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3 de fevereiro de 2021

Versos na pandemia



Vida em ruínas

Um homem revirando o lixo
A fábrica funcionando a todo vapor
Ruas quase vazias
Policiais fazendo a ronda
Postos de gasolina funcionando
Observei cada detalhe
e alguns perderam a nitidez
no momento em que organizei as palavras
Poucos usam máscaras
Impasse entre a doença e as vacinas
O ar puro no momento é vital
É a caminhada mais longa da minha vida
à procura de mim mesma debaixo do sol
como algo natural
Rejeito a ideia de voltar para casa
continuo experimentando a paz
a força de sustentação
Carros e motos transitam e há poucas pessoas nas ruas
Pássaros cantam nas árvores
eu aproveito um pouco da sombra
e respiro
Um momento acolhedor
de uma caminhada essencial
Observo uma família no espaço de lazer
e fico imaginado se são felizes
Sinto o sol no contato da minha pele
e busco a vida incessantemente
Alguém me cumprimenta com um sorriso
mas eu me sinto sozinha
caminhando ao sol do meio-dia
refletindo sobre o inexplicável
Pouco importa se isto é poesia
ou uma dura realidade
A cidade está silenciosa
Hora de retornar
encarar os problemas
uma construção em ruínas
a restaurar

Sonia Salim

4 comentários:

  1. Obrigada, Le Concierge. Acho que eu vou continuar a sair por aí caminhando, gravando os pensamentos e trabalhar neles na construção de poemas. rs

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  2. Muito bom, Sonia. Escrever a realidade do nosso jeito a modifica para melhor e nos ajuda a ver mais claramente. Assim penso. Parabéns!

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    1. Rita, eu fui para a rua no primeiro dia do ano e fiz as observações com olhares no que estava fora e dentro de mim. Foram muitos os cortes nos pensamentos que deram origem ao poema. Fiz a gravação de voz, digitação, alguns dias de reflexão, cortes e publicação. Obrigada. Beijos!

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