22/08/2020
Sábado 17h00
LINK (Google Meet)
IMPRESSÕES FLUIDAS
Rita Magnago
não rio
eu choro
o rio das três margens me emociona
as margens soltas
me deixam amarradas
não sei ficar assim desatada de mim
o pai, a mãe, os filhos
os vínculos indo-se, fluindo
o rio levando quase tudo
a terra levando quase todos
palavras eternamente proibidas
lembranças fincadas às margens do coração
os anos se amontoando em cãs
e a dúvida ainda marolando
por quê?
O PAI
Fiz-me âncora foi no navegar
minha terra, o rio-mar
não espero que me entendam
mas nesse parecer não podia mais
sou sujeito, não me assujeito
aqui o mesmo é sempre novo
estou onde me coloco
e me coloco entre
o rio é um tempo sem relógio
despreocupado das regras dos homens
da canoa me navego como as ondas
vou e volto no perto das distâncias
contemplando as margens,
penso não interferir, mas sim,
mudo e moldo o miúdo
O FILHO
serei raso como as margens
no profundo desse rio?
tenho medo e culpa
sou velho-criança
a quem a falta nunca foi suprida
só suprimida a coragem
de encarar minhas águas
sou passado sem futuro
O FILHO E O PAI
ir ou permanecer?
voltar, se outro for
e ir de vez
se outro ficar
qual o tamanho da liberdade nas margens que não enxergo?
Parabéns! Brilhante a capacidade de síntese de poesia! Essa é a nossa Rita! Sensibilidade e razão!
ResponderExcluirAmo a poesia da Rita. Ela é dona das palavras.
ResponderExcluirA escritora e poeta Rita Magnago está sempre nos emocionando com os seus poemas... Parabéns! ;)
ResponderExcluir