Fundado em 28 de Setembro de 1998

27 de abril de 2019

Nobel: Jacques Fux


"É pecado pensar mal dos outros, mas raramente é engano."




Em meu livro "Outras inquisições", eu, Jorge Luis Borges, escrevi o que chamei de "pudor da história". Indicado nos anos de 1956, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1966, mas nunca contemplado até então, defendi que os eventos secretos, furtivos e contingentes não considerados e que nem tiveram influência na escrita dos livros "oficiais" de história, foram aqueles que de fato determinaram o curso dos acontecimentos. A verdadeira e inacessível história é aquela relegada e varrida para debaixo do tapete. Proscrita e reinterpretada pela voz e pelo canto dos vencedores. (p.79)


"Questionado sobre se beijar uma aluna nos lábios era um comportamento aceitável para um professor, afirmou categórico e ofendido: 'A maneira como os poetas, dramaturgos e escritores de ficção ensina é inteiramente diferente da maneira que se ensina matemática.' Os ósculos de Walcott, senhores, faziam parte do programa, do syllabus, de suas disciplinas.

-  Eu estava preocupado com o nosso relacionamento. Havia sempre muitas mulheres ao redor. Em geral, os homens caribenhos gostam e precisam de saltar de flor em flor. E o Nobel catalisou esse processo."


Quando chegamos a um certo momento da vida, há mais prazer em dizer a verdade do que coisas para impressionar.  (p.61)


"O mais próximo que temos da poesia é o amor. O amor deixa-nos num estado de alheamento e um poema, nos seus melhores momentos, faz o mesmo." (Walcott)

by Frank Dicksee


Eu, que sempre fui avesso aos jogos eletrônicos, gastei todo o meu cachê nas máquinas que vendiam roupas íntimas e usadas as ninfetas japonesas. Que delícia aquele odor de sashimi nas lingeries - essa é minha verdadeira madeleine. Acreditem - e sintam a fragrância das raparigas e cerejeiras em flor - senhores: estou trajando uma dessas calcinhas. Virou meu objeto de sorte. Do Japão conservo o aroma e o sabor das mulheres que nunca vi.


A laureada fez da morte — “o principal mistério da vida” — matéria para projetos e reflexões literárias. Um motivo de estranhamento, de apavoramento, de arroubamento. Para ela, as mulheres eram as únicas narradoras confiáveis de qualquer guerra. As verdadeiras responsáveis por fazer emergir o discurso do esquecido e do desprezado. Só elas podem resgatar a narrativa oficial repousada na dor da incompreensão. Somente as mulheres são capazes de narrar e enfrentar o paradoxo de “dar a vida” e de “receber diariamente a visita da morte”. Nas palavras de Svetlana: “Quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram”. Assim, uma tentativa de compreensão do ocaso vem das lágrimas, do sofrimento e do resgate do discurso “delas”. Bravo! Os homens — malditos sejam! — adulteram as narrativas das guerras. São os responsáveis por criar heróis, mitos e mentiras. E muitos deles até inventam alguns momentos de felicidade: “As pequenas e grandes, famosas e desconhecidas (guerras) foram escritas por homens sobre homens”.


Leia Mulheres

“What is hell? Hell is oneself. 
Hell is alone, the other figures in it 
Merely projections. There is nothing to escape from 
And nothing to escape to. One is always alone.”

― T.S. Eliot



Kertész



O que um poeta não vê, não aconteceu.


Transfiguração desse meu eu, real e biográfico, em um eu ficcional e ventríloquo da memória e da obra dos outros.

Tudo o que não seja Literatura me aborrece e eu detesto, pois distrai-me e faz-me mal, ainda que sejam só imaginações minhas.

Escrever significa abrir-se em demasia.



24 de abril de 2019

Boa Páscoa, Cliceanos!


Páscoa é renascer!
Desapego do "homem velho"
para o "novo" entrar.

Amigos, na Páscoa, celebremos com as cerejeiras o renascimento e recomeço de uma nova vida. (Elenir)

Em flor, cerejeiras
trazem beleza e alegria
celebrando a vida.


A Páscoa Cristã ocorre sempre no primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia Eclesiástica do Outono, que difere da lua cheia real porque não leva em conta o complexo movimento lunar podendo, portanto, divergir, eventualmente. Mas na dimensão da fé, afinal, o que importa a realidade?  

O antecedente da Páscoa Cristã é a Páscoa judaica que geralmente não coincidem por se referirem a eventos diferentes e se basearem em calendários distintos. O calendário cristão é baseado no movimento do Sol e o judaico no movimento da Lua. A Páscoa Judaica recorda a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, enquanto a Cristã marca a ressurreição de Cristo

O dia de celebração da Páscoa Judaica é sempre aos 14 dias do mês Nisan e, diferente da Cristã, pode cair em qualquer dia da semana. A Páscoa Cristã nunca acontece antes de 22 de março nem depois de 25 de abril.


Páscoa significa libertação. Para os judeus, uma libertação política. Para o cristão, uma libertação espiritual.




ESSE CLUBE TEM HISTÓRIAS...E  SEMPRE RENOVAÇÕES!


Páscoa ! Renascer.
Brindar a vida, espalhando
Alegria e Amor.



Páscoa é vida!
Tempo de renovação
e, sempre, esperança.


Carinho e Amizade
Elenir 


Feliz Páscoa a todos os participantes do nosso clube de leitura Icaraí!!!





20 de abril de 2019

A Páscoa é para todos: Érika Rossetto

Aos amigos cristãos,

Nesse fim de semana, cristãos do mundo todo celebram a páscoa. Em minha opinião, essa é a celebração mais importante do cristianismo, pois nessa data lembramos a consumação do amor de Cristo. 

Livro do mês de Abril
Coincidentemente, essa semana estou lendo um livro (O sol é para todos: Harper Lee) que trata de várias facetas das relações humanas, dentre elas ilustra como somos capazes de deturpar valores cristãos para justificar comportamento embasado em preconceito, discriminação e vários outros aspectos da mesquinhez humana. 


Embora esse livro seja ambientado em uma cidade pequena do Alabama de décadas atrás, o mesmo comportamento ainda é muito comum em nossa sociedade, ficando muito evidente nas redes sociais. 



Cada vez que vejo uma publicação que dissemina o ódio, a intolerância, a crueldade, a falta de empatia fico muito decepcionada fico pensando: o que está por traz disso? Quando esse tipo de atitude vem de alguém que se declara cristão, fico então triste e me pergunto onde está o amor ao próximo que Cristo ordenou? 

Não é meu objetivo julgar ninguém. Apenas gostaria de convidar os amigos a refletirem comigo sobre quais frutos apresentamos aos outros? Será que damos bons frutos, aqueles através dos quais Jesus disse que reconheceriam os que são deles?

Que a páscoa sirva para lembrarmos do amor de Cristo e também para avaliar se estamos praticando seu segundo maior mandamento: ame o próximo como a ti mesmo. Será que dentro desse mandamento há espaço para desrespeito e intolerância com aqueles que pensam, vivem ou são diferentes?

Que cada um examine-se a si mesmo"

Feliz páscoa a todos e que a paz de Cristo esteja conosco sempre!


Conto coletivo de Páscoa: escrito pelos participantes do Clube de Leitura Icaraí


"Mãe, quero um ovão de chocolate na Páscoa, tá?" Aquele pedido de seu menino, seis anos de um sorriso que insistia em ignorar a vida dura que a pequena família levava, causou-lhe um sorriso aflito. Não dava para explicar ao pequeno sobre desemprego ou subemprego... Não dava para explicar que a Páscoa, como o Natal ou o dia de aniversário, eram dias difíceis para quem catava as moedas no fundo da bolsa para poder pegar a condução de ida em busca de uns trocados na rua.
Lota, apelido de Carlota, mãe do pequeno, custou a dormir naquela noite. Procurava uma forma de satisfazer a vontade do filho. Quando conseguiu dormir, povoaram seu sonho muitos ovos, pequenos, grandes, ovões e os mais lindos coelhos.


Decidiu então, com o coração apertado, mas buscando uma força interior que a sustentava em momentos tantos e difíceis, tentar responder a mais uma pergunta do mais velho de seus cinco filhos. 


Jesus, chega aqui pertinho da mamãe, senta aqui meu querido. Mamãe vai te contar uma estória...
O período de privações da Quaresma se estendia além dos 40 dias, fora criada com preceitos sérios sobre religião e quando era criança, além dos semi-jejuns que a levava quase ao nirvana, em sua casa não se ouvia músicas "profanas" no período que antecedia a Páscoa.



Antes que a mãe iniciasse a estória, todos da casa ouviram um alarido que vinha da rua. Levantaram-se rapidamente e foram até a porta que estava aberta. Algumas mães, pais e muitas crianças faziam uma brincadeira. Curiosos, a mãe e seus cinco filhos correram para junto dos demais. A ideia foi lançada: quem encontrasse um ovo escondido naquela redondeza, ganharia um prêmio. Os adultos poderiam brincar também.

Dividida entre o desafio que era a possibilidade de um ovo real para seu Jesus e ainda um prêmio - o que seria? - e o rigor da religião que sempre a fez temente demais aos homens, além de sua conhecida subserviência, Lota suspirou. Deixou seu medo de lado e lançou-se à rua, decidida.

Encontrando os amigos, vizinhos e a criançada, Lola caminhou livremente, sentindo-se feliz, alegre mesmo. Lembrou-se por um instante da estória que contaria ao filho e percebeu até aliviada que alguns garotos levavam cartazes que tinham a ver com sua história . Ela leu: Páscoa! Festa da Renovação! Em outro cartaz: Estamos festejando o amor, o perdão, a união! e num outro: Páscoa! Quem achou o ovo?



E então, algo horrível aconteceu: um som de sirene foi ficando cada vez mais forte até que um carro da polícia apareceu a toda velocidade. Quatro policiais fortemente armados desceram do carro de armas em punho e ordenaram que todos ficassem onde estavam, sem se mexerem. Tinham recebido uma denúncia anônima sobre tráfico de drogas e que os ovos de páscoa estavam recheados de cocaína.


Diante da força, a ordem recebida não foi cumprida. Aquelas pessoas, já acostumados a serem acusadas sem provas, onde suas casas eram invadidas e seus filhos levavam coronhadas sem motivo aparente - essa turma que fazia festa na rua -,resolveu não recuar e continuaram...

O alarido recrudesceu. Tornou-se um verdadeiro tumulto. Eram crianças, jovens, adultos e, até seu Zé,vizinho pacato, beirando os setenta anos, acompanhou os netos na brincadeira. Além de tudo, havia, suspenso em um dos postes da rua, enorme espantalho, simbolizando o Judas, que, de acordo com a tradição, deveria ser malhado no Sábado de Aleluia. 
Padre Quinzão, responsável pela paróquia, muito ranzinza, passava pelo local nesse momento, e, abanando a cabeça e resmungando, dizia para si: "Eles só querem saborear o chocolate do ovo, mas não se preocupam em saber o que ele representa". Assim pensando, caminhou, com a inseparável bengala, em direção da Igreja, onde preparou sua pregação para a Missa das 18 horas. Incluiu o seguinte: "Depois da morte de Jesus Cristo e da Sua ressurreição, os cristãos consagraram o hábito de, no Domingo de Páscoa, presentearem-se com ovo, símbolo do nascimento e retorno da vida. No século XVIII, essa prática foi adotada, oficialmente, pela Igreja".
Será que alguém foi à Missa nesse dia? 
O século XVIII estava muito distante e ninguém sabia que a euforia das crianças já era efeito da droga. Seu Zé também provou do chocolate precioso. Lota então resolveu procurar o conselheiro, toda a comunidade tem um conselheiro que dá palpite em tudo e geralmente não são procurados por sua sabedoria e sim pela proximidade do chefe.
Ao chegar na casa do conselheiro encontrou o homem já de saída, com algemas nos punhos diante dos policiais e a séria acusação do tráfico de drogas nos ovos de páscoa. Agora a brincadeira poderia ser comemorada com alegria, sem preocupações. Teria sido mesmo ele, um homem tão sábio, o autor de tal crime? Deixemos isso para os responsáveis do caso. Voltemos às brincadeiras na rua porque é tempo de alegria e comemoração da liberdade.
Mas seria possível brincar diante de tanto alarido? Como rezar a missa com fatos tão intrigantes? Todos, na verdade, ficaram estarrecidos com a prisão do Conselheiro, logo ele, homem sábio e em quem confiavam!

Aquela Páscoa tomou um rumo diferente no pensamento das pessoas: muitos se questionaram sobre seus credos,seus ideais. Agora, sem a confiança no Conselheiro,o que fazer, o que pensar...E a alegria dissipou-se trazendo a cortina da noite, da noite de um dia diferente. 

D Lota, que na confusão já estava sendo tratada por Lola, reuniu seus filhos em volta da mesa e procurou acalmá-los. Teve a brilhante ideia de cada um desenhar um ovo, com as cores que preferissem, e que contassem uma estória. Cada um debruçou-se sobre seus sonhos e fantasias e transferiu para o papel todas as suas emoções...assim adormeceram com esperanças no novo dia que surgiria.




Mais uma vez, dona Lola guardou a verdadeira história, a história real de suas vidas para escutar as estórias de seus filhos. 

Seu filho mais velho, Jesus, foi poupado. Até quando? Nada mais importava naquele instante, só os sonhos de seus filhos. Afinal era Páscoa, ela não podia perder a esperança em dias melhores...


Enquanto isso, numa bela casa, não muito longe, sua proprietária, conhecida como dona "Generosa", questionava seu neto, rapaz de uns dezessete anos, sobre a causa de seu nervosismo e inquietação. A princípio, recusou-se a falar, mas, tanto ela insistiu, que ele aquiesceu. Disse-lhe que nutria raiva e inveja daquelas crianças, pois, embora pobres, viviam alegres, brincando na rua e eram levadas à escola pelas mães. A sua morrera quando ele tinha, apenas, nove anos, vítima das drogas, conforme lhe contaram. Por isso, aquela brincadeira incomodava-o. Decidiu acabar com ela e, pelo menos uma vez, veria os meninos tristes. Assim pensando, fez a denúncia anônima e falsa à polícia de que os ovos objeto do prêmio continham cocaína. Por sua causa, um inocente, estimado e respeitado por todos, pobres e ricos, o Conselheiro, estava preso como suspeito. Sentia-se arrependido. Ao ouvi-lo, a avó exigiu que ele fosse à delegacia confessar seu crime. Mas, antes, disse-lhe, compre, com este dinheiro que te dou, muitos ovos, grandes, pequenos, enfeitados, recheados e coloque-os nas portas das casas dessas crianças. Ficarão alegres e felizes. "Ai de ti se não me obedeceres!", acrescentou ainda. O rapaz comprou os ovos. Depositou-os nas portas. Foi à delegacia, onde confessou seu crime. O Conselheiro foi libertado. 


Quando Lota viu o Conselheiro pela manhã, caminhando pela rua, livre novamente, deixou-se dominar por uma alegria que não sentia há muito tempo. E sem pensar em nada, apenas deu uma pequena corrida e abraçou-o festivamente. O Conselheiro, que nunca presenciara uma manifestação assim de Lota, ficou sem saber o que fazer. Quando ela finalmente o soltou e os dois ficaram frente a frente, seus olhos se encontraram e eles se viram de uma forma diferente, como nunca se haviam visto antes.

O Conselheiro percebia que algo havia mudado. O sabor da recente liberdade fazia-o experimentar cada detalhe como uma nova oportunidade. Sentia-se como um portador de vida nova, em sintonia com o ovo que se rompe pois seu interior quer se expandir. Quando encontrou com Lota, estava a caminho da casa de D. Generosa para agradecê-la e para revê-la, pois guardava há tempos um forte sentimento por ela.


O Conselheiro, após despedir-se de Lota prometendo voltar para deliciar-se com sua famosa canjica, dirigiu-se à casa de D.Generosa. Ela fazia jus ao nome. Se não usasse energia com o neto e não se preocupasse com o outro, certamente, ele estaria, ainda, na cadeia. O Delegado e os policiais não se preocuparam em averiguar a verdade. Prenderam-no e pronto. Missão cumprida! Por outro lado, Lota, na cozinha de sua casa, preparava o café para as crianças, cortava o pão, estendia a toalha na mesa. E cantava. Através da música, extravasava toda sua alegria. Cantava tanto, e tão alto, que a garotada acordou. Jesus, o mais velho, muito sensível, aproximou-se, beijou-a e disse: Que bom mamãe, ouvir a senhora cantar! Um novo dia começava trazendo alegria e muita esperança. E eles não tinham visto, até àquele momento, os ovos deixados na porta!



Que tipo de chocolate é você?


Elenir, entre a sacerdotisa do CLIc e a escritora GR

Que injustiça dizer que o Taurino é "pão duro"! Sou taurina e me considero muito generosa, embora, sempre, com os pés no chão, sem esbanjar. Realmente, gosto muito de Serenata de Amor.

Sou Taurina, pés na terra,
com medo do vôo alçar.
Mas tenho Vênus brilhando
para a estrada embelezar.

Por ter ascendente em Gêmeos,
trago em mim dualidade.
Ora alegre, ora triste,
vou fazendo a caminhada


As palavras são meus chocolates preferidos. Adoçam minha vida.

Muitos beijos para todos. Sem economia.


Páscoa ! Renascer.
Brindar a vida, espalhando
Alegria e Amor.

Libertação! Páscoa!
Tempo de paz, esperança,
e renovação


Carinho e Amizade
Elenir

Feliz Páscoa a todos os participantes do nosso clube de leitura Icaraí!!!


Beije-me onde o sol não alcança: Mary del Priore


"Não devemos buscar a felicidade, mas unicamente o dever."




"Longe do domicílio conjugal, tenho direito a travessuras."


O cafezal: Portinari

Interesses velados

As vastas plantações de café
E as cotações na Bolsa
Interesses velados conjugam o verbo

O amor e a infidelidade

unidos ao escárnio

Traição

Império e ostentação
Rumores de guerras
Caiu a escravidão
Impasses e medos
Senhores e escravos
E as palavras expressas
paciência e resignação
E para complementar
veio a imigração
Foram-se os vestígios da glória
Cafeicultores endividados
Cartas de alforria
Fim da escravidão
Abolição


Sonia Salim
10/04/19


Um pouco das minhas inquietações de leitura do livro de Mary del Priore: Beije-me onde o sol não alcança.


Manet


No escuro da noite,
a estrela me olha em silêncio.
Quer dizer-me o quê?

Ainda ouço o vento
cantando sobre as palmeiras,
 e os negros no campo.

Em Piraí, sinos
tristes badalando  avisam:
"Nicota morreu..."

Lembrando o passado,
ele, à sombra da velhice,
reflete e faz versos.

O jornalista poeta amou, verdadeiramente, a frágil Nicota



(Elenir)


"Junto a um
 ribeirinho serpenteante..."


"Pelos bons serviços, e pela fidelidade com que me serviu."




O que uma mulher quer, Deus também quer.




"Os fatos são a parte visível de uma escrita invisível." (p. 235)



Pequena jaça no livro do mês, Beije-me onde o sol não alcança.

Pag. 53, março de 1865, : …no reinado de Nicolau II…

O último Czar da Russia, Nicolau II, nasceu em 1868, iniciou o reinado em 1894 e foi deposto em 1917, na revolução bolchevique, sendo posteriormente executado, com sua família, em Ekaterinburg.
Na época descrita no livro, o Czar era Alexandre II.

(Simples comentário histórico que não altera a trama do romance)

[Fred]



"Não se trata de amor, mas de interesse agudo à primeira vista."

São Elesbão
"O primeiro dever de uma mulher é ser bela, o segundo, ser estúpida" 
(Anne Houy Haritoff)


São Benedito

"Deus abençoe este lar"

Os reis magos

Eva pecou só para despachar o marido e mandá-lo pro trabalho.



1 de abril de 2019

Paixão fatal: Sonia Salim





A sua maneira de olhar
Quem não se apaixonaria?
Inteligência, sagacidade, perspicácia
O amor à flor da pele
A jovialidade entrelaçada à maturidade
Encontros marcados
coragem e medo se misturam
o tempero da paixão
Desejam aprisionar os seus passos
Mas você nasceu para a liberdade
o risco da leitura e o conhecimento
Impossível não ver o desenrolar do futuro em você
Entretanto, paixões e ódios explodem
Amigos, inimigos ou admiradores
de uma alma ambiciosa, fria, calculista
Máscara ou realidade?
A sociedade tem voz e grita
contra a sua personalidade inquietante
amante das páginas dos livros diversos
põe o mundo a seus pés
cede lugar à paixão
e o leva à condenação
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Poema inspirado no livro, O VERMELHO E O NEGRO, Stendhal.

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O vermelho e o negro: Stendhal


"Ao chegar a Florença, meu coração batia com força... em uma curva da estrada, meu olho mergulhou na planície e percebi, de longe, como uma massa escura, Santa Maria Del Fiori e sua famosa cúpula, obra-prima de Brunelleschi. Eu me dizia: ‘É aqui que viveram Dante, Michelangelo, Leonardo da Vinci! Eis esta nobre cidade, a rainha da Idade Média! É nesses muros que começou a civilização”... as lembranças se comprimiam em meu coração, sentia-me sem condição de raciocinar e entregava-me à minha loucura como junto de uma mulher a quem se ama... Eu já me encontrava em uma espécie de êxtase pela idéia de estar em Florença e pela vizinhança dos grandes homens dos quais eu acabava de ver os túmulos [Michelangelo, Alfieri, Machiavel, Galileu]... Absorvido na contemplação da beleza sublime, que via de perto, eu a tocava, por assim dizer. Tinha chegado ao ponto da emoção onde se encontram as sensações celestes proporcionadas pelas belas-artes e os sentimentos passionais. Saindo de Santa Croce, meu coração batia forte, o que em Berlim chama-se "nervos"; a vida esgotara-se em mim, eu andava com medo de cair...” STENDHAL (Nápoles e Florença: Uma viagem de Milão a Reggio)























O pós Reunião

Incêndio no céu.
Põe-se o ardente sol de agosto,
e as cigarras cantam.
(Elenir)




"Não há direito natural, essa ideia é só uma velha tolice muito digna do promotor que me acusou outro dia, seu avô enriqueceu com o confisco de Luís XIV. Só há direito quando há uma lei proibindo fazer alguma coisa, sob pena de punição. Antes da lei, de natural só há a força do leão, ou a necessidade da criatura que tem fome, que tem frio, a necessidade, numa palavra... Não, as pessoas que se honram são apenas bandidos que tiveram a sorte de não ser pegos em flagrante delito. O acusador que a sociedade lança contra mim enriqueceu com uma infâmia... Cometi um crime e fui justamente condenado, mas, a não ser por isso, o juiz que me condenou é cem vezes mais nocivo à sociedade."

Vocês só vêem o momentâneo! Seus olhos não conseguem seguir o trabalho subterrâneo das escolhas filosóficas sob o manto das decisões pragmáticas.

"É preciso renunciar a toda prudência. Este século é feito para tudo confundir! Marchamos para o caos."

"Repito máximas para servirem de dique às minhas paixões."

"Meu Deus, dai-me a mediocridade."



"Talento? 
Serviço? 
Merecimento? 
Que nada! 
Pertença a um grupinho." 





Palavras soltas, encontros ao acaso, transformam-se em provas mais que evidentes aos olhos do homem de imaginação, se ele tiver alguma chama no coração.

  • "— Você é predestinado, meu caro Sorel — diziam-lhe; — você tem, muito naturalmente, esse ar frio de quem está a 1 000 léguas da sensação presente que nós tanto procuramos adquirir. / — Você não compreendeu esse século — dizia-lhe o Príncipe Korasoff: — faça sempre o contrário do que esperam de você. Aí está, realmente, a única religião de nossos tempos. Não seja doido nem afetado, pois, nesse caso, esperarão de você loucuras e afetação, e o preceito não será mais cumprido." [p.264-265]

A sua grande missão é julgar com calma os pequenos acontecimentos da vida cotidiana dos povos. A sua sabedoria deve prevenir as grandes cóleras movidas por pequenos motivos, ou por eventos que a voz da fama transfigura, levando-os longe demais.




Sua resposta foi perfeita, sobretudo longa como um sermão; dava a entender tudo, mas não dizia nada claramente.




"La vérité est dans la bouche des enfants" (Platão/Sartre)




"O amor, isto é, a mulher, revela os verdadeiros fins da existência: o belo, a felicidade, a vivacidade das sensações e do mundo" (Simone de Beauvoir)



“As mulheres só perdoam depois de terem castigado.” 

“Parecer o que se é, é um crime; parecer o que não se é, um sucesso.” 
DELPHINE GAY DE GIRARDIN