"Voltou a chover. O pessoal estava cansado. Eu estava cansada e feliz. O grupo caminhava agora pelo meio das nuvens que, ao se movimentarem, passavam por nós, chegando a nos envolver completamente. Ninguém via ninguém. Depois, parecia que uma fumaceira saía de nossas cabeças, dos braços e das pernas, por todos os lados.
Eu e Alan íamos um pouco atrasados e, no meio do nevoeiro, não podíamos ser vistos pelos demais. Escutei Felipe gritando:
- Rosa! Onde está você?
Respondi, também gritando:
-Estou nas nuvens!"
Nas nuvens, em viagem à Teresópolis, tomando a barca da Praça XV para Niterói. Num passeio pelas areias da praia de Icaraí, para mostrar quem ainda não conhece a cidade a baía de Guanabara. Subindo o morrinho que Leva à Boa Viagem; caminhando muito e chegando ao Gragoatá, onde nos sentamos em um banco da pracinha. Ah! ...é com imenso prazer que somos apresentados ao mundo de Rosa e seus pequenos, médios, grandes e "extra large" amores. Lilo, Mauro, Martim Afonso, um querido trocador, Marcelo, Vicente, Renato, Eduardo, Edson, Alan, são personagem de "Pequenos Amores", ‘obra que nasceu da saudade’. ‘Composição da mulher e da escritora’: Gracinda Rosa.
“A senhora sente saudades?‘Sim. Saudade de todos os meus amores. Saudade é presença’.”
Dona de uma rica história de dedicação ao magistério e ao estudo, mestra em psicopedagogia, hoje professora aposentada; desde dezembro de 2009, Gracinda Rosa da Costa ocupa a Cadeira no. 31 da Academia Niteroiense de Letras. Honrados, por termos a sábia acadêmica ao nosso lado, sentimo-nos presenteados pela convivência com a pessoa, Gracinda (Cindinha, para os mais íntimos). Serena, de personalidade modesta, Gracinda é dona de uma conversa agradabilíssima, e juventude adorável.
“Conversar com Gracinda Rosa é desvendar e surpreender a criança interior”
Conversar com Gracinda é aprendizado, é viajar com ela, no tempo, nas prateleiras de centenas de livros, nas memórias de cadernos, é estar nas nuvens! O tempo passa rápido!
“Um sonho: ler todos os livros que tenho!”
E são muitos! Fluente na leitura e na escrita, ler Gracinda é como ouvi-la. Uma escrita delicada e feminina. Segundo a autora, "Pequenos Amores" foi escrito com simplicidade e alma. Vale aqui lembrar a frase de Carlos Ruiz Zafón, em "A Sombra do Vento":
“Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele.”
Sabemos que quando se discute um livro em grupo, a verdade na frase acima é notável. Ao ler "Pequenos Amores" refletimos então sobre os significados de nossos próprios amores: os amores de infância, amores platônicos, não correspondidos, passageiros, impossíveis, apaixonados, amores maduros...
"Pequenos Amores" foi o primeiro livro publicado pela autora. Ao terminar a leitura, sentimos falta de um volume II, III, IV. Afinal a vida é cheia de amores. E não haja dúvida que no coração da autora há sempre espaço para mais.
“Vamos fingir que é até logo, que eu vou e volto...
Eles tomaram um táxi e se foram. Dentro de mim, o vazio. Muita dor no coração. Eu não queria chorar, mas não pude evitar as lágrimas que teimaram em vir prestar solidariedade à minha dor. Eu pensava, enquanto retornava ao edifício, naquelas palavras escritas em um papel amassado, rabiscadas por cima, mas nem por isso menos verdadeiras: ‘the impossible is impossible’.
No elevador, limpei bem as lágrimas.”
"Tenho acompanhado algumas colocações, de passagem ou aprofundadas, sobre esses discutíveis "Pequenos Amores", e ora me coloco na posição de mera componente do Clube de Leitura, ora me vejo na posição de autora, que tem que estar sempre preparada para encarar a crítica sobre seu livro. Como leitora de mim mesma, estou encantada com as opiniões, com as conclusões tiradas por uns e outros e até com as hipóteses levantadas sobre a existência ou não da Rosa. Mera ficção? Como autora, não posso antecipar certas respostas, que só deverão aparecer na reunião, ... Certamente, teremos muito que falar sobre esse tema. É verdade que esses "Pequenos Amores" do livro só foram pequenos na duração. Talvez o melhor título para o livro pudesse ter sido: "Pequenos Grandes Amores".
Está aberta a temporada de "Pequenos Grandes Amores", com Gracinda na berlinda!
Evandro, que bela postagem! Todos os posts sobre os livros que Clube vem lendo são ótimos. Mas este "nos leva às nuvens"! Parabéns, pelo belo trabalho no blog.
ResponderExcluirAntonio R
Foi uma excelente reunião a deste livro. Muitas mulheres lavaram a alma falando de forma indireta de seus amores, seus diários. Do amor ao Amor. Cobrimos nossa autora com o carinho que ela merece e sabe tb distribuir. Fizemos uma entrevista com ela e matamos muitas curiosidades.Obrigada, Gracinda, por fazer parte de nós! Tudo azul!Bela noite!
ResponderExcluir"Pequenos Amores" de Gracinda Rosa tem dois recordes no nosso clube de leitura: foi o primeiro livro de contos lido no CLIc e foi também o primeiro livro de autor do clube que debatemos. Depois dessas inovações, muitos encontros memoráveis ocorreram de congraçamento entre leitores e autores do Clube de Leitura Icaraí. Que venham muitos outros!
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