Fundado em 28 de Setembro de 1998

22 de março de 2021

O corpo interminável: Claudia Lage

 



Claudia Lage no Clube de Leitura Icaraí



O corpo interminável

Claudia Lage

Melhor Romance de Ficção de 2019




Presença da escritora confirmada


20/03/2021 - 17h00



O que é o corpo interminável? Gosto de relacionar o título do livro ao conteúdo  e verificar se foi o título que conduziu a narrativa ao longo do livro, como um fio condutor, ou se ele surge a posteriori, quando a história já foi contada, rotulando o texto. No título “o corpo interminável” o que seria este corpo? Tem um trecho do livro em que Daniel se imagina no útero de sua mãe sendo torturada. Fiquei pensando se o que imaginamos não teria uma origem real, a partir do que fica registrado no DNA de nossos antepassados. Daniel estaria imaginando assim algo que ele realmente experimentou no útero de sua mãe, uma sensação, uma memória de uma experiência de quando ele ainda não tinha uma linguagem para registrar o que sentia, e que lhe deixou um vazio, uma espécie de ausência, uma melancolia. O corpo é interminável porque ele registra a memória e transmite a seus descendentes suas emoções, sua dor e cria no bebê  a sua forma de sentir a vida desde o útero? É interminável porque se refere a uma metáfora, o corpo social, em que a história vai transmitindo às futuras gerações seus traumas, superações, seus recalques? O que é um corpo interminável? Seria interminável porque é um coletivo que não se limita ao indivíduo, estendendo-se além dele nas experiências de empatia, solidariedade, sofrimento, alegria, enfim, compartilhamentos? Se refere aos corpos que desapareceram durante a ditadura e, por isso, sem o devido luto, tornaram-se intermináveis?



Gama Revista

Alguém tirou uma foto



Story



"O menino não se conformava, entrou no quarto do avô, revirou as caixas. Esqueceu de manter tudo em seu devido lugar, ou não havia esquecido, havia descoberto que o devido lugar não existe, só faz a gente pensar que existe pelo hábito das coisas não saírem dele, criarem marcas, raízes e não se moverem de jeito nenhum."



"Melina costumava ir à biblioteca pelas manhãs, enquanto eu ia às tardes. Sem saber revezávamos o único exemplar do livro sem nunca nos cruzarmos, a não ser entre as páginas (estávamos praticamente no mesmo ponto). Naquele dia trocamos as primeiras palavras, mas era como se já existissem outras. Como se em nós houvesse esse encontro, o da leitura, um outro tipo de presença."



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezado leitor, em função da publicação de spams no campo comentários, fomos obrigados a moderá-los. Seu comentário estará visível assim que pudermos lê-lo. Agradecemos a compreensão.