“Pretendo ser apenas eu”. Assim diz Dilia Gouveia, na voz de
Hamlet, em seu mais recente livro, Do assombro e do provável. Neste ponto
marco a página 21, olho para cima, olho para dentro e ... começo a viagem. Ser
apenas você mesmo não é nada fácil.
Pouco à frente, na página 25, emprestando voz à Clarice, nos
escreve Dília: “Quando se vive uma parte da existência à superfície de todas as
coisas e de si mesmo; à revelia das potências mais vigorosas; fazendo de conta
que se vive no melhor dos mundos, corre-se o risco de a qualquer momento se
romper esse véu que tudo escondia e se entrar em contato com um outro mundo.
Dessa experiência, se inaugura a outra metade de nossa existência, ou não,
dependendo do que se quer fazer de si”.
O que quero fazer de mim? Prossigo em meu monólogo dialético.
E assim fui por todo o livro, movida pelas instigações e
provocações de Dília, encantada com a mestria com que nos envolve em uma
conversa tão absurda quanto provável, pois que a imaginação tudo pode,
inclusive criar uma nova realidade.
Clarice, Hamlet, criador e criatura outra, tão estranhamente
próximos quanto nós (pronome pessoal) de nós (substantivo plural), emaranhados
em tantas malhas, permeados por tantos devaneios, tentando travar diálogos mudos
em torno deste fogo que nos arde aqui dentro e nos move rumo a tantos desejos
inconfessos.
Dília, querida, amo seus livros e adoro você. Parabéns!
Muito grata à Rita pelo seu comentário. A ressonância que se instala em cada leitor é essencial para a continuidade de cada trabalho. Vindo de um espírito tão incisivamente crítico quanto o da Rita me deixa verdadeiramente entusiasmada.
ResponderExcluirAgora, é aguardarmos ansiosamente pelo dia 8 de junho, para celebrarmos o lançamento do 2º livro de poesias da Rita.
Para a Rita o meu abraço de admiração e ternura
dília