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5 de maio de 2015

Minicontos da Zezé Pedroza


Zezé Pedroza


“Sem sede e com a boca ainda umedecida. A beira da cama sua mãe olhava, ainda com o algodão molhado e ele... acordando do coma.”  -  A volta

“ A folia acabou, é quarta-feira. E ainda embriagados pelas juras de amor a dois, este ano retiram as máscaras. É o fim do casamento.”  -  A traição

“ Como um papel prensado, o filho se acabou sob o trator que ele guiava. Então voltou bendizendo e beijando as terras brasileiras."  -  A maldição

 “ Próximas ao ninho, formigas foram intoxicadas com grande carregamento de asas de barata pela parede.”  -  Crime na cozinha

“ É a polícia abram, gritavam lá do portão. Revistaram a casa inteira. Eles se foram e a mãe o tirou do cesto de roupas.”  -  O filho da mãe

“ Miavam com fome os filhotes sem a mãe. Um pires de leite então eu os ofereci, e ao chegar um por um, ela levou para a caixa de novo!”  -  A gata

“ Na volta para casa, escutou -Reespeitável público! Aquela frase era tão familiar! Um sofrimento que o faz chorar. Desmaiou.” Zezé Pedroza  -  O espetáculo

“Já fora de casa com destino incerto, pode avaliar o tormento que fez por merecer, e na mochila levava, culpas e meu coração.”  -  A adolescente

“Fila enorme para assistir o clássico no maracanã e na hora de passar na roleta, perdeu o ingresso. E agora?”  -  A decisão

“Faz-se de boba com perguntas tolas, e até de burra por fingir não entender e no fundo do coração, a humildade para ganhar um pão.”  -  A vida

“Sem rumo ela corria, lamentando o que a vida lhe deu. E deparou com um sorriso e um tudo bem? Um rapaz lindo, cadeirante. Ela voltou.”  - A lição

“Quando o carteiro chamou seu nome, ela tremeu as pernas, corou as faces e perdeu a fala, a bicicleta esta ali. Com papai Noel!”  -  O presente

“E ao chegar lá no fundo, algo me jogou à superfície. Era meu orgulho ferido. Estaca zero.”  -  O poço

“Depois de quatro anos; com chouriço, vinho do porto e o galinho do tempo, que viu tudo calado. Eu tão mulata e tuas faces rubras.”  -  A chegada

“Ali atrás da mesa escondido, e psiu! Cuidado Eles estão chegando. E ali ficou horas, sem saber que o inimigo era a droga. Que droga!”  -  Di macaco

“Se abraçaram para despistar a polícia. No caminho um corpo estirado. - Você não precisa mais disso. Disse ele roubando a droga.”  -  Tiroteio

“Iguaria servida em bandeja, em plena festa toca o celular. Ela ameaçada, ouve: - não vai atender, vai? Ela diz: - não, claro que não.”  -  A festa

“Dois meses de enrolação, o cobrador então levou a cama. Deixou-a na calçada e foi buscar o carro. E não achou mais... roubaram.”  -  O cobrador

“ Evinha fazia uma bala de coco, que desmanchava na boca. Lembrança de minha infância querida, que jamais foi esquecida.”  -  Que delícia!

“No palanque, ele estava cinza e não resistiu. O fedor e a marca na calça branca. E a oposição. Ado, ado, ado, ele está!”  -  A cólica

“Depois do divórcio eram amigos, melhor cirurgião plástico para ela. Depois da cirurgia, era outra. Vingança? Álibi perfeito.”  -  A estética

“No ônibus ela esqueceu a bolsa cheia, mas nem por um momento a outra pensou em chamá-la. Em casa logo abriu. Eram fraldas sujas.”  -  A sorte é sua

“A ordem veio de cima. Em seguida depois de assinar a rescisão, o mensageiro foi algemado e detido. Era briga de cachorro grande.”  -  Justa causa

O pinguço

“Estava tão bêbado que cobriu a mesa com a própria camisa, vestiu a camisinha na boca da garrafa e tentou encher de novo o copo.”  

“Romeu colocou a mão esquerda na abertura da porta, e babando de dor e aos berros, com a outra mão empurrava para fechar.”  

"Parou de beber, antes que fosse tarde demais, só amanhã; hoje só de canudinho. No outro dia. - dá uma aí... passe a régua por favor.”  



“Hoje é dia de movimento na birosca e Romeu passou pra pagar a sociedade, a carteirinha dá direito a beber quando não tem grana.”

“ Programando festa de cinco anos da neta, levantou o dedo e disse: - o bolo é comigo. Bebeu todas. E chegou com o bolo amassado.” 

“Romeu acordou e estava sozinho. - Vamos beber o morto, que o corpo sumiu! Com a língua meio enrolada: - Deve ter ido tomar umazinha.” 

“Caído na rua, amigo lambe a sua boca para despertar e como cão de guarda não deixa ninguém o tocar. E os dois voltam para casa.

“Romeu entra no carro e triste chora. Pobre amigo, corre atrás como quem grita: - Espera! Eu também vou. Que pena, lá não aceita cães.

“Romeu recuperado esqueceu o saco de ouro que nunca existiu. E amigo, mata a saudade do dono, com festa. - Você voltou!!! Estou aqui.” 

“Para sempre cachaceiro, Romeu brinda com café, indica AAA, testemunha, dá palestra. A família perdoou, a consequência, ficou.”  



Zezé Pedroza nasceu em Niterói, é professora e contabilista. Participou da antologia IV “O Perfume da Palavra” pela Editora Muiraquitã. Faz palestras como incentivo à leitura. Brevemente publicará a história, “O incêndio no circo” a que sobreviveu ainda criança. Gosta de contos, minicontos e romances. 



2 comentários:

  1. Olá, Zezé Pedroza, muito grata pela delicadeza de fazer os minicontos especialmente para o Clube de Leitura Icaraí. Eu tenho certeza que você será grande incentivo aos clicianos e novos minicontos com temas diversos surgirão. ;)

    Desejamos sucesso na publicação do livro que vai contar um pouco da sua vida.

    Beijos! Sonia Salim

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  2. Eu é que agradeço o seu carinho Soniasalim e da excelente postagem dos minicontos pelo Clube de Leituras Icarai

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