Fundado em 28 de Setembro de 1998

23 de julho de 2019

Aquiles Andrade: melhor prosador de 2018




Certificado de melhor prosador do ano de 2018!

Pela;Sociedade de Cultura Latina. 

Melhor prosador do Estado do Rio de Janeiro!


21 de julho de 2019

Perto do coração selvagem: Clarice Lispector


Terminou em pizza

La prêtresse de CLIc



Clarice foi, como sempre, admirada, louvada. Tão jovem ainda quando escreveu o livro "Perto do coração selvagem", mas de escrita tão rica e desafiadora! Como Benito mostrou, e concordamos, há uma enorme e misteriosa construção de imagens e vocabulário. Um livro que desafia o leitor e não lhe dá sossego! A boa literatura, a nosso ver, coloca o leitor para pensar. E haja desafios! O ser existe para ser original ... Eis um desafio ao humano. Angustiantes são as cópias, as repetições, o cotidiano. Explodir é preciso... assim como flores!





Leia também em "Adornando a Vida"





" Só não se habituara a dormir. Dormir era cada noite uma aventura, cair da claridade fácil em que vivia para o mesmo mistério, sombrio e fresco,    atravessar a escuridão. 

Morrer e renascer."





Conflitos


Na busca de significado

a vida acontecia

Sombria 

E as palavras em movimento

surgiam na mente

ligadas às lembranças da infância

Prisão e liberdade

Contradições

A doce melodia e o grave contraste

O emaranhado que a vida proporciona

dá sentido à existência

mistura o doce e o amargo
sugere o gosto insuportável do fel
A felicidade faz a ronda
prestes a explodir no peito
Deixou escapar
Perdida em si mesma
sentimentos estranhos
sensações desconhecidas
Conflitantes

Sonia Salim
02/07/19



Reunião adiada para 18/07/2019






Tudo o que nos vem é  matéria bruta, mas nada existe que escape à transfiguração. 


É inútil abrigar-se na dor de cada caso, revoltar-se contra os acontecimentos.



"A vida em comum é necessária exatamente para viver os outros momentos"



"Ela estava só. 
Estava abandonada, feliz, perto do selvagem coração da vida."
(James Joyce)




"Não é triste viver sem um homem na casa?"



16 de julho de 2019

Patacada: Adriana Mendonça


Quando o sol riscou de leste a oeste o céu prata do sertão, a gata Patacada desceu da latada. Passava a maioria das tardes enganchada na forquilha do mourão, na esperança de que, sem ver o sol, esse se esquecesse dela, inútil. Aterrissou com as quatro patas no chão, arqueou os braços e empurrou o traseiro para trás, num esgar virou a cabeça e colocou toda a língua cor de rosa para fora. Com força e elasticidade, a gata buscava atingir seu maior comprimento. Na tentativa de espantar o tédio e o calor, foi direto beber água. Mas naquela hora sua latinha era só uma pocinha onde fermentavam mosquitos. Por sorte o menino do meio se antecipou e trocou a sopinha morna de insetos por água fresca da moringa, e Patacada, sem mostras de entusiasmo, serviu-se à vontade. Esse era o primeiro artigo do contrato diário estabelecido entre a gata e o menino. Dispostos ao cumprimento, ele entrou para dentro de casa e a gata saiu para além da capoeira.


...


(continua no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")






11 de julho de 2019

Sobre "Grande Sertão: Veredas": Hilda Maria Vieira de Oliveira




Sem dúvida uma leitura inesquecível e deliciosa. No início pode ser um pouco difícil e custosa, mas depois .... nos arrebata para sempre. Creio que por tratar do “humano”, do sertão, que é aqui e agora, e lá e depois também. O sertão somos todos nós, e nossas “humanidades” são apresentadas de forma tão singela pelo grande Guimarães Rosa e, ao mesmo tempo, complexa, em um ir e vir de narrativas, de avessos e desdobramentos, que os personagens principais ficam para sempre conosco, como amigos próximos que precisamos rever. Acho que já é hora de reler, ou ao menos, folhear e andar ao longo das veredas... Apaixonante! Muito grata ao CLIc por esta oportunidade de adentrar no universo Roseano!


(Leia também poema de Hilda Maria Vieira de Oliveira no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")







De volta à Varanda do Teatro da UFF



VARANDA DO TEATRO DA UFF

18/07/2019

19H00


Perto do Coração Selvagem

Clarice Lispector


1 de julho de 2019

Feriado de Semana Santa: Carlos Benites


Sexta-feira santa. Calor escaldante. Marcondes, funcionário da Prefeitura de São Gonçalo, casado, mora no aprazível bairro gonçalense de Boa Vista, com sua esposa Kellen Beatriz, sua cobra, digo sogra dona Marlene e seus sete filhos nascidos quase que religiosamente a cada ano e meio. O mais novo acaba de fazer cinco anos. Façam as contas e verão que o mais velho, no caso a mais velha, tem catorze anos. A família perfeita vai enfim começar a aproveitar o feriado prolongado, partindo do bairro das ruas esburacadas e enlameadas pelas chuvas da semana anterior para a praia de Itaipu. Sim, o Marcondes merece gozar da vida de um rei ao menos por três dias.

Partiram às seis e meia da manhã, todos amontoados na Kombi escolar amarela e branca do cunhado de Marcondes. Saem cedo para voltarem antes do almoço e não terem que gastar com comida na praia. Deixaram o almoço bem adiantado. Só precisariam preparar o arroz, que já tinha sido lavado e com alho e cebola prontos para refogar. O peixe ficou por conta de Marcondes, pois sempre foi sua especialidade na cozinha. Três dourados comprados no Mercado São Pedro, já limpos e temperados por ele. Faltaria só levá-los ao forno quando voltassem.


...


(continua no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")







Joia preciosa: Eloísa Helena


O sol estava esplendoroso. Vapores eram exalados da terra inchada, carregando consigo perfumes de mangueiras, das mangas caídas pelo terreno após a chuva que caíra à noite. Mas a menina ouvia do quarto o chamado para seu novo dia, sem qualquer entusiasmo. Sabia que fizera algo errado, muito errado. Sua cama ficara molhada. E agora, acocorada num canto da copa, parecia entorpecida. Repreensões, em breve, ouviria... Maria mijona! Preguiçosa! Seu colchão iria para o sol, e sua vergonha muda, silenciosa, ficaria gritante aos poucos vizinhos. Que torpor era aquele que a deixava assim desanimada? Teria lombrigas, bichos-de pé, como o Jeca-Tatu que vira no rótulo de remédio? Uma angústia enorme lhe embaçava os pensamentos. Que motivações teria para o novo dia? Seu corpo parecia crescer, mesmo estando ela toda encolhida.

...


(continua no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")