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23 de maio de 2022

Sobre o conto, Uns braços, de Machado de Assis



       Machado de Assis penetrou por trás na frente

     Usando a ideia de penetrar por trás na frente, do escritor da obra, A Cruel Filosofia do Narcisismo, Adelmo Marcos Rossi, ouso achar que Machado pode muito bem ter penetrado por trás na frente de seus contemporâneos escritores, para assim apontar uma nova visão de literatura. Saindo da falsa, insossa imagem do Romantismo para a  ainda imagem, porém a mais próxima do real que é a classe literária Realismo.

      Assim sendo, Machado se colocou em sua obra desde o princípio insinuando o que estava fazendo.

     Como por exemplo no conto, Uns braços, de Machado de Assis (1885, publicado pela primeira vez na Gazeta de Notícias).

     O conto se dá na Rua da Lapa, em 1870 e aponta para uma nova visão de ver o mundo e a literatura, saído do idealismo do romantismo, para o real do Realismo, tendo Machado de Assis como o maior representante do Realismo no Brasil.

     Então, ainda sobre o conto já citado, Borges, simbolizava o dono da gráfica onde trabalhava o jovem Machado; a mulher que vivia maritalmente com o Borges era as literaturas fabricadas na gráfica; Inácio seria o nosso Machado que viu na "mulher, literatura", os braços que o podia ascender na sociedade.

    Machado-Inácio viajava olhando para esses braços, via neles o real que parecia que ninguém mais via.

   "Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na Rua da Lapa, em 1870." (Machado falando de si, com disfarce).

    Mas Machado para além de falar de si em suas obras, ele também contava histórias e por meio delas ensinava o real para o leitor.

   No caso desse conto, ele fala da alta afirmação como homem do jovem Inácio, (a ascensão de Machado na sociedade) e do despertar de uma mulher, (uma nova maneira de ver a literatura).

    Sendo assim, não são as personagens femininas de Machado que são terríveis, é Machado nos couros delas.

  Machado por exemplo entra nos couros de Capitu e penetra por trás nos seus contemporâneos escritores e por meio de Bentinho, o bendito e ingênuo, fica no meio deles, cresce, se informa virando Bento Santiago, um excelente engenheiro das palavras e nos couros de Capitu dá a luz uma nova literatura, realista. A aparência com o amigo é a sacada que deixa os seus contemporâneos casmurros (tristes).

     O adjetivo casmurro tanto serve para Machado, como sendo ele caprichoso, pertinente, teimoso em alcançar seus objetivos, como pode ser usado para os seus "adversários" na qualidade de tristes, pelo sucesso do nosso Machado.



Ana Patrícia do Nascimento Aquino Calixto 
23/05/2022

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