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31 de agosto de 2014

1001 semanas de amor: Luiz Gavri

Façam as contas e vejam
Que 1001 divididos por 52 
Não é mais do que
Dezenove vírgula 25 anos.

É muito? É pouco?

Para um amor de infância
Não é nem a metade.
Para um amor de verdade,
Já passou um pouquinho.

Bobagem falar que
Paixão vira amor
Amor já foi paixão.

Amor quando gruda na gente
Vira ferida permanente
Bicho de pé que nunca se esquece
Pois, volta e meia, coça.


(19/01/14)

29 de agosto de 2014

Já pensou em ler à luz dos vaga-lumes? Orlando o fez

Há tempos não professo meu amor pela literatura, mas continuo amando os livros; uns mais que outros, é verdade, mas todos têm seu lugar no coração desta leitora.

Agora estou lendo Orlando, de Virginia Woolf. O personagem era também um amante das letras. Naquela época, por volta de 1580 / 1600, ele lia à noite à luz de velas, até tarde. Tomaram-lhe as velas. Ele então criou vaga-lumes para prosseguir com a leitura. Tomaram-lhe também. Ele então quase incendiou a casa com um pau em brasa. Não é um fofo? O que você faria no lugar dele?


25 de agosto de 2014

Clube de Leitura Jovem - O menino no espelho: Fernando Sabino


Quinta edição do Clube de Leitura Jovem




"Mas como sempre acontece...papai achava graça, pedia que eu narrasse a façanha para seus amigos." (p.96)





20 de agosto de 2014

CLIc-teen - O menino no Espelho: Fernando Sabino

Nem eu mesmo sabia que estava experimentando pela primeira vez a sensação inebriante de uma paixão. 




Como se fosse pouco, Cintia tocava piano. Eu ficava a seu lado, embevecido, a ver as mãos longas e brancas deslizando pelas teclas do velho piano na sala de visitas. Em casa ninguém tocava, a não ser eu mesmo, batucando o Bife com dois dedos, escondido de meu pai: ele costumava dizer, certamente para silenciar a musiquinha insuportável, que ela atraía o demônio. Cintia sabia uma porção de melodias americanas, chamadas de fox-trot. Veio daí, creio, o meu gosto pelo jazz: 



— Toca de novo aquela primeira, Cintia. 

Ela tocava esta e aquela, a meu pedido. Depois atirava para o lado, naquele gesto seu, a cortina de cabelos que lhe caía no rosto. Um dia, ao dar comigo a contemplá-la, extasiado, inclinou-se rindo e me deu um beijo no rosto. Meu coração disparou, e eu com ele: saí correndo da sala, fui me refugiar no fundo do quintal, pela primeira vez naqueles dias. E naquela noite não consegui dormir. Era ela que eu via diante de mim, no escuro do quarto, tocando piano, os cabelos louros, os olhos claros, a cena do beijo. Toninho, ao perceber que eu continuava acordado, chegou a perguntar se eu estava sentindo alguma coisa. Não, eu não sentia nada — a não ser o desejo de que a noite passasse depressa e chegasse logo a manhã para que eu pudesse rever a minha amada. 





"Em pouco tempo, passei a levar mais que a sério o escotismo. Não tanto pela parte moral — embora não deixasse de ser interessante amar a Deus sobre todas as coisas, ter uma só palavra, fazer uma boa ação todos os dias, ser limpo de corpo e alma, amar os animais e as plantas, respeitar o bem alheio, ser cortês e leal, e outras obrigações dos mandamentos do escoteiro, que a gente jurava cumprir. O que me atraía mesmo era a parte prática e as distrações: transmitir mensagem à distância pelo código Morse, com o auxílio de um apito ou de uma lanterna (logo consegui decorar o alfabeto), ou por semáfora, com duas bandeiras, como fazem os marinheiros; aprender a dar várias espécies diferentes de nós; acender uma fogueira com apenas um pau de fósforo ou fazer fogo sem fósforo algum; armar uma barraca; orientar-me pelas estrelas; tocar tambor; seguir uma pista em pleno mato — e mil outras coisas próprias dos índios e dos exploradores 

do oeste." 



Que menino encapetado esse Fernando!


"Mas como sempre acontece...papai achava graça, pedia que eu narrasse a façanha para seus amigos." (p.96)

Uma viagem aos tempos de infância 

no 

Clube de Leitura Jovem!





O que você quer ser quando crescer?

O Menino no Espelho é um romance escrito pelo mineiro Fernando Tavares Sabino, que teve sua primeira edição em 1982, pela editora Record.


A obra é narrada em primeira pessoa, e o personagem principal é o próprio autor, que ao longo do livro relata suas aventuras. Fernando conta suas memórias de infância com muita criatividade, e que foram vividas na cidade de Belo Horizonte durante a primeira metade do século XX, convidando o leitor a viajar no tempo e experimentar uma BH tranquila e sossegada, o que proporcionava certa liberdade e espaço para a diversão das crianças daquela época.



As lembranças são descritas com espontaneidade, e os acontecimentos relatados com muita simplicidade, como se estivessem sendo contadas por um menino. As histórias são repletas de fantasia, explorando a imaginação de Sabino, como menino de apenas oito anos.



O espírito criativo do autor nos chama bastante atenção, juntamente com seu saudosismo dessa fase mágica de sua infância. O livro nos transporta para uma época na qual a criatividade imaginativa e a inocência perduram. E, através de olhos de uma criança, podemos então experimentar esse novo mundo através da leitura.






O livro será tema de debate do próximo encontro, que será realizado no dia 21 de agosto, às 18h, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias, 9, em Niterói). Não perca!


"O menino é o pai do homem" (William Wordsworth)


Leia o livro digital aqui

Alguém conhece a solução do mistério do que é ser mineiro? Se souber não diga ainda, para não ser spoiler. 


15 de agosto de 2014

O que é poesia para você?

Poesia é ...


Com certeza você já leu e ouviu muitas definições de famosos sobre o que é poesia, como as que seguem abaixo. Qual delas você mais gosta ou mais se aproxima do seu conceito? Você tem sua própria descrição poética a respeito? Compartilhe conosco utilizando o campo Comentários deste post.



Edgar Allan Poe: 
A poesia é a criação rítmica da beleza em palavras.

Maiakóvski:  
Toda poesia é uma viagem ao desconhecido.

Goethe: 
Poesia é a fala do infalável.

Fernando Pessoa: 
Poesia é a música que se faz com ideias.

Manoel de Barros:
A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.

14 de agosto de 2014

“Esta é a história mais triste que já ouvi”


"Nós todos temos tanto medo,
nós todos somos tão sozinhos,
nós todos precisamos tanto que venha de fora a garantia de nosso próprio valor para existir."


"Publicado em 1915, o romance é pioneiro na arte do "narrador não confiável". A história é contada primeiro de uma forma. Depois, conforme o narrador se recorda de detalhes que a modifiquem, os mesmos são recontados de um novo ponto de vista, que podem ser reavaliados adiante. E conforme a mente do narrador trabalha, outros elementos são trazidos, e um simples caso de adultério entre dois casais que se encontram casualmente numa casa de repouso (ou spa, como ficou conhecido depois) vira um caso cheio de arestas insuspeitas, que dizem respeito à situação atual do narrador, que não conhecíamos completamente, como imaginávamos (ele não nos tinha dito tudo). 

"O Bom Soldado" fez mais pela literatura ocidental do que todos os mais famosos modernistas juntos. Porque se "Ulisses" é um grande livro, e "Mrs. Dalloway" é estupendo, repeti-los dependia de referências e talentos, o que tornava o trabalho de quem os quisesse seguir pesado demais. O que "O Bom Soldado" sugere é uma forma prática para a narrativa moderna e, inclusive, pós-moderna: deixe que seu leitor se confunda; deixe que chafurde na indecisão, e que se encontre (ou não) apenas depois. 


Quem quer encontrar-se na Literatura? Até onde eu sei, a gente quer é se perder..."


(Roberto Pedretti)


9 de agosto de 2014

"Ópera dos mortos": romance e mistério no Clube de Leitura Icaraí


Incluído pela Unesco na Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal, Ópera dos mortos, do brasileiro Autran Dourado, é o tema do debate de hoje no Clube de Leitura Icaraí. O evento acontece a partir das 19h, com entrada gratuita, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias, 9, em Niterói).

Apontada como principal obra de Autran Dourado, ao lado de O Risco do Bordado, Ópera dos mortos utiliza uma narrativa na forma de ópera barroca, além de explorar características formais da arquitetura na descrição da residência da família Honório Cota, onde se passa a ação. O romance conta a história de Rosalina Honório Cota, última remanescente de sua família, que vive praticamente sozinha na companhia de Quiquina, empregada muda. As duas habitavam um sobrado velho e decadente, construído pelos antepassados da protagonista. Isolada do resto da cidade, ela tem sua rotina quebrada pela chegada do falante empregado Juca Passarinho. O resto da história... Só lendo o livro ou participando do Clube de Leitura de hoje.