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10 de outubro de 2022

Pachinko: Min Jee Lee






"Ser homem significa saber controlar seu temperamento. 
Você precisa cuidar da sua família. 
É isso que um bom homem faz. 
Entendeu?"


"Não há o que fazer"



Salão de Pachinko



"(...)Há espiões que trabalham para ambos os lados. Há espiões nos grupos de discussão de poesia e também nas igrejas. (....)"  pag.157  (Rafa)


Quero aproveitar para elogiar a capa desse livro! Ģosto desse material da capa! Agradável ao toque das mãos, meio emborrachado, aveludado. Ainda gostei muito do visual! A ideia da roupa da mulher, trazendo,  na saia,  as imagens sugestivas da natureza que esses povos trazem em suas lembranças , ajudam a despertar nosso interesse, curiosidade por todo  esse mundo ! (Elô)









- Deus manda que o profeta Oseias se case com uma meretriz e crie os filhos que não eram dele. Imagino que o Senhor tenha feito isso para mostrar ao profeta como era se unir a um povo que o traía constantemente, não é isso? - perguntou Isak.
- Bem, sim, entre outras coisas. E o profeta Oseias obedece à vontade do Senhor - disse o pastor Shin com sua voz sonora. Era uma história sobre a qual já havia pregado.  - O Senhor continua fiel a nós, mesmo quando pecamos. Ele continua a nos amar. Em certo sentido, a natureza do seu amor por nós lembra um  casamento duradouro, ou o amor que um pai ou uma mãe sentem por um filho imperfeito. Oseias estava sendo chamado a ser como Deus ao ter que ficar com alguém que era difícil de amar. É difícil nos amar quando pecamos. 



Bem. Mais uma vez dando de cara com a sexualidade feminina. Venho com os questionamentos: a mulher tem prazer no sexo no casamento nas sociedades mais tradicionalmente machistas? Em Pachinko temos mulheres em pleno 1900e-pouqinho casando com parceiros que conhecem no dia do casório. A virgindade equivalia ao ouro (sempre, né? Que m.... essa parte anatômica que nos validava como aceitáveis). O noivo também podia ter uma surpresa desagradável no dia do casamento, claro... nunca a viu! Mas o prazer masculino costuma ser um pouquinhooo mais fácil pela própria anatomia e hormônios enlouquecidos da adolescência. Mesmo assim devem ter sido difícil. porém...
Os homens em todas as sociedades sempre são perdoados por procurarem prazeres mais "sofisticados" fora de casa (ao invés de sofisticarem os atos entre os dois. Às vezes pelo excesso de pudor incutido na mente mulher, ou por desinteresse do próprio marido). 
Mas e a mulher? 14... 16 anos... um noivo desconhecido. Dor no primeiro sexo...e muitas vezes nas demais tentativas por falta de conhecimento para ambos os jovens sobre carícias e provocações. Responsabilidade em dar filhos (homens) como segurança para a velhice dos dois. 
As personagens de Pachinko tiveram sorte em não sentirem aversão por seus maridos (criadas por uma escritora doce. Mas não sei o quanto retrata a realidade – no caso tenho uma queda pela doçura do Isak – mas estou pensando mais amplo, pessoal). Penso nas mulheres de todos os tempos, em todas as sociedades que tiveram que se submeter ao ato sem prazer, com sofrimento e muitas vezes com dor, nojo e horror. Casamentos arranjados. 
Como sou sortuda em não ser submetida ao casamento como uma peça de troca ou uma filha indesejável ao pai que precisava ter um filho homem, pelo seu valor social, em detrimento ao fardo de ter uma filha. Mas que diabo, as mulheres eram "mulas" trabalhadoras ao lado dos maridos. Sempre exaustas. Exauridas. Sugadas ao extremo, quer pelo trabalho em casa e ao redor, quer pelas gravidezes. 
Tia Irene faleceu nessa terça. Seu sepultamento foi horinhas atrás... Minha mami lembra dos inúmeros partos em casa que vovó tinha. Oito filhos vivos. Um atrás do outro. Uma gravidez atrás da outra. E o valor da mulher? (Mônica)

Boa reflexão. O mundo mudou muito. Essas questões lançadas e repensadas pelas novas gerações fazem as gerações mais velhas refletirem.
Minha mãe na semana passada me trouxe uma questão que fiquei meio que com uma batata quente na mão.
Para não fazer juízo de valor e deixar a cabeça dela mais desorganizada, porque esses novos paradigmas desorganizam as cabeças que até então receberam comportamentos sem questionamentos, eu me limitei a dizer para ela que era realmente uma questão muito difícil de resolver naquela época. (Mary)



Estou amando Pachinko. Ainda estou em 14% mas não tenho vontade de largar. Até aqui Min Jin Lee nos serve uma escrita doce e fácil. Quem me conhece sabe que adoro história, e estou encantada até agora, ainda que muito triste com a mortandade na Coreia colonizada e subjugada pelos japoneses nos idos de 1900. A morte por cólera e tuberculose era comum. Os natimortos e abortos espontâneos também. Era um povo muito sofrido, e ainda por cima pisado pela arrogância japonesa. Eu adoro cada personagem que até agora cruzou meu caminho. Inclusive os coadjuvantes como o vendedor de carvão, o pastor da igreja próxima, e especialmente o amoroso pai de Sunja e sua forte mãe. Para dizer a verdade gosto até mesmo do que chamaríamos de "homem mal que desonrou uma jovem". Até ele tem uma doçura, e a escritora realmente não o pintou de pilantra. Ele realmente acreditava que estava agindo corretamente, tentando ter mais de uma família. Obviamente já estou apaixonada pelo jovem pastor tuberculoso que protagoniza o livro, aparentemente. Depois de ler até aqui, dei uma parada para finalmente espiar o resumo do livro (comecei a ler às cegas, devido à paixão de Rosemary), e já percebi que também acompanhamos três gerações. Imagino que ainda vou me apaixonar por muitas personagens que virão pela frente, e por conhecer a Coreia e o Japão daquela época. Já esclarecendo, Pachinko é o mesmo que jogo do bicho do Brasil. Parece ter uma papel importante no Japão, pois apesar de semi ilegal, é onde os humilhados coreanos se reúnem. Ainda estou longe daí. Ainda estou na Coreia com nossos jovens Sunja e Baek Isak. (Mônica)

Uma coisa que percebi é que à medida que as gerações avançam, as histórias ficam mais fortes nos personagens mais jovens.
Eu acho que é assim mesmo, as novas gerações ganham um protagonismo na vida. (Rosemary)



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