...Ainda menino em Itaperuna-RJ, permanentemente acompanhava minha mãe
às missas aos domingos, ou nos dias normais durante a semana. Éramos
muito religiosos e continuamos. Num determinado dia, missa acontecendo,
hora do ofertório, numa igreja em fase de acabamento, ainda com as
escoras do teto por retirar, naquela penumbra dos idos das dezenove
horas com iluminação precária, lá vinha o "sacolinha" das ofertas
intimando a todos, um a um, quando saí de perto de minha mãe e tentei
me esconder para que não visse meus pés, um de meia preta e o outro
marrom, sim, pois foi o que consegui de mais próximo de um par completo.
Mesmo aos oito anos de idade e me escondendo, aquele escriba foi até
onde me escondia para buscar aquela moedinha, ou um "dinheiro" sequer.
Estranhando meu comportamento um tanto constrangido, o sacoleiro parou
na minha frente e me olhou de cima para baixo, da cabeça aos pés, pois
eu não tirava as mãos do bolso, daquela calça-curta que o Rodolfo havia
me dado já fazia tempo!... Após o fuzilamento daquele olhar, o
"sacolinha" deu uma risada e saiu balançando a cabeça como se estivesse me sacaneando, zombando, porque percebeu as minhas meias
trocadas. Elas estavam trocadas sim, não porque me confundi na hora de
calçá-las, mas porque meu primo Rodolfo ainda não havia me mandado um
par de meias completo. Éramos treze, todos vivos, graças a DEUS, e eu o
11º (décimo primeiro), minha mãe professorinha primária e meu pai,
funcionário do DER. Imaginem que FESTA, mas todos ali juntos com a fé
inabalável em DEUS e na Igreja... Naquele momento eu não saberia relatar
de que cor fiquei, mas sei que me ardiam as faces e me doía o coração de
tão vexado que fiquei. Do fundo de minha alma, alma de criança, prometi
a DEUS que um dia seria um homem rico e de tão rico faria uma grande
oferta para SUA Igreja, e com ela poderiam se erguer várias igrejas.
Hoje, do alto dos meus 55 anos me vejo um homem rico. Sou
verdadeiramente um homem muito rico! Pai de um líder espiritual (Padre).
Dispenso comentar sobre os dias e noites de fome e frio. Dias e
noites de apertos, preocupações... Quase loucura! Dias e noites de
entrega total à vontade de DEUS. Dias e noites de trabalho e orações...
Hoje sou um colecionador de tesouros! Herdeiro, sim. Herdei de
Tasso Armond e minha querida Margarida Ladeira Armond uma enorme coleção
de tesouros que é minha grande família. Eles, Tasso e Margarida
deixaram vivos, sadios, inteligentes, bonitos e acima de tudo tementes a
DEUS 13 filhos, 34 netos, 23 bisnetos. Uma verdadeira fortuna viva que
está aí para honrá-los e bem-dizê-los. E o meu grande tesouro, o maior, o
mais precioso e reluzente entregue a DEUS e à Igreja para que se
prossiga SUA grande Obra no seio da sociedade e de nossa família,
verdadeira coleção de tesouros.
Obrigado meu DEUS!
Muito obrigado, seu filho Héldice.
Meu querido e grande amigo Héldice, seja muito bem vindo ao nosso clube de leitura! Foi com muita alegria que li suas palavras verdadeiras nesse nosso espaço da ficção. Obrigado pela participação!
ResponderExcluir[ ]
A história de vida é uma riqueza especial, ela é única e um pouco solitária. Quando compartilhamos essas emoções elas vão além, trazendo à tona as lembranças de cada um. É maravilhoso poder saber mais uma entre tantas histórias de sucesso, porque estar vivo para relatar e agradecer já é grande vitória.
ResponderExcluirGostei muito de me emocionar aqui. Abraços!
Sonia Salim
Amo essas histórias de lutas e sucessos.Parabéns ao Héldice por sua força!
ResponderExcluirElô