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28 de março de 2021

Entrevista em dose dupla: Benito Petraglia & Carlos Benites

Benito e Benites, ambos integrantes do Clic, tantas vezes classificados no Prêmio UFF de Literatura e outros prêmios, nos brindaram com mais uma entrevista-desafio, aquela em que as perguntas são formuladas e respondidas pelos próprios. Vejam o resultado e deem continuidade à entrevista utilizando o campo “Comentários”.



Nós temos em comum o fato de termos usado algumas personagens femininas da vida real que nos inspiraram a escrever alguns textos, como a Miss Eucalipto, a Dama do 996 e a menina da Livraria Travessa. Você tem alguma personagem feminina de ficção, que fez com que você se apaixonasse por ela?  Alguma que você lia e te deixava vibrando, pensando que ela seria alguém que você gostaria de viver uma história de amor e/ou paixão? Pode ser mais que um.


BENITO: O mais provável seria mencionar personagens de romances. Talvez a Luísa de Primo Basílio, ou Capitu, ou personagens de romances naturalistas. Mas a personagem feminina mais, por assim dizer, ardente vem de um conto! Isso, um conto, gênero em que a ação é o traço mais relevante. Trata-se de Conceição, de "Missa do Galo", construção genial do velho Machado. 

 É mulher apenas "simpática", "rosto mediano, nem bonito nem feio"; mas naquela noite de natal, naqueles breves momentos com Nogueira, transforma-se na figura feminina de papel mais provocante de todas que já li. E olha que ela não despe uma peça sequer de roupa. A dança que executa em torno do Nogueira, o clima criado, os gestos que ela faz: "Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio cerradas, sem os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los." - tudo contribui para a formação de uma atmosfera carregada de erotismo. Me deslumbrei junto com Nogueira. E ela, "que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima", naquela noite, só naquela noite.


 BENITES: As personagens femininas me atraem desde a adolescência ou pré-adolescência, quando eu já tinha me apaixonado pelos livros. Acredito que a primeira foi a Becky, namoradinha do Tom Sawyer no livro que conta suas aventuras, escrito por Mark Twain. Mas como tem muito tempo (e põe muito tempo nisso) que eu li pela última vez o livro, não tenho muitas recordações, não posso colocá-la num pedestal.  Mas daí veio outra personagem, que é pouquíssima conhecida, muitos inclusive não devem nem saber da existência desse livro e inclusive eu, confesso, tive que pesquisar para lembrar de seu nome correto (da personagem). Trata-se de Jeannine, personagem secundária do livro Gente como a gente, de 1976, livro escrito pela americana Judith Guest e que caiu em minhas mãos aleatoriamente em 1980, ao procurar livros no antigo Círculo do Livro.  A atração pela Jeannine tem a ver com a minha grande aproximação com o livro e com o personagem principal Conrad, que a conheceu dentro de uma biblioteca. Essa resposta em relação a essa personagem e à seguinte que vou falar, tem a ver com a resposta à próxima pergunta.  Como foi uma fase marcante de minha vida, já no fim da adolescência, Vestibular e, embora os problemas do personagem fossem bem diferentes do que eu tinha, me identifiquei muito com ele e, por tabela, o aparecimento da Jeannine, e a forma como ela era descrita, me deixou apaixonado por ela. Foi um livro que me emocionou bastante, e quando chegava ao final, me dava pena, e imediatamente o reli, não por não ter entendido alguma parte, mas por querer continuar mantendo contato com o livro. Essa personagem tinha uma aura tão linda, que ficava desenhando seu rosto enquanto eu lia e a imaginava como um padrão que eu gostaria de conhecer. Curiosamente, talvez instintivamente, tive relacionamentos que se ligavam a ela, mas que só tive noção dessa ligação anos depois.


Poderia citar também as personagens Aída do fenomenal Mario Vargas Llosa, por conta de seu ativismo político estudantil, mas para não me estender, vou citar uma personagem de um conto brilhante do Rubens Figueiredo. O conto chama-se "Alguém dorme nas cavernas" e a personagem é a espeleóloga Raquel. A culpa disso é do texto escrito pelo Rubens Figueiredo. Como te disse, Benito, há duas longas passagens (no mínimo), que eu considero umas das magistrais já lidas, nas quais o autor descreve as cenas de tal forma que o leitor dificilmente passa ileso. Como alguns críticos já têm comentado, ele vem seguindo uma importante característica do Graciliano, pois trabalha o texto de uma forma bem intensa, deixando-o ao mesmo tempo enxuto e preciso. Eu lia o livro e sentia o arrepio da pele da Raquel, os pelos de seus braços, os pingos escorrendo pelos seus cabelos, o cheiro da chuva e da natureza.  Vou deixar aqui, de brinde, duas passagens:

Os lobos vieram num ziguezague caprichoso, contornando barreiras invisíveis que eles mesmos inventavam no ar para se proteger. Um. Dois. O casal, a fêmea na frente. O macho atrás, (...) Experimentaram o cheiro novo, de Raquel, comedora de carne ela também. (...) Senti Raquel tremer, suar. Senti uma emoção palpitar dentro dela, respirar na sua pele. Lado a lado, boa parte do seu braço nu encostava no meu braço nu encostava no meu braço.(...)
O cabelo de Raquel ainda estava molhado. Lentamente, pus minha boca e meu nariz atrás da sua orelha. Ela não se mexeu. Os lobos diante de nós. Corri os lábios na sua pele, um, dois centímetros enormes. Respirei pelos seus poros. Descobri uma penugem macia na pele que desce abaixo da orelha, por trás na direção da mandíbula. Com a ponta da língua, provei a suavidade daquela ilha de cabelos. Resvalando de leve com os lábios, mal tocando em Raquel, minha respiração era uma penugem ainda mais tênue. Senti que o impulso de um arrepio atravessava o corpo de Raquel, uma reviravolta na sua pele. Ela não se mexia.
A frescura do seu cabelo molhado tocou um centímetro de minha pele, frio, em algum ponto da bochecha. Outra mecha refrescante deslizou um dedo na minha testa, deixando um rastro úmido, uma memória que ia se evaporar com o meu calor. Raquel não se mexia, mas seu cabelo de algum modo me acariciava. Os lobos a poucos metros de nós. Cochichei, sem saber por quê:
- Agora somos dois casais.


****
 Raquel já estava há algum tempo no lago, cada vez mais à vontade. De vez em quando vinha até a margem pegar folhinhas aromáticas para esfregar na pele, no cabelo. Boiava, afundava, se mexia na água quase sem fazer ruído. Como um peixe no fundo do rio. Ela já não pensava em cavernas, não pensava em Timóteo, já não era Raquel. Ela era água, era folhas, (...)
Rindo de mansinho, puxou-me pela mão, me fez entrar no poço, de calça, camisa, chapéu. De alguma forma, eu me desfiz disso tudo e Raquel passou a me esfregar as folhas aromáticas, quase tão macias quanto as suas mãos. Tentei não fazer ruído também, tentei ser água como ela. Procurei a ilha de penugem macia por trás do seu pescoço, abaixo da orelha. Raquel ria em silêncio. Escolhia pontos em meu corpo, distantes um do outro, no peito, nos ombros, onde apertava de leve o nariz ou tocava com a ponta de um dedo, e soprava. Suave, úmido. Duas ou três vezes pensei que eu fosse afogar no seu cabelo, mais água do que o poço. (...)
Raquel havia estendido uma toalha na margem. Me levou até ali. Minhas mãos esmagaram as folhas cheirosas da relva. Acho que arfei e rosnei como um bicho. Antes de dormir. 



 
E entre personagens masculinos, há algum com o qual você tenha se identificado, ou mesmo que fosse bem diferente de você, mas que tenha criado um elo muito forte entre vocês? Também pode ser mais que um.

BENITO: O personagem masculino é o Paulo Honório, de São Bernardo, do Graciliano Ramos. Não sei se é identificação, não sei se é por ser bem diferente... Quer dizer, diferente de mim ele é. São visões de mundo opostas. Ele é um possessivo, um explorador, que dá preço a tudo, enfim, um capitalista empedernido. Mas a força, a sinceridade, a densidade humana com que o velho Graça infundiu de vida este personagem lhe dão uma dimensão existencial enorme, sobretudo após o suicídio de Madalena, quando toma consciência do "mal" que fazia às pessoas. Toma consciência, bem entendido, mas não se modifica, pois o projeto inicial dele é construir o livro pela divisão do trabalho, como está na primeira frase do romance. A  propósito, como te disse, estou escrevendo, como você, um texto sobre uma fictícia opinião de Paulo Honório sobre a polêmica questão das biografias, interessante ideia do teu orientador. Quando ficar pronto te mando.



BENITES: Os personagens masculinos são o Conrad, do Gente como a gente, e o Santiago Zavalla (Zavalita), do Conversas na Catedral. O primeiro, como eu falei na pergunta anterior, é o personagem principal de um livro que muito me marcou.  Eu estava num período bem difícil, e daí as páginas do livro aos poucos foram me trazendo momentos de prazer e emoção. Embora as razões do sofrimento do personagem fossem bem diferentes das minhas, eu me identificava bastante com ele. Vibrava no crescimento que ele ia obtendo aos poucos.  A cada vitória, era como se eu comemorasse um gol. Com 17/18 anos, o livro veio como uma tábua de salvação, um companheiro e tanto. Quando o livro terminou eu lamentei e já coloquei como meta de que iria relê-lo em seguida.  Acho que comecei a relê-lo no dia seguinte. Aí esperava um tempo e voltava a ler uma, duas, três vezes.  ... não sei quantas vezes eu o li.  Acho que eu o li ainda uma última vez com mais de 30 anos, depois de ver o filme passar na tv, por ter ficado curioso sobre minha reação ao ler o mesmo livro que tinha lido há mais de dez anos pela primeira vez.


O segundo, Zavalita, pertence a um livro que eu lamento muito que o clube tenha ficado tão relutante em ler. Eu o considero melhor que todos os outros livros do autor já lidos no Clube. E creio eu que qualquer outro que já leu muito do Vargas Llosa deve pensar a mesma coisa. É daqueles tipos de livros que qualquer um que já escreveu algum texto gostaria de escrever. Me identificava também por suas atividades como participante de grupo político estudantil e das certezas e incertezas sobre esse movimento e tudo em sua vida. Mas creio que esse romance só será lido no Clube se eu estiver afastado dele.


 

Temos também em comum o fato de termos partido para estudar Letras na UFF já na fase adulta, muitos anos depois de termos estudado cursos que eram considerados os mais procurados em nossas épocas, você Medicina e eu Engenharia. O que sentiu de diferente?  Foi difícil tomar essa decisão? Alguma decepção em um dos cursos?

BENITO: É verdade. Nós regredimos, socialmente falando. De fato, senti diferenças siginificativas. A primeira foi imediata, de cara literalmente, diferença visual. Logo que entrei na sala, no primeiro dia, vi que a turma era colorida - era branco, era pardo, era negro, era vermelho, era amarelo. Na minha turma de cem alunos de medicina na UFF só um era negro. Outra diferença diz respeito à quantidade e ao nível de exigências quanto às tarefas escolares. Pede-se e cobra-se muito pouco dos alunos de Letras. Ou, pelo menos, pedia-se e cobrava-se. Outra diferença refere-se às ideias dos professores. Sabe-se que médicos, de modo geral, até por origem de classe, têm um pensamento, assim, meio conservador, pra não dizer... pois é. Pensei que na Letras, área de Humanas, fosse encontrar um ambiente mais progressista e não foi tanto assim. Agora, a diferença das diferenças, a sublime e suprema diferença é que encontrei meu caminho, ainda que tarde. A dificuldade de tomar a decisão se deveu basicamente aos meus pais. Muito humildes, mais humildes que os seus - excurso dramalhão mexicano -, queriam o diploma de médico do filho, eles que arduamente trabalharam para esse fim. Acho que no final ficou tudo bem. Dei a eles o diploma, e a mim dei-me o futuro.



BENITES: A primeira vez que o curso de Letras veio a mim, foi quando eu era adolescente e uma professora de Português, que gostava de minhas poesias, falou que eu seria escritor e que eu deveria estudar.  Só não lembro se ela falou exatamente Letras, mas a lembrança é que ela falou de um curso que me levaria a ser escritor. Mas eu já havia tomado a decisão muito cedo de que eu seria engenheiro elétrico. Não tenho certeza se seus pais eram mais humildes que os meus.  Mas essa decisão foi porque eu era bom em Matemática e, por ter como vizinhos dois irmãos, um médico e um engenheiro, algo que alguém disse (não lembro quem) me fez decidir muito cedo que carreira eu iria seguir. Acho que nem quando eu recebi um troféu num concurso de poesia e outro por escrever uma peça de teatro chegou a abalar minha decisão na época. Do meu início numa faculdade particular até chegar na UFF, comecei a ver que aquilo não era meu lugar, mas, assim como você, me sentia preso ao desejo dos pais de ter um filho que fizesse um curso de grande prestígio. Mas não lembro de pressão por parte deles especificamente pelo curso de Engenharia. Eu que me pressionava. Fui ajudado por um professor argentino que me deixava boiando completamente na sua disciplina, e tendo cursado mais de uma vez, sem sucesso, e mesmo não faltando tanto para me formar, entendi que nunca iria aprender aquela disciplina e o desânimo que já me tomava aumentou. Abandonar o curso foi a melhor decisão tomada.  Mas tem dias que eu penso que eu poderia ter seguido adiante, caso tivesse outro professor e eu acabaria levando o curso nas coxas até o final. 


O Curso de Letras veio bem tarde, e embora tenha noção de que se tivesse feito o curso mais cedo, algumas coisas poderiam ter sido melhores pra mim, imagino que essa decisão na fase madura de nossa vida ajuda bastante em alguns aspectos. Lembro que acumulamos mais conhecimento de vida e até da literatura, o que ajuda bastante no entendimento d a literatura. E não sei se tivesse feito Letras aos 17 anos eu teria partido depois para fazer especialização e depois Mestrado, e pensando no Doutorado. E lembro que quando fui estudar Letras foi para estudar Inglês, já que eu tinha concluído o curso do Fisk e queria obter a licenciatura para dar aula, coisa que eu sempre me negava a me imaginar como tal, talvez até por trabalhar numa faculdade voltada aos professores.  Do meio para o final eu praticamente já tinha decidido que iria seguir a área de Literatura, por conta de todas as disciplinas ligadas a ela, tanto as de língua inglesa, quanto as da literatura brasileira, grega e latina. No curso de Engenharia era uma época de poucas meninas. Acho que na particular estudei com 4 ou 5, sendo que duas são musas que eu pretendo escrever um dia, e na UFF eram só duas ou três meninas em todas as disciplinas. Hoje, se eu for no curso de Engenharia, há um equilíbrio entre os sexos. Talvez uma das habilitações até tenha grande predomínio masculino, mas nem de longe parecido com a minha época. De repente até haja mais mulheres em outras habilitações. Minha afilhada inclusive estuda Engenharia. No curso de Letras nem precisa dizer, mas em todas as disciplinas era o inverso da época da Engenharia. Outra diferença era a dificuldade em se ter uma nota de 9,0 pra cima na Engenharia. Lembro que tinha uma disciplina que fiquei com média 9,5 e eu achava fácil por conta do meu gosto pela Matemática, mas que reprovava muita gente. Mas todos comemoravam quando conseguiam atingir a média 7 e assim não precisavam fazer prova final.  Mas em geral, no curso de Letras só se o aluno não quisesse nada com a hora do Brasil, ou quando percebíamos claramente uma atitude maldosa do professor em relação a um ou mais alunos que alguém era reprovado.  A questão citada por você da relação racial eu percebi melhor na UFF, pois na Engenharia que eu me lembre só havia dois negros ou descendentes.  Já na Letras, embora não fossem tantos, percebia com mais facilidade que a UFF não era somente para os alunos ricos e brancos.   Na particular, tinha colegas que já trabalhavam, e isso me incomodava no início por não ter conseguido um trabalho, o que aconteceu depois que fiquei empregado. Na Engenharia da Veiga de Almeida, eu conheci mais gente com mente parecida com a minha, pensando no lado político. Na UFF, os estudantes de Engenharia era um celeiro de alunos com posições conservadoras, que remavam contra as ideias de boa parte dos estudantes dos outros cursos. Muito individualismo. Creio que se juntavam aos alunos da faculdade de Direito e Medicina. Quando teve uma greve estudantil em apoio aos professores, eu era o único do curso de Engenharia. Eram alunos também que pensavam mais em festa do que propriamente estudar.  E eu posso falar tranquilamente disso, pois eu circulava em todos os ambientes. Eu gostava de participar de tudo que era atividade esportiva e cultural nas duas instituições, se amigos marcavam para ir a festas no final de semana, eu também ia.  Foi uma época que eu me enriqueci bastante culturalmente, indo a teatro, cinematecas, festivais musicais, e participava do time de voleibol e futebol de salão da Engenharia. Mas estudava firme, pois sabia que se não ficasse horas na biblioteca, eu não aprenderia. Na Letras, acho que dependia muito de cada habilitação, pois cada uma tinha um perfil, assim como do turno. A turma que melhor me adaptei foi a que estudou comigo nas disciplinas da noite. Eram alunos mais batalhadores, que valorizavam o dinheiro que tinham que gastar em livros e cópias, que eram mais responsáveis com trabalhos e, o melhor, com um sentido de grupo melhor que todos.

23 comentários:

  1. Benito e Benites, muito legal a entrevista entre vocês. Adorei as dicas literárias e saber um pouco mais do lado pessoal de ambos. Nunca poderia imaginar as revelações que fizeram.

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    1. Rita
      Você é realmente craque no que faz. Excelentes ideia e edição.

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  2. Enfim fiquei sabendo quem é Benito e quem é Benites, pensava que eram os mesmos.Eu também gostava de ler Conversa na Catedral do Llosa.

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  3. Benito e Benites, a dupla literária do CLIc! Nosso Clube entretém, mas também aborda Literatura de forma fecunda, graças a atuação desses dois escritores e profissionais das Letras.

    Benites, em 2014 leremos "Conversa na Catedral" no Clube: encontrei o antídoto para a relutância do CLIc em ler esta obra magistral de Mário Vargas Llosa. Fora de cogitação a possibilidade de você se afastar do Clube. Lamento que a gente nem sempre consiga emplacar o livro que tanto queremos ler.

    Aproveitando que Benito & Benites são os principais defensores de se ler mais literatura nacional no nosso clube de leitura, constatei que em 2013 lemos 7 brasileiros* e + 2 autores em língua portuguesa. Acho que o Clube atendeu o pleito dos dois cliceanos nesse ano de 2013.

    Gostaria que ambos relacionassem 10 obras literárias indispensáveis para leitura do CLIc, é possível? Essa é a minha pergunta/pedido para/a ambos.

    * Contei a Dília como brasileira, naturalmente.



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    1. Menos, Evandro, menos. "Escritor e profissional das Letras" é exagero que corre por conta de sua genersidade.
      Evandro, lietratura portuguesa NÃO é literatura brasileira.
      Aí vai minha relação, e veja se eu sou esse nacionalista ferrenho e xenófobo.
      Memória póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
      O evangelho segundo Jesus Cristo - Saramago
      A marca humana - Philip Roth
      Desonra - Coetzee
      A hora da estrela - Clarice Lispector
      Barco a seco ou Passageiro do fim do dia - ambos de Rubens Figueiredo
      O amanuense Belmiro - Ciro dos Anjos
      Conversa na catedral - mario Vargas Llosa
      Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
      Habitante irreal - Paulo Scott

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    2. Oi Benito (obrigada, Benites, por tê-lo identificado, rsrsrs), obrigada pela lista de livros recomendada. Lerei Desonra em dezembro ou janeiro, O Evangelho lá lemos no clube, mto bom, A hora da estrela li agora em novembro, mas confesso que Clarice não é das minhas preferidas. Conversa na catedral lerei em 2014, sem falta. Memórias Póstumas li há tantos anos que não lembro nada, rsrsrs. Agora o que me assustou foi o Paulo Scott. Eu li um livro dele de contos e fiquei horrorizada com a repugnância, e não acho que me horrorize facilmente. Esse aí é mais tragável?

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    3. Ainda não li nada do Paulo Scott. Assisti a uma mesa redonda na qual ele esteve e proferiu uma palestra sobre sua trajetória literária e gostei. A primeira vez que vi seu nome foi quando foi apontado como um grande nome da literatura contemporânea e depois o Benito o indicou há um ano mais ou menos. Mas vi que tem alguns livros que apareceram tanto na minha lista quanto na do Benito: Memórias póstumas de Brás Cubas (o melhor ou um dos melhores do Machado), Passageiro do fim do dia e Conversa na Catedral. Ele indicou outro livro do Saramago, o Evangelho, que realmente já foi lido (acho que em janeiro do ano passado). Mas já que nós dois indicamos o Saramago, fiquem com o meu então...rs... Memorial do Convento é muito bom, apesar de que o Cícero não tenha gostado dele.

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  4. Só uma pequena correção ao meu texto, talvez porque o que está grande era maior ainda e tive que recortar e acabei não reparando que eu acabei retirando texto fundamental para o seu entendimento. Na parte onde se lê "Poderia citar também as personagens Aída do fenomenal Mario Vargas Llosa (...)", faltou a outra personagem, que é a Ana. Aída e Ana são personagens do Conversa na Catedral.

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  5. Não sei se a mensagem apareceu ou não... vou escrever novamente uma pequena correção ao meu texto, que fiz sem ao menos rever. Só tive tempo de cortar parte dele, pois vi que o que ficou grande era ainda maior. Nesses recortes, acabei deixando de fora uma parte importante para o entendimento. Na parte onde se lê "Poderia citar também as personagens Aída do fenomenal Mario Vargas Llosa (...)" era pra ter ficado "(,,,) as personagens Aída e Ana do livro "Conversa na Catedral" do fenomenal Mario Vargas Llosa".

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  6. Um dialogo inteligente,fluindo com contribuiçoes importantes..muita coisa nova para eu apreender...vcs sao nota 10...veja se comparecem no dia 7..bjs...genial tambem a ideia de fazer esta entrevista com os dois..

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  7. Rita, as revelações pessoais eu já havia contado para alguns cliceanos. Acho que o Benito também havia já comentado. Só as razões que talvez nem todos soubessem. Mas sabe que tanto a Engenharia para mim quanto a Medicina para o Benito, mesmo tantos anos passados, ainda deixam marcas na gente. O Benito como sempre foi muito estudioso (muito mais do que eu, sem dúvida alguma), mesmo sem trabalhar na área, ainda é capaz de opinar em muitas coisas. Eu ainda sou capaz de mexer em expressões de Cálculo Diferencial, integrais, derivadas.. Quando eu dava aula de Português nas minhas práticas de ensino, de vez em quando eu me perdia socorrendo alunos do Liceu que estavam com problemas em Matemática, explicando o que eles não tinham conseguido aprender com seus professores.

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  8. Anônimo, você poderia se identificar, só para saber se eu já o conheço, virtualmente ou pessoalmente? Os nossos nomes são apenas parecidos. Por acaso, o nome do amigo Benito é o mesmo do meu pai. Aliás, o nome completo do Benito é o mesmo do presidente da Unimed Niterói, Benito Petraglia, que é seu primo. E adoro quando encontro outros amantes desse livro fabuloso do Vargas Llosa.

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  9. Evandro, creio que o antídoto para o clube ler o Conversa na Catedral é ele ser levado por outra pessoa. Por isso eu parei de indicá-lo. Mas sinceramente, se ele for lido sem eu me afastar só acontecerá por conta de um dramalhão que eu fizer em torno desse fato. Mas tenho certeza absoluta, quem está perdendo é quem não quer vê-lo sendo escolhido pelo clube e por consequência o CLIc, pois é a obra prima do autor.
    Sobre meu afastamento, já estou num período que me cobra esse afastamento, de viagens, produção de textos, leituras e prazos a serem cumpridos. Tenho ido mais às reuniões ultimamente pelo simples prazer de estar com pessoas que me dão prazer de estar, além de ouvir a opinião sobre os livros, pois não tenho lido a todos.
    Em relação a livros nacionais e estrangeiros, minha posição de defender a leitura de livros nacionais foi feita unicamente em função do contexto da época, que deixou um período com dois ou três nacionais num período de um ano ou pouco mais. 7x5 para nacionais ou estrangeiros não seria problema para mim, ainda mais se entre nacionais e estrangeiros estiverem autores como Saramago, Llosa, Mia Couto, Pepetela, Machado, Graciliano, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Autran Dourado etc...

    10 obras indispensáveis? Algumas já foram lidas, como Grande Sertão, do Rosa, São Bernardo, do Graça, Dom Casmurro, do Machado,Crime e Castigo, do Dostoiévski. Mas acho que uma lista feita por mim seria a MINHA lista, a do Benito seria outra, a sua outra, da Dília outra, e assim como a do Novaes, da Rita, da Rose, da Norma, da Elenir e de todos os outros. Inclusive uma lista de dez é muito curta, que hoje pode ser uma e daqui a um ano posso ter outra. Então vou fazer uma que HOJE eu indicaria que o clube lesse. Não vou incluir livros que eu sei que foram lidos, como os que citei, embora eu os considere que seria muito bom que o clube os lessem. Não colocarei somente clássicos antigos. Indicarei alguns autores contemporâneos.
    CONVERSA NA CATEDRAL - Mário Vargas Llosa
    MEMORIAL DO CONVENTO - José Saramago
    ÓPERA DOS MORTOS - Autran Dourado
    MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS - Machado de Assis (embora eu ache difícil que ele não tenha sido lido, imagino se foi lido mesmo, foi no mínimo há mais de 5 anos)
    GABRIELA, CRAVO E CANELA - Jorge Amado
    O GRANDE GATSBY - F. Scott Fitzgerald
    PASSAGEIRO DO FIM DO DIA - Rubens Figueiredo (não o li, mas gostaria de lê-lo), mas se quiserem livro de contos, tem o livro que citei em relação à personagem feminina, O LIVRO DOS LOBOS.
    OS IRMÃOS KARAMÁZOV - Dostoiévski
    VIDAS SECAS - Graciliano Ramos
    O CÃO E OS CALUANDAS - Pepetela (não há concordância sobre que categoria esse livro se enquadre, mas alguns o consideram como romance. Ele é formado de páginas de diários, atas, parte de peças teatrais, recados, recortes de anúncios de jornais, etc. formando um todo.

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  10. Queridos amigos, Benito e Benites, ler e ouvir vocês é, sempre, um prazer e uma aprendizagem. Perguntas e respostas excelentes! Parabéns! Benites, espero que, no próximo ano, "Conversa na Catedral" seja lido ainda no 1º semestre. Com a sua presença, é claro! Vocês estão fazendo falta nas reuniões. Abraços.
    Elenir

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  11. Elenir, você é uma querida e assim, você é suspeita para falar da gente, ehehhe
    Como havia dito antes, alguns fatos nos últimos meses estão me levando a faltar. Por exemplo, em novembro tive que viajar para três cidades de MG por conta de trabalhos para serem apresentados. Mas como disse antes também, muitas das vezes quando eu estava indo aos encontros do CLIc eram somente porque eu queria ter o deleite de estar com pessoas que me dão esse prazer, pois não estou tendo tempo para ler outros livros além dos que eu tenho que ler para meus estudos. Mas prometo ir na próxima sexta-feira e te dar um abraço.

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  12. Só esclarecendo... o Anônimo que respondeu ao Evandro, Rita, Ceci e Elenir foi o Benito. Eu falei para ele colocar o nome abaixo, mas ele se esqueceu.

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  13. Também adorei a entrevista, pensamentos interessantes. Em 2014 vou ler Conversa na Catedral.

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  14. Então vamos marcar uma reunião para debater esse livro no Rio, aproveitando que o pessoal que comentou aqui trabalha, estuda ou mora no Rio. Pode ser para um chopp ou café no La Bicyclette do Jardim Botânico, por exemplo, daqui a uns 2 ou 3 meses. Topam? Seria a segunda sessão do CLIc-Rio! Pode até ser um programa de fim de semana! Querem catedral melhor que o jardim botânico para uma boa conversa?

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  15. Curti mil vezes essa idéia M. Le Concierge.

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  16. Curti mil vezes essa idéia M. Le Concierge.

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