Para não dizer que não falei
de seios
Se o parto é a primeira separação,
O seio é o primeiro encontro
Com a pele, o calor e o leite.
O leite! Que seja infinito e que dure
O bastante para saciar a fome.
Que seja o primeiro dos seios
Depois dos desencontros
Do primeiro dia da creche
E do não daquela menina
Tão bonita e tão vestida.
“Deixa ver, que te mostro”,
E, debaixo da mangueira,
No fundo do quintal, viu
E nunca mais esqueceu.
Do que a mãe lhe ocultava
Nos banhos trancados,
Na noite escura.
“Tira logo a roupa, garoto”.
Ela falou, assustando-o
Na incerteza do que faria,
Nem saber das delícias
Que ela lhe escondia.
Mostrou-se na política,
No seio do partido,
Mas, no meio da multidão,
Eram curvas, não palavras,
O que os seus olhos ouviam.
"Te quero nua", lhe diria.
“Revela-me teu corpo, pois,
Já não tenho o que esconder.”
Foram muitos seios,
Morenos, brancos, negros.
Tantos beijos, corpos, sonhos,
Vindas, despedidas.
Sem os desencontros,
Nunca os derradeiros encontros
Nem os seios da mulher amada.
Uma, duas, três, quatro,
Que importa o número,
Se for infinito enquanto dure.
Luiz, belo e sensível poema, parabéns! Você confirma minha tese de que os seios habitam para sempre o universo masculino. Os americanos que nos leiam. Eles também vão adorar!
ResponderExcluirAdorei. Me fez lembrar um dos melhores contos que já li: "Viagem aos seios de Duília", de Aníbal Machado. Gostei da atmosfera traçada nas letras do poema.
ResponderExcluirTambém adorei.
ResponderExcluirParabens!
ResponderExcluirVoce nos mostra atraves do belo poema,como essas primeiras vivências permanecem
de forma significativa, no resto de nossas vidas
Ceci Lohmann