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5 de julho de 2022

Leituras do CLIc de junho a setembro 2022: Mônica Ozório




Bem pessoal. 

Da lista acima li três livros, Michelle Obama (concordo com Evandro que a adaptação brasileira do título é ruim), Pachinko e Judas. ------------- 

O primeiro é um livro contado como uma vida perfeita, numa família perfeita, com um marido perfeito, filhas perfeitas, profissões perfeitas, etc... Mesmo assim valeu a pena porque eu realmente gosto do Barack Obama, e algumas coisas contadas por Michelle, desvestindo as perfeições quase oníricas, foram muito interessantes. Gostei de acompanhar os trabalhos que ela fez e ainda acho Barack Obama "acima de qualquer suspeita". Um sujeito que não foi engolido pela política nem transformado num hipócrita, como a maioria dos demais políticos. ------------- 

Pachinko é complicado - e lindo. É um romance que toca no problema da exclusão coreana no Japão com seriedade. O Japão transformou a Coreia numa colônia e desprezou os coreanos, até mesmo as gerações seguintes que nasceram no país. Eu me apaixonei até onde pude, e em certo momento briguei com o livro. Eu realmente o adorei mas detestei uma parte e não tenho o grande coração de Rosemary que fez as pazes com tal evento. Eu entendo. Mas não perdoo a personagem, por mais que gostasse do rapaz. Confesso que amei mais as gerações da bisavó (quase matei ela em seu leito de morte!!!Que injusta!), a geração seguinte, que para mim é a parte mais forte do livro, e aí fiquei meio mais ou menos com as duas outras gerações, das quais tem muitas personagens que gosto (como Mozasu entre outros), mas teve o tal evento que me decepcionou profundamente. Mesmo assim adorei quase tudo do livro e o recomendo FORTEMENTE. ------ 

E  então vem o primeiro lugar: Judas! livraço! Recomendo especialmente para quem gosta de ter sempre duas opiniões sendo discutidas num mesmo livro. O escritor mostra todas as suas dúvidas, crenças e descrenças em relação à criação do Estado Israelense de uma maneira maravilhosa, fazendo as personagens defenderem e desmerecerem a forma como Israel pisou nos Palestinos (e pisa até hoje). As personagens são magníficas até o último caractere digitado. Adoro tudo que foi escrito sobre Israel, Judas e Jesus. Darei uma parada na lista acima para rever algumas coisas de Judas para tentar participar nesse domingo do encontro.

Judas: Amós Oz


Tem vezes que a marcha da vida se reduz, gaguejante como água que escorre da calha e vai correndo e abrindo um pequeno sulco na terra do quintal. Essa corrente é retida por um montículo de terra, absorvida, acumula-se por um instante numa pequena poça, hesita, vai tenteando e corroendo o montículo de terra que lhe obstrui o caminho ou abre uma passagem por debaixo dele. Por causa desse obstáculo às vezes a água se divide e continua seu caminho em três ou quatro finos filamentos , como uma teia formada por rastros de insetos. Ou desiste, e é engolida pela poeira do quintal. "  






Falando do excelente livro "Judas", de Amós Os: O escritor israelense, falecido em 2018, claramente era um pacificador. Inicialmente posso dizer que ele toca em dois pontos que convergem: as religiões levadas ao extremismo do ódio, à guerra, terrorismo e etc, e a forma como Israel pisou sobre a Palestina, como se estes fossem vassalos que devessem se dobrar aos Judeus, ao invés de tentar integrar dois povos. Claramente ele diverge de Ben Gurion e seus seguidores por impor um Estado Israelense pautado em um direito adquirido segundo suas teorias religiosas. Só por essas duas posições dele, ele já ganha meu humilde prêmio "Aplausos aos Grandes Mestres da Arte".

Sua escrita é clara, mas com longos parágrafos, o que cansa um cadinho. Mesmo assim estou adorando a forma como ele juntou três gerações, aparentemente entre 1959 e começo da década de 1960 (??? Eu li 32% do livro hoje - é, no Kindle é assim: % – E não consegui parar para usar mil sugestões de como identificar o ano em que se passa o enredo, mas lembro que o presidente dos EUA era Eisenhower - 1953 a 1961, e que dois personagens viram um filme no cinema com Jean Gabin 1904/1976 – não disse o nome do filme, infelizmente. Serei menos gulosa no livro, parando para identificar a época.): Um idoso, uma mulher de 45 anos e um jovem militante socialista que tenta uma pós graduação com o estudo de Jesus e os Judeus.

Temos aqui um idoso culto e belicoso, adorável, apaixonante. Um jovem com baixa auto estima e muita auto piedade, porem deliciosamente sensível e doce (sendo discriminado em sua masculinidade por chorar por tudo que o sensibilize), que discursa sobre toda essa questão Israel/Palestina de forma esplêndida, e uma mulher madura, inteligente, altamente observadora sobre o âmago das pessoas à sua volta (e muito sofrida e desiludida).

E... acabei de receber uma dica para pular para o "final do livro (que) tem um glossário interessante, que valeria a pena ler antes do fim" da nossa amiga Rosemary. Então vou parar por aqui e voltar a escrever no futuro próximo. Estou em Maringá (Visconde de Mauá), congelando e lendo muito. E com péssima internet.
(Mônica Ozório)

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