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30 de agosto de 2013

O homem que vendia ilusão: Rudolf Bickel (romance)

Uma caneta e o seu mágico poder de destruir vidas, de provocar morte e medo, de ser uma arma semeadora do mal.






Cuidado na hora de pegar a tampinha da caneta esferográfica da próxima vez que ela cair no chão!






O homem que vendia ilusão é a vida fora do seu contexto. Mais que a diacronia que o cerca, este livro está repleto de símbolos, signos que manipulam cada um dos personagens criados por Rudolf Bickel.

Mais que o mistério que permeia a obra, sentimos que, na ficção, há muito de realidade. Então percebemos que a vida é um emaranhado de diálogos invisíveis.


Interessantíssima a mudança de narrador na página 22 do romance, no paroxismo de uma comoção trágica. Como se a pessoa narrativa fosse algo que se transmitisse por contágio emocional. Gostei de verdade!

"Pedi-lhe calma, fui ao caixa, peguei a intimação nas mãos e falei, nós estamos convocados para irmos lá na delegacia no dia 13 de fevereiro, às 13 horas, e o inquérito é o de nº 1313... vou ao calendário e observo que a data é exatamente numa sexta feira."

Leia sobre mim lá em "o homem que vendia ilusão"

Tragédia grega é pouco perto dessa estória. Nos meus mais de 40 anos de leitor, nunca imaginei que pudesse ler algo assim: a tragédia de Irajá. A trama é muito boa, embora o autor exagere um pouco na superstição a ponto de torná-la um pouco forçada. Muito boa a representação das famílias de subúrbio carioca com seus hábitos, crenças e costumes. Há problemas na construção do texto, erros aqui e ali que não devem ser exclusivamente da editoração, precipitação no desenrolar de algumas ideias. O ponto alto do livro é a estória que mistura ação, suspense e bastante magia. Uma mescla inovadora de tragédia e humor, este último perceptível apenas se conseguirmos abstrair um pouco dos nefastos acontecimentos que acometeram os personagens.

Outra obra de Rudolf Bickel, esta em co-autoria com Walter de Souza Lopes, é o livro de contos "As andanças de um viajante", sobre cujo conteúdo não podemos nos estender muito por conta de restrições de copyright. Uma verdadeira pena não podermos transcrever trechos de estórias edificantes como a do mendigo milionário. Fazer o quê? Em geral, as estórias parecem muito com as que meu sogro conta, o que se explica pelo fato de que os dois exercem a mesma profissão (tem mesmo um conto que acredito ter sido inspirado nele). Rudolf Bickel passou a se dedicar às letras com a aposentadoria.




Nota-se na maioria dos contos a passagem de uma lição moral, como é o caso do romance com a vizinha que faz o protagonista chorar a deficiência de irrigação sanguínea na sua hipófise.  Esse suposto interesse do autor transforma o livro numa literatura muito particular, flertando com o gênero da auto-ajuda. As diversas narrativas "curiosas" são típicas de autores que não precisam recorrer à imaginação para contar os inúmeros causos que presenciaram ao longo de sua vida, tirando sempre um aprendizado de cada situação.  Alguns contos apresentam conceitos inovadores, como a ideia de um "condão da sorte", nossa linha de comunicação com o divino, mesmo que Ele não exista, que isso fosse secundário. Afinal, "tudo na vida é questão de interpretação"!

Também nesse livro percebe-se falhas na redação, com erros gramaticais e pontuação que dificultam, muitas vezes, a clareza das ideias apresentadas. Temas polêmicos são abordados superficialmente, o que também deixa a desejar quando também não são abordados literariamente. Alguns contos são de um mau gosto terrível. Arrependo-me de tê-los lido. Outros são divertidos e, ainda outros, instrutivos no que concerne aos aspectos policiais do nosso tecido social. Deixando os devaneios de lado, "feliz é aquele que se contenta com o que tem".


18 de agosto de 2013

Estreia poética de Fátima Namen


Visão

Requentei o café
Encostei-me na pia para apreciar a vida
O pé direito sobre o joelho esquerdo.

A batida na porta!
Meu coração acelerou com a velha mala verde.
Acariciei seus cabelos brancos.

Abri os olhos
Mas era o vento frio zunindo nos lençóis lavados.



Clube da Lua: Penso, logo me angustio!


Tudo que se perde na Terra vai parar na Lua


Ouça a Lua!


10 de agosto de 2013

Durante quanto tempo por dia lemos?

Quanto tempo em média você lê por dia? De acordo recente pesquisa feita pelo IBGE em cinco estados mais o Distrito Federal (o Rio ficou de fora), o tempo médio dedicado à leitura é de seis minutos por dia. A pesquisa não especifica o tipo de leitura, se inclui jornais e revistas ou apenas livros e, caso sejam só livros, de que tipo (técnico, didático, literário etc). Mas o certo é que a leitura perde feio, por exemplo, para a televisão, que ocupa cerca de 2h35min.

Para ler a matéria, clique aqui


Vamos descobrir a média do CLIc? Aqui nos restringiremos aos livros de cunho literário, ok? Informe seu tempo clicando no link abaixo. Obrigada por participar.



9 de agosto de 2013

Festival de Haicais em Petrópolis: Elenir é vice-campeã. Viva ela!!!


"Estou acabando de ler o e-mail comunicando-me que fui a 2ª colocada com o  Haicai abaixo. Informaram-me que foram recebidos mais de 100 trabalhos de outras cidades e, até, de outros países e que vão me remeter o troféu, por Sedex, na próxima semana. Estou muito feliz."




Quadro impressionista,
Quitandinha sob o ruço.
Natureza artista.

Elenir Teixeira


5 de agosto de 2013

Nas malhas do devaneio: entrevista com Dília Gouvea


                                                                                By: Rita Magnago

Às vésperas do lançamento de seu primeiro livro "Nas malhas do devaneio - o dia em que Fernando Pessoa nos reinventou", que acontece no próximo dia 5 de agosto, a partir das 18h, no bistrô da Confeitaria Beira Mar, na Rua Moreira Cesar, em Icaraí, a cliceana Dília Gouvea nos brinda com uma entrevista memorável. E não é que descobrimos que não se trata de seu primeiro livro? Bem, mas isso deixo para os curiosos prosseguirem com a entrevista fazendo as perguntas no campo "Comentários". Aproveitem, porque a professora de literatura e filósofa Dília na internet é coisa rara.



 
Depois de tantos anos convivendo com a literatura, o que te fez lançar um livro agora?
Tenho vivido toda a minha vida, atravessando todos os desertos e repousando em cada oásis, levando na bagagem os livros que me traduzem, que me decifram. Tem sido assim que a Literatura e a Filosofia me criaram as condições de possibilidade para que pudesse enxergar o mundo, a vida e a mim mesma de um modo mais profundo e, sobretudo mais autêntico.  Não concebo a minha existência sem esse diálogo com os pensamentos dos autores que mais escavaram e desceram a esses nossos subsolos sem os quais a nossa vida cotidiana seria um pequeno quintal estreito e cinzento, superficial e medíocre.

Assim, considerei que chegara o momento de poder iniciar um projeto que a muito me entusiasmava. Há uns anos a esta parte tenho promovido os Encontros Literários, formando grupos com amantes da Literatura. Desses encontros surgiu a ideia de fazer breves ensaios sobre os temas das nossas reflexões acerca do que lemos. E temos lido muito.
Todo o esforço do conhecimento, como disse o psicanalista britânico W. R. Bion, é só um breve raio de luz em meio às trevas. Mas esse breve raio de luz pode fazer toda a diferença. Segundo o critico literário Harold Bloom, a grande literatura é sempre reescrever ou revisar, e baseia-se numa leitura que abre espaço para o ver, ou que atua de tal modo que reabre as velhas obras a nossos novos sofrimentos. Os originais não são originais, o inventor sabe como tomar emprestado. Assim, quis inaugurar um diálogo escrito que promovesse releituras desses livros, autores, personagens, temas, como uma extensão desses encontros.
Sempre escrevi muito. Tenho guardados alguns manuscritos de romances históricos que nunca publiquei. Nietzsche afirmara que toda a conquista, todo passo adiante na senda do conhecimento é fruto de um ato de valor, de dureza contra si mesmo, de própria depuração. Acredito que é preciso chegar a si próprio, à sua própria voz, não como uma performance, ou um ato decorativo, mas como um desbravar-se, descascando-se ou escavando-se como José Castello nos ensina.
Ler esses grandes livros e escutar as vozes desses autores, não nos vai tornar melhores cidadãos. A arte é inteiramente inútil, segundo o extraordinário Oscar Wilde. Mas se não o fizer, pode, contudo, tornar-nos mais conhecedores de nós mesmos.
'Nas Malhas do Devaneio' julgo ter encontrado um caminho para levar aos leitores um pouco do prazer que a leitura promove. E partilhá-lo é já um começo de dar voz às inúmeras perplexidades sobre a condição da existência humana. Os maiores escritores do Ocidente são subversivos de todos os valores, tanto nossos quanto deles próprios. Se pudermos contribuir, como Kafka dizia, para quebrar o gelo em nossos corações e, desse modo, abrirmos espaço para a descida voluntária e corajosa em nossos abismos na busca pelo conhecimento do ser que somos já estaríamos dando um passo importante para ampliarmos nossos universos.




O que mais influenciou na escolha do tema "Nas malhas do devaneio"?
Ainda que o devaneio possa confundir-se com o sonho, o devaneio é algo mais: a possibilidade que nos permite, sem tensão e em vigília, criar alguma coisa. Nas Malhas do Devaneio é esse espaço de entrelaçamento entre o prazer do discurso e a reflexão sobre o tema a que me propus – um estudo breve sobre o que chamei da nossa reinvenção produzida por Fernando Pessoa, ou melhor, o modo como, em última instância, a ficção pode criar a própria realidade.

O livro é um ensaio apresentado em forma de diálogo? Explica um pouquinho dessa inovação.
Um ensaio pretende ser um estudo ou uma análise sobre um ou mais temas da Literatura, por exemplo. Fazê-lo em forma de diálogo cria um movimento mais solto, menos formalista, um pouco didático, talvez, mas também mais envolvente.
Imaginei a possibilidade de produzir uma coleção com algumas dezenas de volumes que consistiriam em colocar personagens das obras de diferentes autores dialogando entre si, ou mesmo os próprios autores dialogando com personagens das suas próprias histórias, mantendo acesa a discussão sobre as questões mais pertinentes por eles abordadas. Assim, o próximo livro da coleção, será o encontro do Dr. Fausto (de Goethe) com Madame Bovary (de Flaubert), numa gare de trem em Paris. A obra de Goethe e de Flaubert pelo olhar crítico dos seus protagonistas e também uma reflexão sobre o período histórico que lhe corresponde: a ambiência cultural, filosófica, artística, científica e seu contexto social, político, religioso.
Na verdade o que me instiga a fazê-lo, não é tanto o que essas obras e seus autores disseram ou pretenderam dizer, mas sim o modo como, para nós, hoje, eles nos ajudam, uma vez, mais ao grande confronto com a intemporalidade do nosso drama humano.
O que mais influenciou na escolha do tema "Nas malhas do devaneio"?
Ainda que o devaneio possa confundir-se com o sonho, o devaneio é algo mais: a possibilidade que nos permite, sem tensão e em vigília, criar alguma coisa. Nas Malhas do Devaneio é esse espaço de entrelaçamento entre o prazer do discurso e a reflexão sobre o tema a que me propus – um estudo breve sobre o que chamei da nossa reinvenção produzida por Fernando Pessoa, ou melhor, o modo como, em última instância, a ficção pode criar a própria realidade.


Uma vez você disse que era filha de Fernando Pessoa. Por que você o considera tão fundamental em sua formação de leitora/pessoa?
Ter Fernando Pessoa como um inventor-criador de mim mesma,tem, sobretudo, a ver com o fato de eu considerar que a sua obra de plurais ficções me devolveu a consciência da minha própria pluralidade e, igualmente, da necessidade de me buscar permanentemente nessa diversidade. Como se Pessoa tivesse, verdadeiramente, aumentado o meu próprio eu crescente.


A Dília professora, literata, filósofa, promotora de cafés-concertos, disseminadora dos versos, também é poeta?

Um pouco à semelhança de Heidegger, acredito que a Poesia não é um fenômeno de cultura ou a expressão de uma “alma natural”, mas a obra suprema da linguagem, enquanto dada como projeto de iluminação na clareira do Ser. A poesia é uma forma de pensamento e este, é por essência poetizar.
Para além, ainda, de ser um fenômeno de liberdade, a Poesia arranca do nada algo à existência: seja uma emoção, uma sensação, uma ideia, um sonho, um objeto, uma vivência, o que quer que seja que exista, existe precisamente porque a sua nomeação a criou. E, o ato mesmo de nomear é a essência da Poesia. Dar nome é chamar à existência.
Assim, continuo peregrinando dentro de mim para achar, um dia, quem sabe, a possibilidade de me fazer um pouco poeta.

4 de agosto de 2013

Clube do Conto - Passagem: Cristiana Seixas


Já passava de duas horas da manhã. Acabara de ler o livro. Estava arrebatada, assustada, sem chão.  As palavras ainda não tinham sido inteiramente absorvidas, processadas, mas algo já parecia fazer efeito causando uma espécie de tonteira, vertigem. O coração batia forte como se antevisse o risco. Teve medo.  Sentia-se muito só, apesar do marido e do filho estarem dormindo no cômodo ao lado. O silêncio da madrugada só intensificou seu desconforto.  Na sua inquietude, buscou algo que há muito tempo não trazia à vida.  Ainda não sabia o que pensar, o que dizer, o que fazer, mas precisava de um canal de expressão. Aquele nó na gartanta precisava sair, do contrário ela sufocaria. Lembrou-se de suas telas, tintas e todo material que costumava usar para distrair-se.  Parara de fazê-lo pois, sem desejar, suas pinturas vinham se manifestando de uma forma escura, indefinida, alheia a sua vontade.  Habituada a pintar flores variadas e belíssimas, achou estranho e assustador a imposição do negro, dos rabiscos sem definição, das imagens que pareciam grunhir.  No passado, decidiu guardar seu material no sótão.  Justamente no mesmo local mencionado no livro!  Que fato curioso, assustador.  Parecia que duas forças agiam sobre ela: uma convidava a subir as escadas, a encontrar-se com o que fora escondido há tempos e uma outra soprava que fosse dormir, que no dia seguinte inúmeras obrigações teriam que ser cumpridas.  A sensação de um breve encontro consigo mesma a atormentava. Não iria conseguir dormir, mesmo que deitasse para isto . O dia, como de costume, estilhaçaria sua atenção para pequenezas. Decidiu então enfrentar sua angústia e fazer o que precisava ser feito.  Foi se dirigindo para o espaço dos fundos da casa, onde havia uma escada que levava para o sótão.  Ao abrir a porta, viu muitas coisas empilhadas, empoeiradas e teias de aranha evidenciando a passagem de tempo e a desatenção.  Seu material estava no mesmo local em que deixara há tempos, como que a sua espera.  Aproximou-se dele, abriu uma maleta onde estavam pincéis, tintas, espátulas e outros objetos.  Pegou um pano, preparou uma tela em branco, acomodou-a no cavalete, sentou-se num banco.  Precisava da penumbra, por isto acendeu um candelabro e apagou as luzes.  Fechou os olhos, respirou lentamente, como há tempos não se permitia e encarou a tela em branco.  Desejou ter este campo de volta.  Um espelho quebrado jazia no fundo do espaço, que sob a luz da vela, desvelou apenas uma parte de sua face.  A outra abria para uma imensa escuridão.  Pela primeira vez não teve medo. Talvez o dia tornara-se penoso demais para ser desejado.  Queria conhecer o outro lado e sua viagem estava apenas iniciando.  Preparou uma palheta com fartura de tintas e cores. Experimentou uma exuberância a que não estava habituada.  Apertou os tubos de tinta como quem aproveita uma última chance de ganhar vida. Pegou um primeiro pincel, fechou os olhos e iniciou os movimentos.  Gestos bruscos, como ondas revoltas, cores escuras constrastando com tonalidades de azul. Outras cores foram sendo inseridas na obra. Não era ela que guiava o pincel, mas o contrário.  Foi se deixando cada vez mais disponível para aquele momento e perdeu-se no tempo, no espaço, de si.  Surpreendeu-se pela paisagem se tornar cada vez mais real, mais viva.  Seus olhos mostravam um encantamento maravilhado por aquele outro cenário, pela realidade criada com suas próprias mãos.  Já não se lembrava do desconforto sentido, da angústia.  Naquele instante, estava tomada pela surpresa do desconhecido ter apresentado uma possibilidade de luz  e não de sombras como imaginou por longo tempo.  Já não conseguia parar, e mesmo se pudesse, não queria interromper aquele fluxo.  Uma rara passagem fora aberta e não queria estancar a criação.  Subitamente sentiu as mãos molharem-se.  Levou à boca.  Era água salgada.  Assustou-se ao não mais ver as mãos, mas senti-las tocar em ondas de um mar.  De um instante a outro, começou a nadar, sentindo que estava imersa. Prendeu o fôlego e subiu vislumbrando uma luz acima da superfície.  Ao sair deparou-se com uma praia e ainda não tinha entendido o que acontecera.  Nadou até a areia, jogou-se ao chão e sentiu o sol aquecer seu corpo.  Ficou tonta.  Estava arrebatada pela beleza do lugar, mas não sabia o que fazer.  Sentiu-se culpada e desejou voltar, mas não era mais possível. Um quadro de uma artista no sótão jazia perdido no fundo do  mar.


O último voo do flamingo: Mia Couto




Recentemente terminei a leitura de "O último voo do flamingo", de Mia Couto, gentilmente emprestado pelo nosso querido concièrge. Acho que posso dizer que o Mia é meu escritor favorito porque tudo que ele diz, eu leio com o coração. Nesse livro tem uma lenda linda sobre o flamingo e sobre ele eu fiz um poeminha que partilho com vocês:







O flamingo esperança de sol
o flamingo sorriso de novo dia

brota do voo do homem

que supera seu medo

e abre as asas para o passado renascer.

Só assim se pode crer no amanhã
raízes soltas voltando ao solo
redescoberta de si no pernalta
que cruza tempo e limite
para sentir o coração da terra
bater novamente.

(o coração da terra somos nós)

(Rita Magnago)


"O último voo do flamingo" foi debatido no clube de leitura em 11 de junho de 2005


Sidarta, de Hermann Hesse, no Clube de Leitura Icaraí

Capa
Busca por sabedoria, plenitude espiritual e um estado mental completo e pleno são alguns pilares desse famoso romance lírico. Assim pode ser descrito Sidarta, obra de Hermann Hesse, publicada em 1922 e baseada na viagem do autor à Índia em 1911. Inspirado na tradição contada de Siddhartha Gautama, o Buda, o livro conta a história do jovem rico Sidarta. O livro, muito usado para combater o “American Way of Life” nos anos 1960 e 1970, entra em debate no Clube de Leitura Icaraí, no dia 2 de agosto, das 19h às 21h, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias, 9, em Niterói). A entrada é gratuita.

As trajetórias de Sidarta e Buda se confundem. Nascido na Índia e filho da aristocracia religiosa dos brâmanes, Sidarta passa a juventude isolado das pobrezas do mundo, aproveitando-se da condição de sua casta. Porém, em determinado momento, o jovem abdica de tudo e parte em viagem pelo país, onde a pobreza e as dificuldades são muito marcantes no dia a dia.

Educado e de boa aparência, Sidarta começa sua caminhada com os Samanas, que vivem para pensar, esperar e jejuar. De primeira, não aceita a doutrina e acaba encontrando só decadência. Decide, então, tornar-se balseiro em um rio ao lado do sábio Vasudeva e só aí conhece a sua redenção. Em sua longa jornada, o jovem indiano experimenta de tudo, desde os prazeres mundanos aos jejuns religiosos. Só depois de passar por todas as provações, ele descobre o caminho para a absoluta plenitude espiritual e de total sabedoria.



Sobre o autor – Nobel de Literatura, Hermann Hesse é um dos mais importantes escritores alemães do século XX e sua obra provoca uma espécie de culto místico. Filho de pais missionários protestantes, nasceu no dia 2 de julho de 1877. Estudou no seminário de Maulbronn, mas não seguiu a carreira de pastor como era da vontade de seus pais. Morreu em 9 de agosto de 1962, em Mon­tagnola, aos 75 anos. Trans­corridos 50 anos, a data foi devidamente lembrada em 9 de agosto de 2012 com cerimônias, festejos, palestras e conferências realizadas durante todo o último trimestre do cinquentenário de seu falecimento ao redor do mundo. Suas obras continuam vivas e hoje, mais do que no passado, o número de leitores e admiradores de Hermann Hes­se aumenta em todos os quadrantes.