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8 de agosto de 2018

Lendo Lolita no CLIc


O escritor espia seus medos
arranca da alma sutilezas
e por vezes expõe segredos
que de si próprio sangram vilezas.

Verdade ou invenção tanto faz:
do mesmo jeito causa estupor
quando sua obra é capaz
de singrar as veias do leitor.

Vai, vai sim, escritor
ferir todas as suscetibilidades.
Iluminar onde se esconde a dor
é a sua responsabilidade.

(poema de novaes/, composto em resposta a um post sobre Lolita, de Nabokov)

6 comentários:

  1. Nem sempre vale a pena
    encarar o medo de frente
    mais fácil é espiar
    olhar de esguelha
    quem sabe se vai

    Outras vezes precisamos
    é de catarse mesmo,
    expiar, purificar
    é outra forma de também
    mandar o medo embora

    Escrever acho que é um pouco isso
    espiar, expiar, colocar o coração na mão
    e deixar sair o descompasso

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  2. Rita, no meu caso eu só espio mesmo.
    Deixo o medo lá e fico espiando, escondido.
    Como o escritor poderá relatá-lo, ou retratá-lo, se o medo for embora?
    Melhor é guardar ele para poder explorar todas as suas infinitas sensações, escrevendo o medo em tantas letras quanto possível. Eu deixo o medo guardado em mim, mas controlado. Pego um pouco de coragem e ponho ao lado dele, no mesmo cantinho da alma. Assim, um vigia o outro (coragem demais também faz mal, é bom ter uma dose de medo junto).
    Então, pra mim o escritor espia. Se expiar, pode virar um ex-critor.

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  3. Rsrsrs, são essas múltiplas possibilidades que sempre me encantam. Acho que os livros de autoajuda são mais baseados no expiar enquanto as poesias no espiar. Já os romances variam. Eu gosto que você espie. O medo, assim como a coragem, na dose certa, realmente são ótimos companheiros.

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  4. Eu expio, tu te encantas, ele espia, nós variamos, vós combinais, eles eu não sei.

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  5. Que lindo poema, Novaes! E que resposta poética maravilhosa, Rita! Ah, o escritor espia o mundo e sem medo fala ao coração do leitor. Eu já tive medo de ler certos autores, depois me forcei, li, venci e amei!

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