Sobre, A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa

 A vida seria um barco 🛶? 

O conto é sobre a experiência de vida do seu narrador personagem. É cheio de nomes   em primeira pessoa, como pronomes possessivos  e conta a triste história do seu narrador que traz uma culpa de como ele diz, nem sabe do que.  Talvez por achar não ter sabido ajudar, ou entendido seu pai.

"Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns 20 ou 30 anos." A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa

O pai do conto, casou-se, teve filhos e só depois resolveu se isolar. Talvez para analisar o que era sem as máscaras de pai, marido, amigo, cidadão.

Isto lembra que o conto faz parte da obra, Primeiras Estórias, onde entre os 21 contos o 11° é, O espelho. Acho que todos refletem neste e não é atoa que ele fica no meio.

A mãe continuou sua vida, seu barco, interagindo, se ocupando de forma coletiva com a família. 

O irmão foi morar em outro lugar.

Triste mesmo foi a história do narrador personagem. Este "nada fez de especial" e seu barco foi deixar escrita sua história e ele trazia uma culpa e usa o desabafo para pedir perdão.

"E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão. Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água, que não para, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro — o rio." A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa

Pagamos um preço pela escolha do barco 🛶.

O barco 🛶 é pessoal, cada um constrói o seu e vai seguindo "rio abaixo, rio afora, rio adentro — o rio."

Ana Patrícia do Nascimento Aquino Calixto

9/9/2023