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28 de outubro de 2020

Indignation - Philip Roth



Nihao Laowai!

É Indignação o livro do mês de dezembro no Clube de Leitura Icaraí. Indignação conta a estória de Marcus Messner, um destemido e bem intencionado estudante universitário, seus encontros com a vida, e os caminhos que definem seu destino. A obra é de Philip Roth. A estória começa quando Messner vai para a Universidade e seu pai, se transforma em uma ‘máquina de preocupação’, como se tivesse uma premonição, como se subitamente acordasse de um conto de fadas e tivesse consciência do mundo e de todas as maneiras que um jovem rapaz pode ser destruído por ele. Fugindo da proteção opressora de seu pai, o jovem Messner decide realizar seus estudos distante de casa. Messner só desejava fazer tudo certo. Tirar seus A´s, trabalhar, dormir, e não brigar com o pai que tanto amava. Tentava assim, por um bom caminho, evitar a mediocridade, e alcançar o sucesso do qual sua família tanto se orgulharia.

E, nos subterrâneos da relação familiar dedicada e apaixonada, também as obsessões são transmitidas e atingem em cheio o jovem Marcus, dotado de uma perigosíssima ingenuidade e de uma rigidez ética e pessoal que não cabem no mundo.
(Júlio Pimentel Pinto, em Paisagens da Crítica)

Vejo Marcus, mesmo sendo ainda um homem imaturo, procurando através de suas incertezas, ser sujeito, e não sujeitado."

Despreparado para a vida o jovem é vítima de seu senso de ética super desenvolvido, de sua racionalidade (ou irracionalidade) exacerbada, vítima do mundo, dos caprichos da história.

A trama se passa em 1951-52, e tem como pano de fundo a Guerra da Coréia. Em entrevista, o autor comenta que, em Indignação, não teve interesse em escrever alegorias ou metáforas, mas trazer à vida algum momento do passado. Roth diz que ao iniciar o livro não havia estória alguma, mas um período somente em mente, o da Guerra da Coréia:

Qual estória posso contar que possa dar uma idéia deste momento e torná-lo dramático?
(Philip Roth)

Em Indignação, Philip Roth retrata as normas sociais, culturais e sexuais da América da década de 50. Regras tão fortes comparadas às da atualidade, que causam indignação ao jovem herói.



读书俱乐部
Ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) as forças Aliadas libertaram a Coréia do domínio japonês. Colônia japonesa de 1910 a 1945, a Coréia passou a ser alvo de outro conflito, a Guerra Fria, que levou a divisão da península Han ao longo do paralelo 38 e à formação de dois Estados separados: o do Sul, com administração americana sob direção do general Douglas MacArthur; e do Norte, com ocupação pela, na época, União Soviética, que estabeleceu um regime Stalinista sob o controle de Kim Il-sung. Após anos de incidentes na fronteira, em junho de 1950, a República da Coréia no Sul foi invadida pelas forças armadas do Norte. As primeiras tropas americanas foram então enviadas afim de fortalecer a resistência contra os invasores. Fortemente equipados com tanques russos e artilharia, os norte coreanos avançaram rapidamente em direção ao Sul, com o objetivo de ocupar o estratégico porto de Busan (Pusan). Com o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que enviou reforços de diversas nações dentre britânicos, australianos e milhares de reservistas chamados à ativa, a resistência se manteve forte. Em outubro de 1950, MacArthur encontrou o presidente americano Harry Truman, com a promessa de que a Guerra chegaria ao fim até o Natal. Contudo, após conflito no território norte coreano com vitória das forças das Nações Unidas, lideradas por MacArthur, próxima a fronteira da Manchúria (extremo oeste da China), Pequim (Beijing) deu sinais de que a China comunista interviria em defesa de seu território. Em novembro de 1950, os chineses se uniram ao conflito. Nos dois anos seguintes a região do paralelo 38 foi marcada por violento combate, com os dois lados fortemente armados para impedir o avanço do inimigo e a ocupação de pontos estratégicos. (Acima: Bandeira da República Popular da China em desfile militar no Dia Nacional).

O título, Indignação, refere-se a vários dos personagem, sendo a palavra em si representada por uma canção: o Hino Nacional da República Popular da China: Marcha dos Voluntários (a China foi membro da Aliança Militar dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, que incluía também União Soviética, Estados Unidos, Império Britânico, Polônia, França, e outros países, incluindo o Brasil). Marcus Messner havia aprendido o hino ainda no colégio, na época da Segunda Guerra. O jovem costumava recitar sua letra silenciosamente, sempre que se sentia zangado, em protesto a atitudes indignantes de opressão e intrusão, tentando, assim, evitar passos em falso, construindo uma ‘grande muralha’ que pudesse protegê-lo. Para ele era a canção do inimigo.



IN - DIG - NA - TION ! ! !
(a mais bela palavra da lingua inglesa para Marcus Messner)

Acima: memorial dos veteranos da Guerra da Coréia - Washington DC, EUA. A placa diz: "Our nation honors her sons and daughters who answered the call to defend a country they never knew and a people they never met." (Nossa nação honra seus filhos e filhas que atenderam ao chamado para defender um país que nunca conheceram e um povo que nunca encontraram). O conflito entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte teve fim com o cessar fogo em julho de 1953, quando uma zona desmilitarizada foi estabelecida na fronteira entre os dois Estados. Ambos os lados abandonaram suas posições e uma comissão das Nações Unidas foi estabelecida afim de supervisionar o armistício. Não há um número oficial de quantos morreram nesta guerra. Dentre americanos, britânicos, chineses, sul e norte coreanos, estima-se mais de 700 mil soldados mortos em combate, 890 mil feridos e mais de 120 mil prisioneiros ou desaparecidos. Ao fim da Guerra, o povo coreano, uma das mais notáveis culturas da Ásia tinha sua dignidade abalada, com duas Coréias em ruínas, uma população desmoralizada levada a mendicância. Desde 1953, as Coréias têm trabalhado na reconstrução de seus territórios. A Coréia do Sul é, hoje, um Estado moderno. A Coréia do Norte tornou-se um dos países mais fechados ao mundo, e grande parte da população é pobre.

Acima, ao fundo: mapa mundial mostrando a superfície da Terra à noite. As luzes revelam áreas urbanizadas, o que possibilita a identificação de países, cidades, e até mesmo alguns rios ou estradas em torno das quais a urbanização ocorre (ex. Nilo e Trans-siberiana). No mapa sobreposto (à direita) vemos com mais detalhes a Península Han. A distinção entre as duas Coréias é marcante à noite. Enquanto a Coréia do Sul é altamente iluminada, o território da Coréia do Norte se encontra às escuras, a exceção da capital PyongYang, e outras poucas cidades. Esta diferença torna nítidas as fronteiras com a China, ao norte, e com a Coréia do Sul, no paralelo 38. A história continua e, ao longo das últimas seis décadas, conflitos de pequena escala, tanto terrestres quanto navais, têm ocorrido repetidas vezes (1999, 2002, 2009 e 2010) ao longo da linha demarcatória entre as duas Coréias. À medida que cada Estado ambiciona re-unificar a Península de acordo com seus próprios termos e sistema de governo, o Mundo lembra a delicada relação entre os dois países e a Guerra, terminou com uma trégua.


Indignação chama atenção pelos pequenos incidentes (familiares, ou do cotidiano) que alcançam conseqüências despropositadas.
.... a forma terrível e incompreensível pela qual nossas escolhas mais banais, fortuitas e até cômicas conduzem a resultados tão desproporcionais”.
E nos faz refletir, dentre outras coisas, sobre nossas escolhas (ou a falta delas). Afinal, até que ponto somos donos de nosso destino ou joguetes do tempo e espaço em que vivemos?

Recomendadíssimo!


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