos temas de Tchecov e foi visto por Dostoievski quase como um rival. No entanto, escreveu somente três livros. Tornou-se um escritor amargo, que encerraria sua carreira 22 anos antes de morrer. A despeito de criticar o provincianismo, não se interessou quase nada por aquilo que estava fora do alcance de seu nariz. Tinha muito do deprimido Oblomov, que só não se mata porque tem preguiça de chegar ao precipício.

SEM DAR UM PASSO

"Oblomov, nobre de nascimento, tem o posto de Secretário de Colégio e mora em São Petersburgo há doze anos, sem dali haver saído um só dia. Em vida dos pais estava alojado mais modestamente. Com a morte daqueles, tornou-se senhor de trezentos e cinqüenta servos, numa província distante, nos confins da Ásia. Era, então, jovem, e, se não se pode dizer que fosse ativo, tinha, pelo menos, mais vivacidade. Mas transcorreram os dias, uns após outros. Entrou na casa dos trinta e não dera ainda um único passo em qualquer direção."

Trecho de Oblomov




Fonte: Veja online

11 de agosto de 2018

Livro: A noite da Espera, de Milton Hatoum

Olá queridos!
Reproduzo o post que fiz no meu blog Mar de Variedade. 
Esse foi o livro do mês de julho do Clube de Leitura Icaraí. 
Esse é o primeiro volume da série O lugar mais sombrio.

Sinopse do site da Companhia das Letras: "Nove anos após a publicação de Órfãos do Eldorado, Milton Hatoum retorna à forma da narrativa longa em uma série de três volumes na qual o drama familiar se entrelaça à história da ditadura militar para dar à luz um poderoso romance de formação. Nos anos 1960, Martim, um jovem paulista, muda-se para Brasília com o pai após a separação traumática deste e sua mãe. Na cidade recém-inaugurada, trava amizade com um variado grupo de adolescentes do qual fazem parte filhos de altos e médios funcionários da burocracia estatal, bem como moradores das cidades-satélites, espaço relegado aos verdadeiros pioneiros da capital federal, migrantes desfavorecidos. Às descobertas culturais e amorosas de Martim contrapõe-se a dor da separação da mãe, de quem passa longos períodos sem notícias. Na figura materna ausente concentra-se a face sombria de sua juventude, perpassada pela violência dos anos de chumbo. Neste que é sem dúvida um dos melhores retratos literários de Brasília, Hatoum transita com a habilidade que lhe é própria entre as dimensões pessoal e social do drama e faz de uma ruptura familiar o reverso de um país cindido por um golpe."


Desde que Li "Dois Irmãos", Hatoum se tornou um dos meus autores contemporâneos favoritos. 
Nesse livro, o autor vai retratar um pouco da época da ditadura militar, ao contar a história do jovem Martim, paulista, que vai morar com o pai em Brasília. 
O livro começa com o protagonista em Paris, relembrando sua juventude, nos anos 60. 
"'Teu pai decidiu morar em Brasília', ela disse segurando e apertando minhas mãos. 'Eu e meu companheiro... nós nos apaixonamos, Martim. Você vai entender. Escreve para o endereço do teu tio. Brasília é uma cidade diferente, mas você vai gostar de lá.'" (p.25)

Assim, vamos acompanhando a vida desse jovem. A dor por não ter a mãe por perto. O difícil relacionamento com o pai. O namoro com Dinah. A amizade com outros jovens. 
Ele vai trabalhar em uma livraria. Seus amigos são atores. 
Acompanhamos muitas aventuras e emoção de Martim e seus amigos, tendo por pano de fundo a época da ditadura. 
Já quero a continuação. Espero que não demore muito.
Recomendo! 

8 de agosto de 2018

Os vestígios do dia: Kazuo Ishiguro





"Uma coisa que constatei é que a vida pública pode tornar as pessoas irreconhecíveis em uns poucos anos."



Lendo Lolita no CLIc


O escritor espia seus medos
arranca da alma sutilezas
e por vezes expõe segredos
que de si próprio sangram vilezas.

Verdade ou invenção tanto faz:
do mesmo jeito causa estupor
quando sua obra é capaz
de singrar as veias do leitor.

Vai, vai sim, escritor
ferir todas as suscetibilidades.
Iluminar onde se esconde a dor
é a sua responsabilidade.

(poema de novaes/, composto em resposta a um post sobre Lolita, de Nabokov)

6 de agosto de 2018

Boquitas Pintadas: Manuel Puig


O mito


O filme



Nené, aún conserva las cartas de su antiguo enamorado, Juan Carlos, ya fallecido a causa de la tuberculosis en un sanatorio. De esta forma se va reconstruyendo esa relación amorosa acontecida en la Argentina de los años treinta.
Se proyecta la figura de la mujer amante, paciente y engañada, en el rostro de Nené ya que Juan Carlos, el objeto de su deseo, no vacilaba en engañarla constantemente.
La falta de sensibilidad en el mundo masculino, mejor dicho, en el estereotipo masculino que encarna Juan Carlos es la contraposición de un halago a lo femenino, a lo honesto y una defensa oculta a la sensibilidad femenina.
Se veía al hombre como abusador y mentiroso.
Puig se olvida en esta obra del modelo patriarcal de la sociedad de su época y donde el hombre era el señor de la casa y la voz oficial de la razón.
Es despiadado en su descripción y ve a los hombres como machistas y sexistas que sólo buscan el éxito y el poder.
El propio protagonista un hombre duro, con ambiciones claras, aunque en lo sentimental no sabía realmente lo que quería.
Si bien buscaba el amor de Nené, lo que no le daba ella lo conseguía por otro lado, convirtiéndose en una persona que no le importaba jugar con los sentimientos de las demás.
El texto nos remite al pasado argentino, a un mundo de novela rosa trascrito con objetividad, a través del clichés del lenguaje periodístico


5 de agosto de 2018

O apanhador no campo de centeio: best-seller foi debatido no Clube de Leitura Jovem em 26/06/2014

"Gostei muito de Holden Caufield e senti muita simpatia por ele, porque ele era realmente um cara legal, sempre tentando fazer o melhor pela sua irmã Phoebe, mas sempre falhando, como quando comprou aquele disco para ela e o quebrou antes que pudesse entregá-lo. Também gostei do modo como ele se preocupava com o que os patos de Nova York faziam no inverno. Para onde vão? Mas a minha parte favorita é o final, quando Holden leva sua irmã para o carrossel e ela monta no cavalo e ela tenta alcançar a argola dourada. Holden diz: 'Cheguei a ficar com medo de que ela acabasse caindo da droga do cavalo. Mas não disse e nem fiz nada. O negócio com as crianças é que, se elas querem agarrar a argola dourada, o melhor é deixar elas fazerem o troço e não dizer nada. Se caírem, caíram, mas o errado é dizer alguma coisa para elas.'" (Pat)




O apanhador no campo de centeio, livro de maior sucesso do escritor norte-americano J. D. Salinger, é tema de debate na próxima edição do Clube de Leitura Jovem. O evento acontece no dia 26 de junho, às 18h, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias, 9, em Niterói), e é voltado preferencialmente para o público entre 13 e 18 anos. A entrada é gratuita.
A obra foi originalmente publicada em formato de revista entre os anos de 1945 e 1946 e, em 1951, ganhou edição em livro, tornando-se um dos best-sellers mais lidos no mundo. Apesar do romance ter sido lançado, em um primeiro momento, somente para adultos, seu protagonista, Holden Caulfield, ficou muito popular entre os jovens leitores. Na história, Holden passa por problemas tipicamente adolescentes: confusão, angústia, alienação e revolta. O personagem é, na verdade, um anti-herói, e acabou virando um ícone da rebeldia adolescente, tendo influenciado os movimentos contra-culturais dos anos 1960 e 1970.
Alguns fatos curiosos rondam a trajetória da obra, como a morte do cantor John Lennon. Segundo testemunho do próprio assassino, Mark David Chapman, ele estava lendo O apanhador no campo de centeio minutos antes de tentar o suicídio, e da obra teria tirado inspiração para matar o beatle. Diz-se também que o atirador que tentou matar Ronald Reagan, em 30 de abril de 1981, afirmou que também teria tirado do mesmo livro a inspiração para matar o então presidente dos Estados Unidos.
Sobre o autor - J. D. Salinger nasceu em Manhattan, Nova Iorque, em primeiro de janeiro de 1919, filho de pai judeu de origem polaca e mãe de origem escocesa e irlandesa. Começou escrevendo ainda na escola secundária e publicou vários contos no início da década de 1940, antes de servir na II Guerra Mundial. Em 1948, escreve seu primeiro conto aclamado pela crítica, Um dia perfeito para Peixe-banana, publicado na revista The New Yorker, que também veicularia outros contos seus nos anos seguintes. Em 1951, publica O apanhador no campo de centeio, seu primeiro romance, que se torna um sucesso imediato. O livro continua tendo uma vendagem estimada em 250 mil cópias por ano. J. D. Salinger morreu em 2010.

"Holden tem dificuldade de lidar com a realidade, ele quer viver em um mundo infantil para o resto da vida, o que faz dele um personagem muito bonito e interessante, mas que não consegue encontrar seu lugar no mundo real." (Nikki)

4 de agosto de 2018

Continuar a ser: Mark Epstein




"Descobrir ao que se está apegado e torná-lo consciente, dando-se assim uma oportunidade de escolha escolha na questão. Esta compreensão abriu uma brecha de entendimento para outra palavra muito usada nos círculos espirituais: espaço. Perceber meus apegos deu-me uma sensação de espaço. Assim como meus pensamentos estavam quase sempre rolando sem minha participação consciente, minha personalidade também parecia operar no piloto automático a maior parte do tempo."

"Quanto mais trouxermos nossos apegos à percepção, mais livres seremos, não porque o s eliminamos, mas porque aprendemos a identificar mais com a consciência do que com o desejo. Usando nossa capacidade de consciência, conseguimos mudar a perspectiva que temos de nós mesmos, dando um senso de espaço para onde só existia hábito. Disciplina significa conter o movimento habitual da mente, de modo que, ao invés do impulso cego, possa haver clara compreensão."

"Podemos nos liberar da insatisfação somente pela melhora de foco e mudança de perspectiva."

"Somos o que pensamos, tendo nos tornado o que pensávamos."

"A liberdade só pode vir da contenção da tendência mental de apoderar-se ou afastar-se, de materializar as coisas ou de negar a própria realidade."




"Saber que não se sabe é o melhor"

"Fingir que sabe quando não se sabe é uma doença.
Apenas quando reconhecermos ser esta doença uma doença,
nos livraremos dessa doença. O sábio está livre da doença.
Reconhecendo ser esta doença uma doença,
dela vê-se livre."
(The way of Lao Tsu)




Be Here Now

Be here now.
Don’t anticipate, don’t yearn for things of the past.
Let the past go with forgiveness
and let the future go with no anticipation.

Each of us contains a being that doesn’t die and a
being that does die.

Everything must change except the soul.

Your preparation for dying is done by identifying with
your soul, not your ego. Identify with your soul now.

There are realms other than the one we are meeting on.
Planes where we see the souls that we have known
in the past as just souls.

We won’t meet them in their clothing of mother or father,
or uncle or aunt.

Then….sensual planes, planes with color, music…
Planes which have no form…
This plane is where all of it starts.
This plane is the womb, the beginning of things.
This plane is ecstatic. It’s the ultimate creativity.

Dying is the most important moment that exists
in any incarnation.

It’s important that you not be so overwhelmed by
the process of dying.

I wish you a process for dying that doesn’t overwhelm you.
I wish you a moment of dying that you can be conscious of.
I wish you a future incarnation in a plane of incredible light.

Ram Dass; "Be Here Now" from Graceful Passages




"A experiência é matizada por um senso de insatisfação que tudo permeia, 
e a causa desta dor é nosso próprio apego ou cobiça por certeza e segurança."



[A] grandeza da verdadeira arte, da que Norpois tacharia de jogo de diletante, consiste ao contrário em captar, em fixar, revelar-nos a realidade longe da qual vivemos, da qual nos afastamos cada vez mais à medida que aumentam a espessura e a impermeabilidade das noções convencionais que se lhe substituem, essa realidade que corremos o risco de morrer sem conhecer, e é apenas a nossa vida, a verdadeira vida, a vida enfim descoberta e tornada clara, a única vida, por conseguinte, realmente vivida, essa vida que, em certo sentido, está sempre presente em todos os homens e não apenas nos artistas. Mas não vêem, porque não a tentam desvendar. E assim seu passado se entulha de inúmeros clichês, inúteis porque não “revelados” pela inteligência. Captar a nossa vida; e também a dos outros; pois o estilo para o escritor como para o pintor é um problema não de técnica, mas de visão. É a revelação, impossível por meios diretos e conscientes, da diferença qualitativa decorrente da maneira pela qual encaramos o mundo, diferença que, sem a arte, seria o eterno segredo de cada um de nós [...] Graças à arte, em vez de contemplar um só mundo, o nosso, vemo-lo multiplicar-se [...] Em suma, esta arte tão complicada, é justamente a única viva. Só ela exprime para os outros e a nós mesmos mostra a nossa própria vida, essa vida que não pode ser “observada”, cujas aparências observáveis precisam ser traduzidas, freqüentemente lidas às avessas, e a custo decifradas (O Tempo Redescoberto, 2001, p. 172: Marcel Proust).