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23 de março de 2019

Desespero: Sonia Salim


Edvard Munch - Desespero


Estou movida por uma grande angústia
e tomada pelo desespero
que emana de minha alma

Nas minhas veias flui melancolia

A desolação tomou conta de mim inteiramente

Não fossem os diálogos de nossos olhos
ao suicídio, eu já teria sucumbido
esse silencioso devorador de vidas

Talvez o meu coração seja ambíguo
duvidoso e direcionado a contradições

Ou essa paixão tenha sido voraz
incapaz de conviver com o medo
da separação e do vazio

Frustrações imaginárias...

Oh, meu grande amor!

Ensina-me a estabilizar o desespero
através do brilho do seu olhar

Eu não quero morrer!



      Sonia Salim



Poema feito a partir da leitura do livro 1934, Alberto Moravia, 
debatido no Clube de Leitura em Outubro de 2013.




25 comentários:

  1. Sonia..eu sou tiete do livro 1934...gostei da poesia.;volto a colocar a frase inicial..".pode se sobreviver ao desespero sem pensar na morte"(algo assim)...Digo que sim e deve-se.; .desesperos fazem parte da vida e não da morte..desesperos podem ser atenuados se pudermos entender seu significado.....Ceci

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    1. Oi, Ceci, muito grata pelo comentário. Foi muito boa a leitura do livro "1934", poder entender um pouco do contexto em que os personagens estavam vivendo e ser impulsionada a escrever um poema. Valeu a força para que lêssemos! Abraços!

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  2. Gostei muito do poema!
    Fiquei interessada em entrar para o Clube de Leitura de Icaraí.
    Como faço? Abraço
    Vanessa

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    1. Obrigada, Vanessa. Agora preciso pedir ajuda aos clicianos... Como fazer, amigos? Entrar em contato com o "concierge"? Abraços!

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  3. Desesperar jamais
    Aprendemos muito nesses anos
    Afinal de contas não tem cabimento
    Entregar o jogo no primeiro tempo

    Nada de correr da raia
    Nada de morrer na praia
    Nada! Nada! Nada de esquecer

    No balanço de perdas e danos
    Já tivemos muitos desenganos
    Já tivemos muito que chorar
    Mas agora, acho que chegou a hora
    De fazer Valer o dito popular
    Desesperar jamais
    Cutucou por baixo, o de cima cai
    Desesperar jamais
    Cutucou com jeito, não levanta mais

    Ivan

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    1. É isso mesmo, Ivan, "desesperar, jamais"! Obrigada pela visita e comentário. Abraços!

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  4. Parabéns, Sônia, pelo seu belo poema! Não demora o livro sai, estou certa. Você escreve bonito e com muita emoção.
    Abraços.
    Elenir

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    1. Olá, Elenir, boa noite! Muito grata, querida. Há alguns entraves técnicos para que o livro inicie, mas no tempo certo ele virá. Vamos aguardar. Beijos!

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    1. Boa noite, Rosemary Timpone!!! Muito obrigada, pelo comentário. A leitura nos impulsiona e não tem jeito... rs Beijos!

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  6. Oi Sonia, parabéns pela poesia. O tema do desespero, do suicídio, é realmente instigante. A literatura é uma excelente forma de expressão. Ansiosa pelo seu livro!

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    1. É verdade, Rita, a leitura abre horizontes e nos inspira. Obrigada pelo comentário. Beijos!

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  7. Parabéns Sonia! Belo poema, sensível, e que traduz bem o livro "1934". A busca do olhar, de um brilho que "estabilize o desespero" e nos faça desistir do suicídio. Seu poema me fez enxergar o outro lado do desespero: a paixão (onde os olhos brilham, algo insanos, num tipo de suicídio delicioso). Ou seja, a estabilização do desespero se dá com a paixão, que é o outro lado do desespero, da angústia. O lado bom de uma mesma moeda! Obrigado, Sonia Salim, por me possibilitar essa percepção.
    Abraços.
    Novaes/

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    1. Boa noite, Novaes! Muito grata. Pensei no seu comentário quando passei agora pelo texto: "Perguntava-se como ela conseguira continuar tanto tempo naquela situação, sem enlouquecer, visto que não tivera coragem para se suicidar..." (Crime e Castigo - Dostoiévski). Uma avaliação do jovem, Raskólnikov, sobre a vida de Sônia, a jovem prostituta acidental do livro.
      São as motivações da vida que seguram a situação, momentânea ou não, pelas quais as pessoas passam e sofrem? Possivelmente...
      Abraços!

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  8. Feliz Natal a todos os 'clicianos', visitantes e leitores do blog!!! Felicidades para 2014! Abraços!

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  9. Gostei muito, Sônia. Apareça mais por aqui. Beijos

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    1. Obrigada, Andreia. ;) Hoje alguém falou a palavra "angústia" e eu quis relembrar este poema que foi inspirado num livro lido no CLIc. Saudade de todos vocês! Bjs

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  10. Acho que o livro demonstra que não é possível viver no desespero sem desejar a morte, se bem me lembro.

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    1. Talvez o desejo de morte seja a primeira via de fuga no estado de desespero. Algumas pessoas, mesmo as que gostam da vida e não abrem mão dela, algum dia já pensou em suicídio. Entre pensar e executar existe uma distância, esta que nos salva da morte.

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  11. Sonia, que bom reler você! Ontem fui ao enterro de uma tia querida, ocasião em que sempre voltamos a pensar na morte. Acho que, dependendo do que nos acontece, é até normal considerar o suicídio. Mas é como você falou, do pensar ao praticar vai uma grande distância. Beijo grande e saudades.

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    1. Oi, Rita, saudades também... Viver é tão bom, né? E não é por acaso que o meu interesse de leitura teve um rumo que eu não pude evitar, o da preservação da saúde. São tantas as descobertas que a multidão nem supõe que possa existir; a gente abre a boca, fala, explica, grita, mas não há eco, ninguém entende porque a sintonia não é a mesma. ;) Bjs

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  12. Obrigada pelo poema.
    Quem já não viveu esse momento...
    A vida está aí para nos testar a cada instante.
    "é bonita, é bonita e é bonita."
    Beijinhos ternos,
    Vera.

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  13. Oi, Sonia,
    Espero que, agora, em 2017, sua poesia traga apenas o eco da beleza contida nas palavras. Como disse o amigo, desesperar, jamais.

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    1. Elvira, nós vamos mantendo o equilíbrio mesmo que em 2017 a poesia venha em cores pálidas. 😉 Grata. Bjs

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