Fundado em 28 de Setembro de 1998

12 de agosto de 2020

Diário de quarentena - 2

Hoje o dia começou torto, explico.

Acordo muito cedo, acordo bem. Vou para varanda e ainda pego o céu escuro, lua alta, iluminação pública se desligando e o entregador de jornal circulando na rua vazia. Me surpreendo com a quantidade de jornais a serem entregues. Eu tinha um ritual com jornal de papel que se foi com a informação digital. O jornal chegava desatualizado. Tudo agora tem muita rapidez, tudo fica obsoleto rápido.

Comecei contando isso para dizer que meus dias são longos, mas passam rápido.

Ando esquecendo se tomei ou não tomei o cálcio. Tem dias que tomo duas vezes e tem dias que não tomo. Meus ossos não mandam sinais.

Acontece que tomo um remédio fitoterápico para ajudar o intestino. Pois bem, esse é um caso de remédio tomado duas vezes sem querer. Acordei com dor de barriga.

Depois de escrever no meu caderno, tenho caderno para tudo, agora perfumo os cadernos, fui para cozinha preparar uma insalatona que aprendi numa live do Instituto Italiano de Cultura, ótimo canal.

Como meu modo faxineira está ativado, tEnho borrifado minha super mistura de água sanitária naquela coisa preta que é a cola da Cuba da pia.

Resolvi usar meu secador de folhas dentro da pia VAZIA, fazendo uma leve pressão e a Cuba desabou. White people problem que não é nada tendo em vista tudo que acontece aqui e por exemplo em Beirute. Estou ligada.

Chamei o porteiro faz-tudo que não quis tirar o sapato para entrar na minha imaculada casa, já perceberam que sou virada na faxineira.

Meu porteiro me disse que ultimamente isso tem acontecido muito, que já colou a do Sr. Rodolfo e outra no primeiro andar, ou seja, não tentem limpar a cola que segura a Cuba. 

Marquei com meu faz-tudo para segunda-feira. Uma vez ele me disse que faria o trabalho para mim sem cobrar, soltava um pozinho branco para dentro do armário.

Como não compactuo com trabalho sem pagamento, nunca chamei.

Fui interrompida pela notícia urgente de sermos 100 mil mortos no Brasil por Covid, a cada morte morro junto.

Voltando ao trabalho sem pagamento, nunca concordei em trabalhar de graça e quando me detinham depois do expediente eu considerava isso uma afronta. Nunca chamei o faz-tudo de graça.

Não vou esquentar, vou arrumar um canto no tanque até segunda-feira, já perceberam que sou boa na higiene.

Tirei a foto da insalatona no prato amarelo, de acordo com o pedido da professora, fotografar com algo amarelo, mas não consegui postar no perfil do instituto.

Ah! Me inscrevi na maratona gratuita do crochê. Não sei fazer crochê, mas deu vontade.

Estou procurando minha tecla desliga.

Quase esqueci de contar! Ao abrir a lata de atum a pecinha que abre lata fácil quebrou. Tive que usar um abridor.

Ainda bem que hoje tem encontro com o clube de leitura.

O conto de hoje meio que me absolveu, pois toda vez que um relacionamento não ia bem e terminava eu desejava que o meu ex-parceiro ficasse brocha, muito mais tranquilo que o conto da Lygia Fagundes Telles. Aliviada.

Fiz uma gambiarra para aguardar o bombeiro segunda-feira.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezado leitor, em função da publicação de spams no campo comentários, fomos obrigados a moderá-los. Seu comentário estará visível assim que pudermos lê-lo. Agradecemos a compreensão.