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26 de agosto de 2020

A terceira margem do rio: João Guimarães Rosa



22/08/2020

Sábado 17h00

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IMPRESSÕES FLUIDAS
Rita Magnago

não rio
eu choro
o rio das três margens me emociona
as margens soltas
me deixam amarradas
não sei ficar assim desatada de mim

o pai, a mãe, os filhos
os vínculos indo-se, fluindo 
o rio levando quase tudo
a terra levando quase todos

palavras eternamente proibidas
lembranças fincadas às margens do coração
os anos se amontoando em cãs
e a dúvida ainda marolando
por quê?


O PAI

Fiz-me âncora foi no navegar
minha terra, o rio-mar

não espero que me entendam
mas nesse parecer não podia mais
sou sujeito, não me assujeito
aqui o mesmo é sempre novo
estou onde me coloco
e me coloco entre

o rio é um tempo sem relógio
despreocupado das regras dos homens

da canoa me navego como as ondas 
vou e volto no perto das distâncias
contemplando as margens, 
penso não interferir, mas sim,
mudo e moldo o miúdo

O FILHO

serei raso como as margens
no profundo desse rio?
tenho medo e culpa
sou velho-criança
a quem a falta nunca foi suprida
só suprimida a coragem
de encarar minhas águas
sou passado sem futuro


O FILHO E O PAI

ir ou permanecer?
voltar, se outro for
e ir de vez
se outro ficar
qual o tamanho da liberdade nas margens que não enxergo?










3 comentários:

  1. Parabéns! Brilhante a capacidade de síntese de poesia! Essa é a nossa Rita! Sensibilidade e razão!

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  2. Amo a poesia da Rita. Ela é dona das palavras.

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  3. A escritora e poeta Rita Magnago está sempre nos emocionando com os seus poemas... Parabéns! ;)

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