Por Wagner Medeiros Junior
O Carnaval
chegou ao Brasil com os primeiros colonos portugueses. Entretanto, foi no
século V que a Igreja Católica passou a comemorar a data como um “adeus à
carne”, que iniciava o período do ano lunar do Cristianismo. No século XI,
durante a Idade Média, o Carnaval já era comemorado em toda Europa de diversas
formas, para marcar a chegada da Quaresma.
Em Portugal,
o Carnaval recebeu o nome de "Entrudo", justamente por ser a entrada
da Quaresma, que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Sexta-Feira
Santa. Era um dia de festa, de brincadeira e de pregar peças.
Durante o
período colonial brasileiro o Carnaval foi comemorado de forma bem similar à
Portugal. O nome “Entrudo” foi inclusive mantido. Porém, depois da segunda
metade do século XVIII o Entrudo passou a sofrer grande interveniência da
cultura africana. Nessa época, por motivos religiosos, os escravos também eram
liberados para comemorar a data. Assim, os hábitos dos escravos, tais como
as danças e os cânticos, foram paulatinamente incorporando à cultura do
colonizador e a comemoração do Entrudo foi se modificando.
Os entrudos
de rua eram muitas vezes violentos e assustadores, vistos como verdadeiras
“selvagerias” pela forma das brincadeiras: os escravos, com rostos pintados de
branco, e os brancos pobres, com rostos pintados de preto, jogavam entre eles e
nos transeuntes água, tinta, farinha e até os excrementos que eram retirados
pelos escravos das casas.
Há relatos
de que as principais ruas da cidade do Rio de Janeiro ficavam enlameadas e com
imenso mau cheiro, por toda sujeira espalhada. Soma-se a isto o próprio
descuido com a cidade, bem como os hábitos rudimentares de higiene e de
etiqueta dos habitantes da cidade, que deixavam impressões deveras muito ruim
aos visitantes e viajantes que por aqui passavam.
Havia também
o entrudo familiar, que era a tradição de preparar e jogar uns nos outros bolas
de cera, com água perfumada em seu interior, chamadas de limão ou laranja de
cheiro, dependendo da cor.
As fantasias
só foram introduzidas pelas classes mais abastardas no final do século XIX,
bastante tempo depois da nossa independência. Elas eram inspiradas no Carnaval
parisiense - produto da sociedade vitoriana, que moldou o Carnaval no mundo.
Surge daí os bailes à fantasia e os desfiles em carruagens pela cidade, que,
posteriormente, deram origem às grandes sociedades (desfiles de fantasias organizadas
em grandes carros enfeitados).
O Carnaval
popular também foi se modernizando, inclusive pela necessidade de conter os
excessos do Entrudo. E, de região para região, foi adquirindo feições próprias,
dando origem a diversas formas de manifestações, que se misturaram ao folclore
de raízes africanas. Vem daí o frevo, a congada, o maracatu, a farra do boi, o
bloco afro, a escolas de samba, etc...
O Rei Momo
surgiu em 1933, quando o cronista Edgar Pilar Drumond, junto a outros
jornalistas de “A Noite”, encomendou ao escultor Hipólito Colombo um boneco de
papelão, para a brincadeira do Carnaval. Um ano depois, o mesmo grupo elegeu o
cronista Moraes Cardoso, por suas peculiaridades morais e características
físicas - alegre, falante, gordo e glutão – que se juntou ao boneco como Reis
Momos do Carnaval.
Assim, ano a
ano o Carnaval vai evoluindo e se modificando. Então, que nessa evolução
promova no futuro um Carnaval com as cidades mais cheirosas e mais limpas;
que a violência de todas as formas também seja contida, em favor da alegria dos
foliões e do Momo. Assim, certamente teremos um Carnaval muito mais divertido e
humanizado.
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Excelente! Super oportuno! Adorei!
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