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23 de fevereiro de 2017

A noite das garrafadas

Por Wagner Medeiros Junior
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A decisão de permanecer no Brasil e declarar a independência de Portugal deu a D. Pedro I uma imensa popularidade. Entretanto, não demorou muito para que o prestígio alcançado fosse transformado em um sentimento de forte repúdio. A mudança no humor dos brasileiros começou a acentuar-se logo após a instalação da Assembléia Geral Constituinte, em 3 de maio de l823, com o embate de temas que intencionavam limitar o poder do Imperador, tal como conceder maior autonomia às províncias. Então, no mês de novembro, D. Pedro decide-se por dissolver, pela força, o parlamento Constituinte.
A primeira Constituição brasileira, de 1824, acabou por ser elaborada por um seleto grupo ligado ao governo, sem a participação do parlamento. Isto elevou ainda mais a animosidade nativista contra a centralização do poder e os privilégios sociais e econômicos dos portugueses. Depois emergiram a relação escandalosa do Imperador com a sua concubina, Domitila de Castro; a repressão violenta aos ativistas da Confederação do Equador; os desgastes com a Guerra da Cisplatina e a morte da Imperatriz Dona Leopoldina, após um largo período de sofrimento e humilhação e junto à corte.
Em 1830, a imprensa liberal e nacionalista já não dava mais tréguas a D. Pedro I. Cada ato do governo era invariavelmente questionado; cada ação dita como autoritária, vista com grande desconfiança. Ninguém perdoava o envolvimento do Imperador com os portugueses e nas questões políticas de Portugal. Neste quadro, no mês de novembro é assassinado em São Paulo o jornalista liberal Líbero Badaró, ferrenho defensor do Federalismo. A suspeição de crime de mando recaiu sobre os partidários de D. Pedro, sobrando-lhe sobre os ombros uma sombra da imputação da culpa.
O jornalista e historiador potiguar Tobias do Rego Monteiro (1866-1952), em sua obra “História do Império: O Primeiro Reinado”, resume o estágio a que chegou, em março de 1831, a animosidade dos brasileiros contra D. Pedro, ao descrever que por onde ele passava “gritavam-lhe vivas acintosos, vociferavam-lhe pragas, permitiam-se interpelá-lo, desconhecê-lo. Sua reputação desfazia-se, seu prestígio desmascarava-se, sua influência aniquilava-se, sua autoridade diluía-se”. O povo perdia-lhe o respeito!
No mês de fevereiro desse ano, D. Pedro viajou para Minas Gerais buscando reencontrar o apoio popular que alcançara em viagem anterior, depois da Independência. Entretanto, em cada lugar que passava era hostilizado pelo povo. Quando chegou a Ouro Preto não foi diferente, pois encontrou a população estampando faixas negras alusivas ao luto pela morte de Badaró e sinos repicando em protestos. Tais acontecimentos corroboraram para que o Imperador encurtasse a viagem e começasse a pensar na renúncia.
Então, os portugueses absolutistas ao lado dos conservadores brasileiros, resolvem organizar uma grande recepção a D. Pedro I em alusão ao seu retorno ao Rio de Janeiro. Por todos os logradouros onde passaria o cortejo imperial as casas foram enfeitadas. Todavia, a animosidade era tão grande que os opositores brasileiros, na noite de 13 de março, reagiram quebrando as luminárias e apedrejando as casas dos portugueses. Garrafas também partiam de ambos os lados! O conflito se estendeu por três dias, com focos espalhados nas principais ruas do Rio de Janeiro.
Depois dessa agitação a sorte de D. Pedro parecia selada. Mesmo assim, ele ainda tentou se reaproximar dos liberais brasileiros realizando mudanças em seu ministério, mas pela própria nacionalidade portuguesa e radicalismo de seus desafetos, todos os esforços foram em vão. Os agravos persistiram até o dia da abdicação ao trono, em 7 de abril de 1831. Com altivez, o Imperador D. Pedro I pagou o preço da impetuosidade de sua juventude, em um momento em que o Brasil buscava firmar sua nova identidade, soberana, como país independente.

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Preto no Branco por Wagner Medeiros Junior


19 de fevereiro de 2017

Astronomia Literária com Wislawa Szymborska




"Excesso"


"Foi descoberta uma nova estrela,
o que não significa que ficou mais claro
nem que chegou algo que faltava.


A estrela é grande e longínqua,
tão longínqua que é pequena,
menor até que outras
muito menores que ela.
A estranheza não teria aqui nada de estranho
se ao menos tivéssemos tempo para ela.



A idade da estrela, a massa da estrela, a posição da estrela,
tudo isso quiçá seja suficiente
para uma tese de doutorado
e uma modesta taça de vinho
nos círculos aproximados do céu:
o astrônomo, sua mulher, os parentes e os colegas,
ambiente informal, traje casual,
predominam na conversa os temas locais
e mastiga-se amendoim.



A estrela é extraordinária,
mas isso ainda não é razão
para não beber à saúde das nossas senhoras
incomparavelmente mais próximas.



A estrela não tem consequência.
Não influi no clima, na moda, no resultado do jogo,
na mudança de governo, na renda e na crise de valores.



Não tem efeito na propaganda nem na indústria pesada.
Não tem reflexo no verniz da mesa de conferência.
Excedente em face dos dias contados da vida.



Pois o que há para perguntar,
sob quantas estrelas um homem nasce,
e sob quantas logo em seguida morre.



Nova.
- Ao menos me mostre onde ela está.
- Entre o contorno daquela nuvenzinha parda esgarçada
e aquele galhinho de acácia mais à esquerda.
- Ah, exclamo."



(Do livro Poemas de Wislawa Szymborska, tradução de Regina Przybycien, publicado pela Companhia das Letras.)

13 de fevereiro de 2017

A Matemática e a Mona Lisa: Bulent Atalay


Eu gosto da relatividade e das teorias quânticas
porque não as entendo
e elas me fazem sentir como se o espaço se remexesse
tal qual um cisne que não consegue parar,
recusando-se a ficar quieto e ser medido;
e como se os átomos fossem uma coisa impulsiva,
sempre a mudar de ideia.
[poemas - amores perfeitos - D. H. Lawrence]


D. H. Lawrence


"Flexner foi designado o primeiro diretor do IAS (Instituto of Advanced Study), e um de seus projetos iniciais seria tentar recrutar Albert Einstein, já então reconhecido como o mais famoso cientista vivo. Flexner voltou de imediato para Oxford, onde encontrou Einstein "matando o tempo entre um emprego e outro" e lhe ofereceu um cargo na nova instituição. Einstein respondeu que tinha propostas da Universidade de Princeton, da Universidade de Oxford e do Caltech para ingressar em seus corpos docentes, mas que ainda estava indeciso. Acrescentou que tendia mais para Princeton (a primeira instituição acadêmica a ter aceitado a relatividade). "Mas", perguntou Einstein, "eu não precisaria lecionar nessa instituição do senhor?" (Einstein era um professor notoriamente ruim.) Flexner lhe garantiu que não, e Einstein aceitou o emprego. "Quanto o senhor pretende receber?", quis saber Flexner. Einstein, com sua considerável habilidade matemática, respondeu que 3 mil dólares por ano estaria perfeito. "Isso não será possível", retrucou Flexner. "Estamos pagando 16 mil a todo mundo. O senhor deveria receber pelo menos isso. " Einstein reclamou: "Os 3 mil já seriam suficientes". Flexner, com relutância, concordou em pagar apenas aquilo. Mas, felizmente para a família de Einstein, a esposa do cientista renegociou o salário, e Einstein já começou ganhando os 16 mil usuais."



Para veres um mundo num grão de areia
E um céu numa flor do campo,
Segura o infinito na tua mão
E a eternidade por uma hora.

(William Blake)

Lentes gravitacionais

A SINA DO SUCESSO PRECOCE

A idade, claro, é um tremor febril
Que todo físico precisa temer.
Para ele, melhor será estar morto do que vivo
Depois que passar dos trinta.
(Paul Dirac)

Quem não deu sua maior contribuição à Ciência antes dos trinta anos não a dará jamais. (Einstein)

(A música é outro campo em que se manifesta o mesmo padrão; outro é a poesia lírica, ao contrário, por exemplo, da ficção romanesca)




A simplicidade é o último grau de sofisticação. (Leonardo da Vinci)



Embora grande parte da composição tenha sido produzida por Verrocchio, o anjo da esquerda, que segura alguma roupa, foi totalmente pintado por Da Vinci. Alguns autores dizem que o pássaro também pode ser obra dele. Além de Da Vinci, Verrocchio contou com a colaboração de Botticelli para a produção da obra.

Virgem dos Rochedos

Leonardo da Vinci se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico e ainda foi conhecido como o precursor da aviação e da balística... ufa, como se diz: "precisa dizer mais?"


A lemniscata de Bernoulli



Parafuso de Arquimedes
Também chamado de bomba parafuso, sua função é de elevar líquidos. Além de líquidos, também pode servir como ferramenta de elevação de lama, esgotos e até pequenos resíduos sólidos, como grãos.
Seu nome é referência ao seu inventor, o grego Arquimedes, embora existam alguns indícios de que ele já havia sido criado antes. Até hoje, o feito é muito curioso, pois seu funcionamento consiste em nada mais, nada menos do que desafiar a própria gravidade. Com uma peça que, constantemente fica fazendo o movimento do rodear de um parafuso, ao redor de uma espécie de cilindro principal.
Muitas pessoas desconhecerem sua existência e, por conseguinte, sua funcionalidade. Por isso, é importante ressaltarmos sua importância no desenvolvimento de grandes estruturas urbanas. Em metrópoles como a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o parafuso de Arquimedes é usado para bombar os esgotos até os emissários submarinos.
Em diversos experimentos químicos, ele é aplicado para que algumas etapas mais complexas do processo possam ser realizadas. Por isso, para quem gosta de inventar ou complementar coisas, é interessante saber como funciona este equipamento tão inteligente.
Em indústrias de alimentos, o parafuso de Arquimedes também é muito aproveitado. Sua função no processo de transformação, é de elevar os grãos até a etapa determinada para a produção.
Apesar de sua excelência mecânica, é um item simples e lógico. (fonte)

Falsificadores de Arte são artistas (?!)

Han van Meegeren's Fake Vermeers: Ceia de Emaús


Proporção áureanúmero de ouronúmero áureosecção áureaproporção de ouro é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega \phi (PHI), em homenagem ao escultor Phideas (Fídias), que a teria utilizado para conceber o Parthenon, e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. Também é chamada de se(c)ção áurea (do latim sectio aurea), razão áurearazão de ouromédia e extrema razão (Euclides)divina proporçãodivina seção (do latim sectio divina), proporção em extrema razão ,divisão de extrema razão ou áurea excelência. O número de ouro é ainda frequentemente chamado razão de Phidias.
Desde a Antiguidade, a proporção áurea é usada na arte. É frequente a sua utilização em pinturas renascentistas, como as do mestre Giotto. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi (não confundir com o número Pi \pi), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado na proporção dos seres humanos (o tamanho das falanges, ossos dos dedos, por exemplo) e nas colmeias, entre inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem do crescimento.
Justamente por estar envolvido no crescimento, este número se torna tão frequente. E justamente por haver essa frequência, o número de ouro ganhou um status de "quase mágico", sendo alvo de pesquisadores, artistas e escritores. Apesar desse status, o número de ouro é apenas o que é devido aos contextos em que está inserido: está envolvido em crescimentos biológicos, por exemplo. O fato de ser encontrado através de desenvolvimento matemático é que o torna fascinante. 


Os 2 outros únicos retratos femininos pintados por Leonardo da Vinci (1452-1519)

Ginevra de´ Benci, c. 1474-1478
óleo sobre madeira
National Gallery of Art, Washington, D.C., USA

Dama (Cecília Gallerani) com arminho  - 1491
óleo sobre madeira
Muzeum Czartoryskich (Cracóvia)



Emprestaram-me o livro "A Matemática e a Mona Lisa" para ler. Tenho certa precaução contra a mania que temos de querer ler nas entrelinhas de tudo que existe ao nosso redor, principalmente quando se usa um instrumento poderoso como a matemática para balizar o modo de ver as coisas. Creio que muitas das relações geométricas amostradas não devem ser exatamente a do número áureo, mas próxima dele, e apenas as que assim se relacionam são exibidas. Bem, estou lendo o livro para não alegarem que estou tendo ideias preconcebidas, mas resultado não está sendo diferente do esperado: o autor tentar enquadrar a criação artística dentro de um hipotético a priori matemático e que a consciência deste artifício é que torna o artista genial. Humpf!




3 de fevereiro de 2017

O verão sem homens: Siri Hustvedt

O que valeria mais: a forma ou o conteúdo? Em nosso dia a dia costumamos responder que o conteúdo é sempre o mais importante. Porém, em se tratando de literatura, não há propriamente essa dicotomia forma-conteúdo. A maneira de dizer cria aquilo que é dito. A linguagem constrói a obra. Só se atinge um dado conteúdo, a partir de determinada forma adequada a ele, pois nessa denominada “forma” estão modos de expressão que constroem os personagens, seus pensamentos e até suas ações, que se tornam interessantes ou não pela maneira como são apresentadas. (W.B.) leia a resenha completa







doutora Fme diz para empurrarForçaagora! E eu empurro com todas as minhas forças e mais tarde descubro que até rompi vasos do meu rostomas nem penso nisso na hora, em nada, e empurro, e sinto a cabecinha dela, e depois vozes gritando que a cabeça está saindo, e sai, e o súbito deslizar de seu corpo de dentro do meu, ele ou ela, dois em um, e entre as minhas pernas abertas vejo um ser estranho, vermelho, lambuzado, com um pouquinho de cabelo preto, minha filha. Não tenho nenhuma lembrança do cordão umbilical? Nem do corte. 




















Poema de Boris Pasternak

Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.

O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.

Cumpre viver sem impostura.
Viver até os últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.

Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos deixar inscritos
Capítulos da vida inteira.

Apagar-se no anonimato,
Ocultando nossa passagem
Pela vida, como à paisagem
Oculta a nuvem com recato.

Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Porém não deves separar
Teu sucesso de teu fracasso.

Não deves renunciar a um mín-
Imo pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.

(tradução de Augusto de Campos)





Literatura na Varanda



Tosquiada a intimidade, e vistos de uma distância considerável, somos todos personagens cômicas, bufões farsesco e errantes através de nossas vidas, armando belas confusões no caminho, mas, quando se chega mais perto, o ridículo rapidamente se revela ora sórdido, ora trágico, ou meramente triste.




"As Elegias de Duíno" 
Rainer Maria Rilke 

Primeira Elegia: Quem, se eu gritasse, entre as legiões dos Anjos me ouviria? E mesmo que um deles me tomasse inesperadamente em seu coração, aniquilar-me-ia sua existência demasiado forte. Pois que é o Belo senão o grau Terrível que ainda suportamos e que admiramos porque, impassível, desdenha destruir-nos? Todo Anjo é terrível. E eu me contenho, pois, e reprimo o apelo do meu soluço obscuro. Ai, quem nos poderia valer? Nem Anjos, nem homens e o intuitivo animal logo adverte que para nós não há amparo neste mundo definido. Resta-nos, quem sabe, a árvore de alguma colina, que podemos rever cada dia; resta-nos a rua de ontem e o apego cotidiano de algum hábito que se afeiçoou a nós e permaneceu.


Literatura na Varanda






Aos 59 anos, Siri Hustvedt é uma escritora potente, que sabe onde quer chegar e domina a palavra de tal maneira que faz com que sigamos sua trilha até o fim.  Seu último livro, de 2011, publicado em 2013 pela Cia. das Letras, é o romance O verão sem homens.  O livro, que tem algo de autobiográfico, é uma viagem pelo país das maravilhas das mulheres.  Tal qual Alice de Lewis Carrol, a heroína Mia, uma culta e experiente escritora de Nova Iorque, é levada a um lugar "fantástico": a inexplicável e insondável cabeça feminina.  Ou, mais precisamente, a sua cidade natal, no interior dos Estados Unidos, onde basicamente terá que se relacionar com diferentes sociedades de mulheres: a da sua mãe e suas quatro amigas, todas na faixa dos 80-90 anos; a das suas alunas de poesia, uma cambada de pré-adolescentes que acabam por se mostrar no decorrer da narrativa mais sulfurosas do que pareciam no início; sua vizinha e filhos (sendo o bebê dela o único homem com quem Mia se relaciona, fora o interlocutor misterioso por e-mail, que, afinal, pode ser também uma mulher); e, por fim, a irmã e a filha única, que vêm ao encontro dela. O auto-exílio na cidade ficcional de Bonden, Minnesota, tem uma causa precisa: a habitual troca da esposa-sessentona-pela-jovem-fértil e a subsequente decadência psicológica da dita esposa.  A escolha do nome tem origens norueguesas, como Siri: Bonden quer dizer "o fazendeiro", mas também tem o duplo sentido em inglês de amarras, no sentido positivo (laços de família) e negativo (restrições).

2 de fevereiro de 2017

A chave de casa, de Tatiana Salem Levy

Olá queridos!
Compartilho com vocês um post que fiz no meu blog Mar de Variedade, pois se trata de um livro já lido pelo clube.
Nesse domingo, teve reunião do Clube Leia mulheres Niterói-RJ.
Os encontros estão acontecendo no Bizu bizu, no Reserva Cultural em Niterói, no último domingo do mês, às 19h. No mês de fevereiro, por causa do carnaval, excepcionalmente, a reunião será no penúltimo domingo. 
O livro do mês foi indicado por mim e ganhou na votação. 
Gostei muito da escrita da Tatiana, desde que li seu conto inspirado na música de Legião Urbana, Tempo Perdido. Falei sobre o conto aqui.
O debate foi muito bom! O livro agradou a todos!

Sinopse da Livraria Cultura: "Passando por temas como a morte da mãe, a relação com um homem violento, viagem, raízes, herança, entre outros, a autora procura tecer um romance de vozes diversas. Neta de judeus da Turquia e filha de comunistas do Brasil, a narradora recebe do avô a chave que abriria a porta da casa de Esmirna, para onde os avós fugiram durante a Inquisição."


Esse livro é composto por várias histórias, vários fragmentos e, ao longo da leitura, vamos interpretando e fazendo uma ligação entre as histórias. 
O avô da protagonista dá a chave de uma casa onde morou, em Esmirna, na Turquia, para que ela vá atrás de lembranças de sua família.

"Sem me levantar, pego a caixinha na mesa de cabeceira. Dentro dela, em meio a pó, bilhetes velhos, moedas e brincos, descansa a chave que ganhei do meu avô. Tome, ele disse, essa é a chave da casa onde morei na Turquia."
Cada capítulo, embora curto, é cheio de sentimento e muito rico. E cada pequena história é aberta a interpretações pelo leitor. 
Concluímos no clube que não é uma obra fechada. Cada um poderá interpretar a narrativa de um jeito.
O livro vai retratar não apenas a chegada do avô, de família judia, ao Brasil, quando teve que deixar um amor na Turquia, como também o período da ditadura, enfrentado pelos pais da protagonista no Brasil.
Além disso, vai retratar o amor de mãe e filha. E, também, um relacionamento abusivo vivido pela narradora. 
Esse livro se trata de uma autoficção, que é uma autobiografia ficcional, pois a autora é "descendente de judeus turcos, Tatiana Salem Levy nasceu durante a Ditadura Militar, quando a família estava exilada em Portugal. Nove meses depois do nascimento, voltaram para o Brasil, beneficiados pela Lei da Anistia brasileira." Fonte Wikipédia. 
O livro vai retratar a sua viagem para a Turquia e também para Portugal. O próximo comentário contém um spoiler: essa questão da viagem dependerá da interpretação do leitor, pois não sabemos se a viagem realmente existiu, ou se os fatos foram imaginados ou escritos, já que a protagonista gostava tanto de escrever. Mas, isso não importa na obra e sim toda a narrativa, muito bem feita pela Tatiana, sobre a cultura da Turquia e também de Portugal. 
Gostei muito da obra e da forma como a autora retratou tantos assuntos distintos, fazendo uma conexão entre eles.
Recomendo!