O sol estava esplendoroso. Vapores
eram exalados da terra inchada, carregando consigo perfumes de mangueiras, das mangas
caídas pelo terreno após a chuva que caíra à noite. Mas a menina ouvia do quarto
o chamado para seu novo dia, sem qualquer entusiasmo. Sabia que fizera algo errado,
muito errado. Sua cama ficara molhada. E agora, acocorada num canto da copa, parecia
entorpecida. Repreensões, em breve, ouviria... Maria mijona! Preguiçosa! Seu colchão
iria para o sol, e sua vergonha muda, silenciosa, ficaria gritante aos poucos vizinhos.
Que torpor era aquele que a deixava assim desanimada? Teria lombrigas, bichos-de
pé, como o Jeca-Tatu que vira no rótulo de remédio? Uma angústia enorme lhe embaçava
os pensamentos. Que motivações teria para o novo dia? Seu corpo parecia crescer,
mesmo estando ela toda encolhida.
...
(continua no livro "Clube de Leitura Icaraí: Modo de Fazer")
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Prezado leitor, em função da publicação de spams no campo comentários, fomos obrigados a moderá-los. Seu comentário estará visível assim que pudermos lê-lo. Agradecemos a compreensão.