Começo esse pequeno texto envergonhada, com uma confissão.
Foi meu primeiro Jorge Amado. E mais uma: achava o autor previsível, lugar
comum pelo que já conhecia de Gabriela e
Dona Flor. Então, Tocaia Grande foi uma surpresa muito positiva. De saída me
lembrando que os pré-conceitos são mesmo uma bosta e depois me revelando um
grande autor. Dezenas de
personagens, riqueza de detalhes, vidas emocionantes. Fui envolvida em todas
as etapas. Pude ver o nascimento do lugarejo do zero, a partir de uma ideia, de
uma estratégia de combate e de uma linda vista. O crescimento árduo, lento,
seguindo o ritmo da vida da época. Os obstáculos, as reconstruções, a destruição.
Vi muito além de um povoado pobre habitado por jagunços e
putas. Vi uma lição de vida, expondo mazelas, intolerância, machismo, crimes, mas
também solidariedade, união, força e justiça. Adorei o capitão Natário, o turco
e o Tição. Dentre as mulheres, gostei muito da Coroca e da Bernarda. Ao
contrário de algumas colegas que já se manifestaram, não achei que o sexo fosse
over. Para mim foi na medida exata para
o que era. Enfim, uma leitura agradável, instigante, divertida, retrato
magistral de uma época de coronelismo. E que final! Com sua licença...
Ah, uma curiosidade. Tocaia, além do sentido mais usual, é
também poleiro de galinhas, um regionalismo do nordeste. Tudo a ver.
Até sexta, pessoal, e obrigada Maria Marlie, pela
insistência. Valeu demais!
Desta vez Rita captou precisamente em prosa o espírito do livro do mês. Em geral ela o faz poeticamente, também magistralmente! Será que vem do livro o que a faz se expressar de uma ou outra forma?
ResponderExcluirEvandro, quanto aos livros, acho que nos influenciam inclusive quanto à forma que os lemos, sim. O impacto que têm sobre nós depende das nossas experiências prévias, do que conhecemos e do que vamos descobrindo. Tocaia não me veio como poesia, talvez porque seja um retrato longe do que penso que sei. Difícil explicar. O livro me emocionou, mas de outra forma. Quanto ao elogio, obrigada, você anda muito benevolente, deve ser a paternidade, rsrsrs.
ExcluirNão tem mestres melhores que a paternidade e o clube de leitura!
ExcluirRita, você escreveu exatamente o que achei do livro. ADOREI ! As putas nunca foram tão doces e amigas...Evandro havia comentado que na época era quase que normal as meninas , por questão de pobreza, se tornarem putas. Mesmo antes desse comentário, eu já não as julgava, dava para sentir pelas atitudes muita ternura..
ResponderExcluirAprendi muito, viajei pelas terras dos coronéis. O amor de Bernarda pelo padrinho foi lindo.A união de todos, quanto troca!
Fantástico!
Beijos ternos,
Vera..
Que bom, Vera. Acho mágico um autor conseguir tocar as pessoas e nos levar a refletir sobre tantas coisas. Beijos ternos para você também.
Excluir