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16 de abril de 2015

Revivendo leituras passadas - Belém do Grão-Pará: Dalcídio Jurandir




Reunião do Clube de Leitura Icaraí em 01/07/2010

Trecho da Obra

No bonde, Alfredo recolheu-se, sem mais aquela sensação de que o elétrico, com sua velocidade e rumor, quebrava a vidraça das janelas, impressão esta que levara de Belém quando pixote e sempre recordada em Cachoeira.
Até que o bonde ia vagaroso.
E meio sujo, seus passageiros afundavam-se num silêncio e apatia indefiníveis. Pareciam fartos de Belém enquanto seguia com uma crescente gula da cidade. O bonde cuspindo gente, mergulhava nas saborosas entranhas de Belém, macias de mangueiras(…)
Passaram pelo Largo de Nazaré, a Basílica em tijolos ainda, a antiga igreja ao lado. Cobrindo o Largo, mais monumentais que a Basílica, as velhas sumaumeiras. À esquina da Gentil com a Generalíssimo, saltaram.  A cidade balançava ainda. Ou estava tonto com os cheiros de Belém?








A suarê de discussão do Belém do Grão-Pará ocorreu no dia 1/7/10, especialmente numa quinta-feira, por causa do jogo do Brasil, marcando também a transferência das reuniões da última sexta-feira mensal para a primeira, que por ter também outro jogo do Brasil, foi excepcionalmente antecipada para quinta-feira. Marcar qualquer coisa em dia de jogos do Brasil era impraticável. Contamos com a presença do filho do escritor, que tinha chegado naquele dia do Pará, de um congresso em homenagem a Dalcídio Jurandir, e trouxe diversas guloseimas regionais para experimentarmos, entre os quais deliciosos bombons de cupuaçu. Alguns felizardos foram sorteados com livros do autor do livro do mês e com revistas sobre este grande escritor tão pouco lembrado pelas casas de edição.
Belém do Grão-Pará é um livro que merece ser filmado. Algumas cenas são cinematográficas. Uma mistura de Montanha Mágica, Cem Anos de Solidão e Crime e Castigo, tudo isso ambientado num ambiente bem brasileiro, na Estrada de Nazaré, 34.
Mais uma vez, dominou a discussão as tragédias e desgraças que permeiam as obras literárias que lemos no Clube. Se houvesse outro nome para o livro do mês, este certamente seria “A desagregação das coisas”. O que fazemos com o sentimento que fica depois de terminada a leitura? Talvez este seja o papel da Arte, o de salvar-nos da realidade, além de não nos deixar nos aborrecer por não ter do que se aborrecer. Outra impressão que dá é que os personagens do romance, parecem todos ser um só: Dalcídio Jurandir. Pretensão a minha, relevem, que só porque conheço o filho do escritor, fico pensando que conheço o autor.
Uma dúvida permaneceu por um fato curioso na reunião: a predominância do vermelho da roupa das pessoas era um homenagem ao chão vermelho de Dalcídio ou foi presságio da derrota do Brasil para a Laranja?
Em tempo: o que nos liga a um livro: a leitura ou as lições?

Veja o vídeo

3 comentários:

  1. Nem mesmo sei o porque. Mas sei que desde 7 anos ao abrir livro do IBGE (Tipos Regionais do Brasil) lá pelos anos 1968, numa Mini-biblioteca pública de pracinha do Porto de Pelotas, Rio Grande do Sul, conheci o tipo humano do caboclo ribeirinho ou da floresta da Amazônia e o seringueiro que cozinhava fazendo o bolo do látex em algum lugar perdido no âmago da Floresta Amazônica. Desde então passei a acalentar o sonho (para mim utópico!) de conhecer a Terra, o Homem e a Diversidade Cultural daquele Paraíso ou Inferno Verde, onde o rio comanda a vida (estradas são igarapés e águas) onde navegam os únicos ônibus que o povo nortista conhece. Visitei muito rápido (na medida de meu curto dinheiro e economia feita ao viajar de ônibus e barco) aquele Brasil que é abandonado e explorado pelos poderes da república que deveriam melhorar sua qualidade de vida e promover o bem-comum. Passei a amar e sentir-me integrante daquela terra que também é brasileira. Que Deus abençoe todos para conhecê-la e para que eu possa voltar a rever o que me encantou! Amém!

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    Respostas
    1. Isso é o resumo do livro?

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    2. Não , Anônimo, isso é somente um interessante comentário do Vitor!

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