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14 de julho de 2016

Livro: As intermitências da morte, de José Saramago

Olá queridos!
Reproduzo o post do meu blog Mar de Variedade.

Hoje teve reunião do Clube de leitura Icaraí. As discussões foram maravilhosas. Não conseguirei reproduzi-las nessa postagem e também não é o objetivo, pois não gosto de dar spoiler para quem ainda não leu o livro, mas passarei algumas impressões dessa obra que agradou tanto. 


Sinopse do site submarino: "'Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto', escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura. Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel da Literatura buscou o material para seu novo romance, As Intermitências da Morte. Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema. 
Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se veem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não para de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer, enquanto o cardeal se desconsola, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja".
Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre. Então, o que vai ser da nação já habituada ao caos da vida eterna? Ao fim e ao cabo, a própria morte é o personagem principal desta "ainda que certa, inverídica história sobre as intermitências da morte". É o que basta para Saramago, misturando o bom humor e a amargura, tratar da vida e da condição humana."



A forma de escrever do Saramago não é um facilitador para o leitor. Ele escreve parágrafos longos, com pouca pontuação. Além disso, os diálogos entre os personagens são separados apenas por vírgula, o que não deixa de ser um desafio. Então, a princípio, a leitura pode parecer difícil, mas vale a pena dar uma insistida, pois a riqueza de suas histórias compensa essa escrita não muito comum. Coisas de gênio.
O livro, como o próprio nome indica, vai tratar da morte, mas de um jeito diferente.  
O livro começa com a frase: "No dia seguinte ninguém morreu."
O autor abre uma discussão importante, pois ninguém quer morrer, mas a gente não costuma pensar sobre o caos que seria o mundo se ninguém morresse.
Como ficariam os hospitais com tantos enfermos? E as famílias das pessoas doentes? E o que dizer do excesso de população? Os seguros de vida e funerárias não mais existiriam. Essas são apenas algumas das questões levantadas no livro.
O livro leva à tona a discussão sobre o nosso mundo capitalista, pois as pessoas que obtêm algum lucro com a morte ficam preocupadas e começam a sugerir alternativas para conseguir manter os negócios.
O Saramago menciona também a igreja. Vejamos nessa fala:

"Sem morte, ouça-me bem, senhor primeiro-ministro, sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja, (...)"

Alguns investigadores chegaram à conclusão de que a morte seria uma mulher. Vejam Saramago "dando força" à figura feminina:

"A morte, em todos os seus traços, atributos e características, era, inconfundivelmente, uma mulher."

Portanto, o livro retrata a morte de uma forma diferente e traz para o leitor várias questões a serem pensadas e discutidas. Além disso, temos um final surpreendente e belíssimo! 



Recomendo!

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