Sobe... cinge-lhe a perna longamente; Sobe...- e que volta sensual descreve Para abranger todo o quadril!- prossegue, Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura, Morde-lhe os bicos túmidos dos seios, Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo Da axila, acende-lhe o coral da boca, E antes de se ir perder na escura noite, Na densa noite dos cabelos negros, Pára confusa, a palpitar, diante Da luz mais bela dos seus grandes olhos.
E aos mornos beijos, às carícias ternas, Da luz, cerrando levemente os cílios, Satânia os lábios úmidos encurva, E da boca na púrpura sangrenta Abre um curto sorriso de volúpia...
Dormes
XVIII
Dormes... Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?
São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!
Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro... e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro
Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!
Dormes... Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?
São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!
Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro... e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro
Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!
In Extremis
Nunca morrer assim! Nunca morrer num diaAssim! De um sol assim!Tu, desgrenhada e fria,Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,E apertando nos teus os meus dedos gelados...E um dia assim! De um sol assim! E assim a esferaToda azul, no esplendor do fim da primavera!Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O ventoDespencando os rosais, sacudindo o arvoredo...E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheioDe ti, até no horror do verdadeiro anseio!Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,A boca que beijava a tua boca ardente,A boca que foi tua!E eu morrendo! E eu morrendo,Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendoTão bela palpitar nos teus olhos, querida,A delícia da vida! A delícia da vida!
Via-Láctea
XIV
Viver não pude sem que o fel provasse
Desse outro amor que nos perverte e engana:
Porque homem sou, e homem não há que passe
Virgem de todo pela vida humana.
Por que tanta serpente atra e profana
Dentro d'alma deixei que se aninhasse?
Por que, abrasado de uma sede insana,
A impuros lábios entreguei a face?
Depois dos lábios sôfregos e ardentes,
Senti - duro castigo aos meus desejos -
O gume fino de perversos dentes...
E não posso das faces poluídas
Apagar os vestígios desses beijos
E os sangrentos sinais dessas feridas!
VENCENDO O AZUL
"Qu'ils sont drôles, ces brésiliens!"
Confeitaria Colombo da Gonçalves Dias - Centro do Rio |
Quem foi José Carlos do Patrocínio? (Campos dos Goytacazes, 9 de outubro de 1853 — Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1905) foi umfarmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formada por negros e ex-escravos.
Fonte: Wikipedia
Súplica
Falava o sol. Dizia:
"Acorda! Que alegria
Pelos ridentes céus se espalha agora!
Foge a neblina fria.
Pede-te a luz do dia,
Pedem-te as chamas e o sorrir da aurora!"
Dizia o rio, cheio
De amor, abrindo o seio:
"Quero abraçar-te as formas primorosas!
Vem tu, que embalde veio
O sol: somente anseio
Por teu corpo, formosa entre as formosas!
Quero-te inteiramente
Nua! quero, tremente,
Cingir de beijos tuas róseas pomas,
Cobrir teu corpo ardente,
E na água transparente
Guardar teus vivos, sensuais aromas!"
E prosseguia o vento:
"Escuta o meu lamento!
Vem! não quero a folhagem perfumada;
Com a flor não me contento!
Mais alto é o meu intento:
Quero embalar-te a coma desnastrada!"
As estrelas que Bilac vê nesse livro não são as celestes, presta atenção!
ResponderExcluirLindo ! Lindo! Lindo!
ResponderExcluirSão as estrelas da alma!
São as diversas mulheres que amou. Atrizes etc...
ResponderExcluirUma curiosidade que descobri nesse livro: o serviço militar obrigatório no Brasil foi uma ideia do Olavo Bilac que o exército acolheu entusiasticamente, partindo de quem era considerado o príncipe dos poetas brasileiros.
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ResponderExcluirBela a poesia do maior entre os parnasianos, uma das mais lindas da nossa Literatura. Mas a História de tempos em tempos se renova, mostrando que o passado é dinâmico, contando-nos que se mexe. Ao ler o comentário do Evandro não posso me calar, calando-me emperro o dinamismo do passado, que incautos imaginam estático, incapaz de nos tornar extáticos. Muitos são os esquecidos da História. Elysio Araújo é um deles. Promotor público, juiz de direito, delegado, professor, militar, escritor e Político com letra maiúscula, desses que o Brasil chora a falta. Além disso tudo, Elysio Araújo foi o criador e patriota entusiasta das "Linhas de Tiro" e convidado direto do Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca, para dirigi-las. Nasceu aí a instrução militar para os jovens brasileiros, nasceu então o serviço militar ao qual o nosso concierge se refere. Serviço militar criado e levado a efeito por Elysio de Araújo. Mas a História é feita de meandros e desvios. Um importante militar, admirador do poeta, entendeu de fazê-lo patrono do patriótico movimento. E assim o poeta também é conhecido. Coisas da História.
ResponderExcluirCarlos Rosa Moreira.
O precursor da navegação aérea foi o inventor paraense Júlio César Ribeiro de Sousa que em 1881 se tornaria o 1º brasileiro a projetar um balão dirigível.
ResponderExcluirMaurício
Mais uma vez está maravilhosa a apresentação sobre o livro do mes ,"Bilac vê Estrelas"
ResponderExcluirCeci.
Quem foi que indicou esse livro? Achei fraco, muito fraco. Espero que o Benito o salve conseguindo tirar dele alguma coisa com suas análises profundas e detalhadas. Francamente, a safra de livros no clube de leitura está fraca. Volta concierge, você está fazendo falta nas reuniões.
ResponderExcluirConcordo com você, anônimo. Também achei o livro muito fraco, nem prossegui na leitura. Estou com saudade dos clássicos.
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