"Que
bobagem é pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles
tenham pelo menos cinquenta anos. Querer ser vista por eles como uma pessoa e
não como uma função. Dizer: sou sua história, vocês começam comigo, escutem,
pode ser útil."
A mãe sob a lente de aumento.
Vontades. Premências. Desejos. Fraquezas. Dores.
Angústias.
Elena Ferrante traz a mãe e suas necessidades em um tom
quase rascante em "A Filha Perdida". Sem medo de julgamento, Leda se
descortina diante do leitor e traz à tona segredos da maternidade talvez
partilhados por dezenas, centenas, milhares de mulheres em silêncio.
O totem da mãe perfeita surge colorido na relação
Nina-Elena, para ser desconstruído paulatinamente aos olhos de Leda, que, ao
mesmo tempo, também se desconstrói diante de Nina para que ela possa observar por
si mesma - caso consiga - quão pujante é a maternidade imperfeita.
E, como pano de fundo, a traição feminina é
colocada à prova, livre de moralismos, de achismos, de ismos quaisquer que a
possam destituir da sua força e poder, legítimos ou não. Isso fica a cargo da leitura
e do leitor.
Um livro que irrita, que provoca, que emociona, que
traz à tona recordações antigas e desejos outrora vividos (ou não), “A Filha
Perdida” é uma leitura ímpar e marcante. Inesquecível.
Excelente! Captou muito bem o espírito do livro!
ResponderExcluirMuito bom, Jaqueline. Também gostei do livro e da forma como a autora aborda o tema maternidade.
ResponderExcluirParabéns, Jaqueline! Análise perfeita do livro.
ResponderExcluirUm enfoque diferente sobre a maternidade que é analisada a partir de uma verdade que chega a ser cruel. O mesmo não acontece com a traição que é vista por meio do ciume.
Obrigada, gente :)
ResponderExcluirE pensar que levei 6 meses para ler esse excelente comentário sobre o igualmente excelente "A filha perdida!... Parabéns, Jaqueline!Elenir
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