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29 de junho de 2012

Hot debate: Escatombe

            
Carlos Rosa Moreira
            Ângela terminou comigo. Me arrasou. Caminho sem eira nem beira por essa calçada escura, circundando a praça cujas grades me parecem lúgubres e ameaçadoras, claro aviso de perigo. Cá estou ao léu, sujeito aos perigos que a grade mostra que a cidade tem. Pelo menos assim me parece. Deve ser porque estou perdido, uma alma perdida.
            Eu morava com Ângela. Ela gostou de mim e me cedeu um espaço de seu pequeno apartamento no centro. Sou do interior, pouco sabia do Rio, mas conheci Ângela na faculdade e acabamos juntos. Ângela gostou de mim, mas não precisa de mim, é independente e forte. Tudo corria tão bem... Ela soube que eu havia comido a Margarete. Alguém de olhar enviesado contou a ela. Foi uma discussão sem tamanho. No fim, descabelada de tanto falar, ela me mandou sair. Em plena noite do Rio. Um rapaz do interior, com o coração prestes a explodir, sem dinheiro, andando pelo centro do Rio... Acho até que foi má, poderia ter esperado o dia seguinte.
            Vou andando sem direção ao longo dessas grades que parecem não ter fim. Numa pequena praça ao lado, um mendigo enraba outro. O enrabado está de quatro, com a cabeça apoiada num monumento; os movimentos do seu colega empurram seu corpo para frente e, de vez em quando, ele passa a mão na testa que bate contra o monumento. O que está enrabando faz movimentos ligeiros. Olhando de longe, parece uma trepada de macacos que vi num filme sobre a natureza. O comedor movimenta-se rápido, vira a cabeça de um lado para outro e continua frenético na enrabação. Eu vou andando. Há um cheiro ruim no ar, odores de fezes e de urina. Atravesso a rua. Passam alguns carros, a maioria táxis e um ou outro ônibus. Existem poucas pessoas na noite. Alguns retardatários retornam para casa após o trabalho, são pessoas diurnas, comuns, que passam atentas e apressadas; os seres noturnos são identificados porque perambulam feito predadores, vão mas voltam, esperam... Me preocupo com a  mochila velha com minhas coisas, são meus únicos bens. Ângela não precisava ter feito isso, eu não sou daqui, não conheço nada direito... Toco em frente. Próximo à Glória, um grupo de travestis alegra a calçada. Tem um alto, muito branco, cabeleira negra, pernudo, bocão pintado, parece-se com uma atriz da televisão. Veste um capotão escuro que abre para cada carro que passa, exibindo a calcinha minúscula e os seios duros. Mais adiante, um carro bacana está parado junto ao meio-fio. Um homem de cabelos pintados está em pé ao lado da janela do motorista. Tem o pau para fora, um pau enorme que brota da bermuda arrochada e adentra a janela do motorista. Eles conversam e o motorista sorri e alisa o pau. Numa esquina, a viatura policial me dá alívio. Há algo de sossegador no ar, dado pela presença da polícia e pela luz de um carrinho de cachorro-quente. Lá atrás o sinal abriu; carros passam no rumo sul. Eu também vou indo, adentrando a noite, seguindo no escuro. Adiante parece haver somente a noite. Deixo para trás o que penso ser a última vida: um travesti muito louro, encarapitado sobre uma lata de lixo. Usa um biquíni de lantejoulas azuis e faz meneios, caras e bocas sobre a lata de lixo. Aquilo me encheu de tristeza. Pobre dama da noite, pobre Marylin. Devia ter mexido com ela, devia tê-la chamado de Marylin. A tristeza do que é Marylin soma-se à minha, e a minha são duas: a de ter perdido Ângela e a de ser um coitado na noite do Rio. Penso no interior, no cheiro noturno que desce das matas para a cidade, um cheiro fresco de orvalho. Nessa noite do Rio, o cheiro é de poeira preta de asfalto misturada às fezes de gente e de bicho. Não há ninguém onde estou. Atravesso uma praça áspera, sem árvores, iluminada. Não sei se tenho mais medo da luz ou do escuro. A luz mostra a solidão em que me encontro; no escuro, pelo menos, há alguma expectativa, nem que seja de encontrar a luz! Vou andando e passo em frente ao hotel onde comi Margarete. Penso naquele momento, no corpo bonito de Margarete, nos seus gemidos. De repente, o rosto de Ângela aparece. Ângela é magrinha, nervosinha, mas é dela que eu gosto. Dá vontade de chorar quando penso que pode arrumar outro.
            Tem uma mendiga em pé dentro de um jardinzinho na calçada. Está fazendo cocô sem ter tirado a saia molambenta. O cocô desce meio mole pelas pernas ou cai em pelotas sobre a grama do jardinzinho. Fiquei com um nojo danado. Pobre mendiga. Pobre mulher. Na minha opinião deveria ser lei: “Não negarás ao semelhante a possibilidade de conhecer as coisas mais finas e bonitas; todo ser humano terá direito de viver a vida com as lindezas que a vida tem; a toda pessoa será oferecida a oportunidade de livrar-se do embrutecimento, pois a vida é só agora, quem não viveu, não tem mais”.
            Tadinha... Podia estar limpinha, vaidosa, com as unhas pintadas, cheia de sonhos e desejos, mas tá aí, fazendo cocô... Será que algum dia ela fez cocô numa privada, dentro de um banheiro bonito como aquele do hotel onde comi Margarete? Tomara que tenha feito, meu Deus, tomara! Sou um simplório, estou muito sensível e me vem lágrimas por causa daquele ser humano, aquela irmã transformada em zumbi. Será que nunca a vi? O que faz a perda de um amor...
            Atinjo luzes e me sinto bem com o movimento da rua. Vou olhando, pois é bom ver se há algum canto para dormir; uma marquise, um banco de praça... Lá na frente é o Catete. Catete de Rubem Braga. Eu não conheço nada aqui, só sei do Rubem Braga e do que ele escreveu sobre o Catete. Paro numa esquina, estou perdido, quero Ângela. Me dá um desespero danado imaginar que estou aqui no Catete! A polícia prende um moleque. É um pretinho miúdo e magrelo. O policial dá-lhe uns safanões e planta a mão que estala no coquinho crespo. O moleque sai aos trambolhões e cai aos pés de uma pilastra. Há uma debandada nervosa de pequenos seres escuros, magros e ligeiros, que se acalmam quando se põem a segura distância. O camburão parte, atingindo a noite com a sirene perturbadora. Meninos e meninas voltam a se agrupar como se fossem um cardume após a partida do predador. Começo a ter um pensamento positivo; começo a pensar em Margarete. Foi bom comer Margarete. Ela mora em Copacabana, e eu aqui, durango kid no Largo do Machado. Vou para Copacabana. Margarete só tem celular e não me lembro do número. O jeito é ir andando, ver o que pode dar. E vou andando, varando ruas, túneis, me borrando na noite do Rio de Janeiro.
            Uma vez, vi um filme sobre o fundo do mar à noite. Todo mundo devora todo mundo. Muitas criaturinhas lindas, coloridas, aparentemente pacíficas, são predadores vorazes que, por sua vez, tornam-se presas de outros predadores. O Rio à noite parece com o fundo do mar que vi no filme. Se essa comparação é certa, eu deveria estar num grupo como os peixes num cardume. É assim que os fracos se protegem, escorando-se uns aos outros e cada um rezando para não ser o primeiro. Ainda bem que eu penso. E tenho em que pensar e o que comparar.
            Acabei de chegar a Copacabana. O edifício de Margarete é bem no começo. Tomara que ela queira, tomara que pinte. Vai ser bom demais... Tomara, tomara...
            Toco o interfone. O coração soca meu peito.
            ‒ Er... Oi, sou eu, desculpe chegar assim... Quis telefonar, mas não deu, estava passando... Sei que posso ter chegado em má hora...
            ‒ Sobe.
            ‒ Posso?
            ‒ Vem.

35 comentários:

  1. Viva a Margarete!!!!
    Depois dessa noite "impactante", o cara precisava mesmo de um colinho...

    Excelente conto. Parabéns.

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  2. Carlos, tocante e cheio de humanidade. A solidão, o frio e calor de alma chegam até o leitor.Emocionei-me!
    um dos melhores ,dos seus, já lidos. o nar
    Elôrador -personagem , se mostrou o texto a ângeloa, certamente obteve seu perdão. Ele não amaria ninguém insensível.
    Parabéns!!!

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  3. Breve dramaticidade, simples, com foco narrativo, poucos personagens, cenário limitado, espaço restrito, intervalo curto de tempo, um só conflito, clímax e desfecho.

    Bem escrito, mas boa escrita?

    Longe de ser uma leitura agradável, a sensação de vazio e grande interrogação ao final, deve refletir o perfil do personagem machista, pouco ciente do mundo que vai além de si mesmo e provavelmente de seus fetiches. Torço para que venham trabalhos equivalentes também com conflitos mais nobres.

    Regiane

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    1. Obrigado por terem lido e pelos comentários.
      Abraços a todos.
      Carlos.

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  4. Na boa, fui reler pra ver se encontrava o machismo do personagem. Não vi. Será porque ele comeu a Margarete? Não deve ser... porque no final fica claro quem é que tem autonomia (inclusive moradia) e o "controle" da relação: a Margarete (como também teve a Ângela, que o colocou no olho da rua). O personagem é um coitado, como ele mesmo diz, "simplório, do interior". Realmente, concordo, pouco ciente do mundo. Quanto aos seus conflitos, demonstram a meu ver aqueles que esse tipo de personagem poderia ter: sem noção do que seja amor, paga um preço por isso, perdido nas ruas do Rio, assistindo a toda a decadência que mendigos e outros seres obscuros podem lhe proporcionar sob a escuridão de ruas, àquela hora, pouco movimentadas. Ele mesmo um mendigo, um pedinte de amor, sem dinheiro e sem um teto, mas sobretudo sem afeto, um cão vadio quase suplicando para que sua nova "dona" o aceite. As cenas horrorosas que vê parecem traduzir sua própria condição. Ele é um fodido, sua vida é um cocô e o coitado do interior, diante dessa cidade grande, estranha e violenta, sente-se travestido de gente, sem identidade, que não vai além dele mesmo, talvez sequer chegue perto dele mesmo. Margarete, ao final da aflita caminhada, foi só um alívio momentâneo. Que futuro ele terá com ela?

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    1. Uma coisa devo dizer a respeito do personagem, e só entro na conversa porque conheço o CLIc. O personagem é tudo que o Barra diz, mas percebam, é sensível,e muito. Né machão não, acho que nem tem condição de ser, ou seja, ainda nem chegou no ponto para pensar nisso, como diz o Newton, é um coitado mesmo, um simplório. Tá cheio deles por aí. E esse modestíssimo conto escatológico se passa num circuito realíssimo que deve estar neste exato momento igualzinho ao relatado no conto. As tais cenas horrorosas às quais refere-se o Newton, são corriqueiras nas noites. São cenas profundamente humanas.
      Carlos.

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  5. Caro Concierge, o senhor nos deveria alertar para novas postagens aqui no blog. Entrei hoje para ver o que havia de novo e vejo muitas novidades. Um texto muito bacana de Ilnea, um poema misterioso da Rita (mas já sei de que se trata), e o conto escatológico do Carlos, que já movimentou o debate por aqui. Acabei de ler. Confesso, Carlos, que não sou muito dado aos contos escatológicos, mas o seu encaixou-se muito bem. O ambiente em que ocorrem os fatos, proporciona aquela visão caótica, underground, dos grandes centros urbanos à noite. Conheço esse ambiente, e lendo o seu conto me pareceu bastante familiar. No mais, vou dar uma lida com mais calma, pois concordo com muito que a Regiane escreveu, mas não vi o machismo que ela enxergou. Mas acho válida a opinião dela. Depois volto aqui. Um grande abraço, Carlos, ótimo conto, como sempre.

    Antonio R

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    1. Ah, Carlos, esqueci de perguntar. O título do conto é bem curioso. É um neologismo forjado a partir das palavra escatologia e hecatombe?

      Sds,

      Antonio R

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    2. Olá, Antonio, obrigado pelo comentário. Sim, é um neologismo, a mistura dessas duas palavras. Aliás, um neologismo bem feio, assim como o conto, que até pode estar bem escrito, mas é feio. Contudo realíssimo. Esse conto é bem antigo, é de 2004, poderia se chamar "Noite adentro", bem mais bonitinho, não? Poderia ter um final mais desgraçado para completar a hecatombe do infeliz/feliz personagem, mas acabei deixando tudo assim mesmo. Também concordo com a Regiane, menos no machismo do personagem. Não há machismo algum aí. O fato de ter transado com outra mulher não sugere machismo. Sim, o conto pode ser escatológico, eu mesmo o chamei assim, mas escatológica também pode ser e, muitas vezes é, a realidade de uma grande cidade à noite. Não desconheço os motivos das críticas, concordo quando são certas, por pior que sejam para mim.
      Um forte abraço.
      Carlos.

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  6. Excelente que uma leve crítica (construtiva, espero) gere o debate.

    Eu havia visto machismo na figura do jovem homem. Vestígios de machismo num homem sem poder. Minha reflexão foi: o homem é infiel e isso fere os sentimentos da mulher com quem vive. Ele não demonstra nenhuma culpa pelo dano emocional causado à ela, o que indica falta de afeto, mas demonstra mágoa, resentimento talvez, por ter sido expulso, por ter perdido as facilidades que recebia da mulher. Isso demonstra que ele a via como uma provedora. Talvez ele conscientemente não se achasse superior a mulher, vendo-a obrigada a lhe ser submissa (neste caso mantê-lo na mesma casa), mas vejo traços de machismo, mesmo que inconsciente, em sua atitude de "usar a mulher" . E mais, ao procurar abrigo, busca uma condição semelhante a na qual vivia, ou seja, ter uma outra mulher como provedora. Mas posso estar errada. Talvez isso não seja machismo, talvez ele seja só um "encostado", como popularmente se diz. Um incapaz.

    O texto está bem escrito, mas não foi uma boa leitura para mim. E talvez esta tenha sido a intenção do autor (?). O texto retrata uma visão da realidade de nossa sociedade, de mendicância, de derrota humana. Nas ruas e do próprio personagem. Neste sentido o texto não é vazio, mas um retrato social.

    Porém, ainda há outro traço constante no texto que foge à crítica à extrema pobreza. Este traço me levou a citar os "fetiches" em mensagem anterior. É a visão do personagem. Em toda a pobreza, o personagem filtra basicamente o sexo. Ele trai, sai às ruas, vê sexo e segue para outra relação, provavelmente vazia, baseada em mais sexo. O texto é bem masculino. E, sem querer ofender, neste sentido me pareceu vazio. Mas ainda assim pode ser uma crítica social pois mostra a condição de incapacidade do ser de enxergar um caminho mais produtivo, que o retire da situação de pobreza. Há vários modos de pensar. Esta foi a minha leitura. Não tem que ser uma verdade.

    Regiane

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  7. Sim, Regiane, o personagem é, sem dúvida, um encostado, ou, pelo menos, assim tem de ser naquela fase de sua vida, talvez, seja apenas alguém que precise sobreviver. Mas não é machista. É macho, mas não machista. O conto precisaria dizer muito mais coisa sobre o personagem para defini-lo como machista. Ele gostava da Ângela, o texto mostra isso, além, é claro, de precisar dela.Mas atraiu-o a outra e ele a quis, coisa que não faz dele um machista, mas um macho igualzinho a qualquer outro. Um individuo infiel não é, necessariamente, machista. Um machista tem predisposições, conceitos e preconceitos, ideias que o definem como machista, e o texto não se interessa por isto. O texto trata do sexo banal e primitivo porque aquela área é de intenso burburinho sexual. Naquela área específica, diria homosexual, mas eu deveria ter colocado uma prostituta no texto, de preferência, fazendo sexo oral com um PM, o que é realíssimo. Talvez, visto por um lado, o texto possa ser considerado vazio. É uma caminhada no escuro, com a paisagem e os seres corriqueiros e noturnos. Mas há certa sofisticação nos pensamentos e relações de pensamentos que o personagem faz, percebeu? Agradeço seus comentários, muito abalizados e generosos, além de francos. Um grande abraço.
    Carlos.

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  8. Regiane, eu vejo como construtivo esse debate. Você levanta questões como leitora atenta (percebe-se que você é uma boa leitora) e podemos concordar ou discordar, o que não quer dizer que um ou outro esteja certo. Há muito tempo a crítica literária já entregou o texto ao leitor, ou seja, quem escreve e tem seus textos publicados ou lidos por outros, deve ter a consciência de que o texto já não o pertence mais, o texto pertence ao leitor. Na comunidade do Clube no Orkut (nem sei se ainda está ativa) havia uma frase de Milton Hatoum que resume bem isso: "O leitor é um grande mistério ... como sempre, a palavra final é do leitor." Portanto, admiro sua atitude de expor seu ponto de vista e fundamentar isto, com fez agora, no último comentário. Depois de ler mais atentamente, imaginei que você poderia estar se referindo a essa atitude alienada do personagem, inclusive no comentário sutilmente irônico: "acho até que ela foi má...", ou seja, o personagem não alcança a dimensão do seu ato de infidelidade. Mas acho que o personagem é realmente assim, alienado. Ele caminha atordoado e não se importa com o que vê, mas com o que vem sentindo. Ele realmente tem essa atitude egocêntrica, vê a si mesmo e mais ninguém. Mas talvez seja, como diz o autor, uma atitude própria de quem está num mundo hostil, alheio à sua história e às suas origens, uma espécie de autodefesa. Mas concordo com Carlos, precisaria um pouco mais para o personagem se caracterizar como machista. De qualquer forma, este debate só está ocorrendo porque você indagou, discordou, e é somente dessa forma que os pensamentos são aguçados e as reflexões mais apuradas para alimentar o bom debate. Um abraço.

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  9. Carlos, o neologismo que você criou não é feio, pelo contrário, é muito interessante. Feio é o título criado por Rubem Fonseca para um de seus contos, "Copromancia". Não é só feio, é nojento também, assim como o conto em si. Mas é um conto que já faz história em nossa literatura brasileira pós-moderna. Agora, concordo com você em relação a feiura do seu conto, risos. Mas não é uma feiura estética, é o sentimento que ele desperta com aquelas cenas terríveis, "escatológicas", o que realmente é fantástico sob o ponto de vista da função de um texto, que é mexer com o leitor de alguma forma. E sei que seu conto retrata cenas realíssimas. Tenho visto coisas inacreditáveis pelo centro do Rio. Uma vez presenciei uma cena absurda no Largo da Carioca, e um dia, quando eu me sentir à vontade para escrever um "conto feio" igual ao seu (pois exige que seja assim), eu o escreverei. Um grande abraço,

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  10. Um exercício interessante é pensar assim: e se o personagem principal da história não fosse um homem, mas sim uma mulher. O mesmo enredo, a mesma situação, os mesmos fatos relatados. Uma jovem moça do interior, solta no Rio, que traíra o namorado-provedor (sabe-se lá porque, deve ter suas razões, certas ou erradas) e saíra pelas ruas, na noite da cidade grande, em busca do novo namorado-provedor. A/O machista seria ela ou o namorado traído que a colocou no olho da rua à noite, sem ter pra onde ir?
    A questão da relação com uma mulher-provedora, como diz Carlos, pode ser fruto de uma situação momentânea específica, uma fase. Trata-se de um jovem simplório e desprovido de recursos, mas "esperto" o suficiente para buscar sobrevivência no Rio. É verdade que pode-se ver utilitarismo nessas relações, ou seja, relacionamentos "úteis" para esse fim de sobrevivência. Pode ser também, diriam os psicólogos, que o personagem ainda precise do colo de "mamãe", a provedora-mor de sua vida, e por isso segue a reproduzir essa relação imatura, infantil.
    Mas, creio eu, há aqui um certo machismo nosso quando olhamos as mulheres do conto como "vítimas" do jovem, "usadas" por ele. Vocês não acham que a mulher (sobretudo as jovens de hoje, como essas do conto) já deixou há muito tempo de ser essa coitadinha? Voltando a pensar invertido, se o provedor-traído e o novo-provedor fossem homens, seria por acaso difícil imaginá-los como caras aproveitadores, que acolheram sob seu teto (casa e comida) a moça desvalida do interior (logo, sem muita opção), em busca de sexo e domínio? Se essa personagem fosse mulher, simplória, do interior, volúvel porque ingênua, imatura ou idiota, essa jovem que passa de uma mão à outra, digo, de uma casa à outra, sem outra opção para sobreviver, nós talvez a víssemos mais como vítima, usada pelos espertos da cidade grande, do que como algoz.
    Então, como é isso? Mesmo mudando de posição, o homem é sempre o aproveitador e a mulher a vítima, a coitada? Isso sim seria machismo.
    Não é um caso a se pensar?

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  11. Newton, não afirmo, pois de nada tenho certeza, mas me parece (não fiquem bravos) que alguns argumentos aqui estão embebidos de autodefesa, quando tentam justificar a atitude do personagem como não machista. Desnecessário. Como disse antes, não estou certa que meu raciocínio está correto e, como afirma Antônio, não tem que estar. É só meu pensamento, uma leitura. Na verdade este tema sempre me cansou e para minha infeliz surpresa (vejam só!) sou eu que estimulo a continuação do debate. Orgulhosamente membro da classe feminina, não faço apologias ao feminismo, assim como, é claro, repudio atitudes de intimidação e demonstração de superioridade, características do aqui exaustivamente citado machismo. Não admiro extremos.

    Seu exercício é interessante, embora ache que exista uma confusão na sua argumentação. A mulher vítima de machismo não é uma coitada. O machismo é problema maior do homem que o exerce (vejam que me refiro a indivíduos, que ainda tem certos pensamentos e atitudes retrógradas não aos homens em geral). Generalizando, a mulher (e filhos) acaba sendo vítima por estar emocionalmente ligada, mas espera-se que em dado momento consiga se desvencilhar da relação. Voltando ao seu exercício, se o inverso acontecesse do modo como você narra ("Uma jovem moça do interior, solta no Rio, que traíra o namorado-provedor (...) e saíra pelas ruas, na noite da cidade grande, em busca do novo namorado-provedor. ") não poderíamos chamá-la de machista. Este termo é exclusivo do sexo masculino. Mulher machista é aquela que apoia o machismo do homem. (te mando um conto em seguida). Eu, particularmente também não a veria como vítima, a veria como procurando problemas. Se o inverso acontecesse a mulher estaria usando o homem. Isso também acontece e é tão repudiante quanto. Nesta hipótese, talvez fosse ainda mais repudiante, visto que a sociedade não recrimina tanto um homem que trai por prazer, por sexo banal, quanto recrimina a mulher (ele é "um macho igualzinho a qualquer outro", mas a mulher é caracterizada como vadia, perdoem-me o termo). Se o inverso acontecesse, não poderíamos chama-la de feminista, pois a definição deste se refere à igualdade de direitos. Não poderíamos chama-la de machista (a mulher explorar o homem por se achar superior), pois, novamente, historica ou culturalmente, o sexo masculino exerceu este papel de superioridade e a mulher não. Mas talvez pudéssemos apelar para alguma herança também histórica ou cultural de "dondoquice" ou "cinderela", onde a mulher acha natural ser bancada por um homem. Aliás, cinderela faz parte de um complexo, de modo que realmente posso estar equivocada na argumentação.

    Lamento, mas a verdade é que na minha leitura o texto revela uma situação tão escatombática que em qualquer hipótese, mesmo invertendo de posição os sexos, o homem sempre seria aproveitador, embora, no segundo caso (seu exercício), não o único.

    Carlos, não, por favor, você não deveria ter colocado mais nada (rsrsrs). A prostituta do exemplo seria totalmente desnecessária. Do modo como está já notamos que o texto expressa situações cotidianas. Ainda, sim, um individuo infiel não é, necessariamente, machista. Mas, quanto a infidelidade, uma de suas frases me chamou atenção: "Mas atraiu-o a outra e ele a quis, coisa que não faz dele um machista, mas um macho igualzinho a qualquer outro". Mesmo que pareça irritante comentá-la, gostaria de fazer breve pontuação a respeito de que o ato de trair a princípio não deveria ser justificado por ser homem ou mulher. Não acredito que esta tenha sido sua intenção, mas a decisão pela traição envolve mais que os hormônios, mais que a atração. Afinal o Homem (macho ou fêmea) tem mente e emoção, de modo que ao menos esses três elementos devam fazer parte da escolha, independente do sexo.

    Regiane

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  12. A mulher machista (crônica de cynara Menezes)

    O escritor Nelson Rodrigues tinha uma vizinha velha, gorda, patusca e cheia de varizes que era a maior inimiga da revolução feminista. À janela ou sentada em sua cadeira dobrável na calçada, cismava com as jovens mulheres em mutação. A dona-de-casa que arranjava emprego fora? Imoral. A mocinha que ia à praia pela primeira vez com um maiô duas peças? Indecente. A odalisca que mostrava o umbigo no carnaval? Ah, essa aí então é melhor nem comentar.

    Pois eu pensava que a vizinha gorda e cheia de varizes do Nelson Rodrigues tinha morrido. Que nada! Um outro vizinho do anjo pornográfico, também jornalista, achou que a patusca levava jeito para as letras. E não é que a velha virou colunista de jornal? Entusiasmada com a vida nova, deu uma guaribada no visual, esticou a cara e fez lipoaspiração. Parou até de andar com as pernas envoltas em gaze para disfarçar as veias inchadas, corrigidas na mesa de cirurgia.

    A vizinha de Nelson, porém, continua cheia de varizes –na alma. A chegada de uma mulher à presidência da República deixou-a furibunda. “Que espeto!” Segundo ela, todo mundo está careca de saber que a mulher pode até ser igual ao homem em algumas profissões, mas jamais na vida pública. Homens são profissionais da política; mulheres são amadoras, diz a vizinha patusca. A mulher por natureza é frágil, e sempre vai precisar do auxílio do homem, vaticina a velha gorda e varicosa. Além do mais, considerou que não havia nenhum sentido em celebrações. “Como assim primeira mulher no comando? Esqueceram da Princesa Isabel?”

    Cada ministra escolhida pela presidenta mereceu um muxoxo da vizinha de Nelson Rodrigues. Miriam Belchior? “Machona que nem a Dilma”. Maria do Rosário? “Falta pulso”. Luiza Bairros? “Só foi escolhida porque é negra”. Iriny Lopes? “Irrelevante”. Ana de Hollanda? “Ah, se não fosse irmã de Chico…” Gleisi Hoffmann? “Bonita, parece uma normalista. Ou a Barbie”. Ideli Salvatti? “Histérica e descompensada”. E para que, afinal, colocar tanta mulher no ministério, se homens são infinitamente melhor preparados? “Até por ser uma representante legítima do gênero”, disfarçou a matrona, “torço para que dê certo, mas acreditar, eu não acredito”.

    A vizinha gorda e cheia de varizes de Nelson Rodrigues não quer nem saber do que aconteceu no Chile, onde a presidente Michelle Bachelet governou o país com metade dos ministros do sexo feminino, além de 15 subsecretárias de Estado mulheres. Bachelet terminou seu mandato com 70% da aprovação dos chilenos e só não foi reeleita porque não existe reeleição por lá. “Mas não fez o sucessor”, desdenha a patusca. Bem a propósito, a única similar chilena da velha gorda e cheia de varizes de Nelson veio para o Brasil para se casar com um político da elite paulista.

    A velha patusca também não é mais viúva. Casou-se com um colega de jornal, colunista que nem ela, o Políbio Pompeu, senhor de sobrancelhas ásperas e eriçadas como as cerdas bravas do javali e que cultiva um enorme cravo negro nas dobras do pescoço. Pompeu adora dizer, a propósito da presidenta, que “as mulheres descasadas são seres infelizes”, ao que a vizinha gorda e cheia de varizes de Nelson Rodrigues bate na perna, dá uma gargalhada e comenta: “Batata!”

    A vizinha de Nelson passou pelo feminismo, mas entendeu tudo errado. Deixou de cuidar da casa, entregou os filhos a uma babá e se orgulha de não saber fritar um ovo. Mas, embora trabalhe no mesmo jornal e praticamente na mesma função que Políbio, seu salário é 20% menor do que o marido, o que ambos consideram perfeitamente natural. A velha patusca, gorda e cheia de varizes acha que o homem merece mesmo ganhar melhor do que a mulher, porque é mais racional e menos emotivo. Sem falar que não tem TPM.

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  13. kakôs kai ruparôs!

    Sóstenes

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  14. Salve, Regiane! Gostei do seu texto, bem-humorado e interessante. Estamos debatendo leituras e, como você, também não tenho certeza absoluta de nada. Por isso propus um "exercício", nada conclusivo, apenas instigador. Foi só um pensamento em voz alta. Mais precisamente, em voz escrita...
    Mas não concordo muito que "machista" seja uma (des)qualificação só para homens. Trata-se de um comportamento. Mulheres também são machistas quando aceitam reproduzir os valores machistas de bom grado, como se não conseguissem ver diferente. Como a vizinha de Nelson Rodrigues da boa crônica que você generosamente nos ofereceu. Ao ter uma atitude machista (ainda que inconsciente), uma mulher se torna machista a meu ver. Não é ela que exerce uma suposta "superioridade" ou "poder", não é ela que se beneficia diretamente da opressão machista, mas ela legitima esses pensamentos machistas com sua atitude confirmadora desses valores. Uma mãe que cria seu filho homem dentro desses valores machistas está criando, provavelmente, mais um machista no futuro. Eu vejo como uma atitude - e não como uma coisa de gênero, exclusivamente masculina.
    Até porque há muito de cultural nesse comportamento. E essa cultura afeta a todos, homens e mulheres. Homens informados e sensíveis obviamente combatem, ainda hoje, os resquícios de machismo que possam ter dentro de si. Primeiro, espero que as mulheres percebam que isso é positivo, pelo menos estes lutam conscientemente contra algo que foi entranhado por séculos na mentalidade da sociedade (homens e mulheres). Segundo, é importante perceber que essa libertação (olha essa palavra de novo... mas isso é outra história) do machismo entranhado só pode se dar completamente se as mulheres também forem partícipes dessa obra. A começar pelas mães ao criarem seus meninos. Espero que ensinem seus meninos a ajudarem nas tarefas da casa, a lavarem louça, a dividirem as responsabilidades domésticas. Se fizerem essas atividades só com as filhas, deixando o garoto de fora, qual a mensagem que ele estará recebendo? "Isto é serviço de mulher"...

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  15. Ora vejam só... Esse continho era pra ser apenas um tanto sórdido e vocês tomaram ele de mim e viram machismo/feminismo. Sou machista, não. Quem escreve, às vezes, fica no paredão. Querem ver? Um amigo achou que houve certo preconceito da minha parte para com os homossexuais, pois o texto parece mostrar a sordidez só com relações homossexuais. Por que não mostrar sordidez também com heterossexuais? E olha que eu nem pensei nisso. É que aquele trecho é território mais de travestis e homos. Mas tá certo, disse eu, vou tascar lá uma prostituta fazendo sexo oral num PM. Sou contra homossexual, não; sou machista também não. Só escrevo uns textos vez em quando.
    E agradeço a vocês os comentários.
    Carlos.

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    1. Deixa eu também dar meu pitaco nesse acirrado debate: que o conto do Carlos é escabroso ninguém pode duvidar, acho que até ele acha isso, porque senti um certo receio dele ao me encaminhar o texto para divulgar no blog, sabendo ele que sou um cara conservador. Vou falar baseado no que li da única vez que o fiz, porque tenho até medo de ler de novo. O herói do conto é um predador sexual retratado de forma literária pelo narrador, que focaliza os instintos e as impressões, sensações e sentidos, como principais atributos de sua personagem. Nosso herói olha, toca, fareja, ouve, experimenta e come sua presa. Por outro lado, percebo que a Sra. Regiane valoriza prioritariamente uma dimensão intelectual na percepção e na expressão do vivido. Quer ler textos em que os heróis sejam virtuosos e capazes de amar moralmente. Porém, nosso anti-herói no conto do Carlos vive nas savanas, enquanto a Sra. Regiana parece sentir falta do abrigo que as estórias edificantes oferecem. Por favor, Sra., o Carlos Rosa é do lado negro do CLIc, nós temos outros autores mais light no clube. Stay tuned! O anti-herói do Escatombe é um monstro malfeitor que ameaça nossa paz pessoal e segurança interior, embora eu esteja começando a achar isso uma espécie de fortalecimento proporcionado pela Literatura. Bem, quero parabenizar o autor, Carlos Rosa Moreira, por escrever de forma tão provocativa, capaz de atrair novos leitores para o nosso clube. Seu texto, Carlos, é um atentado à moral e aos bons costumes. Ele é cruel, obsceno, indômito, selvagem, embriagantemente orgíaco, extático, incendiário, inútil, degradante, maldito, revoltante, lascivo, corruptor, em suma, inominável. Textos assim deveriam ser censurados, pelo bem da família brasileira... mas o CLIc divulga, na expectativa de que o autor mande um troço bem lírico da próxima vez!

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  16. Sensacional Concièrge! Perfeito!
    Carlos, preocupa não... ninguém aqui mistura criador e criatura. Sabemos bem que personagem é personagem. Quanto mais odioso ou adorável for, mérito do autor, que o coloca no mundo para ter vida própria.

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  17. Cruz credo. Vou voltar pras crônicas.
    Carlos.

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  18. Carlos, lado negro...Coitadinho!Esse povo tem de ver crianças famélicas e depois falar em lado negro.Têm de ver as festinhas das casas da decência....deixem-me fechar a boca. Esse povo ainda acredita em...Cala-te boca!

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  19. Evandro, vc é mesmo impagável. Adorei seus adjetivos. Eu não tinha comentado nada porque não gosto desse tipo de conto, digamos, repugnante e escatológico. Inegável que está bem escrito, como tudo feito pelo Carlos, mas não é minha preferência. Eu aliás ando até passando mal com Lolita, preciso interromper a leitura algumas vezes tal é o nojo, o desgosto, a repulsa. Então estou mesmo precisando é de um troço bem lírico, como diz você. Aí eu me lembrei que alguém, não sei quem fui, brincou com o Carlos que ele é alma ruinzinha, e vendo vc dizer que ele é o lado negro do Clic, morri de rir. Aqui só tem figura, que bom.

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  20. "Uma regra elementar do discurso é que não existe qualquer razão para não se prosseguir com uma conversa animada e cativante, só porque se encontra sozinho na sala" (P. J. O'Rourke)
    Não se cale, prossiga seu pensamento, caso contrário ninguém o compreenderá. O ato de um povo acreditar ou não é tema de bastante interesse.

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  21. Nunca tive medo dos solilóquios, disso até me orgulho muitas vezes, e dou a razão ao Nélson...kkkE nem estou sozinha nesta.O conto só mostra a solidão, insegurança de alguém que se sente só na noite, atemorizado com a falta de um teto... E vêm esse papo de machismo rsrsr sei que é pura gozação. E não aceito essa de alma ruinzinha,viu ,Rita! só alma que não se deixa comprar por ideias convencionais, douradas, ilusórias. Anos dourados já se foram. Mas está bem divertida essa discussão.Parece que o Alvo noturno não esquentou o Clube, mas o texto do Carlos e mais umas "criações" sim..."Ora direis ouvir estrelas...AMAI PARA ENTENDÊ-LAS" Bravo, Carlos, alma sincera.

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  22. Evandro, você pode não ser Ivan, mas é Terrível! Estávamos aqui, desenvolvendo um animado debate, elaborando altas teses sobre a essência do machismo, e você vem e detona tudo. Niilista! Só me resta agora rir deste seu texto hilário. Bom demais!

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  23. Antônio, eu não achei o protagonista do Escatombe machista, ao contrário, ele é mostrado com uma atitude passiva perante a vida, vaidoso e fraco, dominado por uma letargia de comodismo e submissão às vontades das personagens femininas. É um conto pedagógico!

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    1. Perfeito, é o que eu acho também. E foi bom discutirmos o conto do Carlos, que sempre movimenta acalorados debates com seus contos. Parabéns ao Carlos por lhe ter enviado o conto, e parabéns a você pela iniciativa de publicá-lo no blog. Aliás, gostaria de dizer que o blog do Clube está maravilhosamente bem administrado,com visual leve e simples, como manda a tendência atual do designe web. Além, é claro, de hospedar um conteúdo excepcional, com a história do clube e também dos membros que dele fazem parte, direta ou indiretamente.

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  24. Conto pedagógico?! Mama mia, então o Nabokov também, né? Elô, o 'alma ruizinha' foi uma homenagem ao Carlos depois que debatemos seu livro no Clic. Ele disse que o livro era ruinzinho, lembra? Se o ruinzinho dele é esse, tá ótimo. Sempre me divirto com as trocas de alfinetadas entre Antonio, Evandro e Newton. Isso é um clube do bolinha, o Carlos provoca e eles vão. Sorte que têm algumas feministas persistentes. Regiane, vc irá à nossa próxima reunião?

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  25. Super pedagógico! Para vermos como os homens estamos "perdidos na noite suja", enquanto as poderosas mulheres descansam em seus lares. Uma, curtindo ter expulsado o coitado de casa; outra, curtindo que o coitado foi até sua casa para serví-la, quiçá como escravo sexual em troca de um teto e um prato de comida... Valeu Carlos! Os comentários aqui me fizeram ver que o que incomodou não foi que o personagem seja machista - coisa que não é - mas que seja um homem num papel inferiorizado, dependente. "Roubaram meu lugar!" - será isso? Agora, querido autor, faça aí um conto edificante. Mas não esqueça do príncipe encantado. Pra contrabalançar um pouco, né?

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  26. Você tem razão, Newton, o homem precisa se valorizar nestes tempos de mulheres rudes e frívolas.

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  27. Caramba: 32 cometários!? É um record Evandro? Parabéns Carlos pela capacidade de provocar participações. Sua foto ao lado do conto já diz tudo: bochechas rosadas que remetem ao inocente Papai Noel segurando um objeto fálico... Seria o sorriso do Trickster?
    Reconheço que as passagens mais repugnantes são retrato da realidade de algumas dentre muitas classes de excluídos. Uma espécie de lixo humano. Chama a minha atenção a compaixão do personagem ao ver a mulher fazer cocô, ao imaginar uma situação diferente para ela. O protagonista é um despretensioso, acomodado, sem paixões, sem expectativas e por isto, sem grandes sofrimentos e preocupações. A Margarete provavelmente vai colocá-lo para fora e ele continuará errante. Um jeito de ser, uma opção de vida.

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  28. Poxa, Cris. Papai Noel... Segurando objeto fálico... Isso é que dá querer frequentar! (já dizia o Dusek).
    Carlos.

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