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22 de outubro de 2014

A que vive nas nuvens...: Ilnéa




Vejam só que maravilha
um OVNI vou ganhar
e entre as estrelas, a ilha,
quem sabe vou procurar.

Mas não pra fazer morada
ou ter pra onde voltar
mas mergulhar, encantada,
e - quem sabe? - pernoitar.

Continuando a viagem
sem nunca ficar parada
em busca de uma paisagem
para muito além do nada.

- Quem aceita uma passagem?

Abraço grande,



20 de outubro de 2014

Da prata e o couro às charqueadas

Por Wagner Medeiros Junior


O lucrativo comércio estabelecido pelos portugueses na bacia do rio da Prata durante a União Ibérica (1580-1640) despertou na Coroa Lusa o desejo de consolidar uma posição estratégica naquela região. Por ali escoava a prata de Potosí, que tornara Buenos Aires um porto atraente e local de intenso comércio. Daí a presença de holandeses, ingleses e portugueses, que em busca da prata exploravam o contrabando, burlando o exclusivismo comercial da Espanha.
O entreposto do comércio português no Prata localizava-se na Capitania Real do Rio de Janeiro. Para atender aos interesses dos comerciantes locais e da Coroa, o Infante D. Pedro, rei de Portugal, determinou a D. Manuel Lobo, governador daquela Capitania Real, que construísse uma fortificação à margem esquerda do rio da Prata, em frente à cidade de Buenos Aires. D. Manuel Lobo alcança aquele estuário em janeiro de 1680, quando inicia a construção de um forte e do povoamento que viria a chamar-se Colônia do Santíssimo Sacramento.
A partir de então começaria um longo período de disputas militares e arranjos diplomáticos em defesa daquela posição e das fronteiras meridionais lusas com a colônia espanhola. A Espanha defendia a linha imaginária de Tordesilhas, enquanto Portugal não se dispunha a aceitá-la. Por isto, a Coroa portuguesa procurava sustentar a sua presença desde a Vila de Santo Antônio dos Anjos de Laguna – Atual Laguna (SC) – até a Colônia do Sacramento, no atual Uruguai.
Há então um grande afluxo de comerciantes e militares oriundos do Rio de Janeiro e de São Vicente, para reforçar a defesa ou retomar dos espanhóis a Colônia do Sacramento. É durante essas jornadas que em incursões à bacia do rio Uruguai os militares e comerciantes portugueses constatam a abundância de gado à solta, desde a banda oriental ao atual estado do Rio Grande do Sul.
O gado descoberto havia sido abandonado pelos jesuítas, depois que suas reduções foram arrasadas pelos paulistas na preia do índio guarani catequisado, para escravizá-los. À deriva, o gado se reproduzira, tornando-se bravio e formando imensos rebanhos, que vieram a chamar-se por “Vacaria Del Mar”.
A Vacaria Del Mar logo passou a ser disputada por espanhóis, portugueses e índios das reduções dos jesuítas. Do gado era retirado o couro e o sebo, para exportação em larga escala para Europa. Uma atividade extremamente predatória. Conforme nos conta Caio Prado Junior, em “Formação do Brasil Contemporâneo”, a carne era desprezada, pois não havia quem a consumisse; a parca população local e o pequeno mercado catarinense não davam conta dos imensos rebanhos.
Entretanto, com a descoberta do ouro nas Minas Gerais e a decadência da pecuária nordestina, esse gado passou a ser levado em pé para o abate na região mineradora. E com o aumento da demanda do consumo de carne, ainda na primeira metade do século XVIII, mesmo à solta o gado passa a ser engordado em invernadas. Surgem assim as primeiras estâncias, com as sesmarias concedidas pela Coroa a militares e tropeiros bem sucedidos, que passam a ocupar definitivamente a terra. A atividade da pecuária começa a ser organizada.
Em 1779 é iniciada a construção da primeira charqueada, na localidade que viria a chamar-se Freguesia de São Francisco de Paula, atual Pelotas (RS). Na charqueada o gado era abatido e a carne salgada, depois exportada para ser consumida pela população pobre e escravos. A atividade expande-se rapidamente, a ponto de transformar a cidade de Pelotas em um centro rico e próspero, de grande importância social e cultural.
No ano de 1807 o atual Rio Grande do Sul é elevado à condição de Capitania-Geral, com o nome de São Pedro do Rio Grande do Sul. Nessa época a Capitania contava com mais de 550 estâncias e uma população de aproximadamente 30 mil habitantes, dos quais cerca de um terço era de escravos - a energia motora das Charqueadas.

Visite o blog: 
http://wagnermedeirosjr.blogspot.com.br/2014/10/dissimulando-para-ocultar-verdade.html?spref=fb

9 de outubro de 2014

O livro dos lobos: Rubens Figueiredo



Crônica Off-UFF 2014, autor Carlos Benites


Além dos textos classificados no Prêmio UFF de Literatura deste ano, cuja publicação não pode ocorrer antes da data da premiação, descolados cliceanos liberaram seus textos não classificados, os Off-UFF, no caso melhor seria um Out-UFF. O intuito é mesmo rir de si, mostrar que para sair algo bom é preciso ousar, tentar. Com vocês a crônica de Carlos Benites.

Aquela moça

Tenho recebido cartas me perguntando sobre meu começo aqui no jornal. Comecei a escrever crônicas quase como uma única saída. Ou escrevia ou corria risco de ser despejado e moraria debaixo do viaduto. Não, não estou fazendo pouco caso desse espaço e nem dos meus fiéis leitores desse jornal de bairro, tanto que hoje só escrevo por prazer e não por necessidade. Renato, o dono do jornal Lig, era meu amigo e soube do famoso caso em que me envolvi e, imaginando as conseqüências que viriam, tratou de pedir a todos os amigos comuns pelo número de meu celular. Ele só me encontrou três meses depois daquele 10 de outubro de 2009. Renato sabia que eu rabiscava uns versos e que até já tinha tentado a sorte escrevendo em parceria a letra de um samba enredo para a  Viradouro, que para a sorte de nossa escola de samba, não foi o escolhido. Mas crônicas nunca. Porém, como ele insistiu e não tinha outra oferta, aceitei o desafio. Li crônicas do Veríssimo, depois vi num dicionário de termos literários que “o cronista é essencialmente um observador, um espectador que narra literariamente a visão da sociedade em que vive, através dos fatos do dia-a-dia”.  Percebi que se me preocupasse em atender às definições teóricas ou se procurasse imitar alguém, me estreparia e dois meses depois estaria na rua. Então decidi que deveria seguir meu instinto e aqui estou.

Meus leitores devem estar curiosos sobre o que houve em 2009. Mas eu tenho certeza absoluta que alguns de vocês devem conhecer o fato, e vão lembrar quando eu terminar de narrá-lo. Em 2009 eu desempenhava o importante cargo de diretor de imagens da Sportv, ofício que, tal qual ocorreu com as crônicas, aprendi na marra. Era eu quem decidia, diante de todas as imagens das diversas câmeras num estádio, qual que iria para a sua televisão.  Na época, eu era um ser solitário, mas que tinha um único e grande amigo, ali mesmo na emissora.  Ambrosio era um cinegrafista boa praça, que era escalado comigo em todos os jogos. Ele ficava naquelas gruas, suspenso no ar, pegando lances dos jogos e imagens da arquibancada. Sua especialidade era captar imagens de beldades. Estádio vazio ou cheio, ele sempre conseguia achar uma linda mulher, mesmo se tivesse só uma, e mandava para nossa central num caminhão fora do estádio. Tínhamos um canal secreto no nosso rádio para que não fôssemos escutados pelo restante da equipe e enquanto mandava as imagens das beldades, fazia seus comentários, sempre com tiradas espirituosas. A que eu mais gostava era “abriram as portas do céu e fez cair um anjo aqui no estádio, Carlitos”. Naquele dia estávamos em Curitiba, no Estádio Couto Pereira, num dia chuvoso e com o estádio recebendo um  público pequeno, pois o Coritiba estava tentando escapar do rebaixamento contra o modesto Grêmio Barueri. 


  Eu pensava que seria um dia como outro qualquer, mas parecia mesmo que estava escrito que não seria como os outros. Para começar, fatos inexplicáveis fizeram com que a equipe naquele dia estivesse reduzida à metade.  Faltou gente justamente no caminhão.  Entre as causas teve até um caso de adultério, que foi descoberto pelo marido da amante de um dos funcionários. Mas eu e o Ambrósio estávamos lá, firmes e fortes, como em todos os jogos. De repente, no nosso canal exclusivo ouço o meu amigo falar: “olha esse pitel de cabelo colorido. Parece a Lola daquele filme alemão que vive correndo pela rua. Conhece, Carlitos? Corra, Lola, Corra! Me apaixonei. É a nora que minha mãe sempre sonhou”. Sorri, mas dessa vez não fixei na musa escolhida pelo meu amigo. Meu olhar mirou a cadeira ao lado. Desconsertado, por pouco não deixo passar um lance de perigo para o Coritiba, que tentava abrir o placar. Voltei para a imagem do Ambrosio e ele ainda mostrava a sua Lola em close, reagindo com um grito depois do gol perdido pelo Coxa.  Mas antes dele voltar com a imagem ao campo, ele tirou o zoom e pegou por dois segundos a responsável pela minha ligeira desatenção ao jogo. Era uma morena clara, um misto de Sandra Bulock com Scarlet Johanson morena e Diane Lane, tão bela que justificaria qualquer distração. Durante o jogo Ambrosio nos brindou com várias imagens da dupla e as mandei para a rede duas ou três vezes, sendo uma em câmera lenta – ah, bendito inventor da câmera lenta! - A Lola mexia em seus cabelos, fazendo caracóis, arregalava os olhos, socava o ar, esbravejava com o atacante do Coritiba. A minha musa mordia os lábios, nervosa, se assustava, pulava, voltava a sentar-se, pegava sua câmera, fotografava alguém, depois parecia filmar lances do jogo. Certa hora virou-a para a câmera do Ambrosio. Estavam ambos filmando e sendo filmados, mas a impressão era que eu estava sendo filmado. O segundo tempo já estava na metade final e a torcida aborrecida com o time perdendo por um a zero. 


O jogo nervoso me fez sentir saudade das imagens de minha tágide. Então Beto, o rapaz que ficou mais sobrecarregado por conta das ausências em nossa equipe, me pediu para sair para fumar um cigarro. Eu iria negar, pois quem teria que assumir suas funções seria eu, mas vi que ele merecia o descanso e o autorizei, pedindo que não demorasse. “Só umas tragadas, hein”. Lembrei-me dos anos em que era eu quem sentava na cadeira do Beto e me senti tão à vontade que relaxei demais e chamei o Ambrosio no nosso canal. “Manda as imagens das nossas musas novamente. Estou sentindo falta”. Então Ambrosio me presenteou com a minha Scarlet Bullock em close. Estava atenta ao jogo, com um ar sereno. Percebi que ela tinha uma mecha descolorida, e começou a brincar com ela. Fiquei hipnotizado com sua beleza na tela inteira, tanto que esqueci do jogo, e fiquei ali olhando seus movimentos. Batia palmas e seus lábios pintados de vermelho claro cantavam e incentivavam o time. Olha para o lado, comenta algo com a Lola, estica o pescoço e fala com um senhor (seria seu pai?). Ela canta, se acalma, se decepciona e senta. Novamente se levanta, de repente, arregala os olhos.  Algo acontecia, um sorriso se forma.  Ouço um grito ao longe vindo da pequena multidão do estádio e minha musa começa a pular de alegria, abraça-se a todos em volta. Só aí percebi que não estava mostrando o jogo, e puxei a imagem de uma das câmeras mostrando o gol do Coxa Branca para passar o replay, quando Beto voltou. Vi que fizera uma grande besteira, mas não sabia que a besteira tinha sido maior ainda. Ouço conversas de canto do restante da equipe que a chefia fora notificada . Mas não liguei. A imagem da musa da mecha descolorida não saía de minha cabeça. Fui ao banco de vídeos e gravei a imagem congelada da moça, depois passei para um pendrive e fui rapidamente em meu notebook. Entrei no facebook, usando um perfil fake que tinha e postei num grupo de torcedores do Coxa a foto daquela linda mulher, pedindo que ela entrasse em contato, deixando um email que só Ambrosio conhecia - oreportermaislegaldomundo@gmail.com - e também um número de telefone que igualmente só o Ambrosio tinha. Estavam todos ainda no estádio, quando meu celular apita avisando a chegada de uma mensagem.  Como meu celular era de dois chips, pensei que fosse já alguma resposta sobre o que postara no facebook no meu número alternativo.  A mensagem dizia “Veja seu email. É urgente”.  Fui no notebook e chequei primeiro o email do repórter mais legal do mundo, mas só havia duas mensagens e, pelos assuntos, eram trotes. Os títulos das mensagens eram “TÁ A PERIGO” e “É TRAVECO”. Nem me dei ao trabalho de ler o que era. Fui então ao meu email profissional. Nesse momento chega Ambrosio, um pouco assustado, dizendo que recebera um torpedo pedindo para abrir seu email. Abro meu email e vejo que tinha uma mensagem do chefão, com cópia para Ambrosio. Tinha um link do youtube e mais abaixo eu leio: “Depois de assistirem, procurem o RH”. Chamo Ambrosio e levo o notebook para um canto e abro o link.  Aparece um vídeo postado naquele dia já com 300 mil visualizações e cujo título era “As gostosas no Couto Pereira e o chilique do chefe”.  Atrás da gente ouço o Beto comentando com uma amiga: “ele trocou os canais de áudio e deixou  vazar tudo ao vivo para todo o Brasil”. Ponho o vídeo pra rodar e ouço a voz do Ambrosio : “Aí, Carlitos! Sua gata balzaca não é de se jogar fora não, mas prefiro minha Lola. Gostosa! A sua também. Vai, Lolinha, pula mais e balança esse cabelo. Vai, danada! Sabe de nada, inocente! Sorria, você está sendo filmada pelo tio Ambrosio. Carlitos, Carlitos, se você bobear, eu fico com as duas”. Então, junto com a voz do Ambrosio aparece uma voz mais forte, berrando, justo quando sai o gol do Coritiba: “QUEM É O IMBECIL QUE FEZ ESSA MERDA? JURO QUE MATO, MAS ANTES DE MATAR EU COLOCO NA RUA. PORRA, AGORA SOU EU QUE ESTOU NO AR“.


            Pois é, amados leitores, foi assim que parei aqui. Ambrosio? Ele está trabalhando num site especializado em flagras de atrizes e outras celebridades famosas. E está faturando alto.

Poesia Off-UFF 2014, autor Rita Magnago

Além dos textos classificados no Prêmio UFF de Literatura deste ano, cuja publicação não pode ocorrer antes da data da premiação, descolados cliceanos liberaram seus textos não classificados, os Off-UFF, no caso melhor seria um Out-UFF. O intuito é mesmo rir de si, mostrar que para sair algo bom é preciso ousar, tentar. Com vocês a poesia de Rita Magnago
5 DE MARÇO DE 1961     



Pela minha pele-grama
rola a bola-cheia
da sua arte-passe.

Você vai e vem
e no meu
meio-campo
faz finta
corre
para
bate falta
escanteio
semeia o grito iminente:
GOOOOL!

Você sua a camisa
mas não se cansa,
vai pra zaga
marca
cobre
faz chapéu
cabeceia
ataca.

Tentam derrubar você
mas você é fominha
é peixe
se apruma
continua o gingado,
quarenta minutos
e com super gás,
quer marcar seu segundo
ainda no primeiro tempo.

Então recua ...
recebe na intermediária...
arranca ...
dribla...
Que lance!
Vejo você pelo meu canto direito
com toda categoria
converter:
GOOOOL!

G e n i a l.
Eu deliro
dois minutos de aplausos
bendizem a rara beleza do momento.
Que golaço!
Gol de placa meu rei,
insuperável
o mais bonito que já vi.

Uma semana depois
na minha área coberta
seu tento tatuado em bronze
e você definitivamente imortalizado.


Poesia Off-UFF 2014, autor Carlos Benites

Além dos textos classificados no Prêmio UFF de Literatura deste ano, cuja publicação não pode ocorrer antes da data da premiação, descolados cliceanos liberaram seus textos não classificados, os Off-UFF, no caso melhor seria um Out-UFF. O intuito é mesmo rir de si, mostrar que para sair algo bom é preciso ousar, tentar. Com vocês a poesia de Carlos Benites.

F.S.C. – uma canção em várias vozes, 
ou pra não dizer que não falei em jogo


90 milhões em ação
Pra frente se marcha
Entra em campo a Seleção
Craques canarinhos,
Representem a Nação
Tragam o Tetra, nos dêem essa emoção
Anos de chumbo não, senhor
Anos de Milagre sim, senhor.
Fale logo, seu Fernando!
Seu safado e desgraçado
COMUNISTA
Tome um tapa,
Fique esperto
Estudante entreguista
Dos sovietes
E da Ilha do Fidel
Contra a Argentina, bola rolando
Show de craques
Fenomenais, Prodigiosos
Orgulhos do Brasil
- Ame-o ou deixe-o -
O Garoto do Parque, de bigode,
com um tirambaço abre o placar
Para delírio popular (Viva!)
E também (principalmente)
Pro frenesi em verde-oliva



Minha paciência é muito Santa
Subversivo, endiabrado, cabra safado
Estou calminho mas o pau-de-arara te espera
Ouça lá os seus amigos
Eles Gritam e choramingam
Que parecem mulherzinhas
Diga um nome e um lugar
Que eu te bato devagar
– eu te prometo -
Só alicate vou usar
Contra  os hermanos
Es siempre muy  difícil
Jogo empatado
Nego Zé driblou ao fundo
Fez firula, humilhou
Cruzou ... bola voando
E o Furacão desempatou
Com um cabeçaço  pôs na rede
E o povo inteiro
- até os revoltados, os tais camaradas -
Em frente à TV a aplaudir
Vibra o Brasil dos Generais
Povo na rua bem feliz
- O país está em paz!
É o que disse aquele moço
Que nos grisalhos, traz brilhantina,
No JN diz boa noite.
Essa é a minha Cruz
Aguentar esses moleques
Que em nada colaboram



Abra o bico, cabra teimoso!
Fale alto, não sussurre.
- Ana Lúcia
Quem é essa vadia?
- Amei daquela vez como se fosse a última
Coopere, seu moleque!
- Deeeus lheee PAGUE
Tome uma bifa
- Por me deixar respirar, por me deixar existir
Seu abusado, piá folgado!
Ô, Guerra, ligue a corrente
No máximo, não tenha pena
 Você não gosta de mim, mas sua filha ...
Esses frangotes, vejam só, não agüentam o rojão
É mais um que bate as botas
E por causa desse bocó,
Sou obrigado a preencher na papelada:
“Desaparecido, foragido”
Mas, enfim, em paz  posso assistir
O que o comuna implorou pra espiar
Na TV tem jogo da Seleção
E depois vou batucar
Um samba na escuridão
- Coronel, o que eu faço?
- Limpe esse lixo, por favor
Quero por ponto final
Nesses versos sem muita métrica
Do samba chato e que incomoda desses  meninos teimosos.


♫ Amanhã vai ser outro dia ... ♫

6 de outubro de 2014

Que livro distópico você já leu?

Ouvi o termo distopia pela primeira vez na última reunião do CLIc Teen, à qual tive o prazer de comparecer levando minhas filhas. Uma delas sugeriu como próxima leitura Divergente, e explicou que o livro fala de pessoas que nascem em uma determinada facção (há umas cinco) e aos 16 anos podem optar por outra facção, as consequências que isto traz, os preconceitos, os problemas, etc. À medida que ela ia dando essas referências, a Gabi, da UFF, disse, 'ah, é uma distopia'. Ela então esclareceu que distopia é uma utopia ao contrário. Ôba, sabia que ia aprender com os jovens.



Livros distópicos nos fazem refletir sobre assuntos aos quais não costumamos estar atentos, e assim ajudam a desenvolver nosso senso crítico. Aí me lembrei de uma sugestão de Sonia Salim que pretendo ler em breve, Fahrenheit 451, também nesta linha, pelo que percebi. E Admirável mundo novo, que já lemos no CLIc.

De uma entrevista recente de Agualusa, pesquei o que disse de um de seus livros, Barroco tropical. " O Barroco é uma distopia, um retrato de um mundo que não quero para mim, para os meus filhos, para as pessoas que amo. As distopias servem para alertar para os erros do presente na intenção de corrigir esses erros. Se for olhado dessa maneira, não é um livro pessimista. Pode haver muito horror, e há, em alguns dos meus livros. Na Estação das Chuvas, por exemplo. [O que escrevo é] também uma denúncia desse horror."

E você, que livros distópicos já leu? Acha interessante? Tem alguma sugestão de leitura nesta linha? Escreva usando o campo "Comentários".

Multientrevista com os autores-leitores do CLIc

A ideia partiu da cliceana Helène Camile (Neide), como é carinhosamente conhecida no facebook. Ela me fez o seguinte comentário lá:

"Querida amiga Rita De Cassia Magnago, começando a ler seus poemas das Inquietações, que por sinal, são terríveis de bão rsrsr. Parei no "Liquefazendo" que é simplesmente divino. Já lhe disse isso, poemas leio em doses homeopáticas, esses seus então, diminui ainda mais a dose. Lembrei daquelas entrevistas do blog, se você for a entrevistada, quero, desde já, fazer a minha: de um livro para o outro, você definiria sua escrita como contínua ou houve alguma mudança? Ou cada livro tem uma atmosfera específica?"

Como recentemente tivemos tantos lançamentos no Clic, como os livros de Dília, Cyana, Ilnéa, Inês, Cristiana, Carlos Rosa e o meu próprio, achei que seria interessante abrir aqui uma multientrevista, onde podemos fazer perguntas para qualquer autor-leitor do Clic e até para leitores dos novos livros, por que não? 

Basta escrever no campo "Comentários" a sua pergunta e a quem se destina. Participe!


Neide e eu, no lançamento do meu 1º livro

Livros de cliceanos (em ordem alfabética, para facilitar as perguntas; por favor ajudem a completar a relação que a memória é falha, rsrsrs)

Clube de Leitura Icaraí - 15 anos entre livros - diversos autores

Carlos Rosa
Cícero
Cristiana Seixas
Cyana
Dilia Gouveia
Gracinda Rosa
Inês 
Ilnéa País de Miranda
Novaes/
Rita Magnago
William Lial