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16 de abril de 2022

Sidarta: Hermann Hesse


Começava a vislumbrar que seu venerando pai e seus demais mestres, aqueles sábios brâmanes, já lhe haviam comunicado a maior e a melhor parte dos seus conhecimentos: começava a perceber que eles tinham derramado a plenitude do que possuíam no receptáculo acolhedor que ele trazia em seu íntimo. E esse receptáculo não estava cheio; o espírito continuava insatisfeito; a alma andava inquieta; o coração não se sentia saciado. As abluções, por proveitosas que fossem, eram apenas água; não tiravam dele o pecado; não  curavam a sede do espírito; não aliviavam a angústia do coração..


"Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros. Começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim.”  (Herman Hesse)


Terá sido apenas uma coincidência estarmos lendo SIDARTA e ao mesmo tempo sermos "apresentados" a um Papa tão humano?

Estamos lendo SIDARTA, e, ao mesmo tempo nos deparamos com um ser amável, totalmente ligado e preocupado com as dores da humanidade, um Papa (finalmente) voltado para o social.

Esperemos que, independentemente da religião, essas sementes germinem...

Vera Lúcia Schubnell Freire

* * *

Na verdade estamos ligados às sintonias do Universo e concordo com a Vera que a escolha de Sidarta não foi casual com o momento que recebemos um importante líder religioso do Planeta.

(R)




"Quando foi alcançado o número de votos que me faria Papa, aproximou-se de mim o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, me beijou e disse: "Não te esqueças dos pobres". Em seguida, em relação aos pobres, pensei em São Francisco de Assis. Depois pensei nos pobres e nas guerras. Durante o escrutínio cujos resultados das votações se punham "perigosas" para mim, veio-me um nome no coração: Francisco de Assis. Francisco, o homem da pobreza, da Paz, que ama e cuida da criação, um homem que transmite um sentido de Paz, um homem pobre. Ah! Como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres."


Papa Francisco - 16 de março - Aula Paulo VI (sala de audiências papais) - Roma




* * *

Tudo voltava, todos os sofrimentos que não tivessem encontrado uma solução final.


Govinda — pensou, sorrindo. — Tais pessoas ficam gratasapesar de poderem, elas mesmas, reivindicar gratidão. Todas elas são submissas, querem ser amigas, gostam de obedecernão gostam de pensar muito. Esses homens são verdadeiras crianças.


..aprendi com o rio:  tudo volta.  ...que tua amizade seja meu salário...

Olha, há mais uma coisa que a água já te mostrou:  que é bom descer, abaixar-se, procurar as profundezas

- senti que a percepção do Universo circulava em mim como meu sangue.



 "Fraternidade"

E se agora, neste instante,
nos olharmos com um sorriso
e apertarmos nossas mãos,
buscando a divina essência
que é comum a todos nós,
então, fraternos nós somos
e verdadeiros Irmãos.

(Elenir)

* * *

Yes se inspirou em Sidarta de Hesse para escrever a letra de "Close to the edge"
 
     "L’intérêt passionné de Hermann Hesse pour l’Extrême Orient était une tradition de famille. Son grand-père puis ses parents avaient tous longtemps vécu en Inde au service de la Mission protestante de Bâle, y avaient appris les langues locales, s’étaient familiarisés avec les coutumes et la pensée du pays. L’un de ses cousins, Wilhelm Gundert (1880-1971), était un savant de premier plan, établi au Japon, spécialiste du bouddhisme zen.

     Dès son enfance, Hesse avait ainsi fait la connaissance de l’Asie par des conversations éclairées et par la lecture des meilleurs livres. Rien d’étonnant à ce que le futur auteur de Siddhartha et du mythique Voyage en Orient ait désiré connaître à son tour physiquement quelques-uns des pays qui nourrissaient déjà une si grande part de son imagination et de sa philosophie."

(http://www.jose-corti.fr/titresetrangers/carnets-indiens.html)

* * *

Tu Hi Meri Shab Hai

Tu hi meri shab hai subha hai tu hi din hai mera

Tu hi mera rab hai jahaan hai tu hi meri duniya

Tu waqt mere liye main hoon tera lamha

Kaise rahega bhala hoke tu mujhse judaa


* * * 





Avant la naissance de Krishna, Vishnou révélant sa divinité à Vasudeva et Devaki. National Museum, New Delhi. Basé sur l'histoire du Bhagavata Purana, Bikaner, Rajasthan, vers 1725.






Disse Sidarta: " [...] tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas a mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele nem a mim mesmo, de contemplar a ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência."




Om é o arco; alma é a seta
Brama é o alvo da seta:
Cumpre feri-lo constantemente

O CLIc chega ao Nirvana
Que todos possam alcançar a Paz do Universo, deixo vocês mergulhados no Om. (R)



Uma porta após outra abre-se diante de ti. Como se explica isso? Dispões, por acaso, de algum feitiço?

Olha, Kamala: uma pedra que atirares na água, dirige-se ao fundo pelo caminho mais rápido. O mesmo sucede cada vez que Sidarta tem um objetivo, um propósito. Sidarta não faz nada. Apenas espera, pensa e jejua. Mas passa através das coisas deste mundo como a pedra passa pela água, sem mexer-se, sentindo-se atraído, deixando-se cair. Sua meta puxa-o para si, uma vez que ele não admite no seu espírito nada que se possa opor a ela. Eis o que Sidarta aprendeu dos samanas. É aquilo que os tolos chamam de feitiço e que na opinião deles é obra dos demônios. Nada é obra dos demônios, já que não há demônios. Cada um pode ser feiticeiro. Todas as pessoas são capazes de alcançar os seus objetivos, desde que saibam pensar, esperar, jejuar. 


* * *

O que é a meditação? O que é o abandono do corpo? Que significa o jejum? E a suspensão do fôlego? São modos de fugirmos de nós mesmos. São momentos durante os quais o homem escapa à tortura de seu eu.

* * *

Leitura jovem no CLIc

"Hermann Hesse é o maior escritor do século XX"
San Francisco Chronicle



Iluminação no CLIc


Sidarta, na minha estante,
passou anos escondido,
mostrou-se a mim, e num instante
sussurrou "Sou o escolhido".

(Ilnéa)





"Toda a vida de Hesse, até o último dia, foi uma série de fugas" escreveu Otto Maria Carpeaux, na orelha a 1a edição de "Sidarta". "E cada uma das fugas foi uma volta..."

... e há mais... muito mais!

Fomos, e somos, verdadeiramente um grupo... ou diria "maravilhosa familia".

Abraços ... num só abraço,

Abraço enoooorme... !!!!!!!!!!!!!!

Ilnéa

9 comentários:

  1. Esperei terminar a leitura de Sidarta para comentar a fala de uma cliceana de que Sidarta seria um livro para jovens. Bem, não deixa de ser, jovens adoram Sidarta, mas é mais do que isso na minha opinião. Sidarta comporta vários níveis de leituras possíveis. Para mim, contrapondo-se à critica que fazem alguns quanto a visão alienante e totalizante do budismo, arrisco dizer que Sidarta vislumbra a modernidade quando conclui em sua busca espiritual que é impossível haver uma totalidade perceptível e pensável. A Sidarta lhe interessa exclusivamente ser capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo ou odiá-lo, aceitá-lo como é, e a si mesmo, imperfeito, contemplando todas criaturas com amor, admiração e reverência. Lembrou-me até do Ricardo Reis! Torna-se mesmo indulgente consigo mesmo quanto ao rigor espiritual que até então se impunha. Esse pensamento opõe-se ao de Buda porque para este o mundo é uma ilusão. Buda proclamou a benevolência, a tolerância, a compaixão, o comedimento mas nunca o amor. Os budistas são proibidos de ligar seu coração amorosamente às coisas terrenas. Sidarta se esbaldou!

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    1. Acho perfeitas , suas colocações.Sidarta se humaniza, enfim, quando conhece o amor.E qual o mais perfeito dos amores?

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  2. Leitura conjunta com meu amor iniciada em Mauá, à beira da cachoeira, e concluída em Itacoatiara, à beira-mar, com muito choro e alegria.

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  3. Hum...esse anônimo tem característics de C Rosa.Pode até não ser, mas parece!rsr

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  4. Sim,Elô, sou um romântico, mas não sou o anônimo, o texto não é meu.
    Carlos.

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  5. Achei o livro meio auto-ajuda!

    R

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  6. Engraçado... tempos, tempos de auto ajuda, por todos os cantos do mundo, várias e variadas maneiras do "viver melhor pela a aceitação de si mesmo..." Paulo Coelho e seus "milhares" de tradutores, milhões - desculpem, "bilhões?" de leitores... realmente... dá o que pensar. Sempre me perguntei se as traduções - nunca li nenhuma - não seriam textos melhores, uma coisa assim, como como contos de fada, sei lá. E, se dele, que é de "por aqui", eu não sei nada, imaginem sobre os tantos que pelo mundo, em sei lá quantos idiomas, com tantas traduções para tantos quais ou tais idiomas... e tais ou quais pessoas que crêem no que lêem. Falei, falei... e o que não sabia... ainda não sei.
    Quanto a "Sidarta"... há umas frases, na tradução em Português, que podem ter um tom do "olhar para si mesmo... e procurar o que de melhor encontrar". Mas, por enquanto, é só. Preciso lê-lo nos meus setenta e seis, antes que seja tarde.
    Abraço grande, e quem chegar a alguma conclusão...

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  7. Meu lado jovem está adorando Sidarta e sentindo falta das ilustrações de Elô para o livro. OMMMMMMMMMM

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    1. querida Rose, só hoje vi esse seu recadinho. Não sei pq cometi essa falha: deixar sem ilustrações esse livro qiue tanto amei! Talvez pq já houvesse outras tantas e boas aqui. Merci, Rosemary.

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