Fundado em 28 de Setembro de 1998

28 de junho de 2023

Arte degenerada

Leituras relacionadas: 

  1. O homem que amava os cachorros: Leonardo Padura (grupo);
  2. Trótsky, exílio e assassinato de um revolucionário: Bertrand M. Patenaude (subgrupo);


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Reichsminister Dr. Goebbels visita a Entartete Kunst.
Arte degenerada é a tradução em português do alemão entartete Kunst, termo utilizado pelo regime nazista da Alemanha para descrever virtualmente toda a arte moderna. Tal arte foi banida com base de que era não-germânica ou de natureza "judia-bolchevique", e aqueles identificados como artistas degenerados estavam sujeitos a sanções. Estas incluíam ser despedido do magistério, ser proibido de exibir ou vender a própria arte e, em alguns casos, ser proibido inteiramente de produzir arte.

Arte Degenerada foi também o título de uma mostra, montada pelos nazistas na Haus der Kunst em Munique, em 1937, consistindo de obras de arte modernistas penduradas de modo propositalmente caótico e acompanhadas de faixas e rótulos ridicularizando as peças expostas. Destinada a inflamar a opinião pública contra o modernismo, a exibição subsequentemente foi levada para outras cidades da Alemanha e da Áustria.

Enquanto os estilos modernos de arte eram proibidos, os nazistas promoviam pinturas e esculturas de estilo estritamente formal e que exaltavam os valores de "sangue e solo" da pureza racialmilitarismo e obediência. De modo similar, da música era esperado que fosse tonal e livre da influência do jazz; filmes e peças teatrais estavam sujeitos à censura.

Origem: ESPAÇO DAS ARTES

"Nunca como até então as ideologias que irromperam após a Primeira Guerra Mundial utilizaram-se tão abertamente da estética para atingir seus objetivos políticos. Vivia-se na época da polit-art, quando a arte foi aparelhada, transformando-se num instrumento de uma monumental propaganda político-partidária, ocorrendo à restauração do naturalismo idealizado como a forma mais adequada e ajustada a serviço da política de estado."

.
A primeira afirmação sobre Arte Degenerada foi proferida por Hitler em 1934. Três anos depois é organizada em Munique a Exposição de Arte Degenerada, que percorreu a Alemanha recebendo mais de três milhões de visitantes. Obras de Kandinsky, Picasso,Paul Klee e muitos outros foram exibidas ao lado de desenhos de internos de asilos psiquiátricos.

Wassily Kandinsky e Paul Klee entre os artistas degenerados
Wassily Kandinsky e Paul Klee, perseguidos pelo nazismo tiveram obras confiscadas

"Se cada coisa a que deram à luz foi resultado de uma experiência interior, então eles são um perigo público e devem ficar sob supervisão médica […] se era pura especulação, então deviam estar numa instituição apropriada para o engano e a fraude". Adolf Hitler, sobre o artista moderno, 1933.

Em 19 de julho de 1937, centenas de alemães se dirigiram à tradicional galeria Hofgarten para a abertura da exposição Entartete Kunst – ou, em português, Arte Degenerada. Montada pelo Partido Nacional Socialista alemão, a mostra apresentava cerca de 650 pinturas, esculturas e gravuras, entre os mais de 5 mil trabalhos confiscados pelo governo alemão dos principais museus e galerias do país. Um dos discursos da noite foi o do nazista Adolf Ziegler: Em torno de nós vê-se o monstruoso fruto da insanidade, imprudência, inépcia e completa degeneração. O que essa exposição oferece inspira horror e aversão em todos nós”, declamou, eufórico, aplaudido pelo público. Ficou claro que o objetivo da mostra era apresentar a arte moderna como um elemento pernicioso à estética nazista. No dia anterior, o governo tinha inaugurado na imponente Casa da Arte Alemã a Exibição da Grande Arte Alemã. A ideia era que o povo alemão comparasse a beleza da arte ariana aos devaneios das obras dos artistas modernos na Hofgarten. .


1934, de Alberto Moravia, no Clube de Leitura Icaraí


2013

No ambiente fascista da Itália nos anos 1930, o jovem Lúcio se vê em constante luta contra sua angústia. Logo, o intelectual italiano passa a se perguntar se vale a pena viver no desespero ou se é melhor “abraçar” a morte. Todos esses pensamentos acompanham o personagem principal em 1934, do escritor Alberto Moravia, que entra em debate no Clube de Leitura Icaraí, no dia 4 de outubro. O evento acontece das 19h às 21h, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias, 9, em Niterói). A entrada é gratuita.
Romance - Desacreditado com a vida, o protagonista de 1934 parte em viagem de barco para a ilha de Capri a fim de terminar de escrever um livro. Dentro da embarcação ele avista Beate, uma jovem casada com um oficial nazista alemão. Logo, os dois conectam-se através da desesperança mútua refletida em seus olhares, algo que fascina ambos. Mesmo sem trocar uma palavra, ao final da viagem, o italiano já está apaixonado. Beate, então, procura o suicídio a dois e vê em Lúcio alguém capaz de acompanhá-la.

Ele, por sua vez, fica obcecado pela jovem, desencadeando uma estranha história, em que amor e morte surgem como as diferentes faces da mesma moeda. Com um mergulho na angústia existencial que alimenta o espírito dos personagens, a obra caracteriza-se por ser um retrato social e político da Europa em pleno crescimento do nazismo e do fascismo.

1934: Alberto Moravia


  "Você está pensando em se matar?"
Getty Images

 Os sinais do suicídio



Champignon - músico do Charlie Brown Jr.


"É possível viver no desespero sem desejar a morte?"


"... a juventude não vê as coisas que a circundam no presente imediato, mas quer ver o que a espera no futuro longínquo. Mas no futuro não há nada, não pode haver, tudo aquilo que nos diz respeito está no presente. Com o passar dos anos, pensa-se sempre menos no futuro e sempre mais no presente. Ou talvez no passado, ..."




Eu dormia, dormia,
De um sono profundo acordei:
Profundo é o mundo,
E mais profundo que nos pensamentos do dia.

Profunda é sua dor,
Prazer - mais profunda ainda que o sofrimento:
Diz a dor: morre!

Mas cada prazer quer a eternidade,
- Quer profunda, profunda eternidade.

(Nietzsche)



"No meu lugar, sentia-me mais uma vez no estado de espírito desconcertante, e que para mim não era novo, de estar desesperado por não estar desesperado. Isto é: o desespero estava incubado no fundo de minha alma, como para sempre; mas isso não me impedia de apreciar o lindo dia, a paisagem magnífica, a boa comida e, naturalmente, a beleza áspera e ambígua de Trude. Poderia ser a chamada estabilização (do desespero) que eu perseguia há tanto tempo? Seria o desespero estável e normal que permite gozarmos o próprio prazer da vida, aliás gozá-lo ainda mais, já que não esperamos mais nada? Mas, em lugar da estabilização, tudo isso não ameaçava levar-me a uma espécie de hipocrisia? A sentir-me desesperado e, ao mesmo tempo, a comer e beber à vontade, a fazer amor sem remorsos e a exaltar-me liricamente com a natureza?"



Heinrich Kleist & Henriqueta Vogel
by 

kar2nist


Duplo suicídio?

Um "belo" suicídio a dois, à moda de Kleist: Lucio flerta com o suicídio por desespero, enquanto Beate por razões estéticas.

"Aquele que ama a vida com prudência, já está moralmente morto, pois sua mais intensa força vital, que é de podê-la sacrificar, atrofia-se, quando ele cerca-se de cuidados". (Heinrich Von Kleist)

Camus inicia sua obra "O mito de Sísifo" afirmando: “Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio”;

Emil Cioran flerta com o suicídio e se indaga: "Por que eu não me mato?” Em outro momento ele responde: “faz bem pensar que a gente vai se matar”;

Assim falava Nietzsche:  “A ideia do suicídio é um poderoso consolo: ela ajuda a passar mais de uma noite ruim”;

Para os estóicos “o suicídio é visto como um ato de razão";

Para Tomás de Aquino "o suicídio é sempre pecado mortal, porque vai contra à caridade e à lei natural”.

Dante lança ao fogo do inferno todos os suicidas;

Para Kierkegaard, "o suicídio é o sinal mais claro de que o indivíduo deixou-se vencer pela doença mortal, o Desespero";

Lucio, protagonista do livro do mês de Outubro no CLIc quer estabilizar o desespero, seja porque o considera a condição normal da existência humana, seja porque se sente fascinado pela questão, sobretudo, do duplo suicídio como um possível ato de amor. O desespero do personagem é um tanto superficial, não se comparando ao sentimento expresso nas citações filosóficas de acima. Longe disso! A trama se desenrola num espírito totalmente diverso, divertida. Ele chega ao ridículo de se desesperar por estar se sentindo maravilhosamente bem em usufruir das delicias de um banho de mar na ensolarada Piccola Marina. Sem dúvida que se trata de uma narrativa bem humorada e irreverente, seu desespero sendo, talvez, uma forma de atrair a cumplicidade do leitor em sua aventura bizarra de intelectual burguês. O desespero para Lucio me parece apenas um conceito. A suposta vontade de cometer um suicídio duplo é puro jogo de cena, resulta de uma mescla de desejo erótico e fascinação mórbida. Não garanto, no entanto, que seja isso que o leitor vá encontrar nas páginas de "1934". Prepare-se para o inesperado. "Profundo é o mundo, e mais profundo que nos pensamentos do dia".




Vamos debater a psicologia do suicida em outubro no Clube de Leitura Icaraí sob a batuta do psicólogo e escritor Mike Sullivan, autor de "Terapia das almas suicidas", para quem a literatura o tem salvado do aniquilamento total. 

Capri




"Assim, iniciou-se uma espécie de diálogo entre os nossos olhos, que durou até o momento em que o vapor entrou no porto de Capri. Eu a olhava e ela me olhava. Com surpresa, descobria qualquer coisa que sempre soube, mas nunca experimentei, isto é, que com os olhos se pode não apenas comunicar, mas também falar de maneira particular e distinta... "








A obra "Melancolia I (1514), de Albrecht Dürer (© Trustees of the British Museum), autorizada sua publicação no livro comemorativo de 15 anos do Clube de Leitura Icaraí, estará em evidência, também, por ocasião do debate de 1934, do italiano Alberto Moravia.



"Amo-o e sei que você também me ama, mas entre nós dois não existirá nada mais do que olhares. Uma verdadeira e completa relação entre nós é impossível."







Alberto Moravia
Birth: Nov. 28, 1907
Death: Sep. 26, 1990
Writer. Born Alberto Pincherle, he was a major figure in the 20th-century Italian literature. In the 1930s he worked as a foreign correspondent for several major Italian newspapers and he travelled in the U.S., Poland, China, Mexico, and other countries. His works were censored by Mussolini's government, and placed by the Vatican on the 'Index librorum prohibitarum' (Index of Forbidden Books). Several of his books have been filmed, among them "Two Women" by Vittorio De Sica, "A Ghost at Noon" by Jean-Luc Godard" and "The Conformist" by Bernardo Bertolucci. Later in life, he entered the world of politics and represented Italy in the European Parliament from 1984 until his death. (bio by: MC) 


16 de junho de 2023

Bloomsday @ Mom Café!




@


Rua General Osório, 5 - São Domingos - Niterói _ RJ




16 de junho 2015

18:00h



Debate 

Homem comum, enfim: Anthony Burgess



Bloomsday 2014 @ Dom Café

Degustação de café



Os leitores CLIc que concluímos a leitura de Ulisses de James Joyce nos reuniremos para comemorar o terceiro Bloomsday após a façanha realizada. Estamos aguardando novos navegantes para a comemoração do Bloomsday deste ano. Você leu? Se anima? Ainda dá tempo!!! Navegar é o que conta nesta odisseia. Junte-se a nós!


Happy Bloomsday to the CLIc readers!!!

especially the newcomers who will celebrate the day for the first time this year. And, of course, for the old "CLIc" survivors who accomplished the reading of this literary odyssey in the previous years!!!



Sexo em Ulisses


Recordando o Bloomsday - debate sobre a obra Ulysses, de James Joyce




1º edição: 1922

59 menções a sonhos na Obra





Debate ocorreu na Livraria da Travessa da Rua Sete de Setembro


Salve o Bloomsday !!!



"Senhoras e senhores,

Aproxima-se o Bloomsday. 

Nem todos teremos lido, nem todos teremos sequer começado... mas, como eu tinha comentado recentemente, seria importante tirarmos Ulisses do nosso sistema. Tem sido um longo caminho e, se como diz Anthony Burgess, Ulisses é um livro com o qual conviver, menos do que ler de um fôlego, qual fosse um romance policial, nunca deixaremos de lê-lo, em ocasiões diferentes, refletido em outros livros, refletido no impacto que teve na literatura ocidental e na forma continuará influenciando a crítica e o público na apreciação geral da literatura. 


Isso tudo fica muito pomposo... na verdade, na minha tentativa de ler Ulisses sem todo o peso da fortuna crítica envolvida, tenho até me divertido bastante. Mas tenho procurado usar o estatuto da "convivência", alternando-o com outras leituras, buscando uma certa leveza onde o tempo todo sugerem-nos solenidade e estudo dileto. 

Sou, por princípio, contra a teorização antes que o fenômeno tenha se concretizado. Sou contra o boato antes do fato. Só leio introduções e prefácios de literatura depois que os livros tiverem sido lidos. E assim procurei fazer com o Ulisses. Acho que ainda sigo a melhor forma. 

Assim sendo, estamos todos marcados para terça-feira, dia 16, para o nosso pequeno passeio no parquinho dublinense."

(Pedretti)


"Este é o livro ao qual todos somos devedores, e do qual nenhum de nós pode escapar"- T.S. Eliot

Com o épico Ulisses, sua obra maior, o irlandês James Joyce revolucionou o romance moderno. Transcorrido em um único dia - 16 de junho de 1904 - e em uma só cidade - Dublin -, o enredo de Ulisses consegue abarcar toda a gama das emoções e experiências humanas, que o leitor vivencia pelo olhos, ouvidos e entranhas de personagens inesquecíveis, como Leopold Bloom, Stephen Dedalus e Molly Bloom. 

Esta tradução de Ulisses, primorosamente concebida pela professora Bernardina da Silveira Pinheiro ao longo de sete anos de trabalho, tem a intenção de restituir o grande feito literário do século XX a quem de direito: o leitor. Com o mesmo registro coloquial do inglês usado por Joyce, mas sem abrir mão da riqueza linguística que o consagrou, a linguagem empregada nesta edição privilegia uma dimensão mais humana da obra-prima do autor, tornando-a acessível ao maior número possível de leitores.

James Joyce demorou sete anos para escrever Ulisses (de 1914 a 1921). Nesse período, atravessou a Primeira Guerra Mundial, passou por complicações financeiras e teve problemas de visão. Após terminá-lo, enfrentou ainda sérias dificuldades para publicá-lo. Depois de ser recusado no Reino Unido e nos Estados Unidos - onde foi considerado obsceno -, o livro foi finalmente editado em 1922 por uma pequena livraria em Paris, a Shakespeare & Company (foto ao lado), da norte-americana Sylvia Beach. Ulisses seria ilegal nos Estados Unidos até 1934, e só seria liberado no Reino Unido três anos mais tarde. 

Nele, intercalam-se as trajetórias de dois personagens principais, Leopold Bloom e Stephen Dedalus, pelas ruas de Dublin ao longo de um único dia, 16 de junho de 1904. Sua estrutura e referências remetem à Odisséia, épico de Homero sobre as peripécias de Ulisses (Odisseu, para os gregos) em sua jornada de volta a Ítaca. "Bloom é Ulisses vivendo suas pequenas aventuras em Dublin; Stephen Dedalus é Telêmaco em busca de um pai; Molly Bloom é ao mesmo tempo a iludida Calipso e a fiel Penélope", escreveu Anthony Burgess, para quem "Ulisses é um livro para se ter, com que se conviver".





"Sombras vegetavam silentes na paz da manhã flutuantes da escada ao mar para onde olhava. Na praia e mais além embranquecia o espelho d´água, pisado por pés lépidos e leves. Seio branco do mar turvo. Parelhas de pulsos, dois a dois. Mão tangendo as cordas de harpa fundindo-lhe os acordes geminados. Palavras pálidas do pélago aos pares rebrilhando na turva maré" (pág. 105)


Bloomsday 2012 - Sim, nós do CLIc lemos!


"Sozinha, um instante de verdade:
não gosto de Joyce
não entendo a forma
a forma
que forma
estilo nascido para marcar diferença."

                (Reflexão II - Rita Magnago)


" - Empresta aí esse teu portameleca para limpar a minha navalha...Uma nova cor pra paleta dos nossos poetas irlandeses: verderranho. Quase dá para sentir o gosto, não? Subiu novamente até o parapeito e mirou por sobre a baía de Dublin, seus claros cabelos de carvalhopálido mexendo leves. Meu Deus... o mar verderranho, o mar encolhescroto." (págs 99/100)


NOSSO CLUBE DE LEITURA ICARAÍ JÁ LEU! SE VOCÊ PERDEU O EMBARQUE OU NAUFRAGOU NO PERCURSO, AGORA TEM UMA NOVA CHANCE NO CLUBE DA SETE. LEIA A CONVOCATÓRIA DO LIVREIRO ROBERTO PEDRETTI DA LIVRARIA DA TRAVESSA EMITIDA EM 18 DE AGOSTO DE 2014.



"Adotar Ulisses como nossa leitura de 4 de dezembro de 2014 consiste em dizer que, a partir de hoje, temos 108 dias para, se não o lermos integralmente, ao menos o bastante para tornar a reunião proveitosa.

Não é um feito inédito: nas reuniões dos clubes de todo o Brasil, conheci mediadores de 3 clubes que o tinham adotado - dois em São Paulo e um em Florianópolis. O ponto comum entre as impressões dos mediadores destes clubes foi de que as reuniões foram... inesperadas. O que quer dizer que levaram a caminhos muito distantes do que se poderia esperar da usual fortuna crítica solene que se agarrou ao romance feito craca e que não nos deixa fruir dele livemente, mas apenas pelo filtro de interpretações já consagradas. Ou seja: as reuniões foram boas porque as pessoas miraram "o livro" e não "a crítica". 


Há cerca de dois anos, Paulo Coelho disse numa entrevista que "Ulisses" tinha sido mais danoso que benéfico para a literatura universal. Acho um ponto de vista filistino um pouquinho exagerado, ainda mais partindo de alguém que se esbalda em ser o mais traduzido escritor brasileiro. Mas eu entendo o que ele quis dizer, e não está de todo errado: a unanimidade sacralizante que caiu sobre James Joyce (assim como sobre Shakespeare, Faulkner, Beckett, Proust e toda a literatura russa do século XIX) criou uma barreira quase intransponível para aqueles que quisessem fazer a coisa mais prosaica para as quais aqueles textos tinham sido pensados: lê-los. Não se imagina o ser humano civilizado e artistizado sentando confortavelmente em sua poltrona no fim do dia, tirando os sapatos, e entregando-se à leitura de um dos volumes de "Em Busca do Tempo Perdido" - ele precisa sentar-se, isso sim, à escrivaninha, cercado por notas e literatura de referência às pilhas, para começar o "estudo", e não a leitura. Assistir a uma peça de Shakespeare virou, no nosso tempo, um marco de solenidade esnobista tão consagrado que praticamente ninguém mais sabe o que está acontecendo no palco (às vezes nem os atores) - todos estão ali sentados na plateia "pelo significado cultural do evento", decorando frasezinhas aqui, citando outros autores ali, até o ponto de não nos permitirmos mais rir em suas comédias ou chorar em suas tragédias.



(Não sou fã do filme "Shakespeare Apaixonado", de 1998, que no geral é meio bobo e desperdiça um trabalho de produção sensacional, mas tenho que admitir que a tomada da estreia de Romeu e Julieta no Globe Theatre é matadora: ali, gente muito simples, alguns sujos do trabalho nas granjas, outros inclusive com animais domésticos no colo, assistia à peça pela "história que era contada", e se emocionavam. Sugiro a todos rever estas cenas e refletir sobre o que sobrava em um trabalhador rural analfabeto do seculo XVI que nos falta hoje). 



Acho que esse é o tipo de trabalho de desprendimento que podemos aplicar a Ulisses. Esqueçamos, ao menos num primeiro momento, sua fama de difícil. seus meandros criptografados, suas sutilezas intransponíveis. Acho que devemos, ao menos para esta reunião, seguindo o exemplo dos grupos que discutiram-no, abri-lo como abriríamos qualquer livro quando "lhe damos uma chance". "Vamos ver se vou gostar desse aqui..." é o que dizemos geralmente quando nos deparamos com um autor desconhecido ou com recepções mistas. E todo autor, até onde sei, gosta de pensar em seu leitor fazendo este movimento, rumo ao desconhecido, com o benefício de parar e chamá-lo de insuportável quando bem entender.



Na minha visão muito particular sobre Literatura, acho que uma obra de ficção deve bastar-se a si mesma para engajar o leitor. Ela pode ultrapassar este momento, ser muito mais significativa que ele, e isso faz os "bons" livros passarem a ser "grandes" livros. Mas entre o prazer do leitor e o labor do estudioso não deveria haver descontinuidade."







E DEPOIS... JUNTE-SE A NÓS!!!




NO

BLOOMSDAY

16 DE JUNHO DE 2015

18:00 h




R. Sete de Setembro, 54 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20050-009
Telefone:(21) 3231-8015


Contato: Roberto Pedretti

14 de junho de 2023

Clube da Lua - Homo Deus: Yuval Noah Harari


"O CORONAVÍRUS E UMA BREVE HISTÓRIA DA HUMANIDADE E DO AMANHÃ

O badalado historiador israelense Yuval Noah Harari tem dois best sellers que movimentaram debates nos últimos anos: "SAPIENS - Uma breve história da humanidade, e "HOMO DEUS - Uma breve história do amanhã.

Em Homo Deus, Harari, ao introduzir suas teses centrais, afirma que a história humana até aqui se pode resumir a três grandes questões que ocuparam todos os nossos esforços: A GUERRA, A FOME E A PESTE.

Segundo Harari, estas três grandes questões já não ocupam os esforços humanos de forma exclusiva porque, de certa forma, já estão sob controle. A GUERRA já não eclode de forma instantânea, pois esforços diplomáticos e mecanismos internacionais podem evitar e evitam muitos conflitos hoje em dia. A FOME, embora ainda exista com números significativos, pela primeira vez na história há mais gente que come demais do que gente passando fome, e a produção mundial de comida pode atender a toda a humanidade. E A PESTE já não é tão devastadora quanto era no passado, quando foram registrados eventos devastadores, com perdas humanas significativas, como a Peste Negra na Idade Média, porque hoje teríamos capacidade de responder cientificamente mais rápido às demandas.

O Coronavírus, embora não chegue perto das pestes mais devastadoras da história, parece nos dizer que Harari ainda deve considerar que a a humanidade ainda carece de domínio sobre as pestes. Embora matem menos que noutros tempos, a peste ainda é uma realidade capaz de parar o mundo, como estamos vendo acontecer."

(Antonio Rodrigues)

A singularidade está próxima


Muita gente toma muito cuidado para não se investigar muito profundamente... muitas "vozes interiores" e "desejos autênticos" não são mais do que o produto de desequilíbrios químicos e doenças neurológicas.




Em tempos antigos, ter poder significava ter acesso a dados.
 Atualmente ter poder significa saber o que ignorar. 


Fonte: Marcel Duchamp



O eu é uma coleção de algoritmos bioquímicos



As pessoas vão se endireitando à medida que adoecem.



Humanos são os mestres da dissonância cognitiva



Tudo posso naquele me fortalece  

X  

O que não me mata, me fortalece




Europa medieval > Conhecimento = Escrituras X Lógica

Revolução Científica > Conhecimento = Dados empíricos X Matemática

Humanismo > Conhecimento = Experiências x Sensibilidade




O Humanismo

Na Ética: "Se lhe parece bom, faça-o"

Na Política: "O eleitor está com a razão"

Na Estética: "A beleza está nos olhos do observador"














Teste de Turing









Foi o próprio Deus que ao fim de sua obra se disfarçou de serpente indo se deitar sob a árvore do conhecimento: assim ele se restabeleceu do fato de ser Deus... Ele havia feito tudo demasiadamente belo... O diabo é apenas a ociosidade de Deus a cada sétimo dia...





O capitalismo é o novo catolicismo

Esse é o paradoxo do conhecimento histórico. Conhecimento que não muda o comportamento é inútil. Mas aquele que muda o comportamento perde rapidamente a relevância. Quanto mais dados tivermos e quão melhor compreendermos a história, mais rapidamente a história mudará seu curso e mais rapidamente nosso conhecimento se tornará obsoleto. 



A primeira maçã

O culto a Deus é um desperdício de tempo
não há existência após a morte
a felicidade é o único propósito da vida


A segunda maçã

Agro é pop: uma maçã, dois sabores.


O bem supremo é a maior felicidade para o maior número de pessoas







Ataque hacker atingiu computadores em quase 100 países na sexta





Na verdade, na maioria dos países, o hábito de comer demais tornou-se um problema muito pior que o da fome. Conta-se que, no século xviii, Maria Antonieta aconselhou as massas famintas a que, se ficassem sem pão, comessem brioches. Os pobres hoje estão seguindo literalmente esse conselho. Enquanto os moradores ricos de Beverly Hills, nos Estados Unidos, comem salada de alface e tofu no vapor com quinoa, nos cortiços e guetos os pobres se empanturram com bolinhos recheados, salgadinhos artificiais, hambúrgueres e pizzas. Em 2014, mais de 2,1 bilhões de pessoas apresentavam excesso de peso em comparação com 850 milhões que sofriam de subnutrição. Prevê-se que metade da humanidade estará com excesso de peso em 2030. Em 2010, fome e subnutrição combinadas mataram cerca de 1 milhão de pessoas, enquanto a obesidade matou 3 milhões. 





"Em 2012, aproximadamente 56 milhões de pessoas morreram no mundo inteiro; 620 mil morreram em razão dá.violencia humana (guerras mataram 129 mil pessoas, o crime matou outras 500 mil). Em contrapartida, 800 mil cometeram suicídio, e 1,5 milhão morreram de diabetes. O açúcar é mais perigoso do que a pólvora." 
p. 24.


26/2/2017

ECLIPSE SOLAR

Início - 10:17 H
Máximo - 11:40 H (53 %)
Fim - 13:10 H






Início da contagem regressiva

Reunião do Clube da Lua

Gruta do Antônio






Domingo agora (26/2/2017) tem eclipse do Sol, será Nova a Lua, mas daí a duas semanas teremos Lua Cheia, a única sexta-feira de Lua Cheia da Quaresma, a meio caminho entre as Cinzas e a Paixão, dia ideal para um encontro do Clube da Lua, quanto mais se for para ler um livro escatológico como esse "HOMO DEUS" desse estranho escritor israelense.



Neste Homo Deus: uma breve história do amanhã, Yuval Noah Harari, autor do estrondoso best-seller Sapiens: uma breve história da humanidade, volta a combinar ciência, história e filosofia, desta vez para entender quem somos e descobrir para onde vamos. Sempre com um olhar no passado e nas nossas origens, Harari investiga o futuro da humanidade em busca de uma resposta tão difícil quanto essencial: depois de séculos de guerras, fome e pobreza, qual será nosso destino na Terra? A partir de uma visão absolutamente original de nossa história, ele combina pesquisas de ponta e os mais recentes avanços científicos à sua conhecida capacidade de observar o passado de uma maneira inteiramente nova. Assim, descobrir os próximos passos da evolução humana será também redescobrir quem fomos e quais caminhos tomamos para chegar até aqui.







 Clic aqui para assistir uma entrevista com Entrevista com Yuval Noah Harari


Livros lidos anteriormente:


  1. A view from the center of the universe: Joel Primack and Nancy Abrahms - Debate em 18/jan/2010 na Casa de Cultura César Araújo;
  2. O Universo numa Casca de Noz: Stephen Hawking - debate em 28/04/2010 na Glia Cultura e Aprendizagem; 
  3. Criação Imperfeita: Marcelo Gleiser - debate em 24/07/2010;