Fundado em 28 de Setembro de 1998

30 de abril de 2018

Club Moon



Do we really need the Moon?
I do think it's controverse...
but for me, just keeping tuned,
she is the night queen of my verse.

(I, 20/06/2012)


"A Voyager 1, a sonda que foi enviada ao espaço pela Nasa em 1977, tornou-se recentemente o primeiro objeto construído pelo homem a alcançar a fronteira do sistema solar. A Agência Espacial Norte-Americana anunciou que segue recebendo dados da sonda e confirmou um aumento do recebimento de partículas carregadas, provenientes de fora do sistema solar. É possível que em um futuro próximo, a sonda comece a testemunhar mudanças nas forças magnéticas e gravitacionais.

Esta nave robô é o objeto mais distante da Terra e encontra-se atualmente a 18 bilhões de quilômetros do Sol, viajando a uma velocidade de 17 quilômetros por segundo. A informação enviada por ela leva 16 horas para chegar até as antenas receptoras na Terra. A Voyager 1 leva no seu interior uma mensagem de humanidade escrita por Carl Sagan, destinada a uma cultura extraterrestre que possa decodificá-la." (Grupo Astronomia - Facebook)



27 de abril de 2018

A Resistência, de Julián Fuks

Olá queridos!
Esse foi o livro do mês do Clube de Leitura Icaraí.

Sinopse do site da Saraiva:  “Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado.”, escreve, logo na primeira linha, Sebastián, narrador deste romance. Como em diversas obras que tematizam a Guerra Suja — o regime de terror inaugurado em 1976 na Argentina —, A resistência envereda pela memória pessoal e nacional. Sebastién é o filho mais novo, e seu irmão adotado, o primogênito de um casal de psicanalistas argentinos que logo buscarão exílio no Brasil. Os pais conhecem bem as teorias sobre filhos adotados e biológicos (Winnicott, em especial), mas a vida é diferente da bibliografia especializada. Cabe então ao narrador o exame desse passado violento e a reescritura do enredo familiar. O resultado, uma prosa a um só tempo lírica e ensaística, lembra belos filmes platinos como O segredo dos seus olhos."


No clube, alguns de nós achamos que o livro é autoficção, já que o autor também é filho de pais argentinos. Nem todos concordaram.
O livro, apesar de fino, é denso. Não é o tipo de livro para se ler rapidamente.
O narrador, a toda hora, volta no tempo, com suas lembranças sobre a família. 
Ele, que é o caçula, fala bastante do seu irmão adotivo que, com o tempo, tem dificuldade de se sentir inserido na família. 
A resistência se trata não só do irmão adotivo do narrador, mas também da resistência de seus pais, que sobreviveram ao regime político da Argentina. 
No final do livro, achei que a história ficou um pouco repetitiva, o que não tira o brilho desse livro, vencedor do Prêmio Jabuti de 2016, na categoria Romance.


Recomendo!

25 de abril de 2018

A jangada de pedra: José Saramago

Alardear forças o forte diante do fraco é perversão moral


Se uma pessoa, para gostar doutra, estivesse á espera de conhecê-la, não lhe chegaria a vida inteira. Duvido que duas pessoas possam conhecer-se.


Platero

O mundo está cheio de coincidências e se uma coisa não coincide com outra que lhe está próxima, não neguemos por isso as coincidências, só quer dizer que a coisa coincidente não está à vista. 

Rocinante

- Aonde vais?
- Vou para o clube de leitura!
- De onde vens?
Venho do clube de leitura!











Para onde vai esta água?





Intertextualidade

Citação do livro O ano da morte de Ricardo Reis (1984) sobre as andanças do heterônimo de Fernando Pessoa:

As mortas, porque tinham morrido, deixaram-se ficar, com aquela inabalável indiferença que as distingue da restante humanidade, se alguma vez disse o contrário, que Fernando visitou Ricardo, estando um morto e o outro vivo, foi imaginação insensata e nada mais...




Novas Contistas da Literatura Brasileira






Livro 

da 

Andreia 

vem 

aí !

,

A Contista no seu elemento, com as Cliceanas Elenir e Adriana



19 de abril de 2018

Saudade




 Saudade, O Quadro – 1899 Autor: José Ferraz de Almeida Júnior

Paisagem
(Florbela Espanca)


Uns bezerritos bebem lentamente

Na tranquila levada do moinho.
Perpassa nos seus olhos, vagamente,
A sombra duma alma cor do linho!

Junto deles um par. Naturalmente
Namorados ou noivos. De mansinho
Soltam frases d’amor... e docemente
Uma criança canta no caminho!

Um trecho de paisagem campesina,
Uma tela suave, pequenina,
Um pedaço de terra sem igual!

Oh, abre-me em teu seio a sepultura,
Minha terra d’amor e de ventura,
O meu amado e lindo Portugal!


10 de abril de 2018

Suor: Rita Magnago




Uma pequena ostra
uma pequena abertura na ostra pequena.
Vejo o macio
sinto o escuro, o sinistro
o oco e a possível, improvável pérola.

Não posso pensar em caçar se quero encontrar.
O encontro é um acaso
ocaso.
Quero a aurora.
Não sei nada
e isso é tudo.

Incognoscível é a palavra que escolho
porque todas são nenhuma.
Não há letra nem sílaba
nem combinação que traduza a palavra não dita
a palavra que não se sabe, mas está lá
latente, latindo, mordendo a ponta da ostra
cansada de ser osso
ansiosa da carne rósea e macia
do lábio que não se diz.
Ainda.
Pra dentro da boca me levo
me engulo, engasgo
regurgito a palavra trabalhada 
por dentro da alma condoída, corroída.

Não é fluxo, é re-fluxo.
Não é poema, é floema.
É na troca que me faço orgânica.
Desfaço pesticidas de pele.
Sem superfície. 
A endoderme à mostra
Amostra de dentro da ostra
da dor, do re-torcer, do re-fletir.

Quem vai parir a pérola?

7 de abril de 2018

O Rochedo de Tânios: Amin Maalouf






Fonte

" - Então, Tânios, refletimos com os pés?

. . .

- Eu também reflito com os pés. Forçosamente, não faço mais que percorrer as estradas. As ideias que forjas com os pés e que sobem para a cabeça te reconfortam e te estimulam, as que descem da cabeça para os pés te pesam e te desencorajam."






"Há os que escolhem um caminho em vez de outro, que decide trilhá-lo neste ou naquele momento, e os que aceitam - e cumprem - o que o seu destino lhe reserva em todas as circunstâncias da vida."


Amin Maalouf



5 de abril de 2018

Títulos à Venda na Estante do Concierge: peça aqui nos comentários






Vida aos Oitenta: Aquiles Andrade - R$ 20,00

Travessia do Verso: Rita Magnago - R$ 25,00

Mosaico Vivo: Cristiana Seixas - R$ 25,00

Pequenos Amores: Gracinda Rosa - R$ 25,00


No Vale de Ossos Secos: Mike Sullivan - R$ 30,00

Belém do Grão Pará: Dalcídio Jurandir - R$ R$ 54,00

Marajó: Dalcídio Jurandir - R$ 54,00

Amor em tempos de solidão: Mike Sullivan - R$ 30,00

Histórias da noite: Carlos Rosa Moreira - R$ 25,00

Caminhos invisíveis: Carlos Rosa Moreira - R$ 25,00

Tiros de misericórdia: Flávio Ricardo Vassoler - R$ 25,00

Amanhã de manhã, em frente ao cinema, em Icaraí: Carlos Rosa Moreira - R$ 25,00

Brisas, marolas & rajadas de vento sul: Carlos Rosa Moreira - R$ 25,00

Da janela do trem: Carlos Rosa Moreira - R$ 25,00

Cem culpas, 100 páginas, só poéticas: maria tereza penna - R$ 25,00

O mundo de vidro: William Lial - R$ 25,00

Clube de Leitura Icaraí, 15 anos entre livros - R$ 30,00

letras rebeldes, fluidos insensatos: novaes/ - R$ 30,00

dentro das palavras: inês drummond - R$ 30,00

Des-Caminhos: Inês Drummond - R$ 30,00

A soma das lembranças: Inês Drummond - R$ 30,00




1 de abril de 2018

Opinião - Alma imoral, a peça: Emmanuel




O fio condutor de toda a peça, na minha leitura, é a ideia de que, na interação entre Corpo e Alma, o Corpo representa a tradição, o território, o passado, o fechado, o tangível, ao passo que a Alma representa a traição, a transgressão, o fluido, o líquido, o aberto, o intangível. 

Bonder vai buscar, como rabino que é, as três referencias fundantes da fé judaica, e como consequência também cristã, e as situa sobre três grandes traições. A primeira delas trata de Adão e Eva, como aqueles que traem o contrato original firmado com o Criador, segundo o qual eles não poderiam comer do fruto da árvore proibida. Ao traírem este contrato, eles iniciam a história da consciência humana, como humanos. Antes disso, eles eram macacos, imersos no Éden da Natureza, inteiramente submetidos à lógica e as delícias do seu ambiente. Com a traição, ingressam na grande aventura da consciência humana. 

A segunda traição ocorre no campo da cultura e tem em Abraão o seu grande protagonista. Abraão é aquele que ouviu certa vez, ou ao menos achou ter ouvido, uma mensagem de Deus, lhe dizendo: “pega suas coisas, sai desse lugar... vá para uma terra que vou lhe indicar”.  Saiu de casa, deixando pra trás pai, mãe e toda a sua gente com sua cultura. Na terra nova que Abraão vai ocupar, cedo ele se torna “prisioneiro” da nova cultura e, dentro dela, ouve de novo aquela voz dizer pra ele pegar o filho dele, que ele tanto ama, e oferece-lo em sacrifício no alto da montanha Moriat. Ele faz isso, provavelmente com muito pesar. Caminhou três dias com o filho que ele iria sacrificar, ouvindo do filho a indagação óbvia: “pai, cadê o cordeiro?”. Ao que ele responde, Deus proverá! No final, quando já preparava o sacrifício e levantava a mão com a faca, ouve o seu Deus advertir: “não levante a mão contra o menino”. Sim, o Deus de Abraão, diz e desdiz... essa é a terra prometida. Onde a consciência, em crise, debate e dialoga com a própria cultura, representante institucional do Corpo. 


A terceira traição fundante é no nível do indivíduo, quando Jacó, que viria a ser o Israel depois da sua luta com Deus, trai seu irmão Esaú, com o auxílio precioso da sua mãe, enganando o pai, idoso, meio cego e meio surdo. Essa traição inaugura a família, com seus interesses, as disputas, dentre elas a maior de todas, a do poder, da primogenitura, cuja função é preservar e multiplicar a semente do clã.