Judas foi o livro
que escolhi para começar 2015. Cheguei a colocar o título em uma lista de amigo
oculto, mas tirei, receosa de não ganhar, e comprei logo, tal minha ansiedade
para ler meu segundo Amós Oz. Não decepcionou, muito pelo contrário. Foi um
lindo início letivo, chamemos assim. Agora, terei o prazer de conversar sobre
este delicioso romance com meus diletos companheiros de leitura.
Delicado em seus questionamentos, o autor nos conduz a um
mundo possível, onde, apesar das diferenças, algumas até
inconciliáveis, há de prevalecer, ao invés de estados de guerra e da extrema discrepância entre o poderio bélico israelense e as pedras e homens-bomba dos palestinos, o respeito e a boa vontade de entender o ponto
de vista do outro.
Amos Óz nos chama a atenção também para outras questões,
menos óbvias mas nem por isso menos importantes, como o papel da mulher na
sociedade (pág 333 “Durante milhares de anos induzimos nós mesmos a acreditar
que a mulher, por natureza, é completamente diferente de nós, diferente em
tudo, de uma diferença total e absoluta. Quem sabe exageramos um pouco nisso?”)
ou se Judas traiu ou não Jesus por dinheiro. Ainda ontem, revendo o filme “Planeta
dos macacos: o confronto”, e assistindo
como o macaco do mal acusou os homens de terem atirado no líder, Cesar, quando
o próprio o tinha feito, me lembrei de quantas vezes essa estratégia é usada pelos
diversos países e como é fácil acreditar. Há que se ter os olhos abertos.
Por fim, o livro é poético, convidativo, muito gostoso de
ler. Destaco uma passagem, na página 24:
“Sobre tudo pairava ali o silêncio de
um frio anoitecer de inverno. Não era um silêncio do tipo dos silêncios
transparentes que o convidam a se juntar, você também, a ele, mas um silêncio
indiferente, muito antigo, um silêncio que jaz com as costas voltadas para você”.
Boa semana a todos,
Rita
Maravilhoso comentário,Rita.
ResponderExcluirParabéns, pelo comentário! Testando...
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