Fundado em 28 de Setembro de 1998

31 de agosto de 2021

Urgência: Vera Lucia Schubnell Freire


Você escorre entre meus dedos como mel aguado
Deixando um cheiro doce que vicia
Abelhas me rondam, me beijam apaixonadas
Na ilusão de um amor que as sacie.

Busco resposta pra um sentir tão só,
Que aperta o peito, que me distancia...
Receio. Um medo me domina.
Provar seu mel com lábios de menina!

Quero ficar, mas sinto que estou indo
Tenho urgência de vida, de calor.
Não vá, se entrega, me detenha.

Meu tempo é curto, meu amor maior!


(leia outros poemas de Vera Lucia Schubnell Freire no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")


Vera e Eloisa



27 de agosto de 2021

LEREIAS: Edmar Monteiro Filho

 

SEIS CONTOS DA ERA DO JAZZ


 

Recordo-me de dois grossos volumes que enfeitavam a velha estante de meu pai: “A História do Brasil”, de Hélio Vianna. À época, o desafio de enfrentar os dois “catataus” me parecia à altura da chance de compreender tudo o que se passara no país desde o seu “descobrimento” até meados dos anos 1960. Os tomos pouco manuseados, mais que traduzir o cuidado que meu pai sempre teve com os livros, parece traduzir seu desinteresse pelo ambicioso projeto do autor de resumir quase quinhentos anos de história em pouco mais de mil páginas repletas de ilustrações, tabelas e mapas.

O principal desafio das grandes sínteses e dos grandes manuais de história sempre foi a abrangência, desafio que cresce na proporção que o Big Bang do conhecimento amplia seus raios em todas as direções. Desde o advento da chamada “Escola dos Annales”, na França dos anos 1920, as concepções positivistas, que tratavam a História como um amontoado de datas e nomes, revelaram seus equívocos, dando lugar à ideia de que toda atividade humana é, por natureza, histórica. Dessa forma, veio abertura para interpretações e recortes temporais mais amplos, para abordagens temperadas pela Sociologia e para a identificação dos interesses por detrás da construção do discurso histórico. Nesse universo, há que se precaver contra o relativismo extremo, origem de um obscurantismo ignorante que permite, por exemplo, a negação do Holocausto e a defesa do terraplanismo.

Quando se trata de ficção, as fronteiras se alargam. Mediante acordo implícito, o autor pode se permitir ampla liberdade criativa na abordagem dos fatos. Mas é fato que o ficcionista dificilmente escapa de retratar sua própria história, mesmo que veladamente, como é o caso de F. Scott Fitzgerald, em “Seis Contos da Era do Jazz”.

A ideia de caracterizar uma denominada “Era do Jazz”, conforme aparece no título, não se concretiza a partir de uma enumeração descritiva de sinais próprios às primeiras décadas do século XX, nos EUA, onde nasceu Fitzgerald. Aliás, nos contos que compõem a coletânea, o jazz comparece somente como música de fundo para algumas cenas, caso o leitor tenha ouvidos apurados. O que surge, de fato, é a crônica reveladora de um recorte temporal e espacial restritos, através do olhar crítico e desolado de seu autor sobre esse panorama e, especularmente, sobre sua própria vida.

O esclarecedor ensaio introdutório de Brenno Silveira, bem como a introdução de autoria do filho do escritor, trazem uma visão acerca da atribulada vida de Fitzgerald: o talento literário precoce, a busca pelo reconhecimento, o casamento com Zelda e, por fim, o carrossel de excessos – bebida, festas, viagens – que destruíram a saúde de ambos. Mas é no conjunto de narrativas de “Seis Contos da Era do Jazz” que afloram com nitidez as preocupações em torno das barreiras sociais na conservadora sociedade dos EUA durante os anos 1920 como principais traços da literatura do autor de “O Grande Gatsby”.

 Os protagonistas das histórias de Fitzgerald ora lutam pela ascensão social, ora sofrem pela necessidade de manter as aparências adequadas ao seu status. Homens e mulheres, aprisionados por padrões de comportamento impostos por uma sociedade rigidamente estamentada, ensaiam uma independência fadada ao fracasso, pois a hipocrisia, o preconceito arraigado, a ditatura de costumes não dão chances aos desajustados e rebeldes. A sutil ironia que o autor utiliza para forjar as histórias dessas vidas representativas de um universo claramente delimitado não deixam dúvidas a respeito do desencanto do escritor perante esse quadro. Nem mesmo em “O Curioso Caso de Benjamim Button”, tratado fantástico sobre a juventude e a aparência, Fitzgerald deixa de lado sua contundente veia crítica.

“Seis Contos da Era do Jazz” oferece uma visão interpretativa da sociedade de uma época como poucas vezes o relato histórico foi capaz de elaborar. A releitura desse belo livro, por indicação da amiga Eloisa Rodrigues, do Clube de Leitura Icaraí, trouxe, como em geral se dá com as releituras, um reencontro surpreendente. No mais belo conto da coletânea, “Ó Feiticeira Ruiva” – também o preferido de minha querida Eloisa – uma deslumbrante aparição feminina enfeitiça a vida um empregado de livraria. A alegórica cabeleira vermelha de Caroline, tingindo de vivas e ilusórias cores uma vida insípida, simboliza brilhantemente o sonho de tantos que se movem no encalço das pegadas da ilusão. 

 

FITZGERALD, F. Scott. Seis Contos da Era do Jazz. Porto Alegre: L&PM. 1987, 264p.

edmont@uol.com.br

26 de agosto de 2021

Meus Netos: Vera Lucia Schubnell Freire

São seis as minhas pestinhas 
Que completam meu tesouro. 
Cada qual com seu jeitinho. 
Todos joias, meus amores...


Louise, minha primeirinha. 
Chegou pra me acalentar 
Grudadinhas caminhamos. 
Sem jamais nos separar.


Depois chegou o Matheus. 
Meu príncipe, meu guardião. 
Educado, atento, sorridente. 
Da vovó outra paixão.


Manuela, a molequinha. 
Com seu jeitinho matreiro. 
Veio pra botar mais lenha. 
Nesse já quente terreiro.


Na Europa brota uma flor. 
Minha doce e terna Amanda 
Uma orquídea, um primor. 
Que nasceu lá na Alemanha!


Rei Arthur, um gozador. 
Carinhoso, companheiro. 
Falante como ele só. 
Nosso pequeno escudeiro.


Guerreira a Luaninha. 
Chegou pra se firmar. 
Independente, esperta. 
Veio a turma completar!


Assim a vovó Verinha. 
Só tem que se alegrar. 
Com todo esse tesouro. 
Não tem do que reclamar!


Dezembro. 22, 2013. 
Beijinhos ternos da vovó Verinha.


(leia outros poemas de Vera Lucia Schubnell Freire no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")






24 de agosto de 2021

Nas nuvens: Vera Freire




Hoje não vejo o Cristo.
Abro, como sempre, minha janela.
Ele não está.
O dia amanheceu chorando...
As nuvens densas contornam as montanhas.
Elas O abraçam, 
Envolvendo, protegendo.
Existe no ar um convite ao recolhimento.
Gosto de dias chuvosos, eles nutrem minha melancolia.
Existe vida lá fora.
Aqui dentro apenas lembranças.
Na janela pingos de lágrimas brilham.


22 de agosto de 2021

Senhorita Else: Arthur Schnitzler


- Como os homens são tontos!

- Por que ele faz esses olhos de bezerro desmamado?

- Sou eu quem está falando?



"- Você sabe o que fez? Imagine, você foi ao salão de música vestida só com o casacão e, de repente, ficou nua na frente de todos  e caiu desmaiada. Acham que foi um ataque histérico. Não acredito nisso. Também não acho que você esteja desmaiada. Aposto que está ouvindo tudo o que estou lhe dizendo. "



Sinto a brisa fresca

soprando lá das montanhas.

Gostoso arrepio.


Pagará o empréstimo

mostrando-se nua a ele.

O seu pai merece.


Ela sentia algo

insistentemente olhando-a.

Seria um fantasma?


Vastos são os prados

e negros são as montanhas

e o céu sem estrelas.


Triste é a paisagem!

Não, não é ela que está triste.

Na vida, há tristeza.


Não quero saber

do real me maltratando.

Devaneios, quero.

(Elenir)



- Claro, madame, ficarei de acompanhante. Ou Else, como a senhora quiser. 

Descarada. Eu, desmaiada, e ela fazendo piadinhas. (p. 97)



histeria tem em sua origem greco-latina um caráter exclusivamente feminino sendo caracterizada mais tarde por Hipócrates como uma das “doenças das mulheres”. ... Os escritos de Hipócrates sobre a histeria mantiveram a crença da Antiguidade de que o útero teria a capacidade de se deslocar e causar a sufocação.



De acordo com a psicanálise, a organização histérica, entendida como um modo de funcionamento psíquico, caracteriza-se por uma busca permanente, incansável e inconsciente de uma pessoa em ser o objeto do desejo de outra. ... Uma pessoa com histeria vive sem um lugar próprio, atrelada ao suposto desejo de outra pessoa.



histeria (do francês hystérie e este, do grego ὑστέρα, "útero") faz referência a uma hipotética condição neurótica e psicopatológica, predominante essencialmente nas mulheres. ... Pessoas histéricas frequentemente perdem o autocontrole devido a um pânico extremo. 



O CLIc parece champanha!


Incrível tudo que vai pela cabeça da senhorita Else!

Inquietante o questionamento se, talvez, até sermos enterrados, depois que morremos, nós percebamos tudo que acontece ao nosso redor. Vixe!




O endereço permanece Fiala!



"Acabei de receber uma carta, senhor von Dorsday..."


 

18 de agosto de 2021

O código do diabetes: Jason Fung



“Na medida em que se compreende melhor o diabetes, as complicações deveriam diminuir. Porém isso não é o que ocorre. Se a situação só piora, a única explicação lógica é que a nossa compreensão e o tratamento do diabetes tipo 2 são fundamentalmente falhos.” Dr. Jason Fung 





“Evitamos encarar uma verdade inconveniente: as drogas não curam doença alimentar.” 


“Como não poderia deixar de ser, as consequências da dieta com muito carboidrato, uma esquisitice moderna não comprovada, são indesejadas: a obesidade desandou a subir e nunca mais cessou de progredir.”  

O Dr. Fung diz que o diabetes tipo 2 não é uma doença genética que faz parte do processo de envelhecimento, mas tem relação com o estilo de vida. Tudo começa com a resistência à insulina que vai culminar muitos anos depois em diabetes tipo 2. É um processo longo, deletério e silencioso. Portanto, você deverá fazer também o exame para saber como está a sua insulina, não somente a glicose, como muitos médicos costumam pedir rotineiramente.

“A causa da resistência à insulina é a própria insulina.”

“Por ser o principal local onde os nutrientes que serão metabolizados param, o fígado é o epicentro natural dos problemas de saúde causados pelo consumo excessivo. A resistência à insulina é causada principalmente pela infiltração da gordura no fígado, que por sua vez, é causado pelo consumo exagerado de glicose e frutose.” 

“A esteatose hepática, ou deposição da gordura no fígado, é uma das principais causas da resistência à insulina. A gravidade da gordura no fígado tem relação com pré-diabetes, resistência à insulina e funcionamento deficiente das células beta.”

A obesidade anda de mãos dadas com o diabetes tipo 2, ambos dependem que o hormônio insulina esteja baixo para que não cause danos no corpo.

“Seguir uma dieta de baixa gordura, restrita em calorias e exercitar-se são há muito um estilo de vida recomendado para o diabetes do tipo 2. Mas há um problema nesse conselho aparentemente de bom senso: ele também não funciona.”

O estilo de vida ocidental, com excesso de carboidratos refinados, favorece o diabetes tipo 2, embora todos falem que é uma doença crônica e progressiva e tratem com medicamentos e mais insulina, ele não corresponde ao tratamento, só piora. Com alguns cuidados pode até ficar estabilizado, mas reverter sem tratar a causa, isso não acontece. 

O Dr. Jason Fung diz que o diabetes tipo 2 “é uma doença totalmente reversível”. Será que o seu caso está entre os que vão se beneficiar do conteúdo do livro? Ele não diz que as pessoas com grau elevado de comprometimento da doença estão excluídas do tratamento. Eu penso que o acompanhamento de um médico que esteja ciente deste tratamento descrito no livro possa dar a resposta ao paciente que também deverá se empenhar para a recuperação da saúde. Até que ponto será essa melhora nós não sabemos, pois cada caso tem a sua particularidade. A reversão é possível e esta é a melhor mensagem de esperança que nós podemos dar aos diabéticos tipo 2.  


Regras:

1- Evitar frutose.
2- Reduzir carboidratos refinados e usar gorduras naturais.
3- Comer comida de verdade.
4- Fazer jejum com acompanhamento médico. 


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8 de agosto de 2021

Levantado do chão: Edmar Monteiro Filho




            O escritor tcheco Milan Kundera, em "A arte do romance", cita a obra "Os sonâmbulos", de Hermann Broch, como uma das reflexões mais importantes acerca dos eventos que marcaram os primórdios do século XX na Europa. Broch apresenta a Primeira Guerra Mundial como o ápice de um processo de degradação dos pilares que sustentavam a civilização ocidental desde o início da Idade Moderna. O espetáculo da mortandade em escala inimaginável colocou em cheque valores morais, éticos, religiosos. Kundera mostra que, a partir do tema do homem confrontado com a derrocada de uma era, Broch aponta três alternativas. Na primeira delas, diante da ruína inevitável dos valores fundamentais, restaria ao homem apegar-se fanaticamente aos fragmentos desse mundo em decadência. Uma segunda possibilidade seria a busca irracional por novos valores. Assim, o homem se entregaria a filosofias com as mais disparatadas propostas, comportamentos extremos, cultos a personalidades aberrantes, refugiando-se sob o manto da ilusão para fugir ao desamparo. Por fim, numa terceira hipótese, tudo seria permitido diante do vazio; cada um criaria suas próprias leis, mergulhando o mundo num caos de egoísmo e violência.

            Pensadores das mais diversas áreas refletiram acerca desse momento da história humana, quando uma espécie de decepção generalizada se abateu sobre o mundo, fruto das promessas não cumpridas pelo sistema capitalista e pela tecnologia, incapazes de promover o advento de um mundo melhor e mais justo. Dentre esses pensadores, Marx teve papel fundamental, na medida em que suas ideias inspiraram as alternativas mais importantes ao sistema econômico e social em que vivemos, nitidamente baseado na desigualdade e na exploração. Na literatura, não foram poucos os autores cuja escrita sofreram forte influência do pensamento marxista, dentre eles o português José Saramago.

            "Levantado do chão", de 1980, é o terceiro dentre os numerosos romance publicados pelo escritor, e aquele em que mais se evidencia sua opção pelos oprimidos dentro das relações de poder. A ação transcorre na região do Alentejo, num período que vai do início do século XX até meados da década de 1970. Nesse cenário, um narrador onisciente – com o qual é fácil identificar o próprio autor – faz o papel de mestre de cerimônias, convidando o leitor a acompanhar a história de gerações de camponeses pobres da família Mau-Tempo. Sobre o pano de fundo das transformações políticas que levam Portugal da monarquia à república e depois à ditadura, transcorre a existência dos trabalhadores, marcada pela opressão e pela miséria. Se os regimes políticos alteram as formas de acesso ao poder, deixam intocadas as relações sociais no campo. Patrões, autoridades e Igreja mantêm seus privilégios, enquanto os camponeses lutam pela sobrevivência num cenário imutável de verdadeira escravidão.

            Mas esse narrador que opina, toma partido, compondo sua narrativa com a marca da oralidade, vai dando voz aos personagens, num movimento que tende a apresentar uma tomada de consciência. Na primeira geração, os Mau-Tempo pouco dizem por si mesmos. Mas essa mediação vai sendo progressivamente substituída, a atitude submissa e conformada dando lugar ao anseio por mudanças. E se o narrador segue tutelando esses personagens, vai também se "ficcionalizando", declarando suas opções narrativas, misturando-se, de certa forma, a essa massa de descontentes que começa a se erguer e desafiar sua condição. Vão rareando as repetidas comparações dos trabalhadores com animais; multiplicam-se os trechos em que a dura realidade vai sendo retratada com emocionantes toques de poesia, à medida em que aflora a consciência crítica dos camponeses, conduzindo-os da passividade à ação.

            O anticlericalismo de Saramago faz-se presente em diversos momentos. Não por acaso, será Padre Agamedes, guia espiritual da comunidade explorada e aliado dos poderosos, a apontar o declínio da "Santíssima Trindade" do poder instituído: o latifúndio abandonado em prol da urbanização que se anuncia, o Estado conservador ameaçado pelo socialismo e a Igreja perdendo fiéis. Assim, o narrador/Saramago mantém a esperança na redenção de sua gente. Se Hermann Broch enxerga o fanatismo, a ilusão ou o desencanto como opções para o mundo, Saramago acredita numa salvação por obra da conscientização e organização das massas oprimidas. É assim que o escritor acaba fazendo de "Levantados do chão" uma grande profissão de fé.

SARAMAGO, José. Levantado do Chão. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2ª ed., 1989, 366p.



6 de agosto de 2021

Dom Quixote segundo algumas Cliceanas

 


Cavaleiro andante,

Dom Quixote de La Mancha 

e Eloisa, Viva!!!!!!!

(Elenir)


Disquisição na Insônia 

na bela voz da escritora Elenir


Poeta Mariney K.


na voz da haicaísta Cláudia F.


na voz da haicaísta Claudia F. 


Poema de CDA na voz da astróloga Mary



5 de agosto de 2021

Chove! - Vera L. S. F.




A chuva cai.
Dentro de mim existe apenas solidão.  
Sofro, sofro profundamente a perda de um amor.
Recordo, e no meio de tantas lembranças existe a dor dos dias já vividos.
Vejo, você e eu, de repente, um nada.
Imagino, a solidão de uma alma.
Sinto, a dor de uma saudade.
Deixo, toda uma tristeza.
Fico, com uma imensa desilusão. 
Espero, a alegria há muito 
esquecida.
Parto, em busca de paz, de um sorriso, de vida.
Em busca de um amor.



Escrito em 31- 12 - 65.



4 de agosto de 2021

Aos queridos amigos do CLIc:


AGRADECIMENTO

Gracinda, Elenir, Ilnéa,
Norma, Fátima e Dília
aqui, como redondilhas,
vocês me vêm à ideia.

Cíntia, Eloísa, Luzia, Solange
vocês também, é claro, além de Cristiana
e Cícero – nunca sem sua Joana –,
e pra resumir as histórias, só Angela...

Vera, Elizabeth, Ceci,
Lilian, Beatriz, Mara...
São tantas moças, está na cara
de que algumas esqueci.

Mas tento me recuperar a tempo:
há duas Neides, a Graça e a Peixoto,
Niza, Fernanda, Marli e tantos outros
que, peço, sintam-se incluídos, pois este é meu intento.

Claro, claríssimo! Meu coração se agita.
Houve uma que me arrastou para o CLIc,
cheia de decisão, no maior pique,
e agora vejo a poesia chamar-se Rita.

Para falar dos homens, minh’alma submerge:
Antonio, Mike Sullivan, Eduardo,
Carlos Rosa, Frederico, Leonardo,
e nosso nobre Evandro, le concièrge.

Ah, sim, há os nomes do passado que não vivi.
Afinal, treze anos de clube já se vão...
E não esqueçamos dos tantos que ainda virão
no belo futuro que podemos, certamente, presumir.

Tudo isso, meus amigos, nem de longe é um poema sublime.
Mas essa homenagem – é disso que se trata –
é só para mostrar o quão grata
está essa alma que aqui se exprime.

Uma centena de livros e histórias,
personagens, vilões e heróis
– e mesmo com tudo isso somos nós
o que fica na memória.

Os leitores são personagens mais fascinantes
do que todos esses maravilhosos, inventados
pelos autores mais renomados!
As pessoas, sim, preenchem minha alma ofegante.

(Agora, esquecendo as redondilhas, sem tortura:
Nos livros, amargor ou doçura
fazem parte da aventura.
Mas essa ternura,
que sacia minha procura,
encontro mesmo – loucura? –
é nos amigos do Clube de Leitura.)

A todos, de coração, agradeço.
Dos livros, talvez...
mas de vocês
jamais esqueço.


Abs,
Newton

1 de agosto de 2021

Poesia nos olhos e pelos olhos de Vera Lúcia Freire



Nos meus olhos, os olhos de minha filha

Apaixonada pela natureza.
O mar, sua referência.
 
Distante agora dessa visão 
que inundou grande parte de sua vida....
Recorro à orla.
Dia lindo.
Águas calmas e claras.
Barquinhos em preguiça se embalam...
 
Meus olhos marejam.
Me transporto.
Me surpreendo.
Aquela não sou eu.
Aquele momento não é meu.
Nos meus olhos, os olhos de minha filha.




Como nasce uma criação

Vera relata à Cristiana Seixas o momento que a inspirou:


"Cris, passando pela estrada Froes de carro, me veio a lembrança de minha filha que tanto ama essa paisagem. De repente falo para meu marido: nos meus olhos os olhos de milha filha.
Ele não entendeu e perguntou a razão.Chegando em casa, apanhei um papel e escrevi o que estou te enviando. Não sei que nome dar."