Por Wagner Medeiros Junior
Ao final da
Primeira Dinastia portuguesa, a de Borgonha (1139-1383), o território que
compreende hoje Portugal já estava estabelecido. Sua reconquista começou pelo
Condado Portucalense, de onde D. Afonso Henrique obteve sucessivas vitórias
sobre os mouros, que desde o início do século VIII dominavam a Península
Ibérica. D. Afonso Henrique foi aclamado rei em 1139, após vitória contra os
muçulmanos na batalha de Ourique. Porém, a independência de Portugal só seria
reconhecida pelo Reino de Leão e Castela em 5 de outubro de 1143.
O território
constituído era extremamente carente de recursos naturais, com raríssima
presença de metais preciosos e poucas terras férteis apropriadas à agricultura,
o que tornava dramático o provimento de cereais por ocasião das adversidades
climáticas e da incidência de pragas. Os mais pobres, durante esses períodos,
chegavam ao limiar da própria sobrevivência. Outros fatores adversos eram a
localização geográfica, que restringia a expansão do comércio com as grandes
potências européias, e a dominação do Mediterrâneo pelos turcos e italianos.
O
historiador português Bernardo Vasconcelos e Sousa, em História de Portugal,
diz que Portugal estava, de fato, entalado entre o poderoso vizinho e o mar,
confinado num espaço periférico. À época, a única via possível de buscar um
caminho próprio era o mar. E desde há muito o mar ocupava um lugar de grande
importância na vida do reino. A extensão da costa, a participação direta das
populações do litoral em atividades marítimas como a pesca, a extração do sal e
até a familiarização com o vaivém de embarcações... tudo concorria para uma
relação de proximidade com os elementos marinhos.
Não foi ao
acaso, portanto, que os portugueses se lançassem ao mar em busca de riquezas e
de novos recursos. O primeiro grande impulso à expansão marítima portuguesa
ocorreu no reinado de D. João I (1385-1433), com a conquista de Ceuta, no norte
da África, em 1415. É a partir de Ceuta que o Infante D. Henrique, quinto filho
de D. João I, inicia a exploração da costa ocidental africana penetrando em
territórios e em regiões do Atlântico antes desconhecidas.
Ao
conquistar Ceuta os portugueses saqueiam todas as riquezas encontradas e
instalam uma linha de defesa de onde passam a praticar o corso contra
embarcações muçulmanas em toda a entrada do Mediterrâneo. Com esse alargamento
da navegação, em 1418 é encontrada a ilha de Porto Santo e em 1419 a ilha de
Madeira. Tais triunfos valeriam a nomeação de D. Henrique como administrador da
Ordem de Cristo, em 1420.
Na
sequência, as frotas portuguesas chegam aos arquipélagos dos Açores e de Cabo
Verde, enquanto no continente são instalados aparatos bélicos e de coerção e
construídas as primeiras feitorias, para a efetivação do comércio com os
africanos.
O início do
movimento comercial, entretanto, envolveu a aquisição e transporte de uma
centena de escravos, ouro e alguns produtos exóticos. Supõem-se que entre
meados do século e XV e 1530 os portugueses terão transportados a partir destas
paragens cerca de 150 mil escravos, conforme fonte já mencionada. Outro produto
com valor comercial extraído da África era o marfim. Em contrapartida às trocas
com os africanos os portugueses forneciam cavalos, tecidos e trigo, entre
outros produtos.
Em 1460, ano
da morte do D. Henrique, os navegantes lusitanos já haviam ultrapassado o
obstáculo do cabo Bojador e conheciam, além deste ponto, cerca de 2 mil
quilômetros no sentido sul da costa, o que facilitou Diogo Cão chegar ao
estuário do Rio Zaire e aos limites de Angola. Depois, Bartolomeu Dias dobra o
cabo da Boa Esperança, em janeiro de 1488, e Vasco da Gama
aporta na Índia em maio de 1498, abrindo, assim, um novo caminho de comércio
com o oriente.
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Show de bola, Wagner! De volta as nossas origens históricas. Ótimo mosaico histórico que você está construindo!
ResponderExcluirObrigado, caríssimo amigo! Pena é que não dá tempo para escrever na frequência que queria.
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