Camus, était-il un existentialiste? Il même a dit non et Jacques, le protagoniste de son dernier roman, une oeuvre qui a resté inachevée, semble confirmer cette hypothèse. Le manuscrit, retrouvé dans la voiture qui lui a tué, montre une sorte de «archéologie» de l'écritture de Camus, contenant plusieurs feuilles en montrant le plan de travail pour "Le Premier Homme". Dans un de ces tracts, le narrateur dit qu'il avait essayé d'aimer tout ce qu'il avait choisi dans la vie, mais qui n'a pris fin que pour l'amour qui lui a eté imposé subrepticement par des circonstances, l'amour qui a duré plus par hasard que par volonté, et enfin devenu nécessité. Comment pouvons-nous être libres si le coeur n'est pas libre, si «l'amour véritable n'est pas un choix ni une liberté", se demande le narrateur? J'ai l'impression que Jacques est le caractère inévitable de Camus, celui qui révèle, derrière tout le defi et le questionnement, la voix du cœur nécessaire et urgent. Je pense qu'il ne peut y avoir l'existentialisme authentique si nous n'arrivons pas à aimer ce que nous choisissons. C'est vrai que l'amour est au coeur et la liberté est à l'âme, mais il est temps pour l'amour et la liberté d'être ensemble. Voilà!
La voiture après l'accident qui a tué Camus |
De plus,un poème de l'un de nos lecteurs:
"Viver a realidade crua e cruel
Sentir na pele a fome, a guerra
Sorver a miséria diária dos gestos
E mesmo assim poder amar
Esse é Jacques, é Camus
É o primeiro homem que habita em nós
Não se fez sozinho, mas sem pai
Foi moldado à falta
Sentir na pele a fome, a guerra
Sorver a miséria diária dos gestos
E mesmo assim poder amar
Esse é Jacques, é Camus
É o primeiro homem que habita em nós
Não se fez sozinho, mas sem pai
Foi moldado à falta
Depois, incompleto o adulto
Parece ter-se exagerado em feitos e atos
Para preencher a ingenuidade que não herdara
Mas via espelhada na mãe resignada
E a culpa corroeu-lhe a alma de menino
E transformou-se em seu sangue cuspido
Que precisava ser decifrado sem letras
Para enfim conseguir o perdão que buscava
Da mãe, da vida, de si"
Parece ter-se exagerado em feitos e atos
Para preencher a ingenuidade que não herdara
Mas via espelhada na mãe resignada
E a culpa corroeu-lhe a alma de menino
E transformou-se em seu sangue cuspido
Que precisava ser decifrado sem letras
Para enfim conseguir o perdão que buscava
Da mãe, da vida, de si"
Qui beau, qui vrai! Je suis complètement d´accord. Peut être l´homme qui a réussir en faire ça pendant tout sa vie c´est vraiment le premier homme a rester heureux pour toujours.
ResponderExcluirEu adoro Camus, meu primeiro livro que li em francês foi L'etranger.
ResponderExcluirMorro de inveja desses encontros de vocês. Rose Timpone
Que bela reunião a de ontem, hein? Também, sobre este livro maravilhoso não poderia ser diferente. Quando, ao fim, comentou-se, com muita propriedade, sobre a felicidade e a infelicidade, lembrei-me do poema de Fernando Pessoa sobre o tema. Como não tive oportunidade de dizê-lo (é um pouco extenso), peço-lhes licença para deixá-lo aqui:
ResponderExcluirSe eu pudesse trincar a terra toda
e sentir-lhe um paladar,
seria mais feliz um momento.
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
para se poder ser natural....
Nem tudo é dias de sol,
e a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso, tomo a infelicidade com a felicidade
naturalmente, como quem não estranha
que haja montanhas e planícies
e que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo.
Na felicidade ou na infelicidade.
Sentir como quem olha.
Pensar como quem anda.
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre
e o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Elenir