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23 de abril de 2024

Ode a Um Rouxinol: John Keats

Leitura de referência - Shalimar, o equilibrista: Salman Rushdie
Debate: 11 de setembro de 2015 - 19:00 h
Livraria Icaraí - Icaraí - Niterói




Doi-me o coração, e um torpor letárgico
Fere meu sentido, como se tomasse cicuta,
Ou ingerisse até o fim algum ópio
Instantes atrás, e ao Letes me precipitasse.
Não que inveje teu alegre destino
Mas por ser feliz com tua alegria - 
Que tu, Dríade das leves asas,
Num lugar melodioso
De faias verdes, e sombras incontáveis,
Celebras a plena voz teu canto de verão.



II



Oh! Gole farto de vinho velho!
Fresco há muito no profundo coração da terra,
Com sabor da Flora e verdes prados,
Dança e canção Provençal, alegria queimada de sol!
Oh! taça plena do quente Sul
Cheia da vera e rubra Hipocrene
Com borbulhas qual contas piscando nas bordas,
Boca tinta de púrpura;
Se pudesse beber, e sumir deste mundo,
E contigo desvanecer na escura floresta.



III



Desvanecer, dissolver e deslembrar
O que tu entre as folhas jamais conheceste
O fastio, a febre, e o frêmito
Aqui, onde os homens sentam e se escutam gemer;
Onde a paralisia agita os últimos parcos cabelos brancos,
Onde os jovens empalidecem, e morrem qual espectros;
Onde apenas pensar causa a dor
E o desespero dos olhos plúmbeos,
Onde a Beleza não pode suster seus olhos brilhantes,
Nem um novo Amor definhar mais um dia.



IV



Longe, Longe! A ti voarei,
Não na carruagem de Baco e seus leopardos,
Mas nas invisíveis asas da Poesia
Embora o turvo cérebro retarde e confunda.
Já contigo! Suave é a noite,
E talvez a Rainha Lua esteja em seu trono
Cercada por suas Fadas estelares;
Mas aqui não há luz,
Senão aquela que do céu com as brisas sopra
Pelas glaucas trevas e sendas sinuosas de musgo.



V



Não vejo que flores estão a meus pés,
Nem qual suave incenso dos ramos exala,
Mas, na treva embalsamada, desvelo o aroma
Que cada mês regala
A relva, a coifa, as frutíferas árvores silvestres;
Branco pilriteiro e madresilva pastoral;
As violetas que cedo murcham veladas sob as folhas;
E a primeira filha dos meados de maio,
A rosa de almiscar, no vinho de orvalho imersa,
Murmúrea paragem de moscas das tardes de verão.



VI



No escuro escuto; por várias vezes
Que tenho sido seduzido pela suave morte,
Lhe dando ternos nomes em versos refletidos,
Para que pegasse no ar meu sutil alento;
Nunca como agora me parece tão boa a morte,
Findar a meia-noite sem nenhuma dor,
Enquanto tu em torno desvanesces a alma
Neste êxtase!
Ainda cantarias, e de nada valeriam meus ouvidos - 
A teu alto réquiem em terra transformado.



VII



Não nasceste para a morte, Ave imortal!
As gerações famintas não pisam em ti;
A voz que escuto esta noite foi ouvida
Pelo palhaço e o imperador nos tempos remotos.
Talvez a mesma melodia que encontrou lugar
No triste coração de Rute, quando, saudosa do lar,
Chorou entre o trigo estrangeiro;
A mesma que várias vezes encantou
As mágicas janelas, abertas sobre a espuma
Dos mares perigosos, nas encantadas terras perdidas.



VIII



Perdidas! Esta palavra é como um sino
Que, dobrando, me faz voltar a mim mesmo!
Adeus! A fantasia não pode tanto iludir
Como parece, ó elfo ludibriador.
Adeus! Adeus! Teu hino pungente se esvai
Além dos prados vizinhos, sobre o tranquilo riacho,
Subindo o monte; é agora profundamente enterrado
Nas clareiras do vale ao lado.
Foi esta uma visão ou sonhei desperto?
A música se foi: - Estarei dormindo ou acordado? 






ODE A UM ROUXINOL

 A “Ode a um rouxinol”, uma das prediletas no grupo das grandes odes, trata da felicidade que é o canto do rouxinol, das tristezas do mundo e da sedução da morte; todavia o canto da avezinha transcende a mortalidade e é tão belo que o poeta, no fim, indaga se não terá sonhado. Jorge Luis Borges toma a ode como “fonte de inesgotável poesia”. Além do rouxinol que havia na casa de Hampstead, conta-se que uma noite da primavera de 1819, Keats se encontrava com Severn e outros companheiros na “Spaniard’s Inn”, em Hanpstead Heath; Severn percebeu de repente que Keats se havia eclipsado e deu com ele, sob um grupo de pinheiros, a ouvir um rouxinol. Keats seguiu a inovação de Coleridge, que foi o primeiro, diz-se, a fazer do canto do rouxinol um canto de alegria. Dias antes de escrever a ode, Keats conversara com Coleridge, e na palestra entraram rouxinóis. A ode foi publicada nos Annals of Fine Arts em julho de 1819, contendendo-se sobre se foi escrita no início ou em meados de maio, se antes ou depois da “Ode sobre uma urna grega”.


26 de março de 2024

23 de março de 2024

Em 2024 - No caminho de Guermantes: Proust

Mas onde estaria localizado, no quadro, o misterioso fragmento amarelo ?

Ao longo do tempo, dezenas de críticos e comentaristas levantaram hipóteses ou preferências sobre sua localização. O quadro vai reproduzido aqui com algumas indicações para você escolher, em sua opinião, a mais provável.

proust_view_of_delft_detail


Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust 






Incluindo o link: https://gavetadoivo.wordpress.com/

"Torso arcaico de Apolo

Não conhecemos sua cabeça legendária
na qual as pupilas maturavam. Porém
seu torso ainda arde como uma luminária,
em que seu olhar, mais tênue, se detém,

fica e brilha. Senão o leve reflexo
da curva do seu peito não te cegaria,
nem o sorrir, no giro dos quadris, iria
correr para esse centro que portava o sexo.

Seria apenas uma pedra deformada
sob os ombros de diáfana derrocada
e como pêlos de fera não brilharia

e nem teria toda sua forma rompida
como uma estrela: lugar não haveria
que não ti veja. Precisas mudar tua vida.

Traduçâo de Karlos Rischbieter"
https://gavetadoivo.wordpress.com/2011/04/19/senhores-e-tempo-de-rilke/#:~:text=%E2%80%94-,Torso%20arcaico%20de%20Apolo,Tradu%C3%A7%C3%A2o%20de%20Karlos%20Rischbieter,-%E2%80%94 
















La vie mondaine par sa nullité, par son ennui, donne un besoin perpétuel de changement, et les mondains, comme les neurasthéniques, ne subissent la loi que des volontés indifférentes à leurs capriches et qui ne se laissent pas plier. 



Je peux le dire ici, bien que je ne susse pas alors ce qui ne devait arriver que dans la suite. Certes, il est plus raisonnable de sacrifier sa vie aux femmes qu’aux timbres-poste, aux vieilles tabatières, même aux tableaux et aux statues. Seulement l’exemple des autres collections devrait nous avertir de changer, de n’avoir pas une seule femme, mais beaucoup. Ces mélanges charmants qu’une jeune fille fait avec une plage, avec la chevelure tressée d’une statue d’église, avec une estampe, avec tout ce à cause de quoi on aime en l’une d’elles, chaque fois qu’elle entre, un tableau charmant, ces mélanges ne sont pas très stables. Vivez tout à fait avec la femme et vous ne verrez plus rien de ce qui vous l’a fait aimer ; certes les deux éléments désunis, la jalousie peut à nouveau les rejoindre. Si après un long temps de vie commune je devais finir par ne plus voir en Albertine qu’une femme ordinaire, quelque intrigue d’elle avec un être qu’elle eût aimé à Balbec eût peut-être suffi pour réincorporer en elle et amalgamer la plage et le déferlement du flot. Seulement ces mélanges secondaires ne ravissant plus nos yeux, c’est à notre cœur qu’ils sont sensibles et funestes. On ne peut sous une forme si dangereuse trouver souhaitable le renouvellement du miracle. Mais j’anticipe les années. Et je dois seulement ici regretter de n’être pas resté assez sage pour avoir eu simplement ma collection de femmes comme on a des lorgnettes anciennes, jamais assez nombreuses derrière une vitrine où toujours une place vide attend une lorgnette nouvelle et plus rare.


Il y avait à Combray une rue de Saintrailles à laquelle je n'avais jamais repensé. Elle conduisait de la rue de la Bretonnerie à la rue de l'Oiseau. Et comme Saintrailles, ce compagnon de Jeanne d'Arc, avait en épousant une Guermantes fait entrer dans cette famille le comté de Combray, ses armes écartelaient celles de Guermantes au bas d'un vitrail de Saint-Hilaire. Je revis des marches de grès noirâtre pendant qu'une modulation ramenait ce nom de Guermantes dans le ton oublié où je l'entendais jadis, si différent de celui où il signifiait les hôtes aimables chez qui je dînais ce soir. Si le nom de duchesse de Guermantes était pour moi un nom collectif, ce n'était pas que dans l'histoire, par l'addition de toutes les femmes qui l'avaient porté, mais aussi au long de ma courte jeunesse qui avait déjà vu, en cette seule duchesse de Guermantes, tant de femmes différentes se superposer, chacune disparaissant quand la suivante avait pris assez de consistance. Les mots ne changent pas tant de signification pendant des siècles que pour nous les noms dans l'espace de quelques années. Notre mémoire et notre cœur ne sont pas assez grands pour pouvoir être fidèles.


* * * 


« Qu'est-ce que vous me dites là ? » s'écria la duchesse en s'arrêtant une seconde dans sa marche vers la voiture et en levant ses beaux yeux bleus et mélancoliques, mais pleins d'incertitude. Placée pour la première fois de sa vie entre deux devoirs aussi différents que monter dans sa voiture pour aller dîner en ville, et témoigner de la pitié à un homme qui va mourir, elle ne voyait rien dans le code des convenances qui lui indiquât la jurisprudence à suivre et, ne sachant auquel donner la préférence, elle crut devoir faire semblant de ne pas croire que la seconde alternative eût à se poser, de façon à obéir à la première qui demandait en ce moment moins d'efforts, et pensa que la meilleure manière de résoudre le conflit était de le nier. « Vous voulez plaisanter ? » dit-elle à Swann.


  • Et je sentais que ce plaisir social n’était pas du plaisir, que le plaisir c’était ce que, sans comprendre  pourquoi cela me rendait si heureux, ce que j’avais éprouver à Combray quand j’étais arrivé à démêler l'image de deux clochers peints sur le ciel, analogue à ce que je devais éprouver plus tard à chercher ce que me rappelait le goût de la madeleine trempée dans la tasse de thé. Malgré cela ce que je recherchais c’était les soirées où je rencontrais des gens que je me persuadais être agréables, et dont je me répétais les conversations avec un plaisir probablement  incomplet et où cependant ma pensée n’était pas interessée puisque je brûlais de les réciter à d’autres, mais en attendant ne pouvais que me les répéter tout haut, sentais bien que je ne pouvais en rien les approfondir dans la solitude et les transformer, car on ne peut travailler en soi-même que sur une impression absolument vraie et que celles-là, si agréables qu’elles fussent, étaient malgré tout un peu factices. 






En amour, souvent, la gratitude, le désir de faire plaisir, font donner au-delà de ce que l'espérance et l'intérêt avaient promis. (p. 464)

... comme Leibniz admet que chaque monade en reflétant tout l'univers y ajoute quelque chose de particulier. (p. 463)




Authentique ou non, l'apostrophe de Mlle de Guermantes au grand-duc, colportée de maison en maison, était une occasion de raconter avec quelle élégance excessive Oriane était arrangée à ce dîner. Mais si le luxe (ce qui précisément le rendait inaccessible aux Courvoisier) ne naît pas de la richesse, mais de la prodigalité, encore la seconde dure-t-elle plus longtemps si elle est enfin soutenue par la première, laquelle lui permet alors de jeter tous ses feux. Or, étant donné les principes affichés ouvertement non seulement par Oriane, mais par Mme de Villeparisis, à savoir que la noblesse ne compte pas, qu'il est ridicule de se préoccuper du rang, que la fortune ne fait pas le bonheur, que seuls l'intelligence, le coeur, le talent ont de l'importance, les Courvoisier pouvaient espérer qu'en vertu de cette éducation qu'elle avait reçue de la marquise, Oriane épouserait quelqu'un qui ne serait pas du monde, un artiste, un repris de justice, un va-nu-pieds, un libre penseur, qu'elle entrerait définitivement dans la catégorie de ce que les Courvoisier appelaient « les dévoyés ».




« Hélas, eût pensé Robert, est-ce la peine que j'aie passé ma jeunesse à mépriser la naissance, à honorer seulement la justice et l'esprit, à choisir, en dehors des amis qui m'étaient imposés, des compagnons gauches et mal vêtus s'ils avaient de l'éloquence, pour que le seul être qui apparaisse en moi, dont on garde un précieux souvenir, soit non celui que ma volonté, en s'efforçant et en méritant, a modelé à ma ressemblance, mais un être qui n'est pas mon oeuvre, qui n'est même pas moi, que j'ai toujours méprisé et cherché à vaincre ? Est-ce la peine que j'aie aimé mon ami préféré comme je l'ai fait, pour que le plus grand plaisir qu'il trouve en moi soit celui d'y découvrir quelque chose de bien plus général que moi-même, un plaisir qui n'est pas du tout, comme il le dit et comme il ne peut sincèrement le croire, un plaisir d'amitié, mais un plaisir intellectuel et désintéressé, une sorte de plaisir d'art ? » 


* * *

Nous ne profitons guère de notre vie, nous laissons inachevées dans les crépuscules d’été ou les nuits précoces d’hiver les heures où il nous avait semblé qu’eût pu pourtant être enfermé un peu de paix ou de plaisir. Mais ces heures ne sont pas absolument perdues.

* * * 

Quand je me retrouvai seul chez moi, me rappelant que j'avais été faire une course l'après-midi avec Albertine, que je dînais le surlendemain chez Mme de Guermantes, et que j'avais à répondre à une lettre de Gilberte, trois femmes que j'avais aimées, je me dis que notre vie sociale est, comme un atelier d'artiste, remplie des ébauches délaissées où nous avions cru un moment pouvoir fixer notre besoin d'un grand amour, mais je ne songeai pas que quelquefois, si l'ébauche n'est pas trop ancienne, il peut arriver que nous la reprenions et que nous en fassions une œuvre toute différente, et peut-être même plus importante que celle que nous avions projetée d'abord.

Quando me vi sozinho em casa, lembrando-me que tinha ido às compras à tarde com Albertine, que dois dias depois jantaria em Madame de Guermantes e que devia responder a uma carta de Gilberte, três mulheres que amara, digo a mim mesmo que nossa vida social é, como o ateliê de um artista, cheia de esboços abandonados onde pensamos por um momento que poderíamos suprir nossa necessidade de um grande amor, mas não pensei que às vezes, se o esboço não for muito antigo, pode acontecer que o retomemos e façamos dele um trabalho completamente diferente, e talvez até mais importante do que aquele que havíamos planejado originalmente.



Nous sommes le club de lecture dont les gens ne vont aux réunions que s'ils le peuvent.



C’est la terrible tromperie de l’amour qu’il commence par nous faire jouer avec une femme non du monde extérieur, mais avec une poupée intérieure à notre cerveau, la seule d’ailleurs que nous ayons toujours à notre disposition, la seule que nous posséderons, création factice à laquelle peu à peu, pour notre souffrance, nous forcerons la femme réelle à ressembler.



Je n'obéis pas tout de suite à cette invitation. Un autre l'eût même pu trouver superflue, car Albertine avait une prononciation si charnelle et si douce que, rien qu'en vous parlant, elle semblait vous embrasser. Une parole d'elle était une faveur, et sa conversation vous couvrait de baisers. Et pourtant elle m'était bien agréable, cette invitation. Elle me l'eût été même d'une autre jolie fille du même âge ; mais qu'Albertine me fût maintenant si facile, cela me causait plus que du plaisir, une confrontation d'images empreintes de beauté. Je me rappelais Albertine d'abord devant la plage, presque peinte sur le fond de la mer, n'ayant pas pour moi une existence plus réelle que ces visions de théâtre où on ne sait pas si on a affaire à l'actrice qui est censée apparaître, à une figurante qui la double à ce moment-là, ou à une simple projection. Puis la femme vraie s'était détachée du faisceau lumineux, elle était venue à moi, mais simplement pour que je pusse m'apercevoir qu'elle n'avait nullement, dans le monde réel, cette facilité amoureuse qu'on lui supposait dans le tableau magique. J'avais appris qu'il n'était pas possible de la toucher, de l'embrasser, qu'on pouvait seulement causer avec elle, que pour moi elle n'était pas une femme plus que des raisins de jade, décoration incomestible des tables d'autrefois, ne sont des raisins. Et voici que dans un troisième plan elle m'apparaissait réelle, comme dans la seconde connaissance que j'avais eue d'elle, mais facile comme dans la première ; facile, et d'autant plus délicieusement que j'avais cru si longtemps qu'elle ne l'était pas. Mon surplus de science sur la vie (sur la vie moins unie, moins simple que je ne l'avais cru d'abord) aboutissait provisoirement à l'agnosticisme. Que peut-on affirmer, puisque ce qu'on avait cru probable d'abord s'est montré faux ensuite, et se trouve en troisième lieu être vrai ? (Et hélas, je n'étais pas au bout de mes découvertes avec Albertine.) En tout cas, même s'il n'y avait pas eu l'attrait romanesque de cet enseignement d'une plus grande richesse de plans découverts l'un après l'autre par la vie (cet attrait inverse de celui que Saint-Loup goûtait, pendant les dîners de Rivebelle, à retrouver, parmi les masques que l'existence avait superposés dans une calme figure, des traits qu'il avait jadis tenus sous ses lèvres), savoir qu'embrasser les joues d'Albertine était une chose possible, c'était pour moi un plaisir peut-être plus grand encore que celui de les embrasser. Quelle différence entre posséder une femme sur laquelle notre corps seul s'applique parce qu'elle n'est qu'un morceau de chair, et posséder la jeune fille qu'on apercevait sur la plage avec ses amies, certains jours, sans même savoir pourquoi ces jours-là plutôt que tels autres, ce qui faisait qu'on tremblait de ne pas la revoir. La vie vous avait complaisamment révélé tout au long le roman de cette petite fille, vous avait prêté pour la voir un instrument d'optique, puis un autre, et ajouté au désir charnel l'accompagnement, qui le centuple et le diversifie, de ces désirs plus spirituels et moins assouvissables qui ne sortent pas de leur torpeur et le laissent aller seul quand il ne prétend qu'à la saisie d'un morceau de chair, mais qui, pour la possession de toute une région de souvenirs d'où ils se sentaient nostalgiquement exilés, s'élèvent en tempête à côté de lui, le grossissent, ne peuvent le suivre jusqu'à l'accomplissement, jusqu'à l'assimilation, impossible sous la forme où elle est souhaitée, d'une réalité immatérielle, mais attendent ce désir à mi-chemin, et au moment du souvenir, du retour, lui font à nouveau escorte ; baiser, au lieu des joues de la première venue, si fraîches soient-elles, mais anonymes, sans secret, sans prestige, celles auxquelles j'avais si longtemps rêvé, serait connaître le goût, la saveur, d'une couleur bien souvent regardée. On a vu une femme, simple image dans le décor de la vie, comme Albertine profilée sur la mer, et puis cette image, on peut la détacher, la mettre près de soi, et voir peu à peu son volume, ses couleurs, comme si on l'avait fait passer derrière les verres d'un stéréoscope. C'est pour cela que les femmes un peu difficiles, qu'on ne possède pas tout de suite, dont on ne sait même pas tout de suite qu'on pourra jamais les posséder, sont les seules intéressantes. Car les connaître, les approcher, les conquérir, c'est faire varier de forme, de grandeur, de relief l'image humaine, c'est une leçon de relativisme dans l'appréciation d'un corps, d'une femme, belle à réapercevoir quand elle a repris sa minceur de silhouette dans le décor de la vie. Les femmes qu'on connaît d'abord chez l'entremetteuse n'intéressent pas, parce qu'elles restent invariables.





Je peux le dire ici, bien que je ne susse pas alors ce qui ne devait arriver que dans la suite. Certes, il est plus raisonnable de sacrifier sa vie aux femmes qu'aux timbres-poste, aux vieilles tabatières, même aux tableaux et aux statues. Seulement l'exemple des autres collections devrait nous avertir de changer, de n'avoir pas une seule femme, mais beaucoup. Ces mélanges charmants qu'une jeune fille fait avec une plage, avec la chevelure tressée d'une statue d'église, avec une estampe, avec tout ce à cause de quoi on aime en l'une d'elles, chaque fois qu'elle entre, un tableau charmant, ces mélanges ne sont pas très stables. Vivez tout à fait avec la femme et vous ne verrez plus rien de ce qui vous l'a fait aimer; certes les deux éléments désunis, la jalousie peut à nouveau les rejoindre. Si après un long temps de vie commune je devais finir par ne plus voir en Albertine qu'une femme ordinaire, quelque intrigue d'elle avec un être qu'elle eût aimé à Balbec eût peut-être suffi pour réincorporer en elle et amalgamer la plage et le déferlement du flot. Seulement ces mélanges secondaires ne ravissant plus nos yeux, c'est à notre cœur qu'ils sont sensibles et funestes. On ne peut sous une forme si dangereuse trouver souhaitable le renouvellement du miracle. Mais j'anticipe les années. Et je dois seulement ici regretter de n'être pas resté assez sage pour avoir eu simplement ma collection de femmes comme on a des lorgnettes anciennes, jamais assez nombreuses derrière une vitrine où toujours une place vide attend une lorgnette nouvelle et plus rare.




" Depois de ter deixado Paris , onde, apesar da primavera que já apontava, as  árvores dos boulevares estavam apenas com as primeiras folhas, o trem circular nos deixou , a Saint-Loup e a mim,   no povoado dos arredores em que morava a sua amante, foi uma verdadeira maravilha ver cada jardinzinho empavesado pelos imensos altares brancos das árvores frutíferas em flor. Era como uma das festas singulares , poéticas, efêmeras e locais que  gente vem contemplar de muito longe em épocas fixas , mas uma festa dada pela natureza. As flores das cerejeiras são tão estreitamente aderidas aos ramos, como uma branca envoltura, que de longe, entre as  árvores que não estavam nem bem floridas nem enfolhadas poder-se-ia acreditar, por aquele dia de sol ainda tão frio, que era a neve derretida em outros lugares que havia permanecido intacta junto aos arbustos. Mas as grandes pereiras envolviam cada casa, cada humilde pátio, de uma brancura mais vasta, mais unida, mais fulgurante e como se todas as casas, todas as cercas do povoado estivessem a fazer , na mesma data, a sua primeira comunhão. "
Pag 139.


Les niais s'imaginent que les grosses dimensions des phénomènes sociaux sont une excellente occasion de pénétrer plus avant dans l'âme humaine ; ils devraient au contraire comprendre que c'est en descendant en profondeur dans une individualité qu'ils auraient chance de comprendre ces phénomènes.

Vous n'avez pas essayé d'un petit voyage, le changement d'air, retrouver l'appétit,  etc.


Allez aux Champs-Elysées, Madame, près du massif de lauriers qu'aime votre petit-fils. Le laurier vous sera salutaire. Il purifie. Après avoir exterminé le serpent Python, c'est une- branche de laurier à la main qu'Apollon fit son entrée dans Delphes. Il voulait ainsi se préserver des germes mortels de la bête venimeuse. Vous voyez que le laurier est le plus ancien, le plus vénérable, et j'ajouterai — ce qui a" sa valeur en thérapeutique, comme en prophylaxie — le plus beau des antiseptiques. »



- "Que pensez-vous de l'amour?"

- "L'amour? Je le fais souvent mais je n'en parle jamais."


Paraísos perdidos

Cabourg Balbec

Une femme unconnue

A primavera de Botticelli

J'accuse (filme de 2019)

A consciência do amor em Proust, uma questão de espaço

How to read Proust


João XX

15 Disse ele: "Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando?"
Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: 
"Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei". 




Marcel Proust rare footage, 1904


Le parcours Marcel Proust - Visites privées


"Marcel Proust au fil du temps" 



Pasiphaé


O Tempo: Páginas inéditas do escritor francês Marcel Proust serão publicadas em março


Unseen work by Proust announced as ‘thunderclap’ by French publisher


Prousts long lost novel turns up in a pile of old papers


Proust inédito


Le XVème siècle est celui de l'expansion extraordinaire des systèmes allégoriques. L'architecture des cathédrales et les vastes fresques murales dont elles sont couvertes peuvent être lues comme des allégories. Dans la chapelle Scrovegni de Padoue, à hauteur de regard, Giotto peint quatorzes figures de vices et vertus. Elles sont irréelles, détachées de tout contexte, systématiquement défigurées, déformées, invraisemblables, hétéroclites. Ici un serpent sort de la bouche de l'Invidia (envie), qui est implicitement associée à la médisance. Elle marche dans un grand feu de couleur vive qui contraste avec la grisaille des figures. Il ne s'agit pas de fantaisie, mais de similitude dissemblable : l'image aberrante, absurde ou inconvenante est supposée active. Son intensité visuelle déclenche un souvenir chez celui qui la contemple. Il est frappé, traumatisé.



Mitologia Grega: O castigo das danaides


  • https://youtu.be/-hdRPoTKc1A


Elstir


 "Joie, joie, joie, pleurs de joie" (Pascal)

Félicité inconnue!


"Denombrement devant Bethléem": Bruegel l'Ancien


On pardonne  les crimes individuels, mais non la participation à un crime collectif.






C'est dans la maladie que nous nous rendons compte que nous ne vivons pas seuls, mais enchaînés à un être différent, dont des abîmes nous séparent, qui ne nous connaît pas et duquel il est impossible de nous faire comprendre : notre corps...

... La médecine étant un compendium des erreurs successives et contradictoires des médecins, en appelant à soi les meilleurs d'entre eux on a grande chance d'implorer une vérité qui sera reconnue fausse quelques années plus tard. De sorte que croire à la médecine serait la suprême folie, si n'y pas croire n'en était pas une plus grande car de cet amoncellement d'erreurs se sont dégagées à la longue quelques vérités.





"(...)Voltando ao som: se reforçarmos os tampões que fecham o conduto auditivo, estes
obrigam ao pianíssimo a moça que executava acima da nossa cabeça uma ária turbulenta;
se untarmos esses tampões com qualquer substância oleosa, logo o seu despotismo é
obedecido pela casa inteira e suas leis se estendem até o exterior. Já não basta o
pianíssimo, o tampão faz instantaneamente fechar-se o piano e acaba-se de inopino a lição de música; o senhor que marchava sobre a nossa cabeça cessa de súbito a sua
ronda; a circulação dos carros e dos bondes é interrompida como se esperassem um
chefe de Estado. E essa atenuação dos sons até perturba algumas vezes o sono, em vez
de protegê-lo. Ontem ainda os ruídos incessantes, descrevendo-nos de modo contínuo
os movimentos da rua e da casa, acabavam por nos adormecer como um livro
aborrecido; hoje, na superfície de silêncio estendida sobre o nosso sono, um choque,
mais forte que os outros, chega a fazer-se ouvir, leve como um suspiro, sem ligação
com nenhum outro som, misterioso; e o pedido de explicação que ele nos exala basta
para nos acordar.

Que se retirem por um instante ao doente os algodões superpostos ao
seu tímpano e subitamente a luz, o sol pleno do som, ofuscante, aparece, ressurge no
universo; a toda a velocidade regressa o povo aos rumores vedados; assiste-se, como se
fossem salmodiadas por anjos musicistas, à ressurreição das vozes. As ruas vazias, num
instante as enchem as asas rápidas e sucessivas dos bondes cantores. E no próprio
quarto, o doente acaba de criar, não como Prometeu o fogo, mas o rumor do fogo. E
apertando e afrouxando os tampões de algodão, é como se alternadamente se acionassem
um e outro dos dois pedais que foram acrescentados à sonoridade do mundo exterior

Mas há supressões de ruído que não são momentâneas. O que ficou completamente
surdo nem ao menos pode aquecer leite ao seu lado sem que precise ficar espiando sobre
a vasilha destampada o reflexo branco, hiperbóreo, semelhante a uma tempestade de
neve, e que é o signo premonitório a que é prudente obedecer, desligando, como o
Senhor ao deter as águas, os condutores elétricos; pois já o voo ascendente e
espasmódico do leite que ferve dá vazão à sua cheia em algumas investidas oblíquas,
enfuna, arredonda algumas velas meio soçobradas que a nata havia pregueado, arroja à
tempestade uma de nácar; e a interrupção das correntes, se se conjura a tempo a tormenta
elétrica, fará girar todas elas sobre si mesmas e as soltará em deriva, mudadas em pétalas
de magnólias.

Mas se o doente não tomou com a devida pressa as precauções
necessárias, logo, com os seus livros e relógio emergindo a custo de um oceano branco,
após aquela mascarada láctea, será obrigado a pedir socorro à velha criada que, mesmo
que seja o patrão um político ilustre ou um grande escritor, lhe dirá que ele não tem
mais juízo que uma criança de cinco anos. Em outros momentos, no quarto mágico,
adiante da porta fechada, uma pessoa que ainda há pouco não estava ali faz a sua
aparição; é um visitante a quem não se viu entrar e que apenas faz gestos como num
desses pequenos teatros de fantoches, tão repousantes para os que se entediaram da
linguagem falada. E quanto ao surdo integral, visto que a perda de um sentido
acrescenta tanta beleza ao mundo como o não faria a sua aquisição, é com delícia que
passeia agora por uma Terra quase edênica onde o som ainda não foi criado. As mais
altas cascatas se desenrolam, para os seus olhos apenas, mais calmas que o mar imóvel,
como cataratas do Paraíso

Como o ruído era para ele, antes da surdez; a forma
perceptível sob a qual jazia a causa de um movimento, os objetos movidos sem rumor
parecem movidos sem causa; despojados de toda qualidade sonora, mostram uma
atividade espontânea, parecem viver; agitam-se, imobilizam-se, incendeiam-se por si
mesmos. Alçam por si mesmos o voo, como os monstros alados da Pré-História. Na
casa solitária e sem vizinhos do surdo, o serviço, que já mostrava mais reserva e era
feito silenciosamente antes que a afecção fosse completa, está agora, com algo de sub-
reptício, assegurado por mudos, como acontece com um rei de féerie. (...)"

O caminho de guermantes pag.85



"Chacun voit en plus beau ce qu'il voit à distance, ce qu'il voit chez les autres." (p. 226)





De resto, há certos assuntos sobre os quais é muito imprudente criar uma agitação que depois nos fuja ao controle.

Certes il faut mettre le holà  aux menées antimilitaristes mais nous n'avons non plus que faire d'un grabuge encouragé par ceux des éléments de droite qui, au lieu de servir l'idée patriotique, songent à se servir. La France, Dieu merci, n'est pas une république sud-américaine  et le besoin ne se fait pas sentir d'un général de pronunciamento.





Les Bretonnes au pardon: Pascal Dagnan-Bouveret