Por Wagner Medeiros
Junior
Após
a expulsão dos franceses do Maranhão, em 1615, o português Francisco Caldeira
de Castelo Branco é nomeado para comandar uma expedição militar com o fim de
explorar o território do Grão-Pará e conter as incursões estrangeiras, que
partiam da França, Holanda e Inglaterra. A proteção da foz do Amazonas era
estratégica para manter a posse do território do Grão-Pará e seu rico estuário
sob controle ibérico, uma vez que a coroa portuguesa encontrava-se sob o
domínio da Dinastia Filipina (1580-1640).
Logo
que chega à baia do Guajará, em 12 de janeiro de 1616, o capitão-mor Castelo
Branco ordena a construção de um forte, nominando-o Forte do Castelo do Senhor
Santo Cristo do Presépio de Belém. Depois é levantada uma pequena capela e
iniciada a construção de um povoado, que recebe o nome de “Feliz Lusitânia” e
mais tarde passará a chamar-se Belém. Começava ali um pequeno núcleo da
colonização e expansão da presença portuguesa na América, em um vasto
território que pelo Tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha.
A
região da baia do Guajará encontrava-se habitada pelos índios Tupinambás. Com a
chegada dos primeiros colonos a reação dos nativos é atroz. Os Tupinambás
cultuavam as tradições de seus antepassados e não conheciam a cobiça e o
sentimento de posse. Por sua cultura resistiam ao trabalho forçado e o julgo ao
colonizador, o que tornou a ocupação do Grão-Pará deveras árdua e tensa,
marcada por rastros e rastros de sangue, pois à medida que a exploração da
terra avançava, muitas tribos iam sendo dizimadas e mais índios capturados, com
objetivo exclusivo de escravizá-los.
O
domínio da região amazônica implicou ainda no rechaço ao corso e na destruição
de toda feitoria estrangeira que fosse encontrada. Cada carregamento de madeira
e dos outros produtos extraídos da floresta, entre eles as chamadas “drogas do
sertão”, alcançava excelentes valores na Europa. Daí o ímpeto bélico luso e seu
projeto de conquista com o intuito de manter o monopólio desses
produtos, o que tornava imperativo a exclusão das demais potências européias.
Assim,
aos poucos, novos cursos de rios e terras foram sendo conquistados e
explorados. Da entrada do atual estado do Maranhão ao Amapá, do alto ao baixo
Amazonas, do Tocantins ao Negro extraia-se o óleo de copaíba, cacau, canela,
baunilha, pimenta, salsaparrilha, urucu, castanhas, anil, couros diversos,
entre tantos outros produtos. Segundo a historiadora Magda Ricci, em seu ensaio
“Cabanos, patriotismo e identidade: outras histórias de uma revolução”, mais
que a quantidade de produtos, sua diversidade e necessidade na Europa tornavam
o comércio com o antigo Grão-Pará peça fundamental no mundo ultramarino
português.
Por
esta razão, o Grão-Pará acabou por se tornar uma colônia de influência
predominantemente portuguesa. A colônia foi oficialmente criada em 1626,
durante o reinado de Felipe III de Portugal e IV da Espanha, com o nome de
Colônia do Grão-Pará e Maranhão. Ela englobava, além do atual Pará, o Amazonas,
parte do Ceará, Maranhão e Piauí. Neste período a colônia do Brasil já abarcava
as demais possessões portuguesas na América, onde predominava a monocultura da
cana de açúcar e o engenho. Em função da vocação extrativista, a colônia
cresceria fortemente ligada a Portugal, sem grande laço com o Brasil.
A
expansão da atividade extrativista no Grão-Pará induziu a agricultura de
subsistência e a criação do gado, alimentando um modelo econômico que se
sustentava na exploração da terra e na escravização do índio. Este modelo
atraiu as missões católicas, visando inicialmente a proteção e a catequese dos
nativos. Entretanto, o trabalho missionário também implicava na utilização
do trabalho dos índios, como necessitava de grandes espaços de terra para
produção e exploração dos recursos da floresta, o que colocou as missões em
concorrência e conflito com o colono português.
Show de bola! Não conhecia esses fatos.
ResponderExcluirCaríssimo Evandro, Saber ser lido por uma pessoa tão ímpar como você é uma satisfação enorme. Muito obrigado pelos constantes incentivos.
ExcluirParabéns pelo texto, Wagner. Bem escrito e de conteúdo muitíssimo interessante. Nestes tempos de desmoronamento da nossa cultura, textos como o seu são um refrigério para a alma.
ResponderExcluirCarlos Rosa.
Caríssimo Carlos Rosa,
ExcluirObrigado por suas palavras. Elas dão combustível para realização das pesquisas e a elaboração do trabalho.
a ganancia
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