Diz a história que um homem estava muito doente, quase, quase beirando a morte. Tão grave que nem a Esperança lhe fazia mais companhia. Da doença, ninguém nada sabia. De remédios, menos ainda. Até que alguém chegou e disse - e disse por ouvir dizer - que, do outro lado do rio que passava em frente à casa, um rio largo, tão largo que nem se conseguia ver a outra margem, crescia uma árvore enorme, que nem se lhe via a copa.
Desta árvore se dizia ter poderes de medicina, que um chá das lascas de sua madeira, curava qualquer mazela, mesmo desconhecida.
Então um certo compadre, barqueiro por profissão, prometeu ao doente que atravessaria o rio em busca do tal remédio. E lá se foi o barqueiro, cumprir a sua tarefa. Só que no meio da lida, do outro lado do rio, encontrou uns outros gajos (e umas gajas também, por certo) e caiu numa folia, que vai conversa, vem conversa, esqueceu sua promessa. E fez o caminho de volta sem ter da árvore uma lasca.
Estando quase a chegar de volta a sua aldeia, o gajo lembrou a promessa, mas não se deu por achado: pegou a faca afiada e tirou algumas lascas do fundo do próprio barco e embrulhou, direitinho para levar ao doente.
Foi feito o chá, sem demora e sem demora tomado.
Passado um tempo de chá, descanso e muita oração, o homem, recuperado, foi agradecer ao outro o tal chá amilagrado. Depois do abraço apertado, e de muita falação, o barqueiro, aliviado, com um sorriso maroto, resmungou 'pros' seus botões:
Bem minha mãe me dizia: "mais vale a fé do que o pau da barca."
- ILNEA
- “gosto de olhar comprido, longo, longe. Gosto de ver o horizonte para além do mar e de olhar desde o topo da montanha, gosto de olhar para além do fundo do céu, da liberdade de sonhar para além da imaginação, para além do já sabido, do conhecido. Gosto de conhecer, mais que de reconhecer. Para além da lenda. Assim sou eu: para além da história, ou “para lá de antes que seja história.”
Grata, amigo Evandro. Quem sabe na procura ainda encontro algo perdido em "outros devaneios", como diz nossa amiga Dilia? Gentil, para você... é pouco!
ResponderExcluirMais um abraço,
Ilnéa
Só para não me perder no mundo da prosa... cá vou eu fazendo trova:
ResponderExcluirCada dia, mais pequena,
carrego minha velhice,
muitos anos... mas amena,
assim o tempo me disse.
... e esse com espaço pra mais um abraço, (Vixi!!! Isso aí já faz um decassílabo! Meu "sonetista amador", penso, está com ciúmes!!!
I
Excelente, amiga! Acredito muito nisso: a fé é capaz de transformar tudo!
ResponderExcluirBom ler isso quando estamos indo por novos caminhos.
Abraços,
Elô
Salve, Ilnea. Gostei do seu 'compadre', vacilou mas não se fez de rogado, e o que era importante, ele conseguiu.
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