Fundado em 28 de Setembro de 1998

28 de setembro de 2020

A resistência: Julián Fuks

Ter um filho há de ser, sempre, um ato de resistência. Talvez a afirmação da continuidade da vida fosse mais um imperativo ético a ser seguido, mais um modo de se opor à brutalidade do mundo" 
(Cap. 13 - pg. 42)


“Resistir: quanto em resistir é aceitar impávido a desgraça, transigir com a destruição cotidiana, tolerar a ruína dos próximos? Resistir será aguentar em pé a queda dos outros, e até quando, até que as pernas próprias desabem? Resistir será lutar apesar da óbvia derrota, gritar apesar da rouquidão da voz, agir apesar da rouquidão da vontade? É preciso aprender a resistir, mas resistir nunca será se entregar a uma sorte já lançada, nunca será se curvar a um futuro inevitável. Quanto do aprender a resistir não será aprender a perguntar-se?”
Cap. 26 - pg. 79





Na dor, o silêncio...
Não da falta de palavras,
mas da própria ausência.

Gente brasileira!
De sua invejada alegria
fizeram o quê?

(Elenir)

Foi assim!

Só podemos nos apoiar no que resiste.
(Talleyrand)


Quinta-feira - 12/4/2018
Varanda lateral esquerda do Teatro da UFF
Centro de Artes UFF
Rua Miguel de Frías, 9 - Icaraí - Niterói - RJ
19:00 h

27 de setembro de 2020

Clube do Conto G Rosa - O Conto da Ilha Desconhecida: José Saramago


Penso que estou quando fico

o tempo, o espaço, a sutil presença me enganam

há muitas coisas de ver e ouvir e tocar,

mas o que sei eu do que não tem sentido ainda?

ando à procura do provar-me em gostos e cheiros de mar


acho o que sequer procurava

e nem preciso explicar o não sonhado sonho realizado


embustes e falsas crenças só iludem quem erra de porta

as opções são dadas a quem é dono de si

a quem quer arriscar-se a se descobrir

burocratas não sabem viver


(Rita Magnago)


Ilha bem conhecida


Reunião 26/09 - 17h


Google Meet - Acesse aqui 


Leia o Conto aqui







Salve São Cosme, São Damião e Doum!

 

9 de setembro de 2020

Em memória - Fui Professora: Gracinda Rosa




Achei interessante que a vida fosse oferecendo oportunidades para Gracinda que não eram suas preferências iniciais e ela soube fazer escolhas e ter coragem de renunciar a antigos anseios. A partir de uma dessas oportunidades ela encontrou sua mais profunda vocação de educadora. Depois foi preciso resistir a outros desafios que pareciam promissores mas a afastariam do que a realizaria profissionalmente.

Gracinda ensina, magistralmente, como tecer um compromisso entre anseios pessoais e as oportunidades que a vida nos oferece, porque parece ser nesse espaço interior onde disputam a perseverança e a aceitação que escrevemos a história de nossa vida.

by Alberto Araújo

Gracinda Rosa é pedagoga com mestrado em Educação, jornalista e escritora. Nasceu em Engenheiro Passos (RJ) e veio para Niterói com 12 anos de idade, onde completou seus estudos e lecionou no ensino primário e médio em diversas instituições locais. Mora em Icaraí onde participa intensamente de diversos movimentos literários e culturais. É membro da Associação Niteroiense de Escritores (ANE), da Academia Niteroiense de Letras (ANL), dos Escritores ao Ar Livro e do Clube de Leitura Icaraí desde fevereiro de 2009. Em 2011 fundou o grupo de convivência literária denominado "Clube das Almas Elegantes", também conhecido por "Clube da Felicidade".  


Obras de Gracinda Rosa

Exercícios Infantis - Edições: 1957, 1958, 1960, 1963, 1965, 1967, 1970, 1972;
Primeiras Leituras - volume 1 - Edições: 1970, 1972;
Primeiras Leituras - volume 2 - Edições: 1970, 1972;
Pequenos Amores (contos) - 1ª Edição 2005 - obra debatida no clube de leitura Icaraí em Janeiro de 2011;
Cabine Individual (romance) - 1ª Edição 2007;
Olhando para trás (Memórias) - 1ª Edição 2012; 
Fui Professora (Memórias / 2) - 1ª Edição 2013;

A palmatória

A cobertura completa do lançamento de "Fui Professora", de Gracinda Rosa, pode ser apreciada aqui.


8 de setembro de 2020

Gracinda Rosa - a passageira dos grandes amores


Esta semana nos despedimos de nossa querida Gracinda. Presença marcante no Clube de Leitura Icaraí, desde outubro de 2008, a pedagoga e jornalista Gracinda Rosa foi mãe, avó orgulhosa, professora, mestre em Educação, membro da Academia Niteroiense de Letras, autora de lindas obras, dona de cultura, sabedoria, doçura e gentileza sem iguais. Por onde passou, Gracinda cativou grandes amores. Acima de tudo, era nossa amiga. Assim, cuidadosamente, se fecha o último dentre os muitos cadernos em que Gracinda registrava zelosamente seu dia a dia, concluindo sua linda jornada. Gratos pela sua vida, Gracinda! Ficamos aqui com saudades, desejando que esteja bem onde estiver. Estará sempre em nossos corações!




7 de setembro de 2020

< ENTRE LEITURAS > Gracinda Rosa



Estou mulher (Breve crônica de Gracinda Rosa) 
                                                                                       
Inspirada em um antigo Ministro brasileiro, arrisco afirmar que não sou mulher, mas, apenas, estou mulher.

Não creio que a alma tenha sexo. Quando me surgiu o ensejo de mais uma vida, vesti-me de mulher e, com este corpo feminino, vim cumprir o destino desta existência terrena. Tem sido uma longa e bela experiência, com flores e espinhos.



Ser professora, ser mãe (coisas, aliás, muito parecidas), ser simplesmente pessoa, conviver, viajar, ler, costurar, bordar, fazer tricô e crochê, cozinhar, cuidar da casa, tudo me deu muito prazer nesta vida.


Certamente, sou ainda apenas uma aprendiz, mas estou encantada com as lições que tenho recebido neste mundo-escola e acho que um coração de mulher, pulsando de amor, de todos os tipos de amor, é uma bússola que indica o caminho a trilhar.

Sinto-me feliz com a oportunidade e, se me for dado escolher,quero ser mulher muitas outras vezes, pois estou convencida de que a missão por ela desempenhada aqui na Terra é muito importante.  Sigo, assim, guiada por este coração feminino, rumo ao infinito...

3 de setembro de 2020

O Destino estrangeiro segundo a Cliceana Maria Marlie



Maria Marlie
Não importa o tempo passado, após ler a dedicatória que você escreveu para mim, em que disse que o afeto era eterno. Digo que serei sua amiga para sempre, sem importar o passado, mas em razão do futuro, que nos fará ligados para sempre em afeto. Haverá o pacto firmado


Adorei o livro: primeiro, as lembranças de uma infância que já vai longe, figuras que se sobrepuseram ao ler seu livro, trazendo fatos e pessoas  de toda uma infância de amigos que frequentaram sempre o meu cotidiano e traziam em sua maioria, para a menina tão pequena que eu era, uma certa aura de encantamento. Seu Davi, um homem sempre vestido em ternos escuros, um chapéu e, pasmem, tinha um carro! De dentro desse carro, tiraria uma enorme mala, enorme para o meu tamanho de três anos e cheia de roupas e cheia de roupas lindas. Uma delícia” Lembro-me de minha mãe, usando um vestido bonito, para quando meu pai chegasse, à noite, e dissesse diante de seus filhos como a mãe deles estava deslumbrante. E outros nomes diferentes dos que eu tinha em minha família, como Moisés Tubenschlach, com quem fui ainda menina comprar a mobília de quarto, que tanto tempo sonhara em ter. Minha mãe queria pagar um preço – nove -, seu Tubenschlach dizia outro – dez –, e eu me desesperava, queria a minha mobília. Propus, então, nove e meio. O negócio foi fechado.

Seu livro  faz-me lembrar de um menino que morava perto de nossa rua e tinha o hábito de jogar futebol com meninas. Era certo que ele não tinha pressa para terminar o jogo. A mãe dele, na esquina, gritava: Maurício está ha hora"!  Os meus primos diziam: seu pai chegou,corre. É capaz do seu Shermann brigar com você. Corre!

Eu me lembro de outros cabelos ruivos que invejava. Regina e as outras meninas, duas ou três, que moravam na Visconde de Sepetiba. Lindas! Cabelos ruivos e crespos, diferentes dos meus quase castanhos e lisos.

Depois, veio a guerra. Acabou a guerra. Nos cinemas, eram mostrados horrores, os judeus eram os gringos, mas muito diferentes dos judeus amigos que conhecia. Tão diferentes dos filmes.

O tempo passou, cresci e passei a saber outras coisas. Eram judeus sim, os nossos amigos. Salomão e as irmãs, da família Rubens, os Grabier, os Grand, os dois nomes um pouco enrolados. Para melhor entendermos, ficaríamos muito tempo falando dessa gente que tão bem nos é apresentada e, ao crescer, vim a conhecê-los melhor. Na mocidade, já casada, seu Leon joalheiro, que trazia em casa fios de pérolas para eu usar. Eu era o que as pessoas chamavam de “mãe das pérolas”. Pérolas têm vida e morrem se não são usadas. E eu com o Dani fazia com que elas revivessem. Meu amigo Leon casou e teve duas lindas filhas. Um dia, partiu para Israel. Perdi de vista os amigos, mas não as suas lembranças. Toda vez que uso milhas pérolas, lembro-me do amigo por quem tenho um eterno afeto.

Seria capaz de contar muitas coisas que me ligam aos “gringos” em minha vida. Mas vamos aos feitos do seu livro, esse fazer diferente, capítulos curtos, com um título no final. Nunca tinha visto nada assim. As fases de fixação de uma família em terra diferente e, por causa disso, difícil. O tempo passou e foram se fixando. A mãe judia, hoje tão falada, me fez lembrar da minha, a família que formamos, o trabalho diário. Para isso, não há diferença na luta.

O tempo é curto, as reminiscências são muitas. Tentei falar da minha leitura na sua escrita. O comentário (se é que se pode chamar de comentário o que escrevi) foi feito com o coração. As lembranças desse povo que fazem do ventre materno a condição dos filhos serem judeus. Isso acho lindo e torna o povo judeu único e eterno.

Acho que tudo foi dito. Só me resta dizer obrigada por você ter escrito o livro.

                                                           Maria Marlie

(o nome é alemão, mas o nome do meu pai era Salomão, escolha do pai dele, que queria para o filho o nome de um grande homem)


Daniel Chutorianscy 
médico que sofreu AVC e fundou o Grupo AVC-PULANDO A CERCA