"Tudo ressoa, mal se rompe o equilíbrio das coisas. As
árvores e as ervas são silenciosas: se o vento as agita,
elas ressoam. A água está silenciosa: o ar a move, e ela
ressoa. As ondas mugem: é que algo as oprime. A cascata
se precipita: é porque falta-lhe solo. O lago ferve: algo o
aquece. Os metais e as pedras são mudos, mas ressoam
se algo os golpeia. Assim também o homem. Se fala, é
porque não pode conter-se. Se se emociona, canta. Se
sofre, lamenta-se. Tudo o que sai de sua boca em forma
de som se deve a um rompimento do seu equilíbrio... A
palavra é o mais perfeito dos sons humanos; a literatura,
por sua vez, é a mais perfeita forma de palavra. E assim,
quando o equilíbrio se rompe, o céu escolhe entre os
homens os que são mais sensíveis e os faz ressoarem"
Texto do poeta chinês do século VIII, Han Yu, reproduzido em artigo de João Silvério Trevisan publicado na revista Vozes, de 1997, contribuição de nossa querida Elenir.
O equilíbrio, então, não é uma coisa boa?
ResponderExcluirCal
Boa pegadinha, Cal. Eu acho que o equilíbrio, entendido como estabilidade mental e emocional, autocontrole, comedimento é bom sim - embora às vezes a gente precise de um pouco de destemperança também. Já o equilíbrio ao qual o texto se refere, me parece,está mais para posição estável de um corpo, sem oscilações ou desvios. Esse a gente precisa sacudir, tirar do prumo e remexer. Sai muita coisa boa de lá. Abraços.
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ResponderExcluirObrigada por fixar aqui esta poética mensagem Como amante de Literatura, considero-me homenageada.
E, Rita, quanto a destemperança dou-lhe toda a razão. A Bíblia já adverte a que se tenha cuidado com os mornos. Dos erros, nascem belas transformações.
Bjs,
Elô