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26 de agosto de 2016

Quarto de despejo: Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus

Olá queridos!
Para complementar a postagem de leitura de novembro, trago o post que fiz no meu blog Mar de Variedade, sobre esse livro.

Esse foi um dos livros lidos no Clube de Leitura #Leia Mulheres. 
Esse livro infelizmente está esgotado. Ou você compra no sebo ou tenta conseguir algum arquivo em pdf.
Gostei muito da leitura!


Sinopse: Diário da Carolina, refente ao seu dia a dia, durante alguns anos, quando morava na favela do Canindé, em São Paulo.  O diário foi destaque na Revista O Cruzeiro, de 1959. No ano seguinte foi publicado o livro, com a ajuda do  jornalista Audálio Dantas.




Adoro ler histórias que mexam comigo, que toquem fundo a alma e o coração. E é o caso desse livro.
O legal de participar de um clube de leitura é a possibilidade de ler livros que talvez você não se interessasse em ler se não fosse o clube. Gosto de sair da minha zona de conforto.
Acho quase impossível alguém ler esse livro e não se sentir tocado de alguma forma.
A Carolina, na sua simplicidade e extrema pobreza, relata o seu dia a dia em alguns cadernos. O editor do livro não retirou os erros de português, então, o diário se torna ainda mais realista.
O título Quarto de despejo se deve ao fato de Carolina considerar as ruas e seus prédios como sala de visitas e a favela, com seus barracões, o quarto de despejo.
Ela conta a vida que leva com seus três filhos, sendo negra, mãe solteira, e vivendo em uma favela sem qualquer infraestrutura.
Ela precisa carregar água todos os dias. Nem sempre tem o que comer. Há dias em que só tem o almoço, às vezes, só o jantar. E há aqueles dias em que precisa procurar comida no lixo para ela e os filhos.
Ela relata as confusões entre alguns moradores, as brigas de casais, os vícios, principalmente o alcoolismo presente em algumas famílias.
Apesar de viver em um ambiente nada favorável, ela tenta não se envolver nas confusões da favela, está sempre lendo e escrevendo em seus diários. 
Ela é uma mãe exemplar e se entristece toda vez que não tem comida para dar aos seus filhos.
A autora encontrou na escrita uma fuga para a vida difícil que levava. Chegou a pensar em se suicidar, pois, em alguns momentos, achava que não valia mais a pena viver diante da miséria.
Ela não tinha o direito nem de ficar doente, pois era catadora de papel e ferro, e dependia do trabalho de cada dia para ter o que comer, além de não ter condição financeira para comprar remédios. 

"Resolvi tomar uma media e comprar um pão. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as arvores, as aves tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos."


Ela consegue mostrar nesse diário que você pode fazer diferença e ser uma pessoa de bem, mesmo morando em um lugar totalmente desfavorável e vivendo na miséria. 
Um fato interessante é que a Carolina tinha orgulho de ser negra, mesmo com todo preconceito que sofria. E era muito sábia ao falar que não entendia por que o branco poderia se sentir superior ao negro, se ambos ficavam doentes da mesma forma e sofriam dos mesmos males. 
Sei que nem todo mundo gosta desse tipo de livro, por ser um diário, em que há partes um pouco repetitivas, mas eu gostei muito de ter a oportunidade de conhecer um pouco mais de perto sobre a realidade de uma favela de São Paulo, nos anos 50. 
A Carolina também publicou outros livros. Espero ter a oportunidade de lê-los. 
Recomendo!

2 comentários:

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