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27 de dezembro de 2022

Confraternização de Fim do Ano 2018 do Clube de Leitura Icaraí



Confraternização 2018 do Clube de Leitura Icaraí





Amigos na roda.
Versos, prosa, poesia.
Noite de beleza.



Olá gente! 

O espaço externo do bistrô já está reservado pra gente!

dia 13/12/18
às 19h00
no Reserva Cultural 

Leve um livro para participar do amigo oculto* que sortearemos no local

O Tema do Encontro este ano é 

"Impressões dentro das palavras"

sobre os livros de Luzia Velloso e Inês Drummond 





Não tem consumação mínima, mas é legal que a gente consuma, pois é um baita espaço todo nosso. 
Lá tem vinho, pizza, petisco, etc. 


Teremos uma linda confraternização! 🎉






* REGRAS DO AMIGO OCULTO:

1-    O número 1 poderá escolher qualquer livro que estiver na mesa. Se for “roubado”, poderá escolher outro livro da mesa ou “roubar” de alguém.

2-    As pessoas só podem “roubar” uma vez e serem “roubadas” uma vez.

3-    Qualquer pessoa poderá escolher um livro da mesa ou “roubar” qualquer livro que já tenha sido escolhido, lembrando que se a pessoa já foi “roubada”, não poderá ser “roubada” novamente.

4-    Você não pode “roubar” o mesmo livro que roubaram de você.


20 de dezembro de 2022

Em 2027 - A fugitiva: Marcel Proust



Livro preferido lido no CLIc em 2022

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16 de dezembro de 2022

Personagem foge da vida real em "A ficcionista" de Godofredo de Oliveira Neto










Do encontro de um escritor com uma narradora peculiar, em uma região isolada do Oeste de Santa Catarina, nasce um relato construído a partir de uma série de entrevistas: ele paga R$ 100 por sessão para ela lhe contar histórias que se transformam em material literário.
Nesta relação, muito baseada em perguntas e respostas, uma questão se mantém: quem é - caso exista - o autor? O novo livro de Godofredo de Oliveira Neto, A Ficcionista, apresenta Nikki, espécie de fugitiva do mundo real que vive em um posto de gasolina abandonado. 

O escritor vai ao seu encontro na esperança de reunir material para um romance e, aos poucos, os papeis de ambos se tornam menos nítidos, até que a entrevistada assume o controle.


A personagem central do livro, Nikki, é real?

Nikki é uma personagem de ficção baseada em dados colhidos no dia a dia. Uma jovem que se sente derrotada pela sociedade competitiva e bestializada. Ela então parte para um tipo de exílio: um posto de gasolina abandonado numa estrada também desativada no Oeste de Santa Catarina, ou seja, o máximo fora do real que consegue. Lá no seu novo espaço, ela vai criar um mundo ficcional, messiânico (sentimento não raro na região por conta do Contestado), fragmentado, meio ilógico, como qualquer mundo em formação. E Nikki vai radicalizar essa última experiência de criar um outro mundo escrevendo anonimamente um romance, um outro real. O romance vem com nome de outro autor, para quem ela vende suas histórias. A arte se torna então um instrumento de resistência.

Você acha que Nikki iria aos protestos que estão acontecendo nas ruas do Brasil?

Acho que ela, num primeiro momento, quando se afastou para o seu posto de gasolina abandonado, não iria aos protestos. Achava que tinha perdido a batalha para sempre. Mas como no final do livro ela retoma as rédeas, na medida em que passa de entrevistada a entrevistadora, e se coincidisse então, com o momento em que se dessem as manifestações, ela iria sim. E daí... sai da frente!

Por que um posto de gasolina abandonado? Esse lugar de passagem onde ninguém passa e ela permanece...

O posto de gasolina abandonado numa estrada também desativada é o espaço mais fora do "real" que ela encontrou em vida. Lá ela pode construir um outro mundo ficcional/virtual na cabeça. Gostei também desse teu "onde ninguém passa e ela permanece". Vou usar, se me permite. (Risos)

A escolha da entrevista como "método" de construir a história também é inusitada.

Pois é. Não é autobiográfico, apesar de conter temas que me são caros como escritor, tais como o exílio. Ela se exilou no seu posto de gasolina como muitos jovens exilados na sua própria cidade devoradora, sou autor de Amores Exilados; o messianismo, sou autor de O Bruxo do Contestado, onde imperam os milagres de João Maria, na mesma região do posto, e tudo se passa em Santa Catarina, onde se passam também os outros romances e de onde venho. Quanto ao "método": a morte do autor. O autor cede total e integralmente a sua narração a outra pessoa. Vem ressaltada assim a morte dupla do autor. Primeiro porque é o personagem que fala numa entrevista, sem a intromissão do narrador normalmente presente em tudo (onisciente). E, segundo, nem mais é ele o autor (é ela, que não aparecerá).

Algumas falas de Nikki me fizeram pensar na escritora Hilda Hilst, tipo sensível e selvagem. Alguma relação?
Li, sim, como muitos, a Hilda Hist. Mas ela não me veio à cabeça (pelo menos conscientemente) quando redigi o livro. Talvez na construção da personagem "tipo sensível e selvagem", como você diz. Vou pensar. Conscientemente, pensei mais na Marguerite Duras.

Ficha:
A Ficcionista. De Godofredo de Oliveira Neto. 
Editora Imã, 115 págs.
DIÁRIO CATARINENSE

O EVANGELHO SEGUNDO ANTONIO






Conto inspirado na leitura do livro do mês:

O Evangelho segundo José

    “'Sempre o dia chega em que a verdade se tornará mentira e a mentira se fará verdade.' É o caso de nunca deixar que a verdade silencie, pois acontece de ser no silêncio em que a verdade cai, que a mentira se faz verdade, e para que nunca a verdade silencie, é necessário que se esteja sempre a pronunciá-la.  Havemos de falar sobre isto aqui, verdade e mentira, embora nem sempre se possa saber o que seja a mentira ou a verdade, pois há casos em que a mentira é mentira para uns, mas verdade para outros, ou a verdade que é verdade para uns, mas mentira para outros, todavia, a verdade ou a mentira que se há de falar aqui, deve-se a inusitada história que se há de contar, sem tirar nem pôr, exata como aconteceu, e que dará conta da fantástica origem do Evangelho de Saramago, o quinto eu diria, pois já os temos quatro, os canônicos, mas este último, porém, o de Saramago, é moderníssimo, além de surpreendente como é ter sido escrito por um incréu, mas que a boa observação de leitor fará perceber que a genialidade misteriosa e obscura de suas linhas, se nos pode revelar como sendo esta obra de alheia criatura, que aos leitores deste texto será dado saber. 

    Quando Deus deu por iniciado o seu projeto, o de fazer-se Deus de toda gente deste mundo e não somente do pequeno povo judeu, o que de errado viesse a ocorrer não poderia ser colocado em sua conta, pois que a Deus não se pode imputar coisas más, devia-se encontrar a quem de fato se pudesse acusar, e a quem tudo que de ruim acontecesse, a ele fosse atribuído, um bode expiatório, como na velha tradição dos judeus, um inimigo, um opositor para Deus era o que se devia encontrar. Pois encontrado foi, e não havia de ser outro senão o Decaído, o insubordinado anjo que abandonara a Deus e ao céu para se fazer presença neste mundo. Com cuidado, fez Deus com que as Escrituras não deixassem dúvidas, o Decaído, ou o Diabo, como seria mais conhecido posteriormente, é o pai da mentira, está escrito, “O ladrão não vem senão para roubar, matar, e destruir.” Claro está que a boa metáfora de João diz ladrão para dizer Diabo, e mais claro ainda está que desde sempre este pobre diabo do Diabo fora injustiçado, deram-lhe de ser pai de toda desgraça. Por isso lemos, no Evangelho de Saramago, o que Deus diz ao Diabo, “quero-te como és, e, se possível, ainda pior do que és agora, Porquê, Porque este Bem que eu sou não existiria sem esse Mal que tu és, um Bem que tivesse de existir sem ti seria inconcebível, a tal ponto que nem eu posso imaginá-lo.” Mas tudo isto que até aqui lhes foi dito, soube eu quando passei por uma estranha e misteriosa experiência, e é o que passo a contar, para que melhor se possa compreender o que por agonia tentei lhes dizer até aqui. 

    Havia eu terminado de ler o livro de Saramago, e ruminava questões incômodas e sentenças inconcebíveis, e nisto me ia perdendo em confusas idéias, quando me ocorreu de numa tardinha, a hora do “sol-pôr”, que ao portão da minha residência batesse um homem;e foi com surpresa que ao atender vi um ser gigantesco, imenso, coberto de farrapos como só a um mendigo cabe tal aparência, e como era a hora última da tarde, a penumbra que já se aproximava não me deixava perceber o seu rosto com nitidez. Surpreso ainda fiquei ao perceber que não me viera pedir nada, ao contrário, com os braços estendidos, disse-me, Vim trazer-te isto, com estas minhas mãos amassei este pão que te trago, com o fogo que só dentro da terra há o cozi. Nem terminou de me dizer estas palavras já eu soube quem ele era. Mas por estranhas artes que não sabemos explicar, dele não senti medo. Fez um movimento, partiu o pão e me deu um pedaço, parecia muito apetitoso e dele emanava ainda uma leve fumaça revelando estar ainda quente. Novamente me dirigiu a palavra, Come e conhecerás a verdade. E eu não pude resistir, tomei do pão e comi-o, seduzido por uma vontade que não a minha. Após comer do pão, senti que um sono incontrolável me ia dominando o corpo, senti-me adormecer ao mesmo tempo que uma visão, como um sonho, passou-me pelos olhos. Nessa visão, eu via um homem sentado ao abrigo duma figueira, recostado ao tronco, apreciava o pôr do sol. Nesse momento, percebi um outro homem, alto, gigantesco, com uma cabeça de fogo, não, não era uma cabeça de fogo, pois logo percebi que se tratava de uma ilusão, tinha mesmo era uma cabeça grande, desproporcional. Atrás de si trazia um rebanho de ovelhas, um mar de ovelhas, metade exata desse rebanho era de ovelhas negras, a outra, de ovelhas brancas. As roupas compridas do homem, que agora me parecia com a figura dum pastor, não só por causa das ovelhas mas também por causa dum cajado que trazia na mão esquerda, agitavam-se como se um vento as tivesse agitando, mas não havia vento algum. Parou de frente para o homem que estava sentado ao abrigo da figueira e disse-lhe, José, em verdade, em verdade eu te digo, antes que o canto do galo de amanhã anuncie um novo dia, tu terás escrito a história que tenho de contar-te. Não é preciso dizer que o homem sentado ao abrigo da figueira, esse tal José, não pôde mexer um músculo da face, extasiado que estava. O pastor, a essa altura eu já tinha certeza de que se tratava mesmo dum pastor, fincou o cajado no chão e disse-lhe, Haverá de me fazer justiça a história que hás de escrever, tirar-me-á da maldição de ser o pai de todo esse Mal que há neste mundo, revelará a verdade aos homens antes que nos chegue o fim dos tempos, coisa que não creio deva ocorrer, posto que Deus não renunciaria a este poder sobre os homens. Ainda recuperando-se do espanto, José, numa voz que mal lhe saia da boca, pergunta ao homem, E tu, quem és, Eu sou aquele que não é, o outro lado dAquele que é. O tal José pareceu compreender estas palavras, podemos apostar, e pareceu também dominado por um sentimento que nunca lhe devia ter ocorrido, e podemos bem supor que um turbilhão de neurônios lhe deve ter feito ferver a cabeça, pelo que disse em seguida, Não existe isto de que falas, Deus e o Diabo são invenções do homem, Ora, o que me dizes não faz sentido, afinal, o que os homens inventam também existe, Não isto que me acabas de dizer, E eu, não me vês, estou aqui, não me crês, Devo ter adormecido, é isto, diz-me, é sonho o que sucede, não é, Não, o que vês é real, embora haja sonhos mais reais que isto, Não é possível, não me podes perturbar, não creio em nada, não creio em Deus, bradou José, Não te peço que acredites em Deus, quero que acredites em mim, Deus já tem lá os dEle, deixa de drama, homem, tu gostarás e até ser-te-às divertido escrever isto que quero que escrevas, é bem verdade que te atrairás a ira duma Igreja e serás massacrado pelo que hás de escrever, mas colherás a glória que te espera. 

    Aos poucos fui identificando melhor o homem da figueira que, ainda esforçando-se para contornar aquele choque de estar ali conversando com Diabo em pessoa, começava a gostar do que lhe estava a propor o dito cujo, o “Coisa ruim”, pai de todas as malignidades que se fazem sob o sol. E o que queres que eu escreva, como devo chamar-te, Chama-me de Pastor, é preciso mudar de nome para melhorar a minha imagem, Diabo é nome que já nem gostam de pronunciar, escreverás um Evangelho e não dirás que foi de mim que ouviste o que haverás de escrever, põe no título que foi segundo o filho dEle, vai funcionar bem e conferirá melhor propaganda, haverá de ser a história bem contada para que não restem dúvidas de que este Deus a quem devotam tanta consideração bilhões de pessoas, é o Deus a quem me refiro sempre que digo que é preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue, quero que também saibam que o projeto dEle era projeto de poder, e foi poder que conseguiu crucificando o filho, não falarás do Espírito Santo, aquele poeta cheio de heterônimos, a quem vós daqui tanto gostam, tinha razão, ele está sempre a voar por aí, é uma pobre pomba estúpida e sem graça, não vai cair bem na história, já do filho, podes bem fazer-lhe de herói e dizer o quanto que amou Madalena, e o tanto que se perdeu em seu sagrado corpo feminino, mas faz dele humano, demasiado humano, pois que na verdade era isto que era, nada do que fez, fez por ele, mas pela manipulação dAquele que se valeria de seus prodígios e o abandonaria na cruz depois, deve-se revelar que ele foi gerado como qualquer humano, e que nasceu da mesma forma, como todos os filhos de homens, sujo de sangue de sua mãe, viscoso da sua mucosidade e sofrendo em silêncio, não poupe a Igreja dEle, digo do pai não do filho, não esqueça de dizer das Inquisições e que ninguém pode continuar acreditando nesse Deus e essa Igreja depois delas, fala das Cruzadas e de todo o sangue das guerras que em nome dEle se fizeram. Neste ponto o Diabo parou, percebeu que falava sem parar e que José ainda o olhava incrédulo. Sabe, José, falo muito, mas não se preocupe, brinco quando digo que não haverá de cantar o galo de amanhã para que esteja pronto o Evangelho, sei como funcionam essas coisas por aqui, você precisa de tempo e eu tenho todo tempo do mundo, eu te ensinarei tudo que precisas saber, se fores aplicado, escreverás uma obra-prima e serás reconhecido, E porque então não escreves tu este Evangelho, Quem daria crédito a um Evangelho escrito pelo Diabo, além disso gosto de ti, José, porque és maravilhosamente mal disposto, é o que mais gosto em ti, E tudo o que tens me dito é verdade, Digamos que é a minha verdade, José. Aqui eu já os via caminhando juntos em direção a casa que estava ali perto, já ensaiando os dois uma intimidade, o diabo ia com a mão direita apoiada ao ombro esquerdo de José falando sem parar, José, é importante que digas que tenho coração bom e que sou capaz de pedir perdão mais que Deus fora capaz de me perdoar, e peço-te, por último, que me mostre na crucificação de Jesus, aliviando a sua sede mortal, assim como a dos ladrões que com ele foram crucificados, podes colocar-me no lugar daquele soldado romano que leva a esponja com vinagre, na ponta duma cana, até a boca de Jesus, para que saibam que sou Eu, faz uso da tigela negra, que será meu símbolo neste Evangelho. A noite chegou, e dos campos apenas se ouvia o tilintar das teclas duma velha máquina de escrever, era José, que sem parar digitava o que Pastor lhe ia ditando, palavra por palavra, o que depois viria a ser O Evangelho Segundo Jesus Cristo. 

    A visão se foi como veio, subitamente. Mas quando recobrei os sentidos, só havia o portão aberto e a escuridão da noite que já se fizera acontecer. Antes de fechar o portão, olhei para o chão e vi, com surpresa, um pedaço de pão, fumegando, e ao longe, um vulto perdendo-se na escuridão."



O desafio para os nossos leitores este mês é discernir os limites entre o profano e o sagrado, a Literatura e o Religioso, a ficção e a fé, respeitando o outro ainda mais que a si mesmo, porque a liberdade é um direito que não devemos impor aos outros. Alertamos aos participantes que o autor faz  uso de técnica narrativa que deve ser interpretada no contexto do livro como uma obra de arte e, como tal, solicitamos que o debate se restrinja a seu aspecto literário.


Uma leitura literária do Evangelho

        O exercício fantasioso de um iconoclasta, assim se referiu ao livro do mês uma leitora do nosso clube de leitura Icaraí. O curioso em relação a essa leitora é que ela não gosta de livros de ficção, mas gosta do clube de leitura e por isso nos frequenta; o que tem sido um grande aprendizado para ela que, aos poucos, vai gostando de uma leitura aqui, outra ali, se enamorando dos textos de grandes autores. E agora vem esse livro de Saramago que por se basear em fatos religiosos profundamente arraigados em nossa alma, de todos sem exceção, mesmo dos ateus, nos fornece uma outra leitura sobre assunto sagrado para tantos. Temos assim a oportunidade de medir o poder da Literatura pelo quanto ela é capaz de mover nossas verdades pessoais, por mais inabaláveis que pensamos que elas sejam, quando precisamos confrontá-las com um belo texto que nos seduz a pensar que tudo que consideramos ser verdade poderia bem ser diferente. 


A Grande Paixão - Albrecht Dürer

"Uma gravura ou xilogravura de Albrecht Dürer, da série A Grande Paixão, é um pré-texto sobre o qual Saramago constituirá sua narrativa do livro que acabamos de ler. Não é uma das melhores gravuras, se a compararmos com, por exemplo, O Transporte da Cruz. A Lamentação de Cristo, A Última Ceia e tantas outras desta série. 

Quando Saramago chama nossa atenção para a obra de arte citando detalhes, parece que ele está criando uma gravura muito particular. Diz que tem tinta e papel. Podemos pensar no seu próprio ato de escrever, ou como se estivesse fazendo alusão a Dürer.

Por que teria escolhido esta gravura e em preto/branco?

Dürer é alemão, expoente da arte do séc. XVI. Dava seus desenhos para um artesão, que executava o corte na madeira, preparando a chapa para impressão. Quando chegou à 11ª, Dürer constatou que o profissional contratado não era cuidadoso, desenvolvendo seu ofício de forma precária. Resultado: os críticos fizeram severas observações sobra as gravuras do "A Grande Paixão". Dürer parou por um ano e em 1510, reiniciou a série com mais cinco gravuras.

A obra escolhida por Saramago, é a que Dürer coloca dados dos quatro evangelhos, mais uns anjos , cavalo na rua, sol e lua, enfim como pode uma gravura conter tanta informação?

Saramago inicia o livro já subvertendo a ordem cronológica que está na Bíblia - nascimento, vida e morte de Jesus. Estas mulheres da gravura, Maria, Salomé e a outra Maria também podem ser as santas que ressuscitaram... Ao morrer Jesus, a terra tremeu, os túmulos se partiram e muitos ressuscitaram... Um fenômeno meteorológico comum na Palestina na passagem do inverno para a primavera, onde um vento forte soprava no deserto trazendo uma forte nuvem esfumaçando tudo; poder ser o que ocorreu naquele exato momento."


Mais interessado na realidade humana que na onipotência do divino, o livro O evangelho segundo Jesus Cristo, do escritor português José Saramago, conta de forma diferente a vida de Cristo. O leitor é colocado diante de uma nova versão dos mesmos acontecimentos, com os mesmos personagens, só que, dessa vez, os feitos milagrosos são substituídos por atitudes humanas. A controversa abordagem da história bíblica será tema do nosso clube de leitura Icaraí, no dia 6 de Janeiro, das 19h às 21h. O debate literário acontece toda primeira sexta-feira do mês na Livraria Icaraí, localizada na Rua Miguel de Frias 9, em Icaraí, Niterói, e tem entrada franca.

O romance, que narra a história de um Jesus com dúvidas, fraquezas e tendo conversas com um Deus cruel foi publicado em 1991 e tornou-se um dos títulos mais polêmicos e mais vendidos da carreira do escritor. O livro chegou a ser proibido em Portugal no ano de 1992. Saramago foi duramente criticado pela apropriação e livre interpretação dos textos sagrados, e que teria desvirtuado de forma abusiva os evangelhos canônicos.

Sobre o autor – O escritor português José de Sousa Saramago foi um dos maiores nomes da literatura contemporânea, autor de títulos que vão do Manual de pintura e caligrafia até Ensaio sobre a cegueira, transformado em longa metragem. Em 1995, ganhou o prêmio Camões e em 1998 alcançou o topo do reconhecido de sua produção, recebendo o prêmio Nobel de Literatura. Na justificativa da premiação, a academia afirmou que o português criou uma obra em que, "mediante parábolas sustentadas com imaginação, compaixão e ironia, nos permite captar uma realidade fugitiva".


14 de dezembro de 2022

Viagem de Conhecimento com Sandra Guimarães

Olá amantes da Literatura! Tudo bem?

 Amanhã, às 17horas farei uma apresentação da viagem à Turquia.  Estou preparando um super bate-papo sobre a História, a Mitologia e a Arte desse lugar incrível!

É online e gratuito! Seria MUITO bom contar com vocês.😊



Esta semana!

🫖 Chá da Tarde Latitudes com Sandra Guimarães:

TURQUIA E TROIA HOMÉRICA

Quarta-feira, 14/12, às 17h online, ao vivo, no Zoom.


Em maio de 2023, Sandra irá conduzir um grupo da Latitudes para Turquia. Venha saber mais detalhes do roteiro e os temas que a especialista irá abordar ao longo da nossa jornada! Para participar, inscreva-se através do link abaixo. 


🔸 Inscrições no link: https://bit.ly/3PkoYIB

Após a inscrição, você receberá um e-mail de confirmação do Zoom, com o link de acesso à reunião.


Latitudes Viagens de Conhecimento


Sugestão de leituras: 


Ilíada 

Odisseia

Eneida


Conversa sobre as Obras e a Viagem

Sandra Guimarães no Clube de Leitura

Fevereiro 2023


"O Objetivo da viagem é essencialmente  cultural. E ainda que, infelizmente, a estrutura turística muitas vezes interfira de forma negativa em sítios arqueológicos😔, sempre vale a pena a troca de conhecimentos "in loco😊. Ficarei muito feliz com a presença de amantes da literatura e história da arte nessa aventura. Conheço bem a Turquia e já fui várias vezes ao que "hoje" chamamos de  Grécia, inclusive, com grupo de alunos. A Turquia é seminal para entendermos bem a Mitologia e o universo grego antigo, bem como os diálogos entre Oriente e Ocidente. 🥰"


Roteiro da viagem - CLIc na imagem


Embarque em Maio de 2023

Informações sobre a viagem através da Latitudes:  

detalhes dos preços, possibilidades de voos e conexões, etc. 


O bate-papo é totalmente independente da viagem: 

para quem já foi e para quem ainda quer ir.😊📚


3 de dezembro de 2022

Os anos, de Annie Ernaux: Elô

Gente , nem sei exatamente como definir tudo que a obra de Annie Ernaux está provocando em mim . Cada página é um mergulho no tempo.  São fatos simples mas que dizem muito sobre detalhes da vivência humana. Ela vai elencando até gestos, hábitos que constituem nosso eu , heranças linguísticas, gestos que herdamos ou adquirimos com a convivência humana. Tudo através da passagem dos anos. Fatos marcantes da história do povo, guerras rememoradas, canções, gestos...As vezes me pego estalando a língua depois de um café quente, exatamente como minha mãe, me padrasto faziam. Minha filha me olha de modo crítico,  ri...Tudo bem parecido como eu fazia com minha mãe.  É comovente reviver gestos , momentos simples, lembranças...em lendo Os Anos. A gente vai vivendo e nem se dá conta dessas pequenas coisas que fazem o nosso viver. Comovente mesmo refletir, mergulhar nos Anos!