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31 de julho de 2021

CONFRA 2019 Clube de Leitura Icaraí (CLIc)








Noite de muita  alegria!
Vera e seu bom coração
abriu-nos a moradia
pra confraternização!
(Elenir)










Verinha, que é só doçura,
nos oferece a mansão,
mostrando toda ternura
que habita o seu coração.


(Elenir)

Festa no CLIc!


Queridos Amigos💙, 

Volume 1
No último encontro do CLIc retomamos nossa conversa sobre confraternização🍾🥂🍷 de final de ano.

A ideia é uma confraternização mais informal, com música e em um espaço mais reservado, que possibilite maior integração. Todos concordaram, embora demonstrassem preocupação com os
custos.💲

Comecei a pesquisar locais e, no meio do caminho tinha uma Vera🌷.  Sim, tinha uma Vera🌷 no meio do caminho que, com sua gentileza e elegância de sempre, nos ofereceu sua varanda para nosso encontro.

A proposta é que cada um leve algo para beliscar 🌮🍕, além de sua bebida de preferência. Falaremos sobre isto, em detalhes, ao longo do caminho, assim como tbm definiremos o amigo oculto . Declamações, leituras de trechos de livros e o que mais desejarem será muito bem vindo!
Volume 2

Neste momento, gostaríamos que confirmassem sua presença  na nossa confraternização, marcada para 30 de novembro, por volta das 19h, no espaço da Vera e indicassem o que pretendem levar.

Contamos com sua presença.

Entre em contato:

conciergeclic@gmail.com
https://www.facebook.com/concierge.clic

CLIc







30 de julho de 2021

15 de Agosto - Nossa Senhora da Glória: Vera





Hoje (15/08/2016), minha mãe, Maria da Glória, faria 100 anos!

Sensível, delicada e dedicada. Apreciadora das coisas belas... poderia se encantar por minutos olhando um buquê bem arranjado...

Seu grande e único amor, meu pai, se foi aos 58 anos. Desde então sua alegria foi esmorecendo, a depressão chegando, seu brilho se apagando...

Quantas recordações!

Lembro de cruzarmos a Baía de Guanabara de barca para as compras no centro do Rio em busca de um sapato diferente, um tecido especial. Tinha um gosto requintado e sabia fazer " milagres" com o orçamento apertado!

Nossos almoços de domingo tinham sempre uma mesa simples mas com seus " detalhes": uma rosa vermelha feita de tomate enfeitando a maionese, uma toalha especial...

Sua depressão foi crescendo e me atingindo, me descompensado , me minando.

Para onde estava caminhando minha mãe?

Sua tristeza foi além de mim.

Quantas vezes perdi a paciência, quantas me arrependi!

Quando morreu, morava em minha casa.Foi embora de repente, como um sopro.

Dias antes de sua partida, no dia de meu aniversário, me deu meu maior presente!

A reconciliação!

Nós abraçamos, colocamos nossos sentimentos para fora, nossa alma. Nos perdoamos.

Lágrimas e sorrisos.

Que consolo!

Que conforto! Total e supremo.

Momentos intensos de amor e doação.

Meu último aniversário ao seu lado.

Meu maior presente!

Obrigada, minha mãe.

Sei que você está em paz!🌹🕯💜


Vera




29 de julho de 2021

Minicontos - contagem livre de caracteres


Elenir

  • O noivo sorria. A noiva, caminhando séria, pensava: até quando? 
  • Miserável, antes de morrer disse: o caixão no Zé é mais barato. 
  • Venta. A criança diz: vó olha folhas verdes dançando.

 

Sonia Salim

  • As letras formam corpo e ganham fôlego de vida diante dos olhos do leitor. 
  • Curvou-se na dor e através dela encontrou um caminho possível que o levou ao amor dos seus sonhos. Ama a dor. Ama-dor.
  • Floresce em Portugal, aqui as folhas caem. Prepare o fruto, adormece a alma. Paradoxos e estações.

 

Beth Almeida

  • Um homem acima de qualquer suspeita dava balas às crianças.
  • Um embusteiro foi eleito para governar. Até o dia... 
  • O tempo tudo devora. A criança traz a vida novamente ...

Monique
  • Personagem pula fora da proveta e morre sem resolução.


Rita

  • Presidente, do latim aqui não merece o significado. Sente lá, lá atrás.
  • Se inspira em outros e inspira também. Novo fluxo da respiração.
  • Amo paradoxos e combinações curiosas, fazem pensar. Por isso vivo.
  • Aqui é dia, lá é noite; aqui faz frio, lá o sol aquece; 24 horas de distância voada que a alma completa em nanossegundos.




Fonte: Sonia


Minicontos são pequenas narrativas em que o autor expõe todo o contexto e uma ação dentro de poucos caracteres. Ao leitor, fica a incumbência de interpretar, imaginar o significado das narrativas que poderá resultar numa multiplicidade de imagens mentais. 

24 de julho de 2021

Minicontos 50c



Fonte: Sonia Salim


  1. Sonia Salim: 
    • A lágrima caiu em silêncio. No coração, decepção.
    • A cesta de ração humana da moça não incluía saúde.
    • As abelhas em ritual de polinização mantêm a vida.
    • Bichos esquisitos que em fios de seda tramam arte.
    • Derrotado pela força do destino, o jovem expirou.
    • Dia de azar. Vovó tropeçou no rabo do gato: miau!
    • Ela aprisionou-se em vínculos desnecessários.

    • Ela disse força e ele entendeu forca. Erro fatal.
    • Ela vivia um sofrimento confinada em um miniconto.
    • Lugares vazios sequestram olhares silenciosos.
    • Mariana não resistia ao poder que o livro exercia.
    • Muitos homens não têm a vida nobre de um cão.

    • O coração do autor pulsa, letras mortas no papel.
    • O corpo dele não superou a ausência da mente.
    • O louco incendiou os compartimentos da mente.

    • O louco na contramão: individualidade e liberdade.
    • Partiu. Deixou-nos um legado, o nobre professor.
    • Sem cor, energia e alegria, morreu a poesia.
    • Sem lágrimas, enrijeceu o coração da insensível.
    • Sua voz silenciou abruptamente no ventre da tribo.
  2. Inês:
    • A paixão chegou, faiscou, e o amor acabou.
    • A rotina andou até que se cansou.
    • Afogando-se, seguiu a corrente em busca de sonhos.
    • Ao atravessar, escorregou e virou asfalto. 
    • Cansada de respingos de vida, entregou-se à chuva.
    • De par em par, separam-se dia 13. 
    • Entre a cruz e a espada, novos caminhos reluziram.
    • Na caixinha de guardados escavava memórias.
    • Na terra seca de paz, a primavera murchou.
    • Perdida na noite, vagou entre estrelas e cometas
  3. Rita Magnago:
    • Ando nua pela casa, despida de pudores inúteis.
    • Calçada: mortos vivos deitados, vivos mortos em pé
    • Conluio: a morte entrou e o vento bateu a porta.
    • E se o relógio marcasse o espaço? Que vazio! 
    • Palavras cruzadas, letras de encruzilhada vida
    • Saudade de mais abraços, saudades demais. 
    • Sete segundos, súbito saiu, sacola surrupiada.
  4. Elenir:
    • Andorinhas tagarelas alegram meu despertar.
    • As lágrimas nascem no coração e escorrem dos olhos
    • As roupas na corda são bailarinas ao vento. 
    • Falou comigo amor? Não, vó, converso com o vento.
    • Na fazenda, o murmúrio do rio acalenta meu dormir.
    • Nas noites geladas você, amor, é meu cobertor.
    • O barco veloz belo tapete de espuma oferece ao mar
    • Prisioneiros das molduras de viés olhos me seguem.
    • Sequiosas flores esperam  o orvalho para cobri-las.
    • Seus olhos eram tesouras podando meus movimentos.
    • Solidão. Folhas secas pelo chão e um banco vazio.
    • Suas mãos eram barcos navegando meus cabelos. 
    • Venta e a criança diz: vó olha as folhinhas dançam
    • Vó se eu tivesse asa roubava o queijo da lua.
  5. Mariney K.:
    • Do namoro entre a abelha e a flor, verte doce mel.
    • Mulher solitária busca parceiro em noite fria.
    • No jardim, as rosas sorriram, era primavera. 
    • O casulo se abriu e a borboleta voou, em liberdade.
  6. Benites:
    • Bateu na carne negra. Deixou-a ensopada de sangue.
    • Um menino e uma pipa solta no ar. É tão lindo!
    • Trilogia Bento Santiago (Benites):
        • O amor de Bento nasceu dos nomes riscados no muro.
        • O amor durou mil beijos, uma ressaca e uma dúvida.
        • O amor finou no nascer/morrer de cada um Ezequiel.
  7. Fátima Sá Sarmento:
    • Uma palavra, vinte e nove anos se desfez. 
  8. Novaes/:
    • A única alternativa era aquela, repito há 40 anos.
    • Ela disse que seu sêmen era pus, antes de decepar.
    • Mamãe me disse que era normal, enquanto ensaboava.
    • Na igreja, rezou por acidentes, o vendedor de rua.
    • Não sabia mais que três palavras para dizer adeus.
  9. Claudinha:
    • As cores do alvorecer inundaram a tela e a alma.
    • Caminhando na praia nutriu-se de azul.
    • Entregou-se à magia daqueles acordes.
    • Escrevendo libertou-se das amarras e voou.
    • Momentos de plenitude curaram suas feridas.
  10. Rosemary:
    • Noite de inspiração. Dia da lua.




Divulgue aqui seu miniconto. Envie-o para conciergeclic@gmail.com ou poste nos comentários.

Máximo de caracteres incluindo espaços: 50





18 de julho de 2021

Sonho sonhado: Rita Magnago




Dos livros voei tão alto e tão longe 

que das páginas saltei moinhos gigantescos

vesti a realidade de castelos a defender

e donzelas desamparadas a servir

para fazer-me corajoso, nobre, honrado.


Com armaduras de papelão 

ornei meu franzino corpo

e lutei batalhas inventadas

para provar-me valente.


Que lição difícil de aprender

o forte poder morar na delicadeza 

se a mente guardar sonhos

e não confundir ilusões.


Desejos grandiosos de valentia

segredam precisões de mais estima

travestidas de pouco juízo

ou não?






17 de julho de 2021

Um poema de presente às Cataratas de Foz do Iguaçu: Rita Magnago

 


Olho as águas caindo sem parar
Num moto-contínuo
de força, energia, vibração, poder.
Quedas sem fim me fascinam.
Estonteante, de tão belo.

Um imenso entorno- floresta
verde-água, verde-bandeira, verde-vida
num límpido céu de azul-contraste.

Chuviscos de energia me atingem.
Respiro o molhado 
que sobe das pedras
e esfumaça o ar.
Olhos fechados,
braços abertos
ouvidos atentos
à grande concha sem mar.

Fico ali, absorvendo.
Me absolvendo?


Imagem-memória
quero  tecer metáforas 
para os abismos do eu:
é depois que caímos que podemos
reerguer o ser humano à sua altura?

Água-mãe
que deixa teus filhos beberem da fonte
da pedra que canta
(como encantou aos índios e a Santos Dumont)
Deságue, foz de tudo
te conserve Iguaçu*.


* Iguaçu significa a pedra que canta, na língua Guarani

 

 

Rita Magnago é jornalista carioca autora dos livros "Travessia do Verso" e "Porque a vida pulsa". Participou com Textos e Poemas nas duas Antologias comemorativas dos 15 e 20 anos do Clube de Leitura Icaraí.







14 de julho de 2021

Antefinal Noturno & Brevíssima reflexão sb um livro imenso: Edmar Monteiro Fo.

 

Antefinal Noturno



BREVÍSSSIMA REFLEXÃO SOBRE UM LIVRO IMENSO

Edmar Monteiro Filho

 

No conto intitulado “Pierre Menard, Autor do Quixote”, inserido no livro “Ficções”, Jorge Luis Borges imagina um escritor que se aprofunda no estudo de “Dom Quixote” até ser capaz de reescrever integralmente a obra prima de Miguel de Cervantes. A história, salpicada de elementos do fantástico, gênero de preferência do mestre argentino, traz interessantes discussões acerca do tema da autoria, propondo que Pierre Menard, ao reproduzir “Dom Quixote” palavra por palavra, em uma época posterior à escrita do Quixote de Cervantes, cria uma obra distinta da original, tendo em vista as diferentes influências utilizadas por seu “novo” autor.

Em meu último livro, “Atlas do Impossível”, imaginei processo semelhante, buscando levar adiante o jogo de espelhos criado por Borges. Um personagem, de nome Barros, secretário do escritor, decide reescrever o conto “Pierre Menard”, também palavra por palavra. Se a inspiração provocada pela fascinante história escrita por Borges suscita tais aventuras literárias, é preciso reconhecer que, neste caso, o ponto de partida é a monumental obra de Cervantes.

Quando examinamos uma obra artística que deixou marcas substanciais em nossa cultura, estamos pensando não apenas nessa obra, mas em tudo aquilo que já se produziu a partir dela. Ao analisarmos o romance “Dom Quixote”, é impossível ignorar a imagem criada por Pablo Picasso, a ideia dos moinhos de vento como símbolos da ilusão, ou mesmo o adjetivo quixotesco, apropriado a todo aquele que é excessivamente sonhador ou atrapalhado. Impossível estimar ainda a quantidade de estudos existentes acerca do livro. Assim, desobrigado de qualquer tentativa de abrangência ou originalidade, concentro esta breve conversa justamente na qualidade que eleva Dom Quixote a um patamar de distinção na história da literatura ocidental: a de obra fundadora do gênero romance.

A primeira parte das aventuras do "Cavaleiro da triste figura" foi publicada em 1605 e se tornou tão popular, que obrigou seu autor a escrever uma sequência – que veio a público em 1615 –, a fim de fazer frente a inúmeros "falsos Quixotes" que passaram a circular. Numa leitura inicial, é possível identificar que o livro satiriza a novela de cavalaria, gênero que já fora bastante popular na Espanha e que começava a experimentar seu declínio. Cervantes apresenta o personagem Alonso Quijano, fidalgo que teria perdido a razão em virtude da leitura continuada de tais livros e que acaba imaginando a si próprio como um cavaleiro andante, vestindo-se com uma improvisada armadura e montando um arremedo de corcel – Rocinante – para partir em busca de aventuras, acompanhado pelo simplório Sancho Pança, à guisa de escudeiro.

O livro se funda numa série de contrastes que traduzem sua vocação de obra bifronte: olha para a tradição, representada pela literatura medieval e pela fantasia, ao mesmo tempo em que vislumbra os horizontes da prosa moderna, através do romance, gênero burguês, por excelência. Assim, os protagonistas Dom Quixote e Sancho Pança são figuras opostas: o cavaleiro louco, em busca da glória proporcionada pelos grande feitos, e o escudeiro ignorante, afeito à realidade e ocupado com a satisfação de necessidades como o alimento, o repouso, o sustento material. A alternância entre momentos de serenidade e desatino que constitui a figura de Dom Quixote permite um constante embate entre a imaginação e a concretude, entre a mulher idealizada pelos paradigmas do amor cortês e a camponesa de formas e modos grosseiros, entre os nobres ideais e a falsidade.  

“Dom Quixote” também dialoga com distintas formas e gêneros literários, como a sátira e a narrativa pastoril. O burlesco aparece já no prólogo, por meio de poemas supostamente escritos por conhecidos protagonistas dos livros de cavalaria e dedicados aos principais personagens do livro. Assim, por exemplo, o famoso cavaleiro Amadis de Gaula homenageia Dom Quixote, o escudeiro deste louva Sancho Pança, a formosa donzela D. Oriana escreve para Dulcineia, a amada do herói, havendo, inclusive, um diálogo entre Babieca, a montaria do cavaleiro El Cid, e Rocinante. À medida que a narrativa avança, vão sendo intercalados diversos episódios paralelos, bem como poemas e canções, todos ligados de forma harmônica ao eixo principal, o que confere ao livro a característica de um discurso múltiplo, próprio de um gênero em gestação.

Ao longo de todo o romance, Dom Quixote parece entabular uma difícil negociação, agarrando-se como pode aos restos de fantasia que se sustentam precariamente contra os avanços implacáveis do real. Quando, ao final do livro, o herói fecha os olhos, assistimos não ao encerramento de um texto literário, mas ao fim de uma era.