Por Wagner Medeiros Junior
A ordem religiosa dos Jesuítas, nominada
Companhia de Jesus por seus fundadores, nasceu na Universidade de Paris no ano
de 1534, sob a liderança do cavaleiro espanhol Inácio de Loyola, com o objetivo
de avigorar o ensino religioso e expandir o catolicismo, em oposição à Reforma
Protestante principiada por João Calvino e Lutero. A orientação da ordem
baseava-se em ensinamentos práticos, que se espalharam rapidamente pela Europa
com a publicação de um pequeno compêndio de nome “Exercícios Espirituais”,
escrito por Loyola.
Por conseguinte, não demorou para que a Companhia
de Jesus viesse a conquistar um importante espaço no arcabouço da Igreja, pela
determinação de seus membros em atuar em qualquer parte do mundo como “fiéis
soldados” do catolicismo. Não por outra razão, em 27 de setembro de 1540, o
Papa Paulo III reconheceu oficialmente a Congregação, através da bula Regimini Militaris Ecclesiae. É nesse
mesmo ano que o jesuíta espanhol Francisco Xavier aporta em Portugal, a pedido
do rei D. João III, com a missão de evangelizar o domínio português nas Índias.
É também no reinado de D. João III que a primeira
missão da Companhia de Jesus chegou ao Brasil, em março de 1549, sob o comando
de Manuel da Nóbrega, junto à armada que trazia o primeiro governador-geral,
Tomé de Souza. O sistema de Capitanias Hereditárias não progredira e era
preciso colonizar o Brasil para evitar sua invasão por outras nações europeias.
Então, entre outras construções ainda rudimentares, é erigido o primeiro
colégio jesuíta na recém criada capital da colônia, São Salvador da Bahia de
Todos os Santos. Nesse colégio os Jesuítas dão início à catequese dos índios.
Se por um lado esse processo de aculturação pode
ensejar muitos questionamentos contrários, por outro é inegável o afinco dos
Jesuítas em evitar que muitas tribos fossem dizimadas. Além de proliferar
epidemias, os colonos utilizavam-se das desavenças tribais para estabelecer
alianças e aprisionar os inimigos para vendê-los como escravos, quando eram
submetidos a todo tipo de maus-tratos. Neste aspecto, os bandeirantes paulistas
fizeram um trabalho implacável, pois depois que os índios bravios se tornaram
escassos, nem os nativos aculturados nas Missões Jesuíticas foram poupados.
Não se pode olvidar, entretanto, a importância
dos povos indígenas no reconhecimento do território pelos imigrantes, como
também na efetiva participação na formação dos primeiros núcleos de
colonização, seja ao lado da Igreja ou do colono. No entanto, a rivalidade
entre ambos, quer pelo aspecto da catequese ou da própria exploração econômica,
seria marcada por acirradas disputas que se estenderiam até junho de 1759,
quando os Jesuítas foram expulsos do território português, no reinado de D.
José I, por interveniência do Marquês de Pombal.
Um dos fatores para a expulsão dos Jesuítas foi a
exploração das chamadas “drogas do sertão” no Grão-Pará e Maranhão, que
compreendia então quase toda região amazônica. Como os Jesuítas exerciam uma
grande influência sobre os índios, sua coleta e produção eram facilitadas. Por
outro lado, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês
de Pombal, julgava que a recém-criada Companhia Geral de Comércio estava sendo
prejudicada, fazendo chegar a Portugal pesadas críticas aos Jesuítas.
Já no sul do Brasil, os Jesuítas para proteger os
Guaranis relutavam em desocupar os Setes Povos das Missões, em cumprimento ao
tratado de Madrid. Após tenaz resistência acabou por explodir a guerra
Guaranítica, que resultou na morte de mais de 1500 índios. Daí o relatório do
comandante das forças luso-espanholas, Gomes Freire, ao governo central,
afirmando que “se esses ‘santos padres’ não forem expulsos, não encontraremos
senão rebeliões, insolências e desventuras”. Assim, com a expulsão dos jesuítas
dos Brasil, os indígenas acabaram à própria sorte.
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Tema fascinante! E os jesuítas acabaram fazendo um Papa! Parabéns pela matéria, Wagner!
ResponderExcluirMuito obrigado, caríssimo amigo! Já comecei a pesquisar o próximo.... rsrsrsrs
ExcluirNo final das contas a luta é pelo poder. É só cortar as asas de quem está exercendo certa influência e pronto, nada de alçar voos. Afinal, é perigosa a competição. Ou não?
ResponderExcluirÉ isto mesmo Sonia, "a luta é pelo poder". Infelizmente, não somos conduzidos pela razão, pelo bom senso.
ExcluirPior do que a competição é a mediocridade. Os jesuítas permaneceram, fizeram desde sempre um ótimo trabalho, elegeram o maravilhoso Papa Francisco.
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